Por que a Vida é Tão Confusa?
Reflexões sobre a onipotência de Deus
Por Israel Banini
Erupção vulcânica, tsunamis, morte acidental de um ente querido, tempestade, redemoinho, furacão, terremoto – todos, de certa forma, imprevistos – levam muitos a questionar se realmente existe um Deus de amor sentado em Seu trono no Universo, ou se Ele perdeu o controle de todas as coisas. Pessoas atingidas por grande pesar, perda de familiares e outras calamidades levantam as mãos, em angústia, e exclamam: "Onde está a onipotência de Deus?" "Será que Ele está no controle?"
Os sumo sacerdotes, escribas e anciãos foram apanhados na mesma situação durante a crucifixão de Jesus. Lemos suas palavras em Mateus 27:42,43: "Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-Se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nEle. Confiou em Deus; pois venha livrá-Lo agora." Eles estavam impressionados com o fato de que Deus, com todo o poder em Suas mãos, fosse tão lento para mover Seu braço e salvar Seu Filho, com a força de um relâmpago, se necessário.
Por que tinha que ser assim?
Lição de um Jogo
Eu estava assistindo a um jogo de futebol de dois times africanos, Accra Hearts of Oak e Kumasi Ashanti Kotoko, no estádio Accra Sports, em Gana. Apenas cinco minutos após o apito do árbitro para iniciar o jogo, os Hearts of Oak levaram um gol. Seu treinador, eleito o melhor da África esse ano, permanecia ao lado do campo, vendo seus jogadores cometendo todo tipo de falta, por ignorância ou simplesmente por displicência.
Notei que o treinador não invadiu o campo para ajudar seus jogadores. Ao contrário, ele sofreu o desapontamento de ver seu time perder, enquanto dava, com muita paciência, todos os conselhos e dicas que lhe vinham à mente. Agindo assim, ele ajudou seus jogadores a virar o jogo.
O livre arbítrio humano tornou-se obstáculo para um Deus onipotente.
Deus é como um treinador do lado de fora do campo. Ele sofre por causa de nossos erros, ignorância, insensatez, pecados e sofrimentos. Seria muito mais fácil entrar no campo e jogar em nosso lugar, mas isso seria uma fraqueza. Seria contra as regras do jogo.
Assim, Ele assiste enquanto nós, Seus jogadores, levamos cartões amarelos e vermelhos. Meu filho morre; minha esposa agoniza; meus irmãos perdem a casa num incêndio; e vão acontecendo uma e outra calamidade. Algumas, como resultado de nossa tolice, outras, sem que tenhamos culpa. Mas, por meio de todas essas coisas, Deus chega até nós – ajudando, aconselhando, guiando.
Correr para dentro do campo seria confessar Sua falha como treinador – admitir que Seu plano para a partida, como planejada no início, foi inadequado.
Nosso Deus não é descuidado, um intrometido caprichoso. Ele nos ajuda a jogar de acordo com as regras de Sua infinita sabedoria. Mas, como expressão de Sua onipotência, Ele impôs uma limitação a Si mesmo, dando-nos o livre arbítrio, algo que Ele nunca tira de nós; e há coisas que Ele simplesmente não faz sem nossa cooperação.
Agentes Humanos
Quando Deus quer fazer algo importante no mundo, Ele não mobiliza os anjos. Ao contrário, reúne duas pessoas, não pela força, mas pela atração do amor. Eles têm um bebê que se torna um Davi ou Sansão, um Abraão ou Noé. Se Ele quer construir um templo, dá instruções a Salomão. E quando deseja construir um mundo livre, ele pergunta no contexto das limitações que Ele impôs a Si mesmo: "A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Até respondermos: "Eis-me aqui, envia-me a mim", esse Deus onipotente é, por assim dizer, impotente para revelar completamente Sua natureza ou para realizar Seu propósito, por ter condescendido tão profundamente para cooperar conosco.
Ele pode expressar Seu extraordinário poder por meio de uma poderosa cachoeira, do vento cortante, de ondas furiosas e de um relâmpago rasgando o céu. Ele pode prover água suficiente para as necessidades de toda a humanidade. Porém, o livre arbítrio (e a tolice) do ser humano torna-se um obstáculo, colocado por Ele mesmo, à Sua onipotência. Por exemplo, Deus não pode ajudar um estudante de medicina a se tornar médico, se ele se recusar a aprender. Cada decisão é nossa decisão; cada escolha é nossa escolha.
O fato de Deus recusar-Se a interferir na liberdade humana custou-Lhe o Calvário. Se Seu poder entrasse em ação toda vez que necessitássemos dele, acabaria com nosso problema e, em conseqüência, arruinaria o plano de Deus para nos educar e desenvolver nosso caráter.
Qual, então, é o propósito de Deus? Podemos ter um mundo sem pobreza, sem doença, sem tristeza ou morte? Podemos ter total condição de felicidade e prosperidade?
Da Perspectiva de Deus
Devemos, francamente, perguntar a nós mesmos: "Estamos cumprindo a nossa parte do contrato de trilhar nosso caminho no mundo, envolvendo-nos em trabalho útil para o bem da sociedade e edificação da humanidade? Não estamos nos isolando em um mundo perfeito? Mesmo em meio ao sofrimento, será que podemos admitir, no silêncio de nossa alma, o fato de que erramos em vez de apontar onde Deus errou?"
Peçamos a Cristo para colocar Seu dedo naquele lugar de nossa vida onde nosso coração está resistente ao Seu poder, nossos pecados poluindo o rio, nossa ignorância construindo um muro numa área de terremotos.
Se deixarmos de resistir a Deus, Ele liberará Seu imenso poder como no dia de pentecostes, quando "de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso" (At 2:2). Se pudermos fazer isso, o resultado final não será apenas uma vitória completa para Deus e uma vitrine de Sua onipotência, mas nosso caminho para ela, pois o que agora parece derrota será transformado em vitória. Na verdade, a grande humilhação de Cristo – a cruz – é agora o maior sinal de vitória do cristianismo.
Os acontecimentos que agora rotulamos como "catástrofes" se transformarão, com a nossa cooperação, em glória a Deus, muito além do que pensamos ou imaginamos. Cooperar com Deus é ajudá-Lo a cumprir Seu maravilhoso propósito – propósitos vastos e gloriosos, além de qualquer imaginação, além dos nossos sofrimentos, tristezas e desastres que nos sufocam e ameaçam a nossa fé nEle. Finalmente, com Sua onipotência disponível e Seu poder em ação, poderemos cantar: "Glória, glória a Deus nas alturas."
Israel Banini trabalha há vários anos como repórter de linha de frente em muitas operações das Nações Unidas e, mais recentemente, atuou na Missão das Nações Unidas, em Serra Leoa.
FONTE: http://portuguese.adventistworld.org/issue.php?issue=2008-1006&page=12
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