Cuidado com os julgamentos apressados!
Autor: Prof. Gilson Medeiros
Hoje, vasculhando uma pasta que tenho no meu computador com diversas ilustrações de vida, encontrei a que coloco abaixo. Certamente você já deve tê-la ouvido, mas nunca é demais relembrar os conceitos que nos tornam mais sábios.
O JULGAMENTO
Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco... Homens ricos e poderosos ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia:
- Este cavalo é como uma pessoa para mim. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?
O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo. Numa manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu, e disseram:
- Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vende-lo. Que desgraça!
O velho disse:
- Não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento. Se é uma desgraça ou benção, não sei, porque este é apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai se seguir?
As pessoas riram do velho. Elas sempre souberam que ele era um pouco louco. Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, mas havia fugido para a floresta. E mais, trouxe uma dúzia de cavalos selvagens consigo. Novamente, as pessoas se reuniram e disseram:
- Velho, você estava certo. Não se trata de uma desgraça, na verdade provou ser uma benção.
O velho disse:
- Vocês estão se adiantando mais uma vez. Apenas digam que o cavalo esta de volta... quem sabe se é uma benção ou não? Este é apenas um fragmento. Você lê uma única palavra de uma sentença - como pode julgar todo o livro?
Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente sabiam que ele estava errado.
Doze lindos cavalos tinham vindo...
O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas. As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram. Elas disseram:
- Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas, e na velhice ele é seu único amparo. Agora você esta mais pobre do que nunca.
O velho disse:
- Vocês estão obcecados por julgamento. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou benção. A vida vem em fragmentos, mais que isso nunca é dado.
Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra, e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas. A cidade inteira estava chorando, lamentando-se porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria.
Elas vieram até o velho homem e disseram:
- Você tinha mesmo razão, velho - aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda esta com você. Nossos filhos foram-se para sempre.
E o velho disse:
- Vocês continuam julgando. Ninguém sabe o porquê de todas as coisas! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o Exercito e que meu filho não foi. Mas somente Deus sabe se isso é uma benção ou uma desgraça. Não julguem, porque dessa maneira jamais saberão a verdade completa. Vocês ficarão obcecados com fragmentos, e pularão para as conclusões a partir de coisas pequenas. Quando você julga sem conhecer todos os fatos, deixa de crescer. Este tipo de julgamento significa um estado mental estagnado. Na verdade, a jornada nunca chega ao fim. Um caminho termina e outro começa: uma porta se fecha, outra se abre. Você atinge um pico, sempre existira um pico mais alto. Aqueles que não julgam estão satisfeitos simplesmente em viver o momento presente, e de crescer nele... somente estes são capazes de caminhar com Deus.
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Se a história é verídica ou não, eu não sei, e não importa...
Ela nos leva a pensar que não podemos fazer julgamentos baseados apenas em fatos pontuais, naquilo que nossos olhos conseguem ver... pois podemos estar diante de algo que, mais na frente, se mostrará totalmente diferente do nosso julgamento.
Fazer pré-julgamentos é algo muito comum ao ser humano. Começou já no Éden, quando Eva julgou que Deus estava mesmo sendo injusto com eles... mas somente aqueles que conseguiam ver "além do Éden" é que sabiam o que estava por trás de tudo.
Da mesma forma fazemos hoje, quando, por exemplo, julgamos um irmão ou uma irmã na Igreja. Somos muitas vezes hábeis em apontar o dedo e condenar, sumariamente... mas poucos de nós lembram de buscar "o outro lado"... o "algo mais" da história.
Eu fico maravilhado com a maneira que Jesus julgava as pessoas. Você lembra?!
Ele absolvia quem os homens queriam condenar (exemplos: a mulher adúltera, Zaqueu, os soldados cruéis...), e às vezes condenava alguns que o povo considerava dignos de honra (exemplo: os fariseus e escribas - Mat. 23:25).
Sabe porque isso acontecia? Porque "Deus vê o coração" das pessoas (cf. 1Sam. 16:7). Somente Ele tem este poder.
- Ele sabe porque aquele jovem caiu em tentação e pecou...
- Sabe porque aquela moça tão recatada, agora está se vestindo e se comportando de modo diferente...
- Ele entende porque você já não tem mais prazer em ir à Igreja, em orar, ler a Bíblia...
- Somente Ele saber porque você se esconde toda vez que tem uma Santa Ceia na sua Igreja...
- Jesus conhece todas as vezes que seus lábios sorriem, mas seu coração está em lágrimas...
- O Senhor sabe cada detalhe, cada luta, cada angústia do seu coração...
- Ele também conhece todos os momentos de trevas de nossa vida... acompanhou cada pecado oculto... cada desvio da fé... cada momento de apostasia...
Ele sabe.... mas mesmo assim não nos abandona! Não nos condena! Não nos abomina!
Gostamos de dizer: "Deus odeia o pecado, mas ama o pecador", mas não sentimos nem praticamos isso em nossa vida, pois sempre estamos prontos a odiar o pecador... afastá-lo do "arraial dos santos"... relegá-lo ao "vale dos leprosos".
E porque fazemos isso? Porque amamos julgar as pessoas... adoramos apontar o dedo e sentenciar ao inferno aqueles que agem diferente de nós. Não era isso o que os fariseus faziam? Fizeram até com o próprio Jesus!
Da próxima vez que nos sentirmos tentados a julgar e condenar alguém, vamos nos lembrar de que não sabemos toda a história daquela pessoa, mas apenas um "fragmento".
Antes de condenar, tente PERDOAR.
Afinal...