Ellen. G. White e o Café

"O chá atua como estimulante, e, até certo grau, produz intoxicação. A ação do café, e de muitas outras bebidas populares, é idêntica. O primeiro efeito é estimulante. São agitados os nervos do estômago, que comunicam irritação ao cérebro, o qual, por sua vez, desperta para transmitir aumento de atividade ao coração, e uma fugaz energia a todo o organismo. Esquece-se a fadiga; parece aumentar a força. Estimula o intelecto, torna-se mais viva a imaginação. Em virtude desses resultados, muitos julgam que seu chá ou café lhes faz grande benefício. Mas é um engano. Chá e café não nutrem o organismo. Seu efeito produz-se antes de haver tempo para ser digerido ou assimilado, e o que parece força não passa de excitação nervosa. Uma vez dissipada a influência do estimulante, abate-se a força não natural, sendo o resultado um grau correspondente de abatimento e fraqueza."
Há 105 anos encontramos esta declaração relatando os malefícios do uso de alimentos que contêm cafeína. A escritora americana Ellen G. White possuía um currículo nada conceituado, seu período escolar durou até a terceira série do ensino médio, sendo que não conseguiu completá-lo por motivos de saúde. Levava uma vida simples e abnegada, cuidando dos deveres de casa, da lavoura e como cristã da obra de Deus.1 A medicina contemporânea não apontava nada que confirmasse a sua declaração nem tão pouco era grande o número de pessoas que acreditavam na mesma, muito pelo contrário havia um grande número de pessoas que acreditavam ser o café, o chá preto, o chocolate e outros alimentos que contêm cafeína, benéficos a saúde. Para a época, tal declaração era motivo para polêmica. Vindo de uma pessoa totalmente desqualificada, academicamente falando, é algo irrelevante. Porém, se essa declaração for de fato verdadeira? Se a ciência comprovar o que a há 100 anos já houvera sido declarado?
Vejamos os pontos principais na declaração:
É estimulante;
Produz intoxicação em grande escala;
Aumenta a atividade do coração;
Após o efeito, causa languidez e fraqueza.
Levamos em conta agora, que na época esses pontos eram um tanto obscuros para a ciência e que a Sra. White havia estudado até a terceira série não possuindo autoridade para falar sobre o assunto. Como poderia ter ela o conhecimento desses fatos? Antes de respondermos a essa pergunta vejamos o que a ciência tem dito com relação a este assunto.
O Dr. H. A. Reimann afirma que a cafeína alcalóide xantínico, estimula principalmente o córtex cerebral, o tálamo, os centros vasomotores e respiratórios, e evidentemente o mecanismo regulador da temperatura. Reduz o fluxo do sangue no cérebro. Entre os efeitos tóxicos agudos e crônicos acham-se a insônia, a irritabilidade, palpitação pela diurese, febre, albuminúria e mal-estar epigástrico. Com relação aos efeitos tóxicos declara o doutor: Dize-se ser corrente o cafeinismo entre os intelectuais, as atrizes, as garçonetes, os empregados noturnos e os motoristas de longa distância. Doenças inexplicáveis podem ter como causa a ingestão excessiva de alcalóides xantínicos, inclusive os que se acham no café, chá, chocolate e os de alguma bebidas populares.2
Já em 1967 vemos um médico confirmando os pontos de forma bem abrangente, contudo hoje temos mais luz quanto ao assunto que confirmam e ampliam o conhecimento sobre os malefícios da cafeína. Em Novembro de 2009 foi publicado um estudo feito pela Escola Médica de Harvard indicando que a cafeína afeta a produção de estrogênio e de outros hormônios sexuais femininos, podendo favorecer casos de câncer de mama e nos ovários. Os especialistas ainda não desvendaram os detalhes da relação entre a substância e o risco de câncer. Mas, conhecendo a influência dos hormônios sexuais na doença, a hipótese é que a variação hormonal causada pela substância acabe aumentando a incidência de câncer quando já existe a propensão. Para chegar a esta conclusão, os médicos acompanharam 1.200 mulheres, verificando a relação entre o consumo de cafeína e as variações hormonais. As pacientes ainda preencheram vários questionários, relatando hábitos alimentares e descrevendo o estilo de vida, além de fornecerem amostras sanguíneas para avaliação das dosagens hormonais. Após a análise dos dados, foi confirmado que quanto maior o consumo de cafeína numa mulher em pré-menopausa, menores são os níveis do hormônio estradiol na segunda metade do ciclo menstrual.3
A Universidade de Montreal, no Canadá, também publicou um estudo realizado com 24 pessoas em dois grupos de idade: 20 a 30 anos e 45 a 60. Os participantes do estudo passaram duas noites sem dormir nos laboratórios. Depois, eles receberam uma pílula de cafeína ou um placebo, e três horas depois receberam permissão para dormir. Mesmo com a extrema privação de sono, as pessoas que ingeriram a cafeína tiveram o sono afetado negativamente, principalmente os mais velhos, que dormiram 50% menos que o normal.
De acordo com Julie Carrier, autora do estudo e professora de psicologia da universidade a cafeína atrapalha a qualidade do sono daqueles que a consomem, mesmo que seja durante o dia. Nos dois grupos de idade, a substância diminuiu a eficiência do sono, a sua duração e o sono REM, que é quando o corpo mais descansa. "Todos conhecemos alguém que diz que dorme como um bebê depois de uma xícara de café", diz Carrier. "Embora elas possam não perceber, o seu sono não será tão profundo e provavelmente será mais conturbado", completa a pesquisadora.4
Todos os estudos apresentados até o momento comprovam o que fora dito pela escritora americana há a 105 anos atrás. São claras as evidências dos malefícios. Com essas descobertas, temos grande apoio para fazer abstinência de artigos alimentares que contenham a substância causadora de tantos problemas.
No dia 29 de maio de 2009, uma notícia relacionada ao consumo de cafeína foi um tanto alarmante e de grande relevância. A notícia trata-se da intoxicação de um adolescente de 13 anos por cafeína na Itália depois de consumir dois chicletes cafeinados, segundo um estudo do caso publicado na edição da revista científica The Lancet. Segundo o relatório médico, o garoto foi levado pela mãe ao Hospital Monaldi, em Nápoles, depois de ter chegado em casa agitado e agressivo. Os exames indicaram que ele apresentava taquicardia (147 batimentos/minuto), estava ofegante e com pressão alta. De acordo com o estudo, o paciente reclamava ainda de dores abdominais, dor ao urinar e ardência nas pernas. Os chicletes mascados pelo menino continham cerca de 160 mg de cafeína e portanto, o adolescente havia ingerido o equivalente a 320 mg - um pouco mais do que a quantia presente em três xícaras de café. A condição física do garoto só foi completamente recuperada cerca de duas semanas depois do consumo dos chicletes. Além disso, o adolescente perdeu três dias de aula por conta da intoxicação. As 320 mg provaram ser uma quantidade significativa.5
A ingestão da cafeína é identificada pelo organismo com uma droga. Os efeitos são em semelhança muito próximo de uma droga ilícita como a cocaína. Até mesmo na questão de alucinações segundo consta em outro estudo feito por psicólogos da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha. Os resultados mostram que beber grandes quantidades de café pode fazer com que uma pessoa tenha uma tendência maior de sofrer alucinações. Pessoas que consomem mais de sete xícaras de café instantâneo por dia têm três vezes maior probabilidade de ouvir vozes, ver coisas que não existem ou até acreditar que estão sentindo a presença de pessoas que já morreram, do que as que bebem menos do equivalente a uma xícara, de acordo com os pesquisadores.
Os pesquisadores atribuem os resultados de sua pesquisa, feita com 200 estudantes, ao fato de que o café pode levar a um aumento da produção de um hormônio chamado cortisol. A cafeína aumenta os efeitos fisiológicos do estresse e, nesse estado, o corpo libera cortisol. Uma concentração mais alta da substância no organismo pode fazer com que uma pessoa escute vozes não existentes. Os cientistas dizem que esperam que a descoberta contribua para um melhor entendimento do efeito da nutrição sobre alucinações. "Acredita-se que vários destes fatores podem estar ligados a alucinações em parte por causa do seu impacto sobre a reação do organismo ao estresse. Dada a ligação entre comida e humor, e especialmente entre cafeína e a resposta do organismo ao estresse, parece sensato examinar o que uma perspectiva nutricional pode esclarecer", afirmou Simon Jones, o líder do estudo.6
De forma clara a ciência comprova o que já havia sido dito: cafeína faz mau a saúde. Há os que dizem não fazer mau ingerir em pequena quantidade, porém o que se mostra são malefícios resultantes da substância em si, seja em grande ou pequena quantidade. Os efeitos de fato variam conforme a quantia ingerida, quanto mais cafeína, maiores os efeitos, todavia em menor quantidade não isenta os efeitos no organismo. Com estas comprovações nos resta agora voltarmos a indagação: como poderia ter o conhecimento deste fatos com tão pouco estudo? Estudando a vida da escritora vemos quão dedicada ao cristianismo ela foi, quão dedicada a Deus e a obra que Ele a chamou para fazer. O livro Testemunhos Para a Igreja Vol. 1, apresenta uma pequena biografia da Sra. White e nele podemos ver que tais conhecimentos só poderiam vir de uma inspiração Divina. Hoje ela é a escritora mais traduzida em todo mundo, com o Best Seler O Grande Conflito em mais de 120 países. Seus escritos abrangem a área da educação infantil, saúde e estilo de vida, relacionamentos, família, comportamento e moralidade e etc. Em média são 133 livros fora parte os artigos e periódicos, equivalendo a mais de 200 publicações ao todo.
Referências
1- Testemunhos Para a Igreja vol. 1
2- A Ciência Médica e o Espírito de Profecia, pág. 17 e 18
3- www.yahoo.minhavida.com.br/conteudo/5378-Cafeina-interfere-na-producao-hormonal-feminina.htm
4- http://www.livescience.com/health/091103-caffeine-sleep.html
5- http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090529_cafeinaintoxicacao_np.shtml
6- http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2009/01/090114_cafe_vozes.shtml
Jean R. Habkost