Caminhos que parecem difíceis
Quando numa qualquer atividade ao ar livre decidimos fazer umpercurso de montanha, sabemos de antemão que, provavelmente,nem sempre o caminho será fácil.Um trilho se montanha é feito de constantes subidas e descidas(quando não apenas subidas, que só de olhar ao longe já parecem assustadoras...), que exigem um esforço normalmente maior do que aquele que, habitualmente, estamos preparados para fazer. Se calhar por isso, muitas vezes, as dificuldades são tão certas que nos munimos de equipamentos especiais, com vista a melhorar o nosso avanço.
Tenho reparado que, quando em grupos numerosos, os que mais desfrutam desse tempo e mais felizes se sentem ao longo do dia, são aqueles que gostam mesmo de fazer aquilo. São os que ali estão pelo prazer de desfrutar cada momento, seja ele fácil ou não, e que, quase sempre, mais rapidamente antecipam o gozo que será chegar ao fim e contemplar a vasta paisagem que, enfim, se estenderá aos nossos pés, quando não mesmo cada simples detalhe do caminho. Não por acaso, creio serem também estes os que mais velozmente esticam a sua mão para ajudar aquele para quem o caminho é mais custoso.
Fico a pensar como podemos observar esta realidade a cada dia na vida espiritual. A maioria das vezes o caminho é custoso, a trilha está cheia de obstáculos e perigos que nos podem mesmo parecer difíceis, quiçá impossíveis, de ultrapassar.
Lágrimas são derramadas por pais preocupados com os seus filhos. Alunos agonizam perante as provas às quais são submetidos nas escolas. Famílias sofrem o desgosto de uma separação litigiosa, que parece não ter solução. Idosos são deixados ao abandono por aqueles que os deviam cuidar melhor. Crianças encontram nas ruas o seu lar e ali aprendem vícios que, finalmente, acabarão por destruí-las.
Depois, temos um outro tipo de caminho. Aquele bem pavimentado e onde é fácil rolar a alta velocidade, no qual parecem haver poucas pedras a criar obstáculos ao progresso. É aqui que encontramos os confortos e cujas engrenagens parece não emperrar. São os automóveis modernos, as casas elegantes, fartas e recheadas. São os bons ordenados que permitem aceder a algumas mordomias (talvez deva dizer luxos...) que, não poucas vezes, escandalizam a maioria dos que conosco lidam diariamente.
Não sugiro que o bem-estar seja negativo. Mas, sejamos sinceros, quantas vezes impedem que nos concentremos naquilo que realmente interessa, que é o bem-estar eterno, nada comparável com aquele que vamos podendo desfrutar aqui na Terra?
Recordo uma ilustração bem sugestiva que ouvi. Alguns crentes residentes na Califórnia, EUA, arrazoavam entre si: 'aqui temos sol, bastante calor, boas praias, bons carros, boas casas, até dinheiro... porque razão haveremos de querer ir para o céu?' (!!!). Ainda que seja uma analogia, quanta verdade oculta dos corações não convertidos aquela expressão reflete!
Por paradoxal que pareça, ao gostarmos de comodidade, deveríamos, sim, meditar no conforto não perecível que nos é proposto por Deus, o qual será desfrutado pelos seus fiéis que não amarem... o conforto da terra.
É por essa razão que muitos, entre aqueles que finalmente atingirem o lar eterno, darão graças a Deus por lhes ter providenciado um trilho com pedras afiadas e árvores caídas no caminho, pois foram estas dificuldades que lhes permitiram manter os olhos sempre fixos no alto, no final do percurso. Foram elas que fizeram os sentidos e as prioridades não se desviarem do alto prémio que lhes foi prometido.
Enquanto isso, quantos não perderão a maior festa de sempre por terem acariciado as coisas materiais que, enquanto na terra, Deus lhes concedeu para administrarem fielmente em seu serviço, tão somente desperdiçadas em prazeres fugazes...
Romanos 8:28 diz que 'todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus'. Quem é o homem que pode dizer o que será melhor para si próprio? Quem pode olhar no futuro e discernir o propósito maior que Deus tem estabelecido para favorecer aqueles que a Ele se consagrarem?
Podemos estar seguros de um fato: ninguém perderá o céu por ter renunciado e suportado os confortos e materialismos do mundo; alguns o perderão exatamente pelo contrário...
Caro leitor, com fé e devoção, trilhe com firmeza o caminho que Deus lhe propuser e, fielmente,aguarde para ver o Senhor agir em seu favor! E não desespere quando a subida do caminho se tornar íngreme; isso quer dizer que você estará cada vez mais perto do topo!