Uma casa dividida
Se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir. Marcos 3:25
Alguns escribas, incomodados pela crescente popularidade de Jesus, estavam tentando desacreditar Suas curas e expulsão de demônios. As multidões afluíam para ouvi-Lo e vê-Lo onde quer que Ele fosse. E comentavam entre si que Ele era capaz de expulsar demônios.
Os escribas, ouvindo isto, retrucaram dizendo: "Ele está possesso de Belzebu. E: É pelo maioral dos demônios que expele os demônios" (Mc 3:22). Jesus imediatamente expôs o absurdo do argumento deles: "Como pode Satanás expelir a Satanás? Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino não pode subsistir; se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir" (v. 23-25).
Essa casa pode ser um lar onde vive uma família. Uma garotinha de nove anos de idade disse: "Eu não sei exatamente o que é uma família, mas de uma coisa eu sei: os amigos podem ir embora e dizer que não querem mais ser seus amigos. Mas os familiares não podem ir embora e dizer: eu não quero mais ser o seu pai; eu não quero mais ser a sua mãe; não quero mais ser seu filho; não quero mais ser seu irmão." Uma casa dividida não pode subsistir.
Essa casa pode ser uma igreja. Certa vez, um pastor voltou a uma cidade para visitar a igreja que já havia pastoreado. E foi visitar o irmão Silas, que havia sido ancião e líder naquela igreja, mas não mais a frequentava. E perguntou-lhe:
– Silas, o que aconteceu? Você era sempre o primeiro a chegar lá!"
– Bem, pastor, surgiram diferenças de opinião na igreja. Alguns de nós não aceitamos a decisão da maioria e fundamos nossa própria igreja.
– E é essa igreja que você frequenta agora?
– Não, nós descobrimos que ali também havia irmãos infiéis, e então um pequeno grupo passou a se reunir num pequeno salão alugado.
– E isto se provou satisfatório?
– Infelizmente não. O diabo dividiu aquele pequeno grupo, então eu e minha esposa nos retiramos e agora estamos fazendo os cultos em casa.
– Finalmente vocês encontraram a paz desejada?
– Não. Até mesmo minha esposa começou a ter ideias com as quais eu não concordo, e agora ela faz o culto num canto da sala e eu no outro.
Precisamos aprender a discordar em amor e a conviver com os que têm opiniões diferentes. Precisamos nos unir em torno de um Salvador e Senhor, pois uma casa dividida não pode subsistir.
Esquecido na prateleira
Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. João 1:11
Quem já levou "o fora" do namorado, namorada ou cônjuge, sabe o que é o sentimento de rejeição. É uma sensação ruim que dá um frio na barriga e uma dor na boca do estômago. A rejeição sempre dói, venha de onde vier, seja de familiares, amigos, colegas de trabalho, ou mesmo de estranhos.
Elisabete queria se casar com Roberto, mas os pais dela foram contra. Eles se casaram assim mesmo e, como consequência, Elisabete foi deserdada. Durante dez anos ela escreveu aos pais dizendo que os amava, mas recebeu como resposta apenas o silêncio. Um dia ela recebeu pelo correio um pacote enviado pelos pais. Ao abri-lo encontrou ali todas as suas cartas. Nenhuma havia sido aberta. A rejeição dói, e pode até matar.
Um ursinho de pelúcia foi colocado no alto de uma prateleira de uma loja de departamentos. Era um belo ursinho preto, mas tinha um defeito: numa das tiras que prendia o seu avental aos ombros faltava um botão, e o avental estava caído para um lado. E ao ficar ali, na prateleira, ele foi ficando empoeirado. Nenhum comprador parecia interessado nele.
Então uma menininha entrou na loja, viu o ursinho e se interessou por ele. O vendedor sugeriu que ela adquirisse outro, perfeito. Mas a pequena compradora insistiu naquele, empoeirado, lá em cima da prateleira. Quando o vendedor finalmente apanhou o ursinho rejeitado, a menina o abraçou e disse: "Eu adoro você, mas acho que se sentirá melhor se eu lhe tirar o pó e lhe costurar um botão novo."
Isto é o que Cristo deseja fazer com aqueles que estão esquecidos na prateleira, empoeirados, e com alguns botões faltando. Talvez, este não seja o seu caso. Isso é maravilhoso, por um lado, mas triste por outro, pois se não passou por essa experiência, você não pode avaliar o que sentiu aquele Homem com cicatrizes de pregos nas mãos. Ele foi rejeitado por Seus irmãos e pelo povo a quem viera salvar. No entanto, a pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a pedra principal (Mt 21:42).
Quando somos rejeitados, a solução é não desistir. Em vez disso, devemos permitir que Cristo nos use para ministrar àqueles que também se sentem rejeitados. E ao ministrarmos nosso amor a esses feridos, nos sentiremos aceitos e amados.
Herdeiras do reino
Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a Mim, porque dos tais é o reino dos céus. Mateus 19:14
Uma professora de religião estava tentando ensinar os Dez Mandamentos de forma prática aos seus pequenos alunos. Ela pensou que seria muito útil ler algumas ilustrações para levá-los a pensar:
"Num domingo pela manhã os pais de Betinho lhe pediram que lavasse a louça enquanto eles saíam para fazer compras. Quando eles voltaram, porém, encontraram Betinho assistindo televisão e a louça não havia sido lavada." A uma só voz a classe respondeu qual o mandamento que ele havia quebrado: "Honra teu pai e tua mãe!"
"Muito bem", disse a professora. "Ana foi ao supermercado com sua mãe, e quando ninguém estava olhando, ela enfiou no bolso uma barra de chocolate." Imediatamente a classe respondeu: "Não furtarás."
"Ótimo", concordou a professora. "André era um menino mau e violento. Um dia ele ficou bravo com sua irmã menor, agarrou o gatinho de estimação dela e ameaçou arrancar-lhe o rabinho." Este exemplo foi difícil. Que mandamento teria ele quebrado? A classe ficou em silêncio até que um menininho levantou o dedo e disse: "O que Deus ajuntou não o separe o homem!"
Jesus, certa vez, tomou uma criança, colocou-a no meio dos Seus discípulos e disse: "Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus" (Mt 18:3).
Ora, se Jesus disse que os adultos precisam se tornar como crianças, seria importante descobrir que qualidades são essas que as crianças têm, e que os adultos também deverão possuir se quiserem herdar a salvação. Há muitas: a capacidade de surpreender-se, de perdoar e esquecer, mesmo quando os adultos e os pais as tratam de modo injusto, como acontece com frequência; a criança tem memória curta, isto é, não guarda ressentimentos. Ela esquece, e o faz tão completamente, que nem mesmo é necessário pedir perdão.
Outra virtude infantil é a obediência. É claro que, às vezes, a criança é desobediente. Mas, por estranho que possa parecer, seu instinto natural é o de obedecer.
Os pais devem amar e ministrar aos seus cordeirinhos as sagradas letras, que podem torná-los sábios para a salvação. Mas também podem aprender muito com eles. Amanhã veremos mais algumas virtudes infantis.
Virtudes infantis
Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Mateus 18:3
Ontem, vimos algumas virtudes infantis. Mas há várias outras qualidades que se salientam nas crianças, como fé, sinceridade e franqueza. Vejam, a seguir, algumas cartas escritas por crianças ao pastor de sua igreja:
"Querido Pastor! Preciso dar graças antes de cada refeição? Mesmo quando tem rabanetes e almeirão?" – Beth, 9 anos.
"Querido Pastor! Por favor, faça uma oração pela minha professora. Ela está doente e se o senhor fizer uma oração ela ficará melhor e voltará para a classe." – Susana, 9 anos. P.S. "Alguns meninos de minha classe disseram que eu não devia escrever esta carta."
"Querido Pastor! Eu queria que meu pai fosse um pastor, assim ele teria de trabalhar só um dia por semana também." – Fred, 9 anos.
"Querido Pastor! Ore por mim amanhã. Penso que vou esquecer de fazer meu trabalho de casa." – Estevão, 10 anos.
"Querido Pastor! O senhor acha que Deus sabe meu nome? Até minha professora não sabe meu nome e eu estou em sua classe por 2 anos." – Franklin, 10 anos.
Sem dúvida, franqueza, sinceridade e inocência são qualidades maravilhosas, que todos nós deveríamos possuir. Mas há três virtudes que tornam a criança um símbolo dos cidadãos do Reino:
1. Humildade. A criança não deseja salientar-se. Ela prefere passar despercebida. É claro que há crianças exibidas, mas isso é mais raro, e é quase sempre o resultado do tratamento inconveniente por parte dos adultos.
2. Confiança. Até certa idade, a criança pensa que seu pai sabe tudo, e que sempre está certo. Quando se torna adolescente, pensa que ele está sempre errado. Mas a criança, instintivamente, confia nas pessoas que imagina saberem das coisas. E também confia nas pessoas que não conhece, pois ainda não aprendeu a desconfiar do mundo. Essa é uma virtude que existe nas almas puras, herdeiras do Reino.
3. Dependência. O adulto é autossuficiente, enquanto a criança é totalmente dependente de outro indivíduo para sua sobrevivência. Esta é uma característica exclusiva de uma criança pequena, e foi isso que Jesus quis dizer ao afirmar que se não nos tornarmos como crianças, não entraremos no reino dos céus.
No parachoque de um caminhão estava escrito: "Deus sem você é Deus. Você sem Deus é nada." Grande verdade. Reconheçamos nossa constante dependência dEle.
Deus é amor
Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. 1 João 4:7, 8
Todo cristão sabe que Deus é amor. E se há um verso bíblico que todos sabem de cor, este é João 3:16: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira..."
É importante anunciar ao mundo que Deus existe, é o Criador de tudo, é onipotente, onipresente, onisciente, e é uma Trindade, constituída por Pai, Filho e Espírito Santo. Mas o fato de Deus ser amor supera em importância todos os Seus demais atributos, pois aqui está o coração do evangelho.
"Esta realidade distingue o Deus bíblico de todos os outros deuses", diz o Dr. Fritz Guy. "Para nós é natural dizer que Deus é amor. Mas os antigos cananeus não diziam que Baal é amor. Os gregos não diziam que Zeus é amor. E os muçulmanos não dizem que Alá é amor. Somente o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus revelado em Jesus, o Messias, é que é amor."
João diz que Deus é espírito (Jo 4:24), e esta declaração descreve a natureza divina como estando acima das limitações de tempo e espaço, mas nada diz sobre a possibilidade de mantermos um relacionamento saudável e feliz com esse Ser. João também diz que Deus é luz (1Jo 1:5), o que define o Seu estado de pureza e onipresença, mas isto pode trazer medo em vez de conforto. Mas quando ele diz que Deus é amor, o nosso medo é substituído pela confiança, dando-nos a certeza de que podemos lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade, "porque Ele tem cuidado de [nós]" (1Pe 5:7).
A afirmação de que Deus é amor é de infinito valor para entendermos o plano da salvação, pois quando surgiu o pecado, somente um amor infinito poderia conceber um plano envolvendo a morte do Filho de Deus para salvar o homem. Em troca de um tão grande amor, Deus nos pede que O amemos sobre todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos.
Os adventistas são conhecidos como um povo que guarda o sábado, que não come carnes imundas, mantém escolas para os filhos, prestam assistência social, têm hospitais e uma porção de outras instituições e programas. Será que, um dia, poderíamos nos tornar conhecidos como uma comunidade em que o amor fraterno é um estilo de vida?
Casado com uma prostituta?
Quando, pela primeira vez, falou o Senhor por intermédio de Oseias, então, o Senhor lhe disse: Vai, toma uma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor. Oseias 1:2
Conheci um homem que se casou com uma prostituta. Ele a tirou do bordel onde ela recebia os clientes e se casou legalmente com ela.
Tiveram um filho e, durante muitos anos, viveram como um casal normal. Então, parece que ela sentiu saudade da vida anterior e passou a se encontrar furtivamente com um amante. Não sei se o marido descobriu sua infidelidade.
Como igreja, normalmente aconselhamos nossos moços que se casem castos, com moças virgens, embora isto esteja se tornando cada vez mais difícil nos tempos de permissividade em que vivemos.
Agora imagine-se nos tempos do Antigo Testamento, em que o adultério era punido com a morte por apedrejamento e a prostituição era uma figura daqueles que se afastam de Jeová, entregando-se ao culto de outros deuses.
Dentro desse contexto você recebe uma revelação divina ordenando-lhe casar-se com uma prostituta. O mínimo que você faz é balançar a cabeça em atitude de perplexidade. Pois tal foi a ordem divina ao profeta Oseias: ele deveria casar-se com uma prostituta.
Essa ordem parece tão estranha, que alguns comentaristas preferem acreditar que se trate de uma alegoria. Outros pensam que a expressão "mulher de prostituições" apenas descreve a origem dessa mulher, e não necessariamente o seu caráter. O fato, porém, é que ela, depois de estar casada e com três filhos, abandonou a família e foi viver com um amante.
Oseias sofreu a dor do abandono, da rejeição e da traição. Em meio a esse sofrimento, Deus lhe diz: "Vá procurar sua mulher e volte com ela para casa. Ame-a, embora ela goste de trair você com outros homens." A razão dessa ordem é dada no mesmo verso: "Porque o Senhor ainda ama Israel, embora os israelitas estejam adorando outros deuses e oferecendo belos presentes aos ídolos" (Os 3:1, BV).
A experiência do profeta Oseias é uma ilustração do amor divino. Por que é que Deus ama tanto Seu povo, mesmo depois de ter sido abandonado e traído? É porque o amor é o supremo atributo de Deus, e Ele não quer que ninguém pereça, "senão que todos cheguem ao arrependimento" (2Pe 3:9).
Perto do reino
Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. Marcos 12:34
Muitas vezes, os escribas e fariseus foram repreendidos por Jesus. Mas houve um escriba que Lhe atraiu a simpatia. O escriba havia perguntado a Jesus qual é o principal de todos os mandamentos. E Jesus lhe respondeu que é amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo (Mc 12:28-31).
O escriba elogiou a resposta de Jesus e a complementou dizendo que amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios. Quando o escriba disse isso, Jesus afirmou que ele não estava longe do reino de Deus.
Para Jesus, a religião se resumia em amar a Deus e ao próximo. Ou seja: a única maneira em que alguém pode provar que ama a Deus é demonstrando amor ao próximo. O escriba aceitou esse conceito e acrescentou que tal amor é melhor do que oferecer sacrifícios. Ele ecoou o que o profeta Samuel havia dito muito tempo antes: "Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros" (1Sm 15:22).
É provável que Jesus tenha olhado com amor para esse escriba e apelado a ele dizendo: "Você está perto do reino. Por que não dá mais um passo e Me aceita como o Messias, tornando-se um cidadão desse reino?"
Geralmente nos referimos ao reino de Deus como uma instituição a ser estabelecida por ocasião da volta de Jesus. Mas esse é o Reino da glória. Entretanto, Cristo Se referiu mais frequentemente ao Reino da graça, que Ele veio estabelecer aqui, e que não vem "com visível aparência" (Lc 17:20), mas é uma realidade no coração de todos os que nEle creem e se tornam filhos de Deus. Para ser cidadão desse reino é preciso amar.
A escritora Evelyn Underhill estava tendo problemas espirituais, e escreveu ao seu conselheiro espiritual, o Barão Von Huegel. Ele a aconselhou a passar menos tempo em meditação espiritual e a dedicar mais tempo às pessoas, ajudando-as em seus problemas.
Cristóvão Colombo, em uma de suas grandes viagens, viu, um dia, folhas e galhos flutuando no mar. Isto lhe deu a certeza de que ele estava perto do Novo Mundo. Estar perto do Reino de Deus é bom, mas não é suficiente. Podemos ter certeza de que o reino de Deus está em nosso coração quando tratamos os outros com amor.
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