O Deus do impossível – 1
Acaso, para o Senhor há coisa demasiadamente difícil? Gênesis 18:14
Samaria estava cercada pelo exército do rei da Síria. A fome e o desespero, dentro dos muros da cidade, chegaram a tal ponto, que duas mulheres cozeram o filho de uma delas e o comeram (2Rs 6:29). "Israel havia sido advertido por Moisés, de que se eles se afastassem de Deus, enfrentariam tamanhas dificuldades que os pais devorariam a carne dos próprios filhos (Lv 26:29; Dt 28:53). Essa profecia agora encontrou o seu terrível cumprimento" (SDA Bible Commentary, v. 2, p. 887).
Os preços das mercadorias haviam disparado. A cabeça de um jumento era vendida por um preço absurdo: quase um quilo de prata. Note-se que o jumento é um animal impuro e os judeus só o comiam como último recurso, e a cabeça era considerada a pior parte e a mais barata. Além disso, "duzentos gramas de esterco de pomba custavam cinco barras de prata" (2Rs 6:25, NTLH). Até isso eles estavam usando como alimento. A que ponto chega um ser humano com fome!
Em meio a essa situação calamitosa, o profeta Eliseu predisse que no dia seguinte haveria tal abundância, que se poderia comprar "três quilos e meio do melhor trigo ou sete quilos de cevada por uma barra de prata" (2Rs 7:1, NTLH).
Era bom demais para acreditar. Como não havia o menor indício de que isto pudesse se cumprir, o ajudante pessoal do rei duvidou das palavras de Eliseu e lhe disse: "Mesmo que o Senhor Deus abrisse janelas no céu e fizesse cair trigo e cevada, isso nunca poderia acontecer! (2Rs 7:2, NTLH).
Os antediluvianos, que jamais haviam visto chuva, também não creram na pregação de Noé, anunciando uma chuva de tais proporções que inundaria o mundo todo. Mas o Dilúvio veio e os levou a todos. Sara não acreditou quando o anjo disse a Abraão que ela daria à luz um filho. Mas, no tempo certo, nasceu Isaque. Os genros de Ló não acreditaram que Sodoma seria destruída. E viraram cinzas, junto com a cidade. Tomé não acreditava que Jesus houvesse ressuscitado. Até vê-Lo e tocá-Lo.
Mesmo no mundo da ciência, o que parecia impossível num século, se tornou possível no seguinte. Quem, antes de 1969, acreditava que o homem iria à Lua?
Ora, se no mundo científico as impossibilidades de hoje se tornam possíveis amanhã, podemos nós esperar menos de um Deus que não conhece impossíveis? Como igreja e como indivíduos precisamos orar para que não tenhamos a mesma experiência do povo de Israel, que não entrou na Terra Prometida por causa da incredulidade.
O Deus do impossível – 2
Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, poderia suceder isso? 2 Reis 7:2
Eliseu não argumentou com o incrédulo ajudante do rei. Apenas limitou-se a dizer: "Com os seus próprios olhos você vai ver isso acontecer, mas não vai comer" (NTLH).
Naquele mesmo dia, ao entardecer, quatro leprosos, do lado de fora dos portões da cidade, decidiram ir ao arraial dos sírios. Eles não tinham nada a perder: se ficassem onde estavam, certamente morreriam de fome; se invadissem o acampamento do inimigo, teriam uma pequena chance de ser poupados. Resolveram arriscar. E qual não foi a surpresa ao encontrarem o arraial completamente deserto. O relato bíblico nos diz que Deus fez os sírios ouvirem o barulho de um grande exército, com cavalos e carros de guerra. E ao anoitecer eles fugiram em pânico, abandonando cavalos, barracas, alimentos e todos os seus pertences.
Os leprosos fizeram a festa. Entraram numa tenda e comeram e beberam até se fartar. Daí apanharam prata, ouro e roupas e as esconderam. Foram a outra barraca e fizeram a mesma coisa. Então reconheceram que estavam agindo mal. Seus compatriotas estavam morrendo de fome na cidade, enquanto eles se banqueteavam sozinhos e gastavam o tempo indo de tenda em tenda escolhendo para si objetos de prata e ouro. Seria um crime ficar calados. Com medo de serem castigados, disseram: "Não fazemos bem; este é dia de boas-novas, e nós nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, seremos tidos por culpados; agora, pois, vamos e o anunciemos à casa do rei" (v. 9).
Quando as boas novas chegaram aos ouvidos do rei, ele achou que isto não passava de uma cilada dos sírios para tomar a cidade. Felizmente, porém, o seu servo tinha mais juízo e sugeriu que se enviassem alguns homens para verificar se o que os leprosos diziam era verdade. E o que eles viram foi impressionante: desde o arraial dos sírios até o rio Jordão, a mais ou menos 30 quilômetros de distância, "o caminho estava cheio de vestes e de armas que os sírios, na sua pressa, tinham lançado fora" (v. 15).
Tão logo o povo ficou sabendo disso, saiu e saqueou o arraial dos sírios. E a profecia de Eliseu se cumpriu ao pé da letra, pois naquele dia "três quilos e meio do melhor trigo ou sete quilos de cevada foram vendidos por uma barra de prata" (v. 16). Mas o ajudante do rei, que duvidara da promessa no dia anterior, viu, mas não aproveitou nada, pois morreu pisoteado pelo povo faminto no portão da cidade.
Este relato nos ensina que as promessas de Deus se cumprirão. Mas os incrédulos não desfrutarão da bênção prometida.
A salvação não é para todos
O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida. Apocalipse 22:17
Eric Hare, enfermeiro-missioná rio na antiga Birmânia, conta que um dia, um velhinho chegou chorando ao hospital adventista e pediu:
– Doutor, por favor coloque uma tala no meu polegar e ponha algum remédio. Quebrei-o dez dias atrás, quando caí de um coqueiro, e agora está doendo muito e cheirando mal.
Eric retirou o trapo imundo que cobria a mão e deu um suspiro. A parte quebrada estava negra e caindo de podre. Já era um caso de intoxicação do sangue. Inflamados vergões vermelhos já estavam subindo para o antebraço. Alarmado, Eric disse:
– Tio, o senhor precisa sentar-se e permitir que eu retire seu dedo. Ele está morto. Agora não há remédio que possa curá-lo. Se o senhor não me deixar amputá-lo, não demorará muito e o senhor morrerá com ele.
– Não, não, doutor. Ponha remédio – pediu ele.
– Agora é tarde demais para pôr remédio – argumentou o missionário. – Se o senhor tivesse vindo dez dias atrás, eu teria colocado remédio e uma tala. Mas agora é tarde demais. Vamos, sente-se e deixe-me amputar esse dedo agora, e salvar sua vida.
Mas apesar de tudo o que o enfermeiro lhe disse, o velhinho simplesmente abanou a cabeça e disse:
– Agora não, doutor! Agora não! Não muito longe de minha vila mora um poderoso curandeiro. Vou experimentar o remédio dele durante dez dias. Então, se eu não ficar bom, voltarei e deixarei o senhor cortar meu dedo.
Ele foi embora e nunca mais voltou, pois morreu cinco dias depois. Eric finaliza este dramático relato, dizendo:
– Quando eu soube que ele havia morrido, chorei. Eu podia ter salvo sua vida. Eu tinha tempo. Tinha o remédio. Mas ele não quis.
O enfermeiro teve de respeitar a decisão do velhinho. Não podia amputar-lhe o dedo sem o seu consentimento. O paciente não compreendia a gravidade do seu caso, e não sabia que ia morrer. Achava que se procurasse o curandeiro, ainda poderia salvar o dedo. E, na tentativa de salvar um dedo morto, perdeu a vida. Que tragédia!
A grande lição que essa história nos ensina, e também a Palavra de Deus, é que nem todos serão salvos. Salvação é só para quem quer. Quem não quiser, infelizmente vai se perder. Você decide.
Insônia real
Deito-me e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta. Salmo 3:5
O rei Assuero, uma noite perdeu o sono. Revolvia-se em seu leito real, pensando talvez nos muitos problemas das 127 províncias sobre as quais se estendia seu vasto império. Talvez temesse alguma revolta ou conspiração, visando destroná-lo. Poderia até mesmo estar enfrentando uma crise existencial. A Bíblia não revela a causa da insônia de Assuero.
Sem conseguir dormir, o rei mandou trazer o livro das crônicas, onde os principais acontecimentos ligados ao governo eram registrados. Graças àquela noite indormida, a vida de um homem ligado à corte foi alterada, fazendo com que recebesse a justa recompensa por sua fidelidade.
O cronista havia registrado fielmente que Mordecai descobrira uma conspiração contra o rei e denunciara os rebeldes. Verificada a procedência de sua denúncia, os conspiradores foram enforcados.
O rei então interrompeu os cronistas, perguntando- lhes: "Que honras e distinções se deram a Mordecai por isso? Nada lhe foi conferido, responderam os servos do rei que o serviam" (Et 6:3).
Então Assuero, embora tardiamente, exaltou a Mordecai, fazendo com que fosse conduzido a cavalo pelas ruas de Susã, vestido com vestes reais, e acompanhado de um pregoeiro que anunciava em alta voz: "Assim se faz ao homem a quem o rei deseja honrar" (Et 6:11).
Não fosse aquela noite em claro, e o ato de lealdade de Mordecai teria ficado esquecido num volumoso livro de crônicas. Em tudo isto se pode ver a mão de Deus guiando Seus filhos, pois Mordecai não somente era leal a Assuero, mas também a Deus. E Deus o protegeu e usou como importante instrumento de preservação do povo de Israel, ameaçado de morte no império de Assuero.
Se aqueles que confiam em Deus, alguma vez passarem uma noite em claro sem saber por que, melhor seria se seguissem o exemplo de Assuero: passem em revista suas ações. É possível que, ao ler mentalmente o livro das crônicas de sua memória, você encontre ali o registro de alguém a quem não fez justiça. Talvez descubra um pecado não confessado. Se estiver em falta com Deus, ajoelhe-se imediatamente e acerte tudo com Ele. Se estiver em falta com seu próximo, resolva procurá-lo após o amanhecer e fazer-lhe justiça.
O melhor sonífero ainda é uma consciência tranquila depois de um cansativo dia de trabalho.
Arrependimento
Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. Lucas 13:5
Rudolph Hess, criminoso de guerra nazista, foi condenado à prisão perpétua e passou o restante de seus dias perambulando pelos corredores e jardins da prisão de Spandau, na Alemanha. Em agosto de 1987, após 43 anos de prisão, ele se enforcou.
Uma das coisas que mais chamavam a atenção na vida de Hess é o fato de que ele nunca se arrependeu de seus crimes. Acusado das maiores atrocidades que um ser humano poderia cometer, ele jamais sentiu qualquer remorso. Ao ser julgado em Nuremberg, ele declarou:
"Estou feliz por ter cumprido o meu dever para com o meu povo... como um leal servidor do meu líder. Não me arrependo de nada. Se eu fosse começar de novo, faria tudo da mesma maneira outra vez, mesmo que soubesse que no fim eu seria queimado vivo. Não importa o que os homens possam fazer comigo, um dia comparecerei perante o tribunal divino. Responderei a Ele, e sei que Ele me julgará inocente."
Hess não sentia necessidade de arrepender-se. O seu orgulho não lhe permitia admitir qualquer culpa por seus crimes bárbaros.
Em contraste com a experiência de Hess, alguns jornais americanos publicaram, em abril de 1989, a experiência de Al Johnson, um homem originário do Estado do Kansas, que aceitou a fé em Jesus.
O aspecto marcante da sua história não foi sua conversão, mas o fato de que, como resultado de sua nova fé em Cristo, ter confessado sua participação no assalto a um banco, quando tinha dezenove anos de idade.
Como o caso já havia prescrito, Johnson não podia mais ser processado por essa transgressão. Entretanto, ele acreditava que seu relacionamento com Cristo requeria uma confissão. E por isso, ele voluntariamente reembolsou a sua parte do dinheiro roubado.
Arrependimento é muito mais do que reconhecer o erro. É mudar de atitude e procurar reparar o mal causado. Zaqueu, ao se converter, tomou a seguinte decisão: "Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais" (Lc 19:8).
Sentir arrependimento pelos pecados é o começo de uma nova vida. Pedir perdão a Deus e mudar de vida são os passos seguintes. Se você está disposto a mudar de direção, abra o coração à influência transformadora do Espírito Santo.
O estouro da porcada
Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram. Marcos 5:13
A boiada vai sendo tocada, vagarosa e passivamente através do campo. De repente, uma rês se assusta com algo trivial – o voo rasteiro de uma ave ou a corrida de um roedor qualquer – e desencadeia o terror sobre o rebanho inteiro, que parte em disparada louca, destruindo roças e arrasando o que estiver pela frente. É o chamado "estouro da boiada", temido pelos vaqueiros.
A Bíblia, entretanto, narra um episódio singular, em que uma manada de dois mil porcos se precipitou para dentro do mar, afogando-se. Mas, dessa vez, não foi um incidente comum que provocou a catástrofe.
Jesus havia chegado à terra dos gerasenos, quando veio ao Seu encontro um homem endemoninhado, que era atormentado por uma legião de demônios (Mc 5:9). Legião era uma divisão do exército romano, com 6.000 soldados. Mas não há como saber se este era o número de demônios que afligia o geraseno.
Os espíritos imundos perceberam que iam ser expulsos, e rogaram a Jesus que, em vez de mandá-los para o abismo (Lc 8:31), lhes permitissem entrar na manada de porcos. Jesus o permitiu, e nós sabemos o resultado.
O plano de Satanás, com esse pedido, era responsabilizar a Jesus pelo enorme prejuízo causado e levar o povo local a se voltar contra Ele. Aparentemente Satanás conseguiu o que queria, pois o povo veio pedir a Jesus que saísse dali.
A permissão de Jesus, entretanto, demonstrou que a saúde física, mental e espiritual de um ser humano tem muito mais valor do que as posses materiais. Além disso, Jesus queria que o endemoninhado tivesse uma prova palpável de que estava realmente curado. O homem ouviu os demônios pedirem a Jesus para entrarem nos porcos e, em seguida, viu os porcos se lançarem ao mar. Ele agora tinha certeza de que os demônios não voltariam.
Então Jesus mandou que o homem desse o seu testemunho: "Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti" (Mc 5:19). Ele obedeceu, e todos os que o ouviram se admiraram do que Jesus lhe fizera (v. 20).
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