Carta ao Pr. Natanel Rinaldi – Parte 1
Libertador San Martín, Entre Rios – Argentina
07/02/2010
Caro Pr. Natanel Rinaldi:
Depois de escrever a algumas pessoas que necessitavam de aconselhamento espiritual, separei um tempo para responder as suas colocações, postá-las no www.namiradaverdade.com.br e enviá-las para o moderador do site www.advir.com.br
Antes de tudo, é natural que eu fique descontente com sua postura e, em alguns momentos, veja desonestidade em suas argumentações. Afinal, suas palavras não são em tom agradável. Mas, isso é coisa de momento e, enquanto o senhor e eu não formos glorificados na volta gloriosa de Cristo, sempre teremos o risco de deixarmos o lado humano "falar mais alto" em alguns momentos.
O senhor repetidas vezes chama a Sra. White – uma das fundadoras do adventismo e minha irmã na fé – de FALSA. E isso, com "base" em suas opiniões pessoas e no uso indevido de citações dela. Como não quer que eu fique chateado? Sou ser humano e não tenho coração de ferro. Por isso, posso voltar a repetir: o fato de em certos momentos ver desonestidade de sua parte, não significa que eu o considere assim em todas as circunstâncias e nas demais esferas em que atua.
É uma leitura com pressupostos preconceituosos que o faz achar que o comparei a Balaão, ao citar Judas 1:10-11. Leia o contexto de minha resposta as suas acusações e veja que O PENSAMENTO QUE UTILIZEI de Judas foi para concluir o seguinte: "O Pr. Natanael difama aquilo que não conhece". Nada mais. Portanto, seu "tiro" na última resposta saiu pela culatra. Qualquer leitor atento que compare nossos textos perceberá isso.
Outra coisa que é gritante: o pastor usa de um recurso que nada tem a ver com a apologética séria: costuma SAIR PELA TANGENTE trazendo à tona outras questões que não estão em discussão. Quem não percebe que o senhor, por não poder me apresentar dados históricos que comprovem suas equivocadas interpretações de nossa história, não possui argumentação sólida? Trazer assuntos novos em um bom debate é saudável. Porém, primeiro todos os pontos levantados nos debates precedentes precisam ser abordados, para que haja conhecimento mútuo, correções e até pedidos de desculpas de ambas as partes (isso também é uma forma de respeitar ao leitor). Pense nisso com carinho. CONVIDO AO PASTOR E A CADA LEITOR a compararem nossas respostas e ver que nem 20% do que refutei recebeu na realidade uma tréplica. Apesar de o analfabetismo funcional ser ainda grande em nosso País, não pense pastor que as pessoas não verão essa sua técnica (usada de forma consciente ou não – quem sou eu para julgar) de forma escancarada.
A seguir, abordarei o restante de nossa discussão em tópicos (As declarações que estiverem entre aspas são afirmações do Pr. Rinaldi) para facilitar a vida de nossos leitores. No site do "Na Mira da Verdade" (www.namiradaverdade.com.br) a resposta será em partes, devido ao tamanho do texto.
SOBRE O LIVRO "ESTUDANDO JUNTOS"
Vamos considerar alguns pontos:
1. Não vejo lógica na sua atitude de julgar os adventistas como "proselitistas" sendo que faz a mesma coisa. Sim: diante de outras igrejas ou movimentos religiosos, se o senhor convencer alguém a ir para a sua congregação, também será considerado um "pescador no aquário dos outros". Sua crítica nesse quesito não existiria se colocasse a mão na própria consciência;
2. Realmente, nós adventistas estudamos a Bíblia com irmãos de outras igrejas e quereremos que congreguem conosco. E não vemos mal algum nisso, pois, é uma de nossas crenças FUNDAMENTAIS que os filhos de Deus estão em todas as igrejas (ou não igrejas). Leia isso na página 13 do Manual da Igreja Adventista e não em fontes secundárias.
É exatamente nosso senso de missão – de que devemos ensinar a todos sobre as três mensagens de Apocalipse 14:6-12 – que nos impulsiona a estudar a Bíblia com Batistas, Pentecostais, Católicos, Espíritas, Budistas, Ateus, Agnósticos, Muçulmanos, etc.
E, se a pessoa decidir-se por congregar conosco, maravilhoso. Caso não, o carinho e a amizade têm que permanecer. Foram muitas as vezes em que tive diálogos amistosos com irmãos de outras igrejas que, ao aceitarem doutrinas adventistas, preferiram ficar em suas congregações. Se um dia Deus colocar um deles em seu caminho, pergunte se em algum momento o chamei de "filho de babilônia". Creio que o Senhor Deus congregará todo o povo dEle num só rebanho (João 10:16; Apocalipse 18:4), mas, não no momento que eu ou qualquer adventista ache que deva ser. O trabalho de reunir os filhos de Deus é obra do Divino Espírito Santo.
3. Há um abismo entre nós e as Testemunhas de Jeová também nesse sentido (um colega seu desafortunadamente comparou nossas doutrinas com as deles… Sobre isso ele terá a devida resposta). Eles têm manuais para debaterem com as pessoas, de forma agressiva muitas vezes (hoje, vários deles têm mudado um pouco tal atitude) e, nós adventistas, tivemos a felicidade de termos em nossas mãos o "Estudando Juntos" não para debater, mas, para nos aproximarmos das pessoas para o estudo da Palavra de Deus. Nosso desejo é não é vivermos em inimizade com irmãos de outras confissões religiosas, pois, isso seria até diabólico. Temos a contribuir com o cristianismo ao ensinarmos algumas verdades esquecidas. Que mal há em querermos reparti-las com as pessoas? Se TODOS os movimentos religiosos (e até filosóficos) fazem isso, por que apenas os adventistas merecem ser adjetivados como "proselitistas"?
"Por que polemizar sobre o sábado se as duas maiores doutrinas adventistas são: 1) O juízo Investigativo e 2) O Santuário celestial que é centro da fé adventista?"
É SUA a interpretação de que as doutrinas em comum a serem utilizadas num estudo bíblico são pontos "secundários". Se um adventista julgar a salvação pela graça como "secundária", não pode ser um adventista. Estudar doutrinas em comum é uma forma de juntos vermos que há pontos em que concordamos. Se o senhor conversar com grandes evangelistas cristãos como um dos presidentes da Sociedade Trinitariana no Brasil (o conheci há alguns anos e hoje não sei se ele exerce a mesma função), aprenderá com eles que, em qualquer diálogo, as doutrinas discordantes ficam para depois. Essa é a forma que ele adota para estudar a Bíblia com os judeus. Se o senhor, pastor Rinaldi, chega de cara para um judeu dizendo que ela não será salvo por que não acredita em Jesus e nem no Novo Testamento (não me refiro aos judeus messiânicos), tenho que lhe dizer que ainda não sabe como proceder corretamente com tal pessoa por quem Jesus morreu.
Também é incrível que o senhor se utilize de O GRANDE CONFLITO para encontrar uma "contradição" nas estratégicas adventistas e para afirmar que "o centro da fé adventista" são apenas duas doutrinas. É de pasmar tal atitude por pelo menos três motivos:
1. O CENTRO de nossa fé é o Senhor Jesus. Sendo que o pastor citou um texto de Ellen White fora do contexto (como é de seu costume), transcreverei um dela para que fique evidente a prova:
"Precisamos muito menos controvérsia e muito mais apresentação de Cristo. Nosso Redentor é o centro de toda a nossa fé e esperança" – O Colportor Evangelista, 42.
As doutrinas do juízo investigativo e do santuário celestial só são importantes SE apontarem para CRISTO! Assim como todas as demais 26 doutrinas fundamentais adventistas (ler o livro "Nisto Cremos" – Casa Publicadora Brasileira), as duas que o pastor citou GIRAM EM TORNO DO SALVADOR.
Com este tipo de argumentação, não está o pastor Natanael demonstrando falta de conhecimento a respeito de nossas crenças fundamentais e, assim, levando outras pessoas a se enganarem a respeito de nós? Cuidado, pastor Rinaldi: Deus está nos Céus e julgará todas as nossas obras e intenções (Eclesiastes 12:12; Romanos 14:12).
"Já imaginou um crente batista ouvir falar que a obra da redenção não foi concluída na cruz e que cada cristão deve saber que essa obra do Juizo Investigativo vai terminar um pouco antes da vinda de Jesus e que os livros serão abertos para saber se tais pessoas serão ou não salvas? E que só se salvarão quando seus pecados forem lançados sobre Satanás e, que, só quando Satanás for aniquilado, os pecados dos adventistas serão cancelados?"
Sim: vários crentes batistas e de outras denominações religiosas ouviram a respeito de nossa doutrina e, QUANDO A ENTENDERAM, nada viram de aberrante na mesma. O Dr. Walter Martin, referência no meio apologético (tanto que o Instituto Cristão de Pesquisas – ICP – tem o nome dele) ESTUDOU PESSOALMENTE com líderes adventistas por volta da década de 50 e concluiu que não somos sectários por causa de nossa doutrina sobre o juízo. Se o senhor realmente seguisse o exemplo do Dr. Martin, o ICP apresentaria os adventistas de outra maneira. Claro que não é obrigado a concordar com todas as nossas crenças. Mas, no mínimo, não listaria a igreja Adventista entre as grandes seitas.
Quanto à apresentação de nossa doutrina, NUNCA tivemos medo de ensiná-la, pois, a mesma é bíblica. Lembro-me que há anos lhe enviei um estudo sobre o juízo investigativo. E, em TV e rádio já expliquei o assunto de forma cristocêntrica para milhares de evangélicos esclarecidos.
Trabalho em veículos de comunicação de massa pastor Rinaldi. E, por meses seguidos, abordei tal doutrina. Sua afirmação de que não ensinamos isso de forma aberta é, portanto, inverídica.
O teólogo Luterano J. A. Seiss também acredita em um juízo investigativo. Irá acusá-lo de sectário por isso? (Desculpe-me a repetição do pensamento dele, mas, se faz necessária):
"A ressurreição e as mudanças que acontecem num abrir e fechar de olhos sobre os vivos são os frutos e a corporificação do juízo antecedente. São as conseqüências do juízo realizado em relação a eles. Estritamente falando, os homens não são ressuscitados para que venha o juízo. A ressurreição e a trasladação são produtos do juízo previamente efetuado. Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro porque eles já foram julgados aptos para estar com Cristo, e os santos vivos serão reunidos com eles nas nuvens, porque já foram julgados santos e vencedores sobre o mundo" – The Apocalypse, 136 (Grifos acrescentados).
Basta QUERER entender a doutrina da forma correta e qualquer preconceito desaparecerá.
"Meu Deus, que assombro! E eu que li na Bíblia que meus pecados foram lançados sobre Jesus!!! (2 Co 5.19; 1 Pe 2.24) Será que me enganei na leitura da Bíblia? Imagine pensam que meus pecados foram lançados sobre Jesus e os adventistas me esclarecem que serão meus pecados lançados sobre Satanás…"
Creio em todos os textos que apresentou e amo Isaías 53, o capítulo mais evangélico do NT (na opinião de alguns). Mas, tenho que discordar da maneira como o senhor tenta "convencer" as pessoas de que nossa crença a respeito do bode azazel em Levítico 16 torna satanás "co-participante" do plano de salvação. Vamos esclarecer as coisas como elas realmente são. Para isso, disponibilizarei no www.namiradaverdade.com.br uma exegese sobre Levítico 16:10 aos amados leitores – e ao pastor – para verem se realmente azazel pode ser um símbolo de Cristo.
Resumidamente, eis nossa crença a respeito do bode azazel:
- Os pecados da humanidade são lançados sobre Cristo para PERDÃO dos pecados (1 Pedro 2:24);
- Os pecados são lançados sobre azazel para RESPONSABILIZÁ-LO pelos pecados que levou os outros a cometerem. (Por isso, satanás será ESMAGADO, como afirma Romanos 16:20). Sendo que em um juízo ALGUÉM tem que ser o responsável por um delito, é incoerente tirar satanás de cena do Dia da Expiação (que é um Dia de Juízo). Isso seria tentar "livrar a barra dele".
- O termo "expiar" nesse contexto, portanto, só pode ser corretamente entendido se levarmos em conta que:
(1) O nome "azazel" se refere a um "demônio do deserto". Eis algumas fontes não-adventistas: (as demais, no artigo que disponibilizo)
a. Dictionary of the Old Testament: Pentateuch;
b. Neophyti 1, III. Levitico. Targum Palestinense – (MS de La Biblioteca Vaticana. Barcelona, 1971), 110, 498. Autoria de, Alejandro Diez Macho.
c. Targum (mesmo não sendo nossa regra de fé, nos auxilia a compreendermos o termo no contexto judaico referente ao Dia da Expiação)
d. The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge: "Partindo do fato de que há um contraste entre expressões 'para Jeová' e 'para Azazel', supõem muitos que Azazel seja um nome oposto a Jeová, um monstro do deserto, um demônio, ou diretamente Satanás… O contraste entre 'para Jeová' e 'para Azazel' favorece a interpretação de Azazel como substantivo próprio, sugerindo em si mesmo, uma referência a Satanás."
Aqui estão alguns dos melhores comentários do mundo. Quem conhece algo sobre teologia sabe disso.
(2) Se entendermos que o termo expiação, aplicado a azazel, é no sentido PUNITIVO. Azazel (satanás) levará nossos pecados no sentido de ser o responsável pela origem dos mesmos. Não "expiará" os pecados das pessoas no mesmo sentido que Cristo por que tal bode NÃO É SACRIFICADO. Só com derramamento de sangue inocente há perdão (Hebreus 9:22).
Mais detalhes sobre o assunto poderão ser vistos no link onde disponibilizei o estudo sobre azazel.
E, desse modo, seu motivo para tanto "assombro" é exagero, pastor Rinaldi. Acalme-se…
"Juízo Investigativo é o que Paulo ensina na celebração da Ceia do Senhor com relação aos participantes" (1 Coríntios 11)…
Não, pastor: em 1 Coríntios 11, no contexto da Santa Ceia, Paulo fale de um exame individual e não de JULGAMENTO. Não sei de onde o senhor tirou uma coisa dessas, pois, só Deus pode julgar alguém (João 5:22) no sentido judicial.
Na verdade, Paulo fala de um juízo investigativo em Romanos 14:12, 2 Coríntios 5:10, 1 Timóteo 5:25, 1 Tessalonicenses 4:13-18… O senhor pode estar pensando que escrevi uma aberração teológica, mas, esse não é o fato. Se Deus virá retribuir a cada um segundo as suas obras e ressuscitar quem for digno, um juízo prévio tem que ter sido realizado diante dos anjos, que não são oniscientes e precisam estar informados do conflito entre o bem e o mal. Tanto que Pedro afirmou: "A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar." 1 Pedro 1:12.
O juízo de investigação não é para acusar o crente, mas: (1) para Deus mostrar aos anjos quem DE VERDADE O segue (Ler Romanos 3:4; 1 Pedro 4:17), (2) condenar o poder representado pelo chifre pequeno (Daniel 7) e (3) dar reino definitivamente aos santos! (Ler todo o capítulo de Daniel 7). Quem ler a literatura adventista e nos acusar de tornarmos a salvação "incompleta" por causa da doutrina do juízo de investigação é preconceituoso ou não soube ler.
A doutrina do juízo investigativo nos mostra um Deus disposto a "colocar os pratos na mesa" diante o universo; um Deus que não está "de férias" no Céu…
"A Bíblia fala de Juízo Executivo como acontecimento escatológico futuro: Mateus 25:31…"
Sim. Mas, não apenas em sentido escatológico:
"Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?" 1 Pedro 4:17.
Por isso, com base na Bíblia, os Adventistas do Sétimo Dia entendem a doutrina do Juízo em um sentido amplo (três fases: Investigativa, Milenar e Executiva), que afeta não apenas nossa vida futura, mas, presente.
Colocar a doutrina como um acontecimento apenas futuro é perigoso por que todo ser humano pecador tem a tendência de deixar a decisão por Cristo "para depois". Se todos tiverem consciência que desde já podem ser vindicados (ou condenados, se não aceitam a Cristo), terão alegria ou sentirão a responsabilidade de um compromisso de verdade com Deus.
Não é por acaso que Cristo e Pedro aconselharam:
"Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor." Mateus 24:42.
"Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão." 2 Pedro 3:11-12.
"Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis" 2 Pedro 3:14.
Aqui lemos todos os conselhos em uma linguagem presente e emergencial.
"Depois saem de nossas igrejas dando risadas de nós e fazendo sarcasmo com a nossa ingenuidade."
Nunca fiz isso e não vi adventista algum fazer. Se o fez, o problema é entre tal pessoa e Deus. Em meus sermões exalto o conhecimento bíblico de irmãos de outras igrejas e faço questão de citar grandes comentaristas evangélicos – mesmo que não concordemos em certos pontos. Se eu e outros adventistas considerássemos os evangélicos "ingênuos" como o senhor diz (com o nítido objetivo de jogar os irmãos contra nós), não poderíamos nem mesmo ter faculdades de teologia, com grades curriculares que constem estudos de autores renomados que não são de nosso meio.
Quanto a sua aplicação de 2 Coríntios 11:14, 15 aos adventistas, deixo que os leitores tirem as próprias conclusões.
As demais afirmações suas sobre proselitismo e o "fazer-se de membro de mesma igreja", já foram abordadas em tópicos anteriores.
UMA IGREJA QUE NÃO NASCEU EM UM MILHARAL
(E se o tivesse que problema haveria nisso?)
A afirmação a seguir do Pr. Rinaldi é de deixar pasmo qualquer cristão comprometido com a verdade e que tenha amor pelos que não tiveram a oportunidade de estudar: "Imagine um crente evangélico saber que a igreja adventista nasceu de uma visão descabida ocorrida num milharal!"
Por amor à verdade e aos leitores, o senhor terá que ser desmentido mais uma vez:
1. O processo formativo da Igreja Adventista foi de 1830 a 1863 (e continua, pois, o conhecimento não é estático). Portanto, atribuir a origem de nosso movimento apenas à visão que Hiram Edson teve, é uma distorção histórica violenta;
2. Se o senhor não lesse só a página 50 do "História do Adventismo", jamais colocaria na boca do historiador Maxwell a afirmação de que nossa igreja nasceu "apenas" da visão no milharal (além disso: Deus se comunica com os filhos dEle onde quiser). Quem conhece o livro supracitado sabe que JAMAIS Maxwell está acusando os adventistas de não seguirem aquilo que eles mesmos sempre ensinaram! Até o fim da vida ele creu no juízo investigativo e fazia bom uso do texto de Hebreus 7:25 – pois considerava também Hebreus 8:1, 2 (texto que o senhor parece não querer ler). Sobre a ascensão de Cristo, cremos que Ele, a partir da ressurreição, foi ao Santuário para inaugurar (a dedicação do santuário pode ser vista na última parte de Daniel 9:24 – no termo unção – e é simbolizada pela unção do santuário terrestre depois que foi construído – Êxodo 30:26-29; cap. 40) a obra dEle; voltou para o planeta (onde ficou 40 dias) e, depois, subiu definitivamente para o Santuário Celestial. Isso é o que diz Maxwell e TODOS os livros adventistas sobre o assunto.
ELIPSE (consciente ou não) foi o que o pastor fez novamente…
O senhor deveria é ficar assombrado por, em suas duas últimas respostas, deixar claro para os leitores que uma pessoa sem maior escolaridade (como o pastor se referiu a Ellen White na outra vez) e fazendeira (Hiram Edson) não pode receber revelações de Deus ou ter capacidade de fazer algo pelo ministério dEle. O pastor deveria se sentir envergonhado em afirmar esse tipo de coisa sendo que: "A revelação das tuas [de Deus] palavras esclarece e dá entendimento aos simples." Salmo 119:130.
Não vejo como cristãs palavras como essas, de sua parte:
"Quem era o cidadão chamado Hirã Edson? Algum mestre em teologia? Não." (Como se Deus falasse apenas a doutores em teologia…)
De que maneira os irmãos de todas as igrejas – que têm familiares que aprenderam a ler na própria Bíblia (inclusive minha avó) por não terem tido outras oportunidades – irão ver o seu ministério pastoral? Isso não lhe preocupa?
Com esse tipo de comentário preconceituoso, está se comprometendo diante de um vasto público cristão, Pr. Rinaldi.
"Agora, Leandro, segure-se na cadeira se estiver sentado para ler a injúria lançada sobre a obra expiatória de Jesus: "Assim eles desenvolveram a triunfante conclusão: AO TEREM OS PECADORES AO LONGO DOS SÉCULOS BUSCADO O PERDÃO, JESUS TEM LEVADO O REGISTRO DE SEUS PECADOS CONFESSADOS AO LUGAR SANTO, ONDE TEM CONTAMINADO O SANTUÁRIO CELESTIAL" (Ibidem, p. 65,66) (maiúsculo e grifo meus)
"Socorre-me, Leandro! Não acredito que o mesmo homem e somente ele viu Jesus sozinho entrar no santíssimo do céu em 22 de outubro de 1844, agora, me deixa estupefato com a declaração demoníaca (considerada triunfante) que o preciosíssimo sangue de Cristo, que nos lava dos nossos pecados: "(Apocalipse 1:5) Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados,", esteja contaminando o santuário celestial.!!!"
Caro pastor: não acredito em seu analfabetismo funcional. Mas, pergunto: como o senhor "conseguiu" ler que "o sangue de Cristo contamina o santuário celestial" sendo que Hiram Edson diz que é o registro dos pecados dos seres humanos que o faz?!
Sem maiores comentários…
Quanto à necessidade da purificação do santuário celestial (no sentido correto da palavra), leia Hebreus 9:23 (e, se tiver outra interpretação, apresente-a para discussão):
"Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores."
E assim, todos os textos que o senhor colocou no tópico "O uso do sangue no Antigo Testamento" perdem o sentido (no contexto de suas ideias) por causa de sua leitura desatenta…
"E você, Leandro, vem com essa bobagem e estupidez de querer me "subornar" com seus argumentos pueris de figuras de linguagem chamadas "elipses" para me fazer calar? Cai fora, moço, conheço a manha adventista há muito mais tempo do que você. Cito referências de publicações adventistas com consciência e responsabilidade."
Como visto anteriormente, as elipses por sua parte continuaram… E, ficou demonstrado (e ficará mais evidente ainda no decorrer da presente resposta) que o uso que o senhor faz de nossa literatura é BEM irresponsável e não condizente com o espírito cristão.
"Vai dizer que ignorava que os seus irmãos adventistas nunca ficaram decepcionados com o ensino herético de EGW sobre preconceito racial como procurou me convencer? O Artigo publicado na Revista Adventista até hoje está causando discórdia dentro da Igreja. E cuidado com o preconceito de cor. Dá cadeia e v. s. sabe disso."
Peço-lhe algumas coisas:
1. Enumere-me durante a história adventista os irmãos negros que entenderam a declaração de Ellen White – sobre o casamento entre brancos e negros – como preconceituosa.
2. Informe-me a respeito de algum processo jurídico contra Ellen White no decorrer de todos esses anos;
3. Prove-me que a citação da Sra. White não visava o bem das próprias pessoas NAQUELE contexto social abolicionista vivido nos EUA, ao final do séc. XIX;
4. Comprove para todos os leitores, com base nas informações a seguir, que Ellen White era racista:
"Um apelo de sua pena, em 1891, seguido em 1895 e 1896 por artigos publicados na Review and Herald, estimulou os esforços educacionais e evangelísticos em favor dos negros e deu origem a uma obra na qual seu próprio filho, Tiago Edson, tomou parte ativa. Ele produziu um livro que seria usado para (1) levantar fundos (2) ensinar analfabetos a ler e (3) ensinar as verdades bíblicas em linguagem simples. Ele fazia uso de um barco (Morning Star) para evangelizar os descendentes dos escravos.
"EGW estava interessada no desenvolvimento de esforços missionários que produzisse eficientes resultados em comunidades brancas e negras e enviou aos obreiros desse campo muitas mensagens de conselhos e ânimos. Além disso, ela salientou de modo claro que "O nome do negro está escrito no livro da vida, junto do nome do branco. Todos são um em Cristo. O nascimento, a posição, nacionalidade ou cor não podem elevar nem degradar os homens. O caráter é que faz o homem. Se um pele-vermelha, um chinês ou africano rende o coração a Deus em obediência e fé, Jesus não o ama menos por causa de sua cor. Chama-lhe Seu irmão muito amado" – The Southern Work, pág. 8, escrito em 20 de março de 1891." (Citado em "Serviço Cristão", p. 218).
"Além disso, afirmou que os que "menosprezam um irmão por causa de sua cor estão menosprezando a Cristo" – Douglass, Mensageira do Senhor, 214 (Grifos meus).
Tais fatos provam que Ellen nunca foi racista. Sua dedicação e também de seu filho no auxílio dessas pessoas são uma prova irrefutável.
5. Conte aos seus leitores os resultados da resposta do Pr. Tércio Sarli, assinada pelo Dr. Timm, no cartório de Jundiaí, às acusações de um articulista já mencionado… A justiça nos deu direto de resposta às infames acusações de racismo por parte de uma revista que o senhor conhece. Por que "esconde" isso dos irmãos? Imagino que deva ser pelo ódio que ficou quando o Dr. Timm destruiu um por um dos argumentos da referida revista.
Falarei com Dr. Timm para me repassar a resposta dele e, assim, irei informar aos irmãos sobre a verdade dos fatos, já que senhor não tem o desejo de fazê-lo.
Impressionante a sua parcialidade… Não sei em que escola apologética aprendeu isso.
E ainda sou "obrigado" a ler no site onde postaram sua resposta que o senhor "é sem dúvida um dos maiores apologistas cristãos brasileiros"…
"Quis me convencer de que EGW não declarou o dia e a hora da volta de Jesus e o fez apenas para animar seus irmãos que passavam por tribulações? Engole V. S. essa evasiva? Fica convencido dessa bobagem?"
Deixo aos leitores o julgamento, pois, o que escrevi sobre o assunto é suficiente para se entender a declaração dela e seu contexto exato. E, além disso, seu desrespeito está tão transparente que até mesmo os membros de sua igreja irão aconselhá-lo a mudar.
"Continua V. S.: "Outra informação importante e que evitará que o público evangélico veja-o como uma pessoa desinformada sobre nossa história denominacional é a de que Ellen White não elaborou o ensino do juízo investigativo
"Ora, ora Leandro, se ela não elaborou o ensino do juízo investigativo, segundo sua declaração, não significa que ela não tivesse apoiado o ensino".
Concordo. Ela escreveu inúmeras vezes sobre o juízo investigativo (nos escritos dela, o termo "juízo investigativo" aparece 32 vezes e, "juízo de investigação", 22). O que abordei na resposta anterior não teve o objetivo de dizer que ela "não apoiava" tal doutrina, mas, mostrar às pessoas que o senhor apresentou mais um erro histórico em atribuir A ELA a "invenção" do ensino.
Não deu certo sua tentativa de se defender do erro histórico de que "EGW foi quem elaborou a doutrina do juízo investigativo"… Terá que se justificar de outra forma diante do público pensante. Na sua última resposta, de maneira CLARA afirmou que ela "inventou" a doutrina em questão, lhe informei que:
1. Foi o milerita JOSIAS LITCH que desenvolveu a idéia em 1840 e a publicou em 1841, antes mesmo do grande desapontamento de 1844. Ele escreveu: "nenhum tribunal humano pensaria em executar juízo sobre um réu sem antes julgá-lo; muito menos Deus" (TIMM, 2000).
2. Já o termo foi usado pela primeira vez por E. Everts, em 1º de janeiro de 1857.
Explique tal contradição de sua parte. Ou, reconheça que errou – o que seria demonstração de humildade cristã.