sexta-feira, 25 de abril de 2008

Lição 5 – A maravilha de Suas obras

Subsídios Para a Lição da Escola Sabatina
2º Trimestre de 2008

 

Lição 5 – A maravilha de Suas obras

Rodrigo P. Silva
O Dr. Rodrigo P. Silva é professor de Teologia do SALT
Unasp Campus II.

Introdução

I – Os milagres de Jesus
II – O diferencial de Seus milagres
III – A razão de Seus milagres

Introdução

Jesus foi um extraordinário pregador que tinha poder em Suas palavras. Seu poder era demonstrado não só nos argumentos que usava, mas nas atitudes que tomava e nas obras que fazia. Eram feitos poderosos e admiráveis. Uma prova indireta dos milagres de Jesus pode ser encontrada neste depoimento de Flávio Josefo, escrito no século I d.C. Josefo, diga-se de passagem, não foi cristão nem teve nenhuma simpatia pelo grupo. Ele foi um historiador judeu que adquiriu cidadania romana e escreveu antigos tratados relatando a história do povo hebreu. Ele foi, inclusive, testemunha ocular do cerco a Jerusalém no ano 70. Veja o que ele escreveu: "Por esse tempo, surgiu Jesus, homem sábio [...], pois era obrador de feitos extraordinários e mestre dos homens que aceitam alegremente coisas estranhas. Ele arrastou após si muitos judeus e muitos gregos. Era considerado o Messias. Embora Pilatos, por acusações de nossos chefes, O condenasse à cruz, aqueles que O tinham amado desde o princípio não cessaram de proclamar que, passado o terceiro dia, Ele apareceu-lhes novamente vivo. Os profetas de Deus tinham respeito por Ele. Ademais, até o presente, a estirpe dos cristãos, assim chamada por referência a Ele, não cessou de existir" (Antigüidades Judaicas XVIII, 3, 3). Esse texto é tão extraordinário que, a partir do século 16, muitos autores começaram a colocar em dúvida a sua autenticidade. Até hoje, alguns mais céticos tentam argumentar que essas partes do texto seriam uma interpolação de copistas cristãos da Idade Média que ficavam enclausurados em mosteiros copiando manuscritos e alterando-os ao seu bel-prazer. Contudo, essa acusação em relação a este texto de Josefo carece de provas que a sustentem, pois todas as versões mais antigas da obra que hoje sobrevivem (até mesmo uma tradução em árabe feita por Agapio no século 10) o trazem, com apenas uma ou outra variação textual. O mesmo se pode dizer dos manuscritos gregos que sobreviveram. Nenhuma cópia que restou, nem mesmo as mais antigas, omite o parágrafo.

Seja como for, o curioso é que o texto menciona Jesus como "obrador de feitos extraordinários" (o texto árabe traz "homem virtuoso"). Ora, aqui Josefo não diz que crê em Jesus ou na realidade de Seus feitos, mas admite que eles existiram, que Ele realizava coisas espetaculares. Este parece ser um bom indício histórico, embora indireto, de que Jesus operava milagres e atos fora do comum.

I – Os milagres de Jesus

A lição menciona várias coisas extraordinárias feitas por Jesus, especialmente retiradas do evangelho de Mateus (há poucas referências a Lucas e Marcos). Trabalhe com o grupo a dinâmica de descobrir o que cada uma dessas referências miraculosas nos revela acerca do caráter e da pessoa de Jesus Cristo. Eis uma sugestão:

A cura do leproso (Mt 8:1-4) – Jesus não faz acepção de pessoas. O leproso era rejeitado e evitado por onde quer que fosse. Dificilmente poderia entrar numa cidade ou participar de uma refeição comunitária. Era isolado de tudo e de todos. O enviado do Céu não é elitista: todos os que quiserem poderão ser candidatos em potencial para o Seu reino, não importando a condição social em que se encontrem.

O controle sobre a tempestade (Mt 18:23-27) – Jesus era sempre ativo, ainda que estivesse dormindo. O episódio nos diz que o que importava não era que o Mestre estivesse acordado ou dormindo. O importante é que Ele estava no barco. Em nossa vida, não importa se Deus está aparentemente nos respondendo ou não. O que importa é que Ele está nos ouvindo e, ainda que no silêncio, Ele está velando por nós. Aceitar o silêncio de Deus como resposta é um avanço de fé que todos devemos obter. Para ter cuidado de nós, Ele não precisa falar nada ou estar "acordado". Se Cristo está no barco, a tempestade não poderá submergi-lo.

A cura do endemoninhado (versos 28-33) – Jesus é soberano. Os demônios O reconhecem e fogem dEle. Mas o curioso é que os porqueiros também fugiram. Quem está em dívida não suporta a presença de Deus. Só quem aceita o sacrifício pago está suficientemente isento de culpa para estar na presença de Deus.

A cura do paralítico e da mulher com hemorragiaJesus, novamente, não fez acepção de pessoas. Como no caso do leproso, esses inválidos (paralítico e a mulher) não tinham vida social devido à sua doença. No caso específico do paralítico, quem suplicou pela cura foi um centurião romano, um pagão em quem Jesus percebeu sinceridade. No caso da mulher com fluxo de sangue, tratava-se de uma rejeitada pela sociedade, alguém que talvez não tivesse marido e, por seu fluxo contínuo, estava cerimonialmente proibida de tocar num homem santo. Por fim, há ainda o pedido de Jairo, o chefe da sinagoga, evidenciando as diferentes classes que Jesus assistiu.

O mesmo exercício pode ser feito com os outros milagres mencionados na lição de segunda-feira.

II – O diferencial de Seus milagres

Havia muitos curandeiros no tempo de Jesus. Alguns até faziam curas reais, mas a maioria era charlatã, sem contar aqueles que curavam pelo poder de demônios enganadores, como ainda há muitos hoje em dia. Só para você ter uma noção dos ofícios de cura que havia nos dias de Cristo, temos por exemplo os taumaturgos ou theoi andrés (literalmente homens divinos) que ficavam de plantão nas dependências do templo de Esculápio para ali realizar a cura dos doentes. A troco de uma boa porção de dinheiro, esses homens passavam a noite no templo com um doente a fim de livrá-lo de seu mal. Eles criam que uma noite no templo de Esculápio (chamada de incubatio) curaria o enfermo de sua moléstia.

Havia também os magos, que faziam o papel de exorcistas, e os adivinhos, que ganhavam dinheiro prevendo supostamente as coisas que haveriam de ocorrer. E não podemos nos esquecer dos pregadores apocalípticos, que viviam de cidade em cidade, de praça em praça, pregando de modo enigmático o fim do mundo.

Como destacar Jesus no meio desses outros curadores, exorcistas e apocalípticos? A primeira diferença estava no fato de que o exercício curativo de Jesus não era um ofício remunerado, mas um ato de misericórdia e compaixão. O comum dos curandeiros era aliviar a dor dos que podiam pagar. Logo, ter dinheiro era o critério da cura. Para Jesus, ter fé era o Seu critério, independentemente de ser um leproso rico (como Simão possivelmente o era) ou um cego esmoleiro como Bartimeu.

E ainda há outro diferencial. A cura realizada por Jesus não se resumia ao aspecto físico. Esse, aliás, nem parecia ser o principal. Sua intenção era a cura interior, como vemos no caso de Zaqueu e Nicodemos. Curioso é notar que aqui, Jesus até foi na contramão da cultura da época. Conforme o escritor grego Teognis, "se um homem [ou médico] recebesse dos deuses o poder de operar curas, deveria tirar proveito disso e, para a preservação de sua imagem, jamais tentar a recuperação de um homem imoral, pois não se pode reformar um vilão". Não precisa ir muito longe nos relatos evangélicos para perceber que Jesus não seguia essa cartilha.

Alguém poderia querer objetar que o povo daquela época, sem a tecnologia e os conhecimentos de hoje, teria sido mais ingênuo, acreditando em milagres que não eram exatamente "milagres". Se fosse hoje, continua o raciocínio, dificilmente teríamos uma multidão acreditando realmente que um homem com distúrbios emocionais estivesse mesmo "possesso", conforme o entendimento de Cristo e Seus discípulos.

Ora, devemos, antes de tudo, lembrar que a alienação das massas não é coisa do passado. Mesmo hoje, com tanta tecnologia e estudos formais, ainda há uma quantidade enorme de pessoas dispostas a acender uma vela na encruzilhada acreditando que aquele estranho ato lhes abrirá os caminhos e as livrará do mal. Como se vê, o engano permanece.

Além disso, naquele tempo, também havia intelectuais que não aceitavam tudo de maneira muito fácil. Ora, se os milagres de Cristo levassem à imediata crença, porque ainda havia tantos oponentes e também descrentes? Note que, mesmo entre os apóstolos, Tomé ainda demonstrou atitude de descrença: ele não acreditaria na ressurreição até ver com seus próprios olhos! E olhe que ele já havia provavelmente testemunhado a ressurreição de Lázaro. O mais curioso é que os milagres de Cristo nunca foram negados por Seus inimigos. Ninguém jamais provou que Ele fosse um embusteiro. Seu questionamento era "como você consegue fazer isto? De onde vem o Seu poder?" (Mt 21:23) – o que demonstra um assombro até entre os mais ferozes oponentes do Filho de Deus.

III – A razão de Seus milagres

Das palavras usadas no Novo Testamento para referir-se aos milagres, as mais comuns são aquelas que denotam o uso de poderes extraordinários. Esses mesmos vocábulos são utilizados por autores pagãos para se referirem ao tipo de "curandeirismo" que havia em seu meio. Porém, o Novo Testamento, especialmente o evangelho de João, utiliza uma palavra extra que distingue os milagres de Jesus das façanhas dos demais curandeiros e magos de seu tempo, além de fornecer um quadro vivo da motivação que havia por trás desses exercícios de cura. A palavra a que nos referimos é sêmeion que quer dizer "sinal". Os milagres eram o sinal distinto de que havia chegado o Rei messiânico para viver junto ao povo de Israel.

Note que Jesus nunca usou os sinais para levar uma pessoa a crer. Os sinais eram para os que já criam. É por isso que Jesus, ao responder aos discípulos de João, fez referência às Suas obras e pediu que eles contassem a João o que tinham visto (Mt 11:4 e 5). Elas eram o sinal dos tempos, sinal de que os dias messiânicos haviam chegado!

A vida e ministério de Jesus Cristo eram ainda uma pequena amostragem do que será o reino final inaugurado após Sua vinda na restauração de todas as coisas. Por isso, muitos de Seus milagres/sinais serviam de lembrete sobre os últimos dias. Veja o caso dos milagres de exorcismo e ressurreição, especialmente a de Lázaro. Aqueles momentos eram pequenos lembretes do que ocorrerá no fim. Deus expulsará definitivamente o nosso inimigo, e os mortos serão ressuscitados. Os que fizeram o bem ressurgirão para a vida eterna e os que fizeram o mal, para a perdição eterna.


FONTE: http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2008/frlic522008.html

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