segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO

O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO

 

Os que insistem em pregar que o sábado passou, e que os cristãos estão hoje desobrigados de sua observância, afirmam apoiarem-se nos ensinamentos de Jesus ou dos apóstolos para justificarem tal mudança na Lei. Mas Jesus realmente ensinou que o sábado não mais deveria ser guardado? Aboliu o Senhor este mandamento, e colocou o domingo em seu lugar, como o dia de adoração para os cristãos? Vejamos o que diz a Palavra do Senhor, pois o sábado aparece mais de 60 vezes no Novo Testamento. Vamos analisar agora as passagens dos evangelhos que tratam sobre o sábado:

 

O Sábado nos Evangelhos

 

a) Mt 12:1-14 (cf. Mc 2:23-3:6; Lc 6:1-11)

 

Nesta passagem Jesus é interrogado por estar colhendo espigas no sábado. São os fariseus que condenam esta ação, pois eles haviam sobrecarregado o sábado com inúmeras "mini-leis", que deveriam disciplinar a observância desse dia. Jesus, então, responde com a famosa frase: "O Filho do Homem é Senhor do sábado". Ora, Jesus é Senhor de tudo, INCLUSIVE do sábado. Esta declaração não dá nenhuma margem para que o sábado fosse abolido ou minimizado; apenas demonstra que Jesus possuía (e possui) uma autoridade superior àquela que os fariseus estavam dando a Ele, ou seja, para os fariseus Jesus não passava de um impostor, mas o Mestre demonstrou o erro dos "doutores", ao declarar que o sábado era um dia criado por Ele, por isso, apenas Ele tinha total autoridade sobre esse dia.

Em seguida, surge a situação da cura do homem da mão ressequida. Jesus já sabia muito bem que os fariseus não concordariam com uma cura realizada no sábado, mas o Senhor conhecia o coração hipócrita desses líderes, que estavam dispostos a sacrificar uma vida humana (especialmente se fosse de um pobre) mas não achavam errado socorrer um animal ferido no sábado, quando isso pudesse trazer algum retorno financeiro para eles.

A passagem em questão termina de forma bastante interessante (cf. Mt 12:14), pois os fariseus estavam acusando Jesus de "transgredir" a Lei, mas eles próprios não estavam se dando conta de que um mandamento também dizia para "não matar". Que ironia!

O evangelho de Marcos (2:27) acrescenta a declaração de Jesus de que o "sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado". Isto é perfeitamente compreensível e verdadeiro, pois tudo neste mundo (natureza, animais, igreja, família, sexo, salvação, sábado, perdão, etc.) foi criador pelo Senhor para benefício da Sua mais importante criatura – o homem. Tudo foi feito "por causa", ou seja, em benefício do homem. Dizer que nesta declaração Jesus está afirmando que não precisamos obedecer o mandamento do sábado é, no mínimo, um desprezo às mais elementares regras de interpretação de texto.

 

b) Mt 24:20

 

Esta é uma passagem que demonstra a verdadeira noção de importância que Jesus dava ao dia de sábado. Nesta profecia, o Senhor declara que a fuga dos discípulos nos períodos de tribulação não deveria ocorrer no sábado, pois isto certamente os encontraria desprevenidos por estarem envolvidos na preparação e santidade deste dia. Jesus foi tão preciso em Sua profecia, que o exército romano entrou e destruiu Jerusalém no ano 70 d.C., ou seja, aproximadamente 40 anos após Jesus ter feito a declaração de Mt 24:40. Que importante e inquestionável testemunho da validade que o sábado tem na vida de adoração do crente, mesmo após a ressurreição do Salvador. Jesus desejava que o sábado  permanecesse como dia de adoração, mesmo após Sua morte e ressurreição, como fica evidente pela leitura desta passagem. Este é um dos muitos versos que os inimigos do sábado nem mencionam, pois não conseguem explicá-lo sem distorcer o real sentido da passagem.

 

c) Mt 28:1-10 (cf. Mc 16:1-11; Lc 24:1-12; João 20:1-10)

 

Este texto trata da ocasião em que Jesus foi crucificado e ficou durante o sábado na sepultura. Novamente, em nenhum momento há qualquer menção sobre a abolição do sábado para os cristãos. Há o relato histórico de que foi numa sexta-feira (chamado de "dia da preparação" para o sábado – Mc 15:42) que Jesus foi crucificado, permanecendo durante todo este dia na sepultura, e ressuscitando apenas na madrugada do domingo. Interessante notar que o sábado foi o único dia em que Jesus ficou integralmente na sepultura, descansando do mesmo modo como havia feito na Criação (cf. Gên. 2:1-3; João 1:1-14).

 

d) Lc 4:16

 

Que texto maravilhoso! Uma declaração absolutamente clara de que era "costume", ou seja, era um hábito normal de Jesus estar na sinagoga (a igreja da época) no dia de sábado. Ele, como Criador e Mantenedor de tudo, não poderia deixar de lado algo que Ele mesmo criou, santificou, abençoou e deixou como exemplo para toda a humanidade. Este é outro texto que os inimigos do sábado não conseguem argumentar contra, sem distorcer o que a Bíblia está ensinando.

 

e) Lc 13:10-14:6 (cf. João 5:9-9:16)

 

Novamente Jesus é interrogado sobre a legalidade de se realizarem curas no sábado. É evidente que não se pode usar o sábado como desculpa para não operar o bem ao próximo. Os fariseus, porém, atolados em sua hipocrisia e ganância, preferiam "fechar os olhos" para algo tão claro, revelado no amor de Deus. O texto é muito claro em dizer que os fariseus "nada puderam responder" a Jesus (cf. Lc 14:6).

 

f) Lc 23:56

 

Outro verso para o qual os inimigos do sábado não conseguem dar uma explicação eficaz e verdadeira, sem distorcer o texto bíblico. Se Jesus REALMENTE havia ensinado ou insinuado que o sábado era desnecessário na nova aliança, e que o "tempo da graça" havia chegado, por que estas mulheres continuaram guardando-o? Não havia chegado a hora de coloca este "jugo" de lado, como o dizem muitos hoje? Estas santas mulheres, que permanecerem ao lado de Jesus durante Seu ministério terrestre; que ouviram os ensinamentos divinos dos lábios do próprio Senhor do Universo; que sabiam das respostas que Jesus havia dado aos fariseus acerca do tema do sábado, como vimos anteriormente; que presenciaram a crucifixão do Seu Mestre; estas mulheres não abandonaram o mandamento do sábado quando Jesus morreu, e muito menos adoraram no domingo, como fazem os pseudo seguidores de Jesus da atualidade. Elas permaneceram fiéis à Lei do Senhor, e  "descansaram segundo o mandamento" (cf. Êx 20:8-11). Mais claro que isso é impossível...

Eu já li muitos livros escritos pelos inimigos do sábado que sempre citam a passagem de João 20:19 para apoiarem sua teoria de que os discípulos trocaram o sábado pelo domingo, após a ressurreição de Cristo. Basta uma leitura sincera do texto para ver que o motivo que levou os seguidores de Jesus a estarem reunidos naquele dia era o "medo dos judeus". Não estavam ali fazendo uma missa ou culto de adoração, mas estavam era se escondendo da perseguição que já estava sendo iniciada. É muito fácil distorcer o texto bíblico, ou qualquer outro texto interpretativo, para favorecer um pensamento pessoal de um indivíduo ou denominação. Mas o Espírito Santo ajuda àqueles que, sinceramente, buscam descobrir a verdade acerca do viver que agrada ao Senhor. Não encontramos em nenhum lugar da Bíblia a palavra "domingo", nem qualquer menção à mudança do sétimo para o primeiro dia da semana, nem por Jesus, nem pelos Seus apóstolos (como veremos adiante).

Se você deseja seguir o exemplo de Jesus e das pessoas que O seguiam, então você não pode mais desprezar a santidade do sábado, e deve procurar imediatamente concertar sua vida com o Senhor, pedindo perdão a Ele pela "cegueira" que fez com que este dia fosse menosprezado em sua vida.

Os Adventistas do Sétimo Dia sentem-se felizes e aliviados por terem a plena certeza de que a bênção do Senhor está sempre sobre aqueles que fazem Sua vontade, apesar de possíveis perseguições, humilhações, escárnios ou desprezo daqueles que fecham os olhos para o claro ensino bíblico acerca do verdadeiro dia do Senhor – o sábado (cf. Ap 1:10: Is 58:13; João 20:1, 19). Nosso próprio nome já é um testemunho ao mundo de que Jesus é o Senhor da Igreja Adventista (cf. Ez 20:12, 20).

 

O Sábado no Livro de Atos

 

Este livro é muito esclarecedor porque nos mostra um resumo de como era a vida na Igreja que estava iniciando seus primeiros passos. Certamente é no livro de Atos que poderemos encontrar alguma base de autoridade para a rejeição atual do sábado do sétimo dia, se é que existe tal base.

1:12 – Esta é a primeira menção ao sábado no livro de Atos, apenas fazendo referência ao costume de andar uma curta distância durante este dia (aproximadamente 1 Km).

13:14 – Os discípulos procuram uma sinagoga para pregar. São acolhidos com atenção e aproveitam para pregar sobre Jesus (vv. 16-41), acrescentando que em todos os sábados são lidos os ensinamentos de Deus nas sinagogas (v. 27).

13:42 – Os discípulos receberam o convite para retornarem no próximo sábado, e continuarem a maravilhosa pregação sobre Jesus.

13:44 – Quase toda a cidade veio no sábado para ouvir o que os discípulos tinham ainda para falar. Percebemos que não eram todos judeus (como os inimigos do sábados dizem hoje), pois estes estavam tentando desfazer a pregação dos discípulos diante da multidão (v. 45).

15:12-21 – Esta é uma passagem reveladora, pois foram determinadas algumas coisas que não mais poderiam ser impostas sobre os gentios conversos ao cristianismo. Pergunta-se: Por que os apóstolos não incluíram o sábado entre os temas proibidos?! Não dizem hoje que eles trocaram o sábado pelo domingo, logo após a ressurreição?! Fica evidente que os inimigos do sábado hoje em dia estão mais interessados em tradições humanas, do que seguir os princípios que os discípulos de Jesus demonstravam em sua própria vida.

16:11-15 – Alguns dizem que os discípulos pregavam no sábado apenas para aproveitar as sinagogas judaicas. Mas a passagem em questão revela claramente que não era este o real motivo. Paulo, como você sabe, foi um apóstolo que não conviveu pessoalmente com Jesus, tendo sido convertido alguns anos após a ressurreição do Mestre. Paulo é encontrado aqui neste texto procurando "um lugar de oração", no sábado, afastado da cidade. Por que?! Será que o Espírito Santo não havia orientado o apóstolo a abandonar os "rudimentos" do judaísmo, como dizem os inimigos do sábado? Fica muito claro para o leitor sincero que Paulo, um dos maiores apóstolos de Cristo, nunca ensinou a abolição do sábado do sétimo dia, e ele mesmo vivia a santidade deste dia especial por onde quer que ele andasse.

17:1-3 – Novamente, Paulo é visto aproveitando o sábado para pregar a salvação em Cristo àquelas cidades.

18:1-4 – O apóstolo da graça e dos gentios tinha uma profissão – fazer tendas. Mas o texto é claro ao dizer que Paulo fechava sua oficina ou sábado (ou será no domingo, e a pessoa que digitou a Bíblia era Adventista e mudou a digitação para sábado?). Paulo adorava o Senhor Jesus no dia de sábado, como fica evidente pelo texto bíblico, e se dirigia ao local de adoração para pregar sobre a salvação em Jesus. Percebe-se facilmente (basta ler sem preconceitos) que não era apenas para encontrar os judeus que Paulo ia à sinagoga no sábado, pois o próprio texto afirma que ele pregava também aos gregos neste dia, e bem sabemos que os gregos não santificavam o sábado.

19:17-27 – Nesta passagem, Paulo afirma enfaticamente que estava de consciência limpa porque ensinara TUDO que era importante para os gentios viverem uma vida de verdadeiros cristãos, bem como mostrara para eles TODO o desígnio de Deus para suas vidas. Mas em NENHUM momento ele fala para eles abandonarem o sábado e adorarem o Senhor no domingo. Que interessante!

 

O Sábado Nas Epístolas Paulinas

 

Vamos analisar uma passagem na qual Paulo refere-se ao sábado, e esta é muito utilizada pelos inimigos do sábado para "provarem" que o apóstolo não aceitava a guarda deste dia.

1) Col. 2:16 – Paulo está dizendo aqui que o sábado não é importante para o crente da nova aliança? É mesmo isso que o texto está ensinando? É muito fácil para aqueles que agem com falsidade e infidelidade para com a Bíblia, simplesmente isolarem um texto de seu contexto, e ensinarem deturpações doutrinárias que a Bíblia nunca autorizou. Eu conheço diversas denominações que surgem dessa forma, através da interpretação equivocada e destituída de sinceridade com que alguns ensinam algum texto bíblico (por exemplo: batismo pelos mortos, predestinação, arrebatamento secreto, dom de línguas, prosperidade material, imortalidade da alma, comer de tudo, uso de véu pelas mulheres, guarda do domingo, mariolatria, etc... apenas para citar algumas).

O contexto da passagem de Col. 2:16 revela claramente que o tema não era propriamente o sábado do sétimo dia. O verso 17 acrescenta que o que havia sido mencionado no v. 16 (lua nova, festas, sábados) era apenas uma SOMBRA de coisas futuras. Mas o sábado do 4º mandamento (cf. Êx 20:8-11) era sombra de quê? De absolutamente nada!

Quando Paulo fala em Colossenses que o sábado era uma sombra, certamente ele se referia aos dias sabáticos cerimoniais (cf. Lv 23), que apontavam para a redenção que o Messias operaria em Israel, cujo cumprimento veio na Pessoa Divino-Humana de Jesus Cristo.

2) Hebreus 4:1-13 - Não é nosso propósito tratar aqui sobre as provas da autoria paulina do livro de Hebreus. A Igreja Adventista crê que foi Paulo quem escreveu este livro, dirigido especialmente aos primeiros cristãos de origem hebraica (utilizarei como base para a explicação a seguir, a interpretação do Comentário Adventista sobre esta passagem).

Alguns pensam que nesta passagem o autor indica que os cristãos devem deixar de guardar o sábado semanal, próprio dos judeus, trocando-o por algum outro "repouso" espiritual de Deus - possivelmente o domingo, ou mesmo a "graça". Esta interpretação não encontra embasamento sólido nas Escrituras. A passagem simplesmente emprega uma figura, a do repouso do sábado, com todas suas bênçãos e símbolos, para ilustrar a idéia do repouso de Deus. A epístola aos Hebreus está dirigida  a quem observava o sábado e gozava de suas bênçãos, entendendo perfeitamente o que o autor estava dizendo.

Este texto contém um convite aos cristãos hebreus de darem ao repouso sabático semanal uma amplitude maior: reconhecê-lo como uma referência clara do repouso eterno que Deus promete. O mesmo convite é para os cristãos   observadores do sábado nos dias atuais.

a) O "repouso" de Deus como originalmente foi prometido ao antigo o Israel, incluía: (1) um estabelecimento permanente na terra de Canaã; (2) uma transformação de caráter que faria da nação um adequado representante dos princípios do reino de Deus; e (3) faria deles o agente escolhido de Deus para a salvação do mundo.

b) A geração a qual originalmente foi feita a promessa do "repouso", fracassou; não entrou em Canaã devido à "incredulidade" (cf. Hb 3:19) e "desobediência" (cf 4:6).

c) Josué presidiu a geração passada na entrada à terra que se lhes tinha sido prometida (cf. 3:11), mas como eram espiritualmente duros de coração, ele não pôde fazê-los entrar no "repouso" espiritual que Deus queria que desfrutassem (cf. 4:7-8).

d) A mesma promessa foi repetida nos dias do Davi (v. 7). Isto demonstra que Israel ainda não tinha entrado no "repouso" espiritual, e também que seu fracasso nos dias do Moisés e Josué não tinha invalidado a promessa original.

e) É seguro o cumprimento final dos propósitos de Deus apesar do fracasso de sucessivas gerações (cf. vv. 3 e 4).

f) O autor suplica ao povo de Deus dos dias apostólicos que entre "naquele repouso" (vv. 11 e 16). É uma comprovação a mais de que continuava a validez do convite, e de que o povo de Deus não havia entrado junto nesse "repouso", nem mesmo nos tempos apostólicos.

g) Em conclusão, continua a validez da promessa de entrar no "repouso" espiritual de Deus (vv. 6 e 9), e os cristãos devem procurar "entrar naquele repouso" (v. 11).

Deve notar-se que o "repouso" nos tempos do cristianismo é o mesmo "repouso" espiritual prometido originalmente a Israel (cf. v. 3).

 

O Sábado no Apocalipse

 

1:10 – Alguns (especialmente os Católicos Romanos) querem defender que este verso indica que o "dia do Senhor" é o domingo. Porém um estudo apurado do texto no seu original grego demonstra que traduzir "dia do Senhor" por "domingo", como acontece com algumas versões tendenciosas da Bíblia, é um equívoco. A expressão que aparece no texto grego de Ap 1:10 é KURIAKÊ EMÊRA, que significa apenas "dia do Senhor", nada tendo a ver com o "domingo" (dia consagrado ao deus Sol – SUNDAY, em inglês).

Relembremos qual era o dia que os discípulos consideravam como sendo o "dia do Senhor". Basta ler alguns textos chaves, como João 20:1, 19, por exemplo, para vermos que João considerava o sábado como sendo o verdadeiro "dia do Senhor". Traduzir este verso, colocando a palavra "domingo" como sendo a correspondente de KURIAKÊ EMÊRA é uma tentativa desesperada de incluir na Bíblia alguma base para a guarda de um dia, cuja Palavra de Deus nunca autoriza a ser guardado, muito menos em substituição ao sábado do sétimo dia.

14:6-7 – Interessante notar que a mensagem que o 1º anjo recebeu para levar a todo o mundo era uma exortação para adorarem a Deus como "Criador" de todas as coisas. O mais curioso é que o único mandamento que revela o motivo pelo qual o Senhor deve ser adorado é o 4º - o do sábado (cf. Gên. 2:1-3; Êx 20:8-11), e praticamente a mesma seqüência de palavras é utilizada em ambas as passagens (cf. Êx 20:11; Ap 14:7), ou seja, devemos adorar Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo o mais. Coincidência? Não. A Bíblia é um livro de "providências".

Os santos de Deus, no Apocalipse, são retratados como sendo aqueles que "guardam os mandamentos de Deus" (cf. 12:17; 14:12; Sal. 119:152). E a Bíblia considera a guarda dos mandamentos como sendo válida SOMENTE quando TODOS os mandamentos são obedecidos, inclusive o 4º (cf. Tg 2:10-11).

Como pudemos ver no texto bíblico, não há uma única palavra autorizando a abolição do sábado do sétimo dia; pelo contrário, vemos que TODOS os discípulos de Cristo continuaram guardando este dia, mesmo muitos anos após a Sua morte, como foi o caso de Paulo, por exemplo.

 

O PRIMEIRO DIA DA SEMANA

 

Há algumas passagens que tratam do primeiro dia da semana. Mas, será que elas autorizam alguma mudança?

a) "No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro" (Mt 28:1). O verso apenas diz que elas foram ao sepulcro no primeiro dia da semana, após o sábado, pois elas haviam descansado no sábado em obediência ao mandamento (cf. Lc 23:54-56). O verso nada fala sobre a santidade do domingo após a ressurreição de Jesus.

b) "E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo" (Mc 16:2). Outro verso que apenas faz o relato de que as mulheres foram ao sepulcro no primeiro dia da semana, e apresenta que só foram neste horário porque o sábado já havia passado (cf. Mc 16:1). Nada fala sobre a santidade do domingo, e ainda confirma que elas guardavam o sábado do Senhor.

c) "Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios" (Mc 16:9). Apenas mais um relato sobre o momento histórico no qual Jesus ressuscitou. Mais uma vez, nada é apresentado sobre a pseudo-santidade do domingo como dia da ressurreição de Cristo.

d) "Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado" (Lc 24:1). Como o último verso do cap. 23 deixa claro que aquelas mulheres guardavam o sábado, foi só passar o pôr-do-sol e elas foram ao sepulcro realizar o trabalho que havia sido deixado por fazer, para não se transgredir as horas santas do sábado do Senhor (cf. Lc 23:54-56). Você vê algo neste verso que autorize a santidade do domingo? Nem eu...

e) "No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida" (João 20:1). Apenas a repetição das passagens anteriores. Ninguém está questionando que Jesus ressuscitou no domingo, mas dizer que por este motivo este dia agora ficou no lugar do sábado, é acrescentar palavras que não estão no texto inspirado da Bíblia. Até aqui ainda estou esperando para ver onde está a tal "autorização" para mudar o sábado para o domingo...

f) "Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco" (João 20:19). O texto é muito claro em afirmar o motivo pelo qual eles estavam reunidos: o medo dos judeus. Não tinha nada que ver com um culto ou missa dominical. O v. 26 diz que oito dias depois Jesus Se apresentou novamente para os discípulos. Jesus encontra-os ainda escondidos dos judeus, com as portas trancadas, e aproveita para apresentar-Se a Tomé, que estava ainda duvidando de Sua ressurreição. Nada ainda encontramos sobre a autoridade de mudar o sábado para o domingo. E olha que este seria um bom momento para Jesus aproveitar e ensinar para os discípulos que o domingo agora deveria ser o dia de guarda. Mas... se você encontrar tal ordem na sua Bíblia avise-me, pois eu ainda não a encontrei.

g) "No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite" (At 20:7). O motivo pelo qual os discípulos estavam reunidos neste primeiro dia da semana é revelado no próprio texto bíblico: Paulo estava para viajar no dia seguinte. Nada mais. Não era um culto semanal dominical, pois já vimos que Paulo adorava o Senhor no sábado (cf. At 16:11-15; 18:1-4; etc.). Ainda nenhuma palavra sobre a mudança do sábado para o domingo. Será que não vamos encontrá-la?!

i) "No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for" (1Co 16:2). Este é o ÚLTIMO dos oito únicos versos do Novo Testamento que fala sobre o primeiro dia da semana. Já vimos que as sete passagens anteriores nada falam sobre a autorização para os cristãos mudarem o sábado para o domingo. Resta agora analisar esta última passagem. Paulo está falando sobre uma ajuda que seria enviada para os irmãos da Judéia (v. 1; cf. At 11:28-30). Os irmãos não são orientados a se reunirem no primeiro dia da semana para adorarem ao Senhor. O apóstolo dá uma orientação para separarem sua contribuição "em casa", muito provavelmente junto com as provisões semanais da própria família. Quando Paulo visitasse a cidade, as ofertas já deveriam estar todas prontas. O fato de os discípulos se reunirem em um dia específico, além do sétimo semanal, não faz de tal dia um substituto do sábado do 4º mandamento, pois eles se reuniam diariamente (cf. At 5:42). O que torna um dia "santo" é a determinação de Deus, e isto acontece na Bíblia SOMENTE para o sábado (cf. Gên. 2:1-3; Êx 16:1-10: 20:8-11).

Analisamos TODAS as passagens do Novo Testamento que tratam do sábado, e vimos que TODOS os discípulos e seguidores de Jesus guardaram este dia normalmente, pois fazia parte do seu dia-a-dia. Não há nenhuma cogitação entre os discípulos sobre a mudança do sábado para outro dia qualquer. Infelizmente, tal pensamento só existe na mente dos que não querem obedecer aos mandamentos do Senhor, opondo-se arrogantemente à Palavra de Deus.

Se nossa base de fé estiver unicamente na Bíblia, e não na tradição ou mandamentos de homens (cf. Mc 7:13; At 5:29), então o único dia semanal que devemos separar para adorar ao Senhor, deixando de lado afazeres seculares e comuns, é o sábado do sétimo dia.

 

OS SÁBADOS CERIMONIAIS (ANUAIS)

 

Uma razão porque muitos confundem o tema do sábado na Bíblia é que não entendem (ou não querem entender) que ela fala de dois "tipos" diferentes de sábados:

1. os do 4º mandamento, que ocorria no sétimo dia de cada semana, e não tinha nenhum aplicação transitória (cf. Gên. 2:1-3; Êx 20:8-11; Is 56:1-8; Ez 20:12, 20; Lc 4:16; At 18:1-4; etc.);

2. os sábados festivos, que eram as comemorações que o povo de Israel realizava anualmente, e que podiam cair em qualquer dia da semana, cuja aplicação era passageira, pois apontava ao trabalho futuro do Messias como Libertador do povo de Deus (cf. Col. 2:16; Os 2:11; Lv 23; etc.).

Os sábados do 4º mandamento, como vimos exaustivamente nos tópicos anteriores, nunca passaram. Porém, os sábados "cerimoniais" tiveram seu cumprimento na vida, morte e ressurreição de Cristo. Vejamos mais detalhes...

A palavra SÁBADO (ou SHABBATH) significa "descanso", algo parecido com os nossos "feriados". Assim como no Brasil, os israelitas tinham alguns "sábados" (feriados) anuais, os mais importantes estão descritos abaixo. Durante estes dias, eles não realizavam qualquer trabalho, pois eram considerados dias de "santa convocação". A melhor referência que encontramos sobre os sábados cerimoniais encontra-se no cap. 23 de Levítico, onde são identificados cada um deles.

Vejamos.

23:1-2 – Deus declara que as "festas fixas" serão momentos de convocação do povo à santidade e reflexão, pois eram festas que tinham uma aplicação espiritual muito forte para o povo.

23:3 – Antes de entrar nos sábados cerimoniais, Deus relembra o povo sobre a santidade do sábado do sétimo dia.

Veja que o Senhor mostra a distinção deste sábado semanal para os outros, que são anuais e podem cair em qualquer dia da semana.

23:4-8 – A Páscoa, que era comemorada no 14º dia do 1º mês (NISAN, equivalente a março-abril do nosso calendário).

23:9-14 – As Primícias, que eram comemoradas no período da colheita.

23:15-25 – O Pentecostes, comemorado no 1º dia do 7º mês (TISRI, equivalente a setembro-outubro no Brasil).

23:26-32 – Dia da Expiação, comemorado no 10º dia do 7º mês. Era o encerramento do ano religioso, com a purificação do santuário.

23:33-36 – Festa dos Tabernáculos, comemorada do 15º ao 22º dias do 7º mês. Era toda uma semana de festas.

O v. 38 deixa muito claro que estas "festas fixas", ou "sábados", eram diferentes dos "sábados do Senhor", que eram os sábados semanais do sétimo dia.

Um estudo sincero da Bíblia mostrará que havia estes dois grupos de sábados. Os que passaram foram os sábados "cerimoniais", constituídos por estas festas anuais. Porém o sábado do 4º mandamento, que o Senhor sempre chama de "os Meus sábados" (cf. Ez 20:12, 20; 44:24; Êx 31:13; Lv 19:3, 30; Is 56:4; etc.), nunca passou, sendo exemplificado na vida de Jesus e dos santos apóstolos, como vimos anteriormente (cf. Lc 4:16; 23:54-56; At 16:1-5; etc.).

 

Uma Interessante Declaração de Jesus

 

Certa vez Jesus fez uma declaração polêmica:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade" (Mateus 7:21-23).

Por muito tempo, este foi um texto que me apresentou dificuldade de compreensão, pois Jesus não está Se referindo aqui a pessoas que viviam no pecado (aparentemente) declarado. Não eram viciados, prostitutas, adúlteros, ladrões, assassinos, orgulhosos, avarentos, etc. Não!

As pessoas citadas na passagem eram religiosas, e viviam uma vida de aparente adoração sincera ao Senhor Jesus Cristo. Elas declaram que em suas "igrejas" haviam curas, milagres, exorcismos, ou seja, manifestações aparentes do poder de Deus, e tudo era feito "em nome de Jesus". Em resumo, eram membros de igrejas professamente "cristãs". Por que, então, Jesus diz que "nunca" as conheceu? Não parece ser uma declaração muito forte?! Como Jesus pode dizer que não conhece alguém que afirma viver uma vida de adoração ao "nome" dEle? Isto me parecia por demais intrigante... até que atentei para os detalhes da passagem:

1. Somente entrará no Reino de Deus aquele que "faz a vontade" de Deus. Então vemos que não basta "crer", não basta ser "justificado" apenas por uma "declaração" nominal; é necessário viver uma vida de obediência... mas obedecer a quê? Como se expressa esta "vontade" do Pai?

2. O final da passagem dá a resposta. Jesus manda que tais pessoas se apartem dEle, porque elas, apesar de usarem Seu nome, praticam a "iniqüidade". Esta palavra é chave para compreendermos a declaração de Jesus. A palavra grega que foi aqui traduzida para nossa língua por "iniqüidade" é ANOMIA, que significa "quebra da lei", "falta da lei", "transgressão da lei".

Você encontra a mesma palavra em uma declaração do apóstolo João sobre a definição de pecado: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei" (grifo meu) – 1João 3:4. Que clareza!

Veja que Jesus advertiu exatamente Seus discípulos com relação às religiões professamente cristãs, que se utilizam do nome de Cristo, mas que não recebem Seu selo de aprovação.

Muitas pessoas vivem uma vida de aparente progresso em sua fé, com curas, milagres e bênçãos extraordinárias, mas que não é o Senhor quem está operando estas maravilhas, exatamente por que elas NÃO GUARDAM SUA SANTA LEI. Tais pessoas só querem uma vida de "justificação", mas esquecem da vida de "santificação" que o crente deve apresentar diante de Deus e dos homens (cf. Tiago 2).

Portanto, meu amigo, se em sua igreja existe muita profecia, curas, milagres e citações do nome de Jesus, mas é uma igreja que despreza os Mandamentos do Senhor... cuidado! Pois o Dia está próximo, e ninguém vai querer ouvir as terríveis palavras: APARTAI-VOS DE MIM... OS QUE TRANSGREDIRAM OS MANDAMENTOS.

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Já encontrei pessoas dizendo assim:

"Me mostrem apenas um verso no Novo Testamento, no qual Jesus ou os apóstolos ensinem, aconselhem, orientem, incentivem, mencionem ou determinem a guarda do sétimo dia da semana".

Talvez você também já tenha visto algo parecido.

É interessante como as pessoas tendem a fechar os olhos para tão claras evidências, e apegam sua fé naquilo que não está escrito.

Ora, o sábado fazia parte da vida de Jesus e dos santos apóstolos, mesmo depois da ressurreição do Senhor, como vimos acima. Nem ao menos lhes passava na cabeça o pensamento de que o sábado fosse mudado para algum outro dia da semana, e isto pode ser evidenciado pelo total SILÊNCIO com que as Escrituras tratam do tema da mudança do dia de guarda, pois ele nunca ocorreu no período bíblico.

Aqueles que querem encontrar a repetição do mandamento do sábado, letra-por-letra, no Novo Testamento, também deveriam parar de reprovar aqueles que adoram imagens (transgredindo, assim, o 2º mandamento) uma vez que também não se encontra no NT a repetição, letra-por-letra, do 2º mandamento da Lei Moral.

Ou seja, quando a pessoa não quer enxergar NÃO HÁ QUEM A CONVENÇA. Talvez por isso a Bíblia diz que a tarefa de "convencer" da verdade não pertence a nós, mas ao Espírito Santo (cf. João 16:8).

 

Conclusão:

 

Seja fiel, e Deus abençoará grandemente sua vida; afinal Ele já prometeu que "Grande paz têm os que amam a Tua Lei; para eles não há tropeço" (Sal. 119:165).

Até nisso os Adventistas do Sétimo Dia levam vantagem (cf. Prov. 28:9)!

 

Prof. Gilson Medeiros

Adventista do 7° Dia... Graças a Deus!

http://prgilsonmedeiros.blogspot.com