segunda-feira, 28 de abril de 2008

A planta que Deus não criou

A planta que Deus não criou

A canola é mais uma dessas histórias atuais que mostram como a ciência afastada do comum das pessoas se torna cúmplice de atitudes públicas que podem ser perigosas para a saúde coletiva.
Em primeiro lugar, é preciso estabelecer a seguinte questão: O que é canola que, afinal, nem consta nas encicoplédias (Comptons e Encarta de 1996)?

Veja só: canola é novo nome da colza. Colza? O que é isso, afinal? Bem, colza é uma planta da família das mostardas. É a mesma planta que foi a fonte de produção do agente mostarda, gás letal usado de forma terrível na I Guerra Mundial. O óleo de colza é utilizado como substrato de óleo lubrificante, sabões e combustível, sendo considerado venenoso para seres vivos: ótimo repelente (bem diluído) de pragas em jardins. Esse poder tóxico é proporcionado pela alta quantidade de ácido erúcico que ele contém.

Tem sido usado de forma alimentar no Extremo Oriente, na forma não refinada, e contrabalançada com uma dieta rica em gordura saturada, o que evitaria seus graves efeitos tóxicos.

No entanto, no Ocidente, o objetivo era se produzir um óleo com pouca gordura poliinsaturada e boa quantia de ácido oléico e omega-3. O óleo de oliva tem essas qualidades, mas sua produção em larga escala é dispendiosa.

Aí entram em cena empresas com "ótimas intenções", como a Monsanto, e produz uma variação transgênica da colza. Para evitar problemas de marketing, usa o nome can - ola (canadian oil, ou óleo canadense). Isso mesmo: canola é absolutamente transgênica. A comparação com os benefícios do óleo de oliva não passa de estratégia de venda: o óleo de oliva é bem mais caro, mas a canola é mais cara do que os outros óleos, apesar de ser de produção baratíssima! Ótimo negócio.

Bem, se você não queria usar transgênicos sem seu expresso consentimento, mas já usou o óleo de canola, talvez até aconselhado pelo seu cardiologista ou nutricionista, fazer o quê? Perdemos o direito dessa opção quando nos foi retirada toda a informação. Mas se é tão bom assim como se diz, porque não informar tudo a respeito?

O óleo de canola está longe de ser tão salutar assim como se alardeia. Se observar bem, ele pode deixar um cheiro rançoso nas roupas, pois é muito facilmente oxidado, e seu processo de refinamento produz as famigeradas gorduras trans (mesmo problema das margarinas), relacionadas a graves doenças incluindo o câncer. Produz déficit de vitamina E, antioxidante natural. Alimentos feitos com canola emboloram mais rapidamente. As pequenas quantias de ácido erúcico, que ainda persistem na planta alterada, continuam sendo tóxicas para consumo humano, e essa ação tóxica é cumulativa. Existem relatos de inúmeras outras enfermidades ligadas à ingestão e até mesmo à inspiração de vapores de canola (possível vínculo com câncer de pulmão).

A canola também ilustra um jeito de funcionar das mega empresas de biotecnologia. Em abril de 2002, nos Estados Unidos, o CFS (Centro de Segurança Alimentar) e o GEFA (Alerta de Alimentos Geneticamente Produzidos) pediram uma investigação criminal contra a Monsanto e a Aventis, mais o Departamento Americano de Agricultura, que haviam permitido o ingresso ilegal de sementes de colza modificada para dentro do território norte-americano antes da aprovação legal dessa importação para produção local. Aqui e lá tudo funciona meio parecido. A própria liberação da canola no território norte-americano contou com estímulo de US$ 50 milhões do governo canadense para que o FDA (órgão regulador) facilitasse seu ingresso na indústria alimentar de lá, mesmo sem os adequados estudos de segurança em humanos.

Enfim, novamente nos defrontamos com uma situação em que o homem subverte o bom senso entre ciência e saúde, ao que parece porque os interesses econômicos são muito mais persuasivos que os interesses dos consumidores. Mais o pior é que não podemos contar com os meios de informação, que sistematicamente informam o que interesses maiores julgam mais oportuno.

A canola, podemos ter certeza, é uma fração pequena do mundo obscuro do capitalismo científico que pesquisa fontes de enriquecimento muito mais entusiasticamente do que as verdadeiras fontes de saúde, vida e paz.

(Cláudio Lima, terapeuta naturalista)

Marcadores: saúde

FONTE: http://www.michelsonborges.blogspot.com/