terça-feira, 30 de março de 2010

Gripe H1N1 - o que você precisa saber

Gripe H1N1 - o que você precisa saber
/ REFORMA DE SAÚDE / Publicado por Dr. Luiz Fernando Sella - 29/03/2010 | 23:25h

Em 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que estávamos enfrentando uma grave pandemia de gripe causada pelo vírus Influenza A (H1N1). Milhares de casos foram confirmados ao redor do mundo, e cerca de 1% das pessoas que contraíram a gripe foram a óbito. Ainda não se sabe com certeza de onde surgiu esse vírus. Cientistas acreditam que tenha surgido no interior do México. Outras pessoas acreditam que esse vírus foi fabricado em laboratório e que as indústrias farmacêuticas vão faturar bilhões de dólares com a venda de vacinas e medicamentos. A verdade é que a origem desse vírus permanece incerta, e não podemos afirmar com certeza qual das versões está correta. 

De lá para cá, várias empresas começaram a produzir a famosa e controversa vacina contra a Influenza A (H1N1). A segurança e os benefícios dessa vacina também permanecem incertos, já que ela não foi extensamente testada antes de ser comercializada. O Ministério da Saúde gastou R$ 1,3 bilhão de reais na compra de 113 milhões de doses, e já começou a campanha de vacinação no Brasil. 

Muitos emails têm circulado pela internet alertando a população para não tomar a vacina, alegando se tratar de uma tentativa de homicídio em massa. Não há necessidade de pânico e boatos. Devemos analisar os fatos com cautela e seriedade, e cabe a cada um tomar a decisão de ser ou não vacinado. 

Os componentes 

Thimerosal - Produto muito utilizado no Brasil no passado como antisséptico em feridas, fazia parte da fórmula do famoso Merthiolate. Atualmente, ele é utilizado como conservante em vacinas. Nos EUA, muitos pais acreditam que seus filhos desenvolveram autismo após terem sido vacinados com vacinas que continham o thimerosal. Existem milhares de processos judiciais sobre o assunto, entretanto, ainda não está definitivamente comprovado se o thimerosal pode provocar autismo em crianças. 

Esqualeno - O esqualeno é usado em vacinas como um adjuvante. Os adjuvantes são substâncias administradas junto com as vacinas para aumentar a resposta imunológica e sua eficácia. Estudo publicado em 2000 relaciona o uso do esqualeno nas vacinas com o desenvolvimento de artrites em ratos.[1] A OMS relata que o esqualeno já foi usado em milhões de vacinas contra a gripe ao redor do mundo sem grandes problemas. 

Companhias farmacêuticas 

MedImmune - A empresa americana MedImmune está produzindo a vacina na forma de spray nasal. De acordo com o site do fabricante, essa vacina tem em sua composição gelatina porcina hidrolizada (hydrolyzed porcine gelatin), derivada do porco. Essa vacina é a única que contém a gelatina porcina hidrolizada, e não está programada para ser utilizada no Brasil. 

Sanofi-Aventis - As vacinas produzidas pela empresa Sanofi-Aventis não possuem componentes provenientes do porco. Na versão multidoses, usada no Brasil (um frasco com 5ml que contém 10 doses de 0,5ml da vacina), um dos componentes é o thimerosal, um derivado do mercúrio, que serve como conservante. 

GSK - A vacina da empresa inglesa GlaxoSmithKline também foi comprada pelo Ministério da Saúde. Ela contém em sua composição o adjuvante esqualeno e também o thimerosal como excipiente. 

Novartis - A vacina da Novartis também será usada no Brasil. Contém o esqualeno como adjuvante, mas não contém thimerosal como excipiente. 

Efeitos colaterais 

Como as outras vacinas da gripe, ela também pode ter alguns efeitos colaterais. Os mais comuns são: linfadenopatia (aumento dos nódulos linfáticos, popularmente chamado de ínguas), dores de cabeça, manchas e dor no local da aplicação, dores articulares e musculares, febre e cansaço. Já foram relatados casos de Síndrome de Guillain-Barré após vacinação contra gripe. A síndrome de Guillain Barré tem caráter autoimune. O indivíduo produz autoanticorpos contra sua própria mielina. Então os nervos acometidos não podem transmitir os sinais que vêm do sistema nervoso central com eficiência, levando a uma perda da habilidade de grupos musculares de responderem aos comandos cerebrais. O cérebro também recebe menos sinais sensitivos do corpo, resultando em inabilidade para sentir o contato com a pele, dor ou calor. 

Veredito 

Vacinar ou não é uma decisão individual. Em meio a tanta confusão, uma coisa é certa: a prevenção da doença por meio de um estilo de vida adequado, que fortalece as defesas do corpo, é a melhor solução. 

Vamos ver algumas recomendações simples para fortalecer o sistema imunológico: 

1. Nutrição: obesidade, dieta rica em gorduras e açúcar enfraquecem o sistema imunológico e diminuem a produção de anticorpos. Por outro lado, uma dieta rica em frutas e verduras frescas, fontes de antioxidantes e vitaminas (como C e E) aumenta a resistência contra doenças respiratórias. 

2. Beba dois litros de água por dia e, de preferência, entre as refeições. Manter o corpo hidratado é fundamental para combater as infecções. 

3. Vitamina D: produzida pelo corpo após a incidência na pele da radiação ultravioleta proveniente do sol, a vitamina D diminui a incidência de infecções respiratórias. Tome pelo menos 20 minutos de sol por dia. 

4. Ar puro: respire ar puro profundamente e deixe sua casa bem arejada. Ambientes fechados e úmidos são repletos de germes circulantes. 

5. Exercício físico moderado ajuda na prevenção da gripe. Entretanto, exercício físico intenso e extenuante diminui a resistência contra infecções respiratórias. Sugiro uma caminhada diária de 30 minutos ao ar livre. 

6. Evite álcool, cigarro ou outras drogas que diminuem a eficiência do sistema imunológico. Fumar resseca as narinas e paralisa os cílios respiratórios (delicados fios encontrados nas vias respiratórias que ajudam a retirar germes e outras partículas de dentro do corpo). Fumar um cigarro paralisa esses cílios por 30-40 minutos. 

7. Sono: deprivação de sono, mesmo parcial, reduz a atividade das células de defesa em 30%, e também reduz a eficiência das vacinas. Procure dormir antes das 22h, durante 7-8 horas por noite. 

8. Você é o que você pensa: fatores psicológicos influenciam a resposta imunológica e alteram a susceptibilidade a infecções. Estresse crônico está relacionado com diminuição dos anticorpos, ao passo que otimismo e boas relações interpessoais estão associados com melhora do status imunológico. Mágoas, ansiedade, descontentamento, remorso, culpa e desconfiança em Deus e nas pessoas tendem a quebrar nossas forças vitais e nos deixar enfraquecidos. 

9. Um remédio esquecido: cante uma música ou hinos de louvor a Deus. Cantar não somente melhora nosso humor como também pode ser terapêutico. Estudos mostram que cantar aumenta a quantidade de Imunoglobulina A (IgA) na saliva, uma classe de anticorpos que protegem as mucosas. 

10. O alho aumenta a imunidade e tem propriedades antibacterianas, antifúngicas e antivirais. Se você foi exposto ao vírus da gripe, tente beber este coquetel: 1 litro de água, 1 dente de alho sem casca e 1 limão. Bata no liquidificador e beba. 

Luiz Fernando Sella 

Referências: 

Para maiores informações, acesse o site do Ministério da Saúde

1. Barbro C. Carlson, Åsa M. Jansson, Anders Larsson, Anders Bucht and Johnny C. Lorentzen, "The Endogenous Adjuvant Squalene Can Induce a Chronic T-Cell-Mediated Arthritis in Rats." In: American Journal of Pathology. 2000; 156:2057-206. 

MedImmune
http://www.medimmune.com/pdf/products/h1n1_pi.pdf 

GSK
http://www.ema.europa.eu/humandocs/PDFs/EPAR/pandemrix/D-H1N1%20single%20PDFs/SPC/emea-spc-h832pu17en.pdf 

Sanofi-Aventis
https://www.vaccineshoppe.com/image.cfm?doc_id=11047&image_type=product_pdf 

Novartis
http://www.ema.europa.eu/humandocs/PDFs/EPAR/focetria/emea-combined-h710en.pdf



 

 
SOBRE O AUTOR
DR. LUIZ FERNANDO SELLA
 
Médico (formado pela UFSC, em 2006), participou como médico visitante da Escola de Medicina da Universidade de Miami, em 2006 e 2007. Atuou no Programa de Saúde da Família, em Santa Catarina, com enfoque em medicina preventiva e estilo de vida. Atualmente, é médico da Clínica Adventista Vida Natural, em Ibiúna, SP.

FONTE: http://www.outraleitura.com.br/web/artigo.php?artigo=335:Gripe_H1N1_-_o_que_voce_precisa_saber