ESCOLA NO AR
2º Trimestre de 2009 - A Caminhada Cristã
Comentário da Lição 11 – Mordomia
Sábado, 6/6/2009 - › Introdução
"A todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância". – Mat. 25:29.
O termo mordomia, mal analisado, suscita compreensão errada. Quando o crente ouve o termo, a primeira conotação que estabelece é com seus recursos materiais e que estes estão sendo solicitados pela liderança da Igreja para atender despesas. O mais grave é que as solicitações chegam aos seus ouvidos com pressões por necessidades materiais e apelos insistentes para supri-las.
Muitos autores já se preocuparam em definir em poucas palavras a natureza e propósito da verdadeira mordomia cristã. Uma bastante conhecida e sucinta, reza: "Mordomia envolve o sábio uso da vida destituída de egoísmo".
Waldo J. Werning, em sua obra "O Chamado à Mordomia" elabora uma definição mais ampla: "A mordomia cristã é a resposta do crente ao amor de Deus; que o criou, preservou, redimiu e santificou. Pode ser denominada a administração por parte do cristão de sua vida redimida e suas posses, pelo poder do Espírito Santo, dirigido pela Palavra - para a glória de Deus e para o benefício do homem. A mordomia cristã é o fruto da fé salvífica. É fé em atividade, a expressão da fé cristã, a evidência de quão sinceramente um filho de Deus crê nas verdades que aceita. O mordomo cristão é uma pessoa a quem foi confiada uma vida redimida por Cristo. Ser mordomo é seguir aonde Deus o dirige pelas habilidades e forças que Ele dá". - pág. 15.
Em síntese, mordomia, no sentido teológico, estabelece o correto posicionamento e relacionamento entre Deus e o homem, e o homem e Deus.
A correta prática da mordomia cristã não aceita o homem de um lado, com todos os seus recursos: corpo, energia, habilidades, tempo e posses materiais esperando pela Igreja, do outro lado, para fazer-lhe solicitações. Isto não é mordomia cristã, é mendicância.
Pense: "Aquilo que se acha na base da integridade comercial e do verdadeiro êxito, é o reconhecimento da propriedade de Deus... Esta é uma obrigação que repousa sobre todo ser humano. Afeta toda esfera da atividade humana. Quer o reconheçamos quer não, somos despenseiros, supridos por Deus com talentos e facilidades e colocados no mundo para realizar uma obra indicada por Ele". - LA. pág. 367.
Desafio: "E também será como um homem que, ao sair de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. ... a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de vigem". – Mat. 25:14 e 15 –NVI.
Domingo, 7/6/2009 - › Talentos
Em Israel, o ensino do relacionamento com Deus era transmitido pelos serviços e sacrifícios do santuário. Como resposta ao amor de Deus, provendo um Redentor, tipificado no sacrifício contínuo, o homem apresentava o seu holocausto ou oferta queimada. (Lev. 1:1-7). Tal como o sacrifício contínuo, este também era inteiramente queimado. Não era uma oferta preceitual, mas voluntária. Assim como o sacrifício contínuo simbolizava a total entrega de Deus em favor do homem, executando em Si mesmo a sentença da transgressão, o holocausto era a resposta do homem, entregando-se inteiramente a Deus, em um ato de louvor e gratidão por tão grande livramento. Era a entrega das habilidades para o serviço em favor de outros.
Certamente Paulo assentou seu argumento neste sacrifício quando dirigiu o apelo aos crentes romanos: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional". - Rom. 12:1 - ARA.
No sacrifício típico o cordeiro morria e o pecador se entregava a Deus. No argumento de Paulo não é o cordeiro que morre, mas o pecador, que morre para o pecado e se entrega a Deus em um sacrifício vivo para viver para Deus. Tanto em um como no outro caso a entrega envolve a morte para o pecado e a vida para Deus. Não há entrega senão há morte para o pecado.
Estabelecido o relacionamento de amor e fé pela entrega, as nossas habilidades serão entregues totalmente e com alegria para atuar em favor de outros
Você recebeu uma excelente voz e poderia fazer fama em carreira secular. Você possui o dom da palavra e poderia tornar-se influente político. Jesus pede para você fazer a renúncia e dedicar tudo à Sua disposição.
Pense: A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada de acordo com a sua capacidade". – Mat. 25:15 – NVI.
Desafio: "Mas vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês; e sereis minhas testemunhas". - At. 1:8 - BLH.
Segunda-Feira, 8/6/2009 - › Tempo
"Tu pois fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados: porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica". - Êx. 31:13.
O sábado e a sua observância não é o agente salvador, mas Aquele que é o Salvador pede que dediquemos este tempo para Ele e para estar com Ele para que possa operar a nossa salvação. Nesse dia, de modo muito especial, Ele quer a entrega para que possa atuar no homem, santificando-o, separando-o das influências do mundo e tornando-o semelhante a Ele no caráter.
Cada sábado, de modo especial, a oportunidade de rendição é oferecida a cada crente. A entrega precisa ser total e permanente. "Deus não se agradará de coisa alguma inferior ao melhor que podemos oferecer. Aqueles que O amam de todo o coração, desejarão dar-Lhe o melhor serviço de sua vida, e estarão constantemente procurando pôr toda a faculdade de seu ser em harmonia com as leis que promoverão sua habilidade para fazerem a Sua vontade". - PP. pág. 364.
É no sábado que Ele quer atuar com poder para santificar o nosso corpo. Para esta transformação acontecer precisamos aprender a renunciar práticas pecaminosas e fazer novas escolhas. O Espírito Santo irá orientar as nossas escolhas, nosso gosto, nossos desejos em tudo o que vimos, ouvimos e ambicionamos.
Pense: "Os velhos costumes, as tendências herdadas, os antigos hábitos, precisam ser abandonados; pois a graça não é herdada. O novo nascimento consiste em ter novos motivos, novos gostos, novas tendências". - MM. 1999, pág. 53.
Desafio: "Sua mãe disse aos serviçais: 'Façam tudo o que ele lhes mandar'". – João 2:5 – NVI.
Terça-Feira, 9/6/2009 - › Mordomia do Corpo
"Será que vocês não sabem que os seus corpos fazem parte do corpo de Cristo?... Porém quem se une com o Senhor se torna, no sentido espiritual, uma só pessoa com Ele". - I Cor. 6:15 e 17 - BLH.
A entrega de nós mesmos é a questão básica para a consecução dos propósitos de Deus no plano redentor. Quando fazemos a entrega de nosso eu, de nós mesmos, estamos declarando que desejamos tornar-nos um com Cristo. Isto significa a entrega de nossa vontade ao controle de Sua vontade para que Ele possa operar em nós o Seu querer. Essa entrega envolve nosso corpo, os olhos, os ouvidos, a língua, a mente e os sentimentos
O grande propósito de Deus para cada vida que a Ele se entrega é que O glorifiquem: "A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória". - Is. 43:7.
A entrega de nosso eu, de nós mesmos, significa que desejamos uma mente pura e um corpo sadio. Portanto, adotaremos princípios de conduta que modelarão nossos pensamentos e nossos hábitos alimentares. O modo de pensar e o modo de comer não são nosso salvador, mas Aquele que é o nosso Salvador pede que almejemos uma mente pura e um corpo sadio. Para alcançar este objetivo Deus deixou princípios orientadores em Sua Palavra, que o Espírito Santo ministra àqueles que fazem a entrega.
A entrega do eu está relacionada com todos estes aspectos e não é uma decisão fácil de cumprir neste mundo sedutor em que vivemos. Somente pela graça de Jesus e pelo poder do Espírito Santo atuando por nós e em nós. No entanto, para que esta atuação aconteça é preciso fazer a entrega.
Pense: "Se nos compenetrarmos de que Deus é o doador de todo o bem, que o dinheiro Lhe pertence, então exerceremos sabedoria no despendê-lo, na conformidade com Sua santa vontade. O mundo, seus costumes, suas modas, não serão nossas normas. Não teremos o desejo de conformar-nos com suas práticas; não permitiremos que nossa própria inclinação nos controle". - LA. pág. 368.
Desafio: "Dia após dia morro! Eu o protesto". – I Cor. 15:31 - ARA.
Quarta-Feira, 10/6/2009 - › Nossas Posses Materiais
Outra oferta sacrifical importante era a de manjares. Os elementos usados para esta oferta eram produtos vegetais: farinha, azeite, cereais, sal, incenso e vinho. (Lev. 2:1, 13, 14; Núm. 15: 10 e 24). "Como a oferta queimada significava consagração e dedicação, assim a oferta de manjares representava submissão e dependência. As ofertas queimadas importavam em inteira entrega da vida; as de manjares eram um reconhecimento de soberania e mordomia; de dependência de um superior. Era um ato de homenagem a Deus, e um penhor de lealdade". - RS. pág. 73.
Neste sacrifício, pequena parte era queimada e o restante pertencia aos sacerdotes. A grande lição ensinada por este sacrifício é que tudo pertence a Deus que, como tal é a fonte de toda a bênção. Como reconhecimento e gratidão o homem devolvia parte ao Senhor. "As ofertas queimadas diziam: Tudo quanto eu sou pertence ao Senhor. As ofertas de manjares diziam: Tudo quanto possuo é do Senhor". - RS. pág. 78.
Para a dedicação dos meios ter sentido e valor, é preciso antes a dedicação da própria vida. A generosidade e liberalidade dos macedônios estavam fundadas no princípio da entrega pessoal: "Deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor". - II Cor. 8: 5.
Não existe tal coisa: a pessoa dar corretamente seus meios sem render-se a si mesma. Dádivas poderão ser feitas independentes da entrega pessoal, mas sempre estarão manchadas pelo egoísmo, pelo orgulho e o espírito de engrandecimento pessoal. Deus, que é conhecedor da luta que enfrentamos pede: Dá-me o teu coração. Faze primeiro a tua entrega.
Pense: "Se dermos o que Ele pede o restante será santificado e abençoado em proveito nosso". - LA. pág. 369.
Desafio: "Provai-me nisto". - Mal 3:10. "Oh! Provai, e vede que o Senhor é bom". - Salmo 34:8 - ARA. "Procure saber, por você mesmo, como o Eterno é bom". - BLH.
Quinta-Feira, 11/6/2009 - › Enquanto Esperamos
Deus tem orientações muito sábias e coerentes para o ato de dar. Atente-se para esta declaração: "Mas a obra ampliou-se e fortificou-se de tal modo que há meios suficientes nas mãos dos crentes para sustentá-la plenamente em todos os departamentos, se todos participarem com sua parte proporcional, e não se necessitará sobrecarregar uns poucos". - T. vol. 3, pág. 410.
Deus confia a administração de Suas riquezas a cada mordomo em harmonia com a sua capacidade. Portanto, todos tem oportunidade de revelar seu espírito de generosidade. Não é plano de Deus que apenas alguns levem a carga, mas todos devem envolver-se dentro de suas reais possibilidades.
"Estamos num mundo de abundância. Se os dons e ofertas fossem proporcionais aos meios que cada um tem recebido de Deus, não haveria necessidade de urgentes apelos pela obtenção de recursos por ocasião de nossas grandes reuniões... Homens e mulheres que amam a causa de Deus como suas próprias vidas, assumem compromissos nestas ocasiões, fazendo suas famílias sofrer por causa dos muitos meios que prometeram dar para o avanço da causa. Nosso Deus não é um capataz, e não requer do pobre dar para a causa, meios que pertencem à sua família e que devem ser usados para dar-lhe conforto e livrá-lo de opressivas necessidades". - T. vol. 3, pág. 410 e 411.
É maravilhoso pensar em Deus como Alguém que quer a felicidade e o bem estar de cada membro da família. Cada um tem compromissos com Deus e Sua obra, mas também com sua família. E Deus não aceita que um seja beneficiado em detrimento do outro. O avanço da causa de Deus não justifica o sacrifício da família.
Pense: "O plano de benevolência sistemática se provará uma salvaguarda para cada família contra a tentação de gastar meios em coisas supérfluas; e especialmente se provará uma bênção para os ricos por guardá-los da condescendência e extravagâncias". - T. Vol. 3, pág. 412.
Desafio: "Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria". – II Cor. 9:7 – NVI.
Sexta-Feira, 12/6/2009 - › Estudo Adicional
Mordomia cristã é o desenvolvimento da experiência espiritual, mediante a fé atuando pelo amor. ( Gál. 5:6) É um programa de ensino permanente, da parte de Deus através do ministério e oficiais da Igreja, para conscientizar o homem dos grandes propósitos Seus. Primeiro: que todos esses recursos não pertencem ao homem, mas apenas lhe são confiados como oportunidades para aprimoramento do caráter habilitando-o para a restauração e reintegração ao plano original do Criador. Segundo: Administrá-los com o supremo objetivo para a promoção e glória do Reino de seu verdadeiro proprietário - Deus.
OIKONOMIA - O termo grego OIKONOMIA traduzido por mordomia, expressa idéias mais amplas do que apenas a responsabilidade da administração de bens alheios, quando analisado no contexto da missão evangélica confiada à Igreja. O pastor Roberto Roncarolo, depois de analisar vários textos e aspectos do termo, faz esta afirmação: "Ser mordomo no sentido em que aparece no Novo Testamento, significa que um homem vê em Jesus Cristo o plano redentor de Deus ( oikonomia) para a salvação do mundo, e responde com alegria a esta visão dando-se a si mesmo e tudo o que possui para a realização deste plano divino". - Manuscrito.
A provisão redentora foi feita pela divindade na dádiva de Cristo em favor do homem. Mas como Deus não salva homens para a inatividade, é preciso compreender que a provisão somente exerce efeito quando o homem aceita o programa divino de conduta. Deus tem um plano elevado para os que aceitam a provisão redentora. Disse Jesus: "Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste". - Mat. 5:18 - ARA.
Pense: "O dar que é fruto da abnegação é um maravilhoso auxílio ao doador. Promove uma educação que nos capacita a mais amplamente compreender a obra dAquele que andou fazendo o bem, aliviando o sofrimento, suprindo às necessidades dos que nada possuíam". – LA. pág. 370.
Desafio: "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade". - Filip. 2:13 - ARA.
Conheça o autor
Pr. Albino Marks
Especialista em aconselhamento familiar e profundo estudioso da Bíblia, o pastor Albino Marks já atuou como preceptor (IAP, IACS, IAE-SP); capelão (IACS e Hospital do Pênfigo); diretor geral do IAP; departamental em várias associações e na UCB.
FONTE: http://www.escolanoar.org.br/Novo/impressao.asp?nivel=adultos_pt&data=12/6/2009