terça-feira, 22 de janeiro de 2008

QUEM TROCOU O “QUANDO” PELO “SE”?

 

       Nesse debate todo da questão sábado/domingo-dianenhumismo-diaqualquerismo-tododiaísmo houve uma sutil mudança de enfoque. A questão de fundo não é "SE" temos que dedicar ao Senhor um dia, pois isso está claramente definido em Sua lei. A questão deveria ser somente "QUANDO" é esse dia a dedicar ao Senhor, e não "SE" há ainda esse mandamento, proferido solenemente pelo próprio Deus ao Seu povo reunido no Sinai, segundo o "memorial da Criação" que Ele instituiu na própria criação do mundo. Este é o fato a definir-se, mas que tem sido ofuscado com toda essa confusão tremenda de teses de "lei abolida" e assemelhadas.

 

       E a questão do dia a observar não só é assim claro pelas Escrituras, como representa o que sempre caracterizou o entendimento da cristandade protestante ao longo dos séculos. Nas clássicas Confissões de Fé, Credos, Catecismos e Declarações Doutrinárias, bem como instrutores individuais em obras da maior autoridade entre batistas, metodistas, presbiterianos, congregacionais e outros, fica definido que,

 

a) os 10 Mandamentos seguem sendo normativos aos cristãos em TODOS os seus preceitos;

b) o 4o. mandamento, do sábado, é princípio originário da criação do mundo, tendo, portanto, caráter universal (ainda que o reinterpetrando para aplicá-lo equivocadamente ao domingo);

c) o entendimento das leis divinas, segundo seus objetivos, como "moral" (o Decálogo), "cerimonial", "civil", "penal", etc. é correto.

 

A Real Questão

 

       Então, a questão básica não é "SE" há ou não esse preceito a cumprir, mas "QUANDO" é o tempo correto para isso. Daí, há que se perguntar, q uem trocou, então, o enfoque do "QUANDO" para o "SE"?

       Sem dúvida quem fez isso foi aquele mesmo ser rebelde que sempre se empenhou em distorcer a genuína adoração a Deus. Ele sabia muito bem que se as coisas fossem deixadas nessa base, seria fácil, fácil para os que realmente têm a Sola Scriptura como filosofia religiosa básica, provar que não há nenhum fundamento para mudança do "QUANDO" seria o sábado.

 

       Aliás, a história do pecado começou exatamente com o fator "adoração" em jogo. Isaías 14:13 e 14, faz referência ao que pensava o anjo rebelde: "E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo" .

 

       Sobre a Terra, esse anjo rebelde sempre buscou fazer cumprir a sua agenda de levar o povo de Deus a desviar-se da genuína adoração a Ele mediante a idolatria, como é fato histórico bem sabido. Ele até criou uma "rainha do céu" ao qual o povo desviado de Deus queimava incenso (Jer. 44:18, 25). Pois não é que pretendeu obter a adoração do próprio Cristo no deserto da tentação?! (Mateus e Lucas cap. 4).

 

       Posteriormente fez com que uma Igreja desviada do evangelho puro, como profetizado em Atos 20:29, 30; 2a. Ped. 2:1-3 e Apoc. caps. 2 e 3, também alterasse a lei de Deus para permitir o culto a imagens, eliminando o seu 2o. mandamento, bem como mudando o dia de observância, do sábado pelo domingo, o dies solis, antigo feriado solar dos romanos. Até hoje em vários idiomas o dia de domingo é chamado de "dia do Sol" . E por favor, não me apresentem aquele ridículo argumento de que o sábado era o dia de Saturno, dos mesmos romanos, porque muito antes da própria existência dos romanos já há milênios o povo fiel de Deus dedicava-lhe o sábado do sétimo dia.

 

       Enquanto a observância do sábado não tem absolutamente nada a ver com o fato de os romanos dedicarem o sétimo dia a Saturno, já os observadores do domingo não podem provar que o povo fiel de Deus dedicava-Lhe o domingo, seja pelo pretexto de Jesus ter ressuscitado no primeiro dia da semana, ou qualquer outro, como a desculpa de que agora vale qualquer dia. Contudo, não sabem justificar por que esse "dia qualquer" sempre cai naquele o qual quer a Igreja Católica que seja o feriado religioso preferido, e procedente de sua tradição.

 

Culto Também ao Deus da Lua

 

       Outro dia ouvi uma entrevista por uma estação evangélica de TV com um missionário evangélico que atuou em países árabes por muitos anos. Ele conta que quando Maomé iniciou no século VII a sua revolução religiosa entre as tribos árabes, cada qual tendo o seu deus predileto, o que ele fez foi impor sobre todas as demais tribos a divindade patrona da sua tribo, que era o deus da Lua, chamado "Alá". Tanto que a meia-lua faz parte dos símbolos do Islã, como se vê nas bandeiras de países muçulmanos e nos píncaros de minaretes das suas mesquitas. Os muçulmanos em geral nada sabem das origens pagãs de seu culto a Alá, e desconhecem o sentido dessa meia-lua tradicional de seu culto.

 

       Destarte, parcelas imensas da sociedade humana estão presas a expressões de culto que procedem de artimanhas satânicas para desviar o povo da genuína forma de culto determinada pelo Criador, seja com a guarda do domingo (ou pela adoção do seu mais "cômodo" subproduto do dianenhumismo/diaqualquerismo/tododiaísmo), seja cultuando uma "rainha do céu" moderna que faz lembrar Astarte, dos tempos de Jeremias, seja cultuando uma divindade que contraria o ensino bíblico e que tem também origens pagãs—Alá, o antigo "deus da Lua" da tribo de Maomé.

 

Deus Se Propõe a Trocar Corações, Não Sua Lei

 

       O texto mais importante da Bíblia que trata da passagem do Velho Concerto para o Novo Concerto é Hebreus 8:6-10 e não ocorre qualquer menção nele de que na passagem do Velho para o Novo Concerto [Novo Testamento], Deus escreva o que é chamado de "Minhas leis" nos corações e mentes dos que acolhem esse Novo Concerto eliminando o mandamento do sábado, trocando o sábado pelo domingo ou deixando o princípio do dia de repouso como algo vago, voluntário e variado, ajustável aos interesses ou conveniências do crente (ou seu empregador).

 

     Além de nada informar sobre uma possível mudança na lei moral divina com o seu estabelecimento, para desconsolo dos adeptos dessa teologia novidadeira confusa e caótica do semi-antinomismo dispensacionalista (que inclui até um "falso cristo" violador do sábado) a linguagem do texto não traz tampouco menção alguma de "lei de Cristo", ou "lei da fé", ou "lei do amor", ou "lei do Espírito" como sendo aquela que Deus escreve nos corações e mentes dos que aceitam os termos desse Novo Concerto [Novo Testamento]. A referência é somente a "Minhas leis", as mesmas que eram válidas ao tempo de Jeremias, pois o texto de Hebreus 8:6-10 é mera reprodução de Jeremias 31:31-33. Logicamente essas "Minhas leis" abarcam tudo isso—são a "lei de Cristo", a "lei da fé", a "lei do amor" e a "lei do Espírito" .

 

      Deus já havia prometido ao próprio Israel antigo o mesmo concerto, com base em "superiores promessas", que é a de que Ele mesmo escreve as Suas leis nos corações e mentes de Seu povo. A "inferior promessa" do Velho Concerto foi a do povo em Êxo. 19:8, "Tudo quanto o Senhor falou, nós faremos". Falharam vez após vez daí a proposta divina de um Novo Concerto ao próprio povo desviado Dele, o que previa mudança não da Sua lei, mas de seus corações (ver Eze. 36:26, 27).

 

      Claro que tudo quanto era prefigurativo, simbólico, cerimonial das leis divinas cessou quando da morte de Cristo, o que foi assinalado pelo rasgar do véu do Templo de alto a baixo (Mat. 27:51). No devido tempo a Igreja Cristã entendeu o significado desse evento como assinalando o fim de toda legislação relativa aos aspectos tipológicos, simbólicos, da lei.

 

Impressionante Paralelo de Linguagem

 

      Nenhum mandamento da "lei moral" é de caráter simbólico, cerimonial (bem como as leis dietéticas), objetivando prefigurar a morte de Cristo, muito menos o relacionado com o dia de repouso. O diabo, porém, faz de tudo para confundir a mente das pessoas, daí que criou os vários sofismas argumentativos que trocam o "QUANDO" pelo "SE". Ou seja, levanta uma série de objeções e confusão de entendimento para transformar o debate sobre o dia de repouso cristão numa questão de "SE" é mesmo para manter-se tal preceito na Era Cristã, não "QUANDO" isso deve ocorrer numa base regular.

 

      E por que os cristãos não se beneficiariam com um preceito de repousar um dia por semana, numa base regular, se isso serviu tão bem ao povo de Israel, se é reconhecido que mais do que nunca os homens hoje, nesta trepidante era moderna, carecem dos benefícios físicos, mentais e, especialmente, espirituais do preceito do sábado?

 

       Que falta de lógica teológica é essa de que agora o crente pode arrebentar-se de trabalhar física e mentalmente sete dias da semana (pois conta com a "liberdade cristã" de fazê-lo, além do rótulo de "legalista" que ganha se desejar seguir o preceito bíblico), para demonstrar que encontrou o "repouso" da salvação em Cristo?!

 

       A questão, portanto, não é "SE" há um dia a dedicar ao Senhor, e sim "QUANDO" seria tal dia, que a Bíblia indica claramente ser o sétimo, e por razões bem definidas em Êxo. 20:11. Ali ocorre um POR QUE e um POR ISSO Deus determinou o sétimo dia: "Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou".

 

       A mensagem final de advertência a este mundo inclui três proclamações de 'anjos', que representam a pregação da Igreja no tempo do fim, e essa mensagem inclui um chamamento à adoração ao Criador "do céu, da Terra, do mar e das fontes das águas" (Apo. 14:7). O paralelo de linguagem entre esta proclamação e o que se lê em Êxo. 20:11—"em seis dias fez o Senhor, o céu, a Terra, o mar e tudo quanto neles há" é impressionante e muito significativo. A ênfase ao sábado é parte integrante dessa mensagem final de advertência, em contraste com a outra advertência, de que há uma "marca da besta" que receberão na mão direita e na testa os que rejeitarem a mensagem da verdade (Apo. 14:8, 9).

 

      Como o sábado é claramente definido como "sinal" entre Deus e Seu povo (o que é reconhecido pelos próprios batistas da CBN, ao citarem o texto de Êxo. 31:14-18 nas notas de rodapé de seu tópico XV da Declaração Doutrinária, tratando do tema do "Sábado Cristão"), então o "sinal da besta" só pode ser um falso sábado, um arremedo da verdade criado pelo diabo, na sua campanha incansável de levar as pessoas à falsa adoração para com isso se desviarem do genuíno culto a Deus.

 

       Assim, temos que avisar a todos os que crêem na autoridade bíblica do perigo que correm em serem pretensos seguidores da filosofia religiosa da Sola Scriptura, falhando, porém, tão flagrantemente em demonstrar isso quanto ao QUANDO da questão do 4o. mandamento das Escrituras. Aceitar convenientemente em lugar do "assim diz o Senhor" a mera tradição da Igreja que apostatou nos primeiros séculos da história cristã é uma negação dessa intenção de fidelidade à Palavra de Deus, seja pelo pretexto que for.

 

       Em conclusão, o "QUANDO" é que devia ser a base de preocupação na análise deste tema, e não o "SE".

 

       Pensem seriamente sobre isso os amantes da verdade.

 

Abraço a todos

 

Prof. Azenilto G. Brito

Ministério Sola Scriptura

Bessemer, AL, EUA

 

Visite o site: www.azenilto.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário