História e histórias
Sábado à tarde | Ano Bíblico: Naum |
VERSO PARA MEMORIZAR: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Timóteo 3:16, 17).
Leituras da semana: Gn 39:6-12; Js 3:9-17; 1Sm 24:1-6; 1Rs 12:1-16; Jó 1:1-12
Muito embora a maioria das pessoas não abrigue um grande amor pelo estudo da História em si, a maioria das pessoas ama uma boa história. Toda civilização tem um repertório rico das histórias que explicam (ou afirmam explicar) origens, valores, relações e estruturas de sua cultura. Essas histórias, contadas geração após geração, frequentemente são ferramentas de ensino.
Na idade moderna, a arte de contar histórias perdeu a importância: as pessoas procuravam fatos e respostas científicas para explicar a vida. Porém, os fatos, por si sós, não podem responder às questões mais importantes da vida. Hoje, uma nova geração, frequentemente denominada de "pós-moderna", redescobriu o poder das histórias.
Neste sentido, a Bíblia é contemporânea porque está cheia de histórias. Não lendas, não "fábulas engenhosamente inventadas" (2Pe 1:16), mas histórias verdadeiras e pessoais que revelam a verdade sobre Deus e Sua interação com a humanidade caída. Essas histórias descrevem pessoas reais, enfrentando problemas da vida real e interagindo com o Deus vivo, que oferece respostas para esses problemas.
Toda história precisa de um ambiente. Nesta semana, vamos explorar os diferentes ambientes e seus contextos históricos a fim de melhor entender os personagens que estudaremos ao longo do trimestre.
Domingo | Ano Bíblico: Habacuque |
Pessoas e enredos
Um enredo é definido como sucessão de eventos que leva a uma conclusão. Todos nascem, vivem e, um dia, morrerão. Esses são os parâmetros mais amplos do enredo da vida. Nesse intervalo, a vida consiste em muitos pequenos enredos que mui frequentemente são motivados por tensão ou conflito. Procurar por um enredo significa tentar conectar todas as partes relevantes da história a fim de ver o grande quadro. No livro de Jó, por exemplo, o enredo traz dois planos.
1. Identifique os dois planos no enredo da história de Jó. Veja Jó 1:1-12
Se quisermos entender a história de Jó, precisamos entender seu enredo bidimensional. De fato, a Bíblia não tem nenhum enredo unidimensional, porque Deus está sempre ativo na história e na vida humana, embora trabalhe por trás das cenas. Nos dois primeiros capítulos de Jó, podemos imaginar que estamos mudando de canais, como em uma TV, enquanto saltamos entre os enredos terrestre e celestial.
Mas as histórias são mais que enredos. As pessoas fazem as histórias.
2. Descreva a profetisa Hulda nos detalhes que puder encontrar, de acordo com 2 Reis 22:14.
Os personagens estão intimamente conectados com o enredo da história. Nossa compreensão deles depende em grande parte das informações dadas pelo narrador, que pode até ser um dos participantes. Vamos tomar Hulda como exemplo: Ela é um dos personagens principais da história? Não. Essa história realmente conta sobre a descoberta do livro da lei durante o reinado do rei Josias. Embora Hulda não tenha sido a protagonista, cada personagem é vital para o desenvolvimento da história. Hulda tinha filhos? Que idade tinha ela? Não conhecemos as respostas a essas perguntas. A narrativa bíblica tende a ser muito concisa e, frequentemente, é resumida. Isso significa que precisamos prestar muita atenção a cada pequena informação. Hulda era considerada uma profetisa confiável do Senhor. O autor bíblico nos dá informações sobre a família de seu marido, porque, nos tempos do Antigo Testamento, as mulheres eram identificadas com a família do marido. Seu endereço também é dado. Como nos tempos atuais, os documentos oficiais sempre exigem um nome e um endereço para provar que determinada pessoa é aquela que afirma ser.
Qual é seu enredo? Que tipo de personagem é você? Se sua história fosse escrita como narrativa da Bíblia, o que contaria, em contraste com o que deveria contar?
Segunda | Ano Bíblico: Sofonias |
Onde e como?
O cenário empresta realidade à história e lhe dá atmosfera e humor. Por exemplo, por que, em Rute 4:1, 2, Boaz apresentou seu caso legal à porta e não em casa ou na casa do prefeito da cidade de Belém? Obviamente, a porta – sendo o lugar mais público nos tempos antigos – acrescenta um importante elemento legal à história. O cenário também pode nos dar uma pista sobre o tempo em que a narrativa tem lugar. Se ouvirmos que uma história é localizada dentro de um carro ou em um terminal de aeroporto, sabemos sem muita reflexão que a história não vem do tempo de Davi nem de Martinho Lutero.
3. Compare os cenários das duas histórias seguintes: 1Sm 24:1-6 e Gn 39:6-12. Como o cenário contribui para o enredo das histórias?
O cenário nos ajuda a entender melhor a ação da história. Davi e seus homens estavam sós com Saul, que se encontrava desprotegido e extremamente vulnerável. O cenário destaca o caráter eminente de Davi. Ele não se aproveitou dessa oportunidade ideal para se livrar de Saul antes que este procurasse se livrar de Davi, fato que revela o respeito de Davi pelo líder ungido de Deus.
O cenário na história de José também apresenta uma oportunidade. José era bonito e ocupava uma posição de poder. A esposa de seu senhor estava apaixonada por ele, e eles estavam sozinhos na casa. Assim como Davi, José mostrou seu excelente caráter resistindo a essa oportunidade.
Mas o cenário não é o único elemento importante de uma história. Precisamos também olhar sob o ponto de vista do narrador. Vemos a história se desdobrar pelos olhos do narrador, que normalmente nos fornece informações importantes, mas, às vezes, pode reter de nós alguma coisa. Isso é particularmente verdade nas histórias seculares. Embora tenhamos pontos de vista sobre os relatos bíblicos, devemos lê-los na suposição de que sejam inspirados pelo Espírito Santo e que a verdade revelada seja a verdade de Deus.
Pense em Davi e José naqueles cenários específicos. Como eles poderiam ter racionalizado para fazer algo diferente do que fizeram? O fato de que não agiram assim nos conta muito sobre seu caráter. Com que frequência você racionaliza suas ações erradas?
Terça | Ano Bíblico: Ageu |
Da vitória à "idade das trevas"
Nos dias finais desta semana, vamos examinar mais detidamente alguns períodos decisivos da história de Israel que servirão de pano de fundo para todos os personagens que estudaremos. Vamos começar com a entrada de Israel na Terra Prometida.
Depois dos poderosos atos de Deus durante o Êxodo e a jornada no deserto, o povo de Israel havia chegado pela segunda vez à fronteira da Terra Prometida. Sob seu novo líder, Josué, o povo estava a ponto de cruzar em seco o Jordão
(Js 3:16, 17), um milagre que reproduziu a travessia do Mar Vermelho durante o tempo do Êxodo (Êx 14).
4. Qual foi o propósito do milagre na travessia do Jordão? Js 3:9-17
Canaã não foi tomada por Israel devido ao gênio militar de Josué nem dos esforços valorosos de Israel. A vitória sobre os habitantes das cidades-estados cananeias só foi alcançada pela intervenção poderosa de Deus. Quando Israel foi obediente, Deus lhe deu a vitória; porém, quando os israelitas confiaram nas próprias forças, eles falharam desesperadamente.
Depois da morte de Josué e dos anciãos, algumas partes da Terra Prometida ainda eram dominadas pelos cananeus (Jz 1:27, 28). Parece que, com a diminuição da visão dos israelitas, também diminuiu sua fé. Em vez de considerar toda a Terra Prometida como sua possessão, eles passaram a se preocupar com seu próprio sustento e perderam a visão maior e ideal que Deus tinha para Israel como um povo. Muitos estudiosos chamam os séculos seguintes de a "idade das trevas" de Israel.
5. Qual era o clima moral do povo de Israel no tempo dos juízes? Jz 17:6
Quando perdemos de vista o grande quadro do que Deus tem em mente para nós, as miudezas ocupam o espaço. Israel perdeu a perspectiva como nação; o tribalismo assumiu o comando. Ao longo do livro de Juízes, os vários clãs e tribos estavam prontos e dispostos a combater entre si. As práticas religiosas eram misturadas conforme a conveniência pessoal, e muitas crenças das culturas circundantes foram adotadas. De acordo com o autor do livro de Juízes, esse foi o resultado dos casamentos mistos com os cananeus que ainda viviam na terra (Jz 3:3-7). Como consequência desse declínio espiritual, Israel entrou em um ciclo de dominação pelas forças estrangeiras, libertação, idolatria e, novamente, dominação.
Quarta | Ano Bíblico: Zc 1–4 |
Sobre reis e príncipes
Embora tenha recebido tanto de Deus, e tanto mais lhe tenha sido prometido caso obedecesse, o povo de Israel foi influenciado negativamente pela cultura circundante. Por exemplo, os israelitas viam nos reinos vizinhos uma estrutura política muito diferente. Todas aquelas nações tinham um rei. Agravada pelo fato de que os filhos de Samuel não imitavam o comportamento e a liderança de seu pai, mas "aceitavam suborno e pervertiam a justiça" (1Sm 8:3, NVI), a liderança tribal de Israel sentia que estava na hora de escolher um rei sobre Israel (1Sm 8:4, 5). Samuel não ficou nada satisfeito com aquela decisão, mas foi orientado pelo Senhor a aceitar (1Sm 8:7).
O benjamita Saul foi ungido como rei por Samuel (1Sm 10:1) e começou a reinar em Gibeá. Porém, como Deus já havia previsto, as coisas não foram fáceis para o novo rei. As tensões tribais continuaram. A própria existência de Israel esteve em risco devido à pressão dos poderes vizinhos. O novo rei não se dedicou a seguir os mandamentos de Deus (1Sm 15:3, 8, 9) e, como resultado, Deus finalmente rejeitou Saul.
Posteriormente, Davi foi ungido como futuro rei de Israel. Como era de esperar, Saul não se mostrou disposto a entregar simplesmente o poder ao novo campeão militar, Davi, e a década seguinte foi marcada pelo conflito interno, estando Davi sempre na disputa.
Uma importante reviravolta na história de Israel ocorreu quando Saul e seus filhos foram mortos em batalha contra os filisteus (1Sm 31:1-6). Primeiramente, Davi assumiu o trono de Judá e, então, sete anos depois, reinou sobre todo o Israel. Davi estabeleceu Jerusalém como a nova capital da monarquia unida. Suas façanhas militares foram bem sucedidas; ele estendeu as fronteiras do reino. Depois de um reinado de quarenta anos, Davi morreu em Jerusalém (2Sm 5:4; 1Rs 2:10, 11). À semelhança de nossa própria vida, o reinado de Davi foi marcado por grandes vitórias, algumas escolhas infelizes e muita graça de Deus. Ele foi sucedido por seu filho, Salomão, que também reinou por quarenta anos (1Rs 11:42).
Salomão não foi um guerreiro nem conquistador. Em lugar disso, ele buscou e recebeu sabedoria divina (1Rs 3:3-13); construiu o templo do Senhor em Jerusalém; projetou eficientes estruturas administrativas para controlar e organizar Israel; mas, próximo ao fim de sua vida, ele abandonou o Senhor, seguindo as práticas religiosas de suas muitas esposas (1Rs 11:1-8).
6. Que lições podemos aprender do episódio em que o povo de Israel pediu para si um rei? Com que frequência nos achamos fazendo a mesma coisa, ou seja, querendo fazer as coisas a nosso próprio modo em vez de seguir a orientação de Deus? 1Sm 8:7-20
Quinta | Ano Bíblico: Zc 5–8 |
O erro de Roboão
A morte de Salomão marcou outro importante ponto decisivo na história de Israel. A linha-dura administrativa, as leis de recrutamento obrigatório para o trabalho e as experiências sobre pluralismo religioso levaram a grande tensão no princípio do reinado de Roboão, filho de Salomão.
7. Que podemos aprender da história de Roboão sobre a atitude das pessoas para com o poder? Que podemos aprender de seu erro? 1Rs 12:1-16
Depois da divisão entre Judá e Israel, o povo de Deus, antes unido, começou a seguir caminhos diferentes. Vendo que o centro de adoração e sacrifício estava localizado em Judá, o rei de Israel, Jeroboão I, mandou fundir dois bezerros de ouro (1Rs 12:26-29) e erguer dois lugares de adoração com altares – um em Betel e o outro em Dã. As coisas não pareciam boas para Israel e, nos duzentos anos seguintes, os israelitas tiveram a experiência de uma montanha-russa. Alguns reis seguiram (ao menos com um coração dividido) o chamado de Deus ao arrependimento; outros recusaram obstinadamente ouvir os profetas. As dinastias mudaram, e houve muitos assassinatos políticos. Desde Jeroboão I até o último rei de Israel em Samaria, Oseias, reinaram vinte reis, sinalizando a instabilidade do reino. Finalmente, em 722 a.C., Samaria foi capturada pelos assírios, e Israel foi levado em cativeiro.
No outro lado da fronteira, as coisas não pareciam muito melhores. A dinastia de Davi foi preservada, mas nem todos os descendentes de Davi puderam imitar a fé que teve seu antepassado. Alguns reis, como Josafá, Ezequias e Josias, tentaram voltar ao Senhor e, no processo, levar também Judá como um todo ao arrependimento. Seus esforços foram ajudados por dezenas de profetas que se dirigiram a situações e necessidades espirituais e sociais específicas em Judá.
Em 586 a.C., Jerusalém caiu diante dos babilônios. A liderança e boa parte da população da cidade foram levadas a Babilônia. O templo foi destruído. A "experiência" real terminou.
Alguém poderia pensar que, com o desastre da destruição e cativeiro babilônico, esse seria o fim do povo judeu. O que a restauração depois dessa calamidade nos diz sobre a paciência e graça de Deus? Como você tem visto essa mesma paciência e graça em sua vida? Qual deve ser sua reação a essa graça?
Sexta | Ano Bíblico: Zc 9–11 |
Estudo adicional
O Senhor chama todos a estudarem a divina filosofia da história sagrada, escrita por Moisés sob a inspiração do Espírito Santo. A primeira família colocada na Terra é uma amostra de todas as famílias que existirão até o fim do tempo. Nessa história, existe muito material para estudo a fim de entendermos o plano divino para a humanidade. Esse plano está claramente definido, e aquele que o estudar em oração e consagração se tornará aprendiz do pensamento e do propósito de Deus desde o início até o encerramento da história da Terra. Perceberá que Jesus Cristo, um com o Pai, era a grande causa de todo progresso, a fonte de toda a purificação e elevação da humanidade" (Ellen G. White, Manuscript Releases, v. 3, p. 184).
"Ao recapitular nossa história passada, havendo percorrido todos os passos de nosso progresso até o estado atual, posso dizer: Louvado seja Deus! Quando vejo o que Deus tem executado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado. Somos agora um povo forte, se pusermos nossa confiança no Senhor; pois estamos lidando com as poderosas verdades da Palavra de Deus. Tudo temos a agradecer" (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 162).
Perguntas para consideração
1. O envolvimento ativo de Deus na história é um conceito muito importante nas Escrituras. Leia Daniel 2:21. Que diz essa passagem sobre a interação entre Deus e a história humana? Por que é tão importante ter em mente essa realidade hoje, quando vivemos perto do verdadeiro "fim da história"?
2. Por que gostamos tanto de histórias? O que faz uma boa história? Como as histórias podem ser ferramentas eficazes no ensino da verdade? Quais são alguns de seus contadores de histórias favoritos, e por que você gosta deles?
3. Os antigos israelitas foram chamados a ser testemunhas ao mundo inteiro do Deus verdadeiro e de Sua mensagem a respeito da salvação pela graça. Mas veja quanto as lutas internas debilitaram o antigo Israel. Que lições podemos tirar para nós mesmos dessa triste verdade histórica?
Respostas sugestivas:
Pergunta 1: Vemos o plano em que a história transcorre sobre a Terra e o plano celestial.
Pergunta 2: Era profetisa, casada, morava na cidade baixa de Jerusalém, era consultada pelos maiorais da nação.
Pergunta 3: A história de Davi tem lugar em uma caverna, enquanto a história de José se desenvolve dentro de uma casa em que só se encontravam ele e a mulher de Potifar.
Pergunta 4: Lembrar ao povo sua dependência de Deus.
Pergunta 5: Total ausência de autoridade e de princípios.
Pergunta 6: Seguir a guia de Deus sempre é melhor.
Pergunta 7: Embora o líder deva ser dotado de sabedoria e discernimento, "na multidão de conselhos há sabedoria".
FONTE: http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2010/li142010.html