Em amor e verdade Texto por: Pr. Dr. José Carlos Ramos
Como a lição nos lembra, o amor, para ser verdadeiro, tem que ser qualificado pela verdade. Acrescentaria que também a verdade precisa ser qualificada pelo amor para alcançar o seu propósito. Deus é tanto amor (1Jo 4:8, 16) quanto verdade (Jo 14:6; 1Jo 5:6), e ambos, unidos, procedem dele; só no dicionário deveria “amor” estar distante de “verdade”. Eles precisam estar intimamente associados particularmente na vida cristã, como associados sempre estiveram na pessoa de Jesus. Se, como Pilatos, perguntássemos “o que é a verdade?”, uma resposta não apenas correta, mas profundamente significativa seria: “é a revelação de Deus em Jesus Cristo.” Se igualmente perguntássemos “o que é o amor”, a mesma resposta poderia ser dada: “é a revelação de Deus em Jesus Cristo.” Verdade e amor são as duas grandes colunas sobre as quais o caráter de Deus se sustenta, e o Filho de Deus veio a este mundo para revelá-los. Portanto, é imperativo que, em Jesus, recebamos o pacote completo, não apenas parte dele. Temos que amar “em verdade” (2Jo 1; 3Jo 1) tanto quanto seguir a verdade em amor (Ef 4:15). Amor sem a verdade, como diz a lição, não vai além de mera emoção, podendo mesmo se transformar em sentimentalismo doentio, egocêntrico, sensual, acarretando conseqüências lamentáveis, como se nota na presente situação do mundo, farto de “amor” sem verdade e faminto de “verdade” com amor. Esta, quando só, torna-se fria, rígida, radical, legalista, presumida, intolerante. Sem amor, a verdade mais fere que educa, mais amofina que refina, mais repele que atrai, mais degrada que dignifica. Não é raro aquele que possui a verdade sem amor tornar-se petulante, agressivo e exclusivista. O que isto toca a nós como igreja? Louvamos a Deus pelo conhecimento da verdade por Ele conferida; mas equilibramos a verdade com o amor? Como procuramos doutrinar os que ainda não conhecem o evangelho? Ellen G. White afirma: “Se o homem tem de ser convencido, a verdade como é em Jesus deve ser apresentada à sua mente e tem de apelar ao seu coração. Cristo se recusa a utilizar qualquer outro método ― seja compulsão, restrição ou força. Suas únicas armas são o amor e a verdade.” Review and Herald, 28 de junho de 1898; grifos acrescentados. “Poder compulsor só se encontra sob o governo de Satanás.” O Desejado, pág. 759. |