sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Comentário da Lição 13 - Baruque: Legado em um mundo em pedaços - Escola no Ar

4º Trimestre de 2010 - PERSONAGENS DOS BASTIDORES

Comentário da Lição 13 - Baruque: Legado em um mundo em pedaços

 

Sábado, 18/12/2010 - › INTRODUÇÃO –

O contexto da lição desta semana é o reino de Judá, em Jerusalém, onde vivia Jeremias. Como um profeta autêntico do Deus de Israel e de Judá, Jeremias era fiel a todas as missões que lhe eram atribuídas, cujos conteúdos eram de reprovação dura, seguida de descrição das formas como o reino e a sua população seriam castigados. O destino daquele povo, naquele tempo, já estava traçado por Deus. Os babilônios viriam e levariam cativo o povo para a Babilônia. A mensagem era uma clara declaração de derrota do povo hebreu contra os babilônios.

Em razão disso, além de frequentemente perseguido, sendo aclamada a sua condenação à morte pelos sacerdotes e profetas, pelo seu próprio povo, e, até pelos seus familiares (Jeremias 11:21 a 12:6), os príncipes de Judá o impediram de aparecer em público. Neste cenário surge o seu amigo e fiel secretário Baruque, o personagem em torno do qual será dirigido o estudo desta semana. A ele foi atribuída a tarefa de escrever a mensagem de Jeremias e lê-la em público, no dia de jejum, na presença dos governantes de Judá, no templo.

Pense: A mensagem que Jeremias levou ao povo de Deus naquela ocasião poderia, de alguma forma, ser aplicada à nossa conduta pessoal?

Desafio: Se aplicada à nossa conduta pessoal, qual seria a nossa reação natural? E qual seria a reação ideal?

Domingo, 19/12/2010 - › O mundo de Baruque

Baruque era um erudito. Homem de muita cultura em sua época, não podia ser desrespeitado como um "coitado" que não tem noção daquilo que fala ou em que está envolvido. Resolveu aliar-se a Jeremias, o profeta perseguido.

Em uma análise mais superficial, Jeremias poderia ser tido como um traidor, visto que as suas mensagens eram de que o povo deveria manter-se em subjugo aos egípcios e, posteriormente, também ao povo caldeu, liderado por Nabucodonosor. Era natural que essas mensagens trouxessem desconforto para o povo e para o seu rei. Mas era essa a mensagem de Deus para um povo que havia sido corrompido pelo envolvimento com a adoração a ídolos que representavam deuses do paganismo. Em outras palavras, Jeremias era o anunciador das desgraças e de tudo o que o povo não queria ouvir e nem se submeter.

Para piorar a situação, havia inúmeros profetas falsos que pregavam o contrário do que pregava Jeremias e que, obviamente, eram ouvidos e bem recebidos pelo povo e pelo rei. Nas mensagens de Jeremias havia esperança também, pois ele pregava o arrependimento e a confissão dos pecados, e as consequências a que estavam sujeitos aqueles que não aderissem à orientação divina.

Pense: "As palavras de advertência do apóstolo à igreja de Corinto, são aplicáveis a todos os tempos, e especialmente adaptadas a nossos dias. Por idolatria entendia ele não apenas a adoração de ídolos, mas o egocentrismo, o amor das comodidades e a condescendência com o apetite e paixão. Uma mera profissão de fé em Cristo, um presumido conhecimento da verdade, não tornam um homem cristão. Uma religião que busca apenas o deleite dos olhos, dos ouvidos, do paladar, ou que sanciona a condescendência própria, não é a religião de Cristo." Ellen White em A Ciência do Bom Viver, pág. 317.

Desafio: "Leia novamente Jeremias 7:1-11. Como essas palavras podem se aplicar a você, em sua experiência com o Senhor? Que coisas em sua vida precisam ser emendadas? Em que "palavras falsas" você pode também estar confiando? Com que outros "deuses" você pode estar caminhando? Quão aberto e honesto consigo mesmo você está disposto a ser ao confrontar essas perguntas?" LES (CPB), último parágrafo de Domingo.

Segunda-Feira, 20/12/2010 - › Escriba de Jeremias

Como escriba de Jeremias, Baruque tinha uma responsabilidade que não poderia ser atribuída a qualquer pessoa, mesmo que tivesse a formação e capacitação para exercer a função de escriba. O próprio profeta Jeremias foi conduto de uma mensagem de Deus que reprovava a atitude de alguns escribas que desvirtuavam a mensagem que escreviam de forma que não transmitiam o seu verdadeiro conteúdo. Este texto encontra-se em Jeremias 8:8 e diz "Como, pois, dizeis: Somos sábios, e a lei do SENHOR está conosco? Pois, com efeito, a falsa pena dos escribas a converteu em mentira".

O conteúdo da mensagem escrita e lida por Baruque era uma advertência severa aos seus ouvintes. Nem sempre a mensagem de Deus é doce aos ouvidos. Baruque acompanhou Jeremias por um longo período. Houve certo momento nessa parceria em que Baruque foi acusado de influenciar Jeremias a profetizar contra o povo judeu e a favor dos caldeus, de Babilônia (Jeremias 43:3).

A mensagem verdadeira não se curva à vontade e conveniência humanas. Caso isso ocorresse, haveria um verdadeiro caos e a segurança e referencial que é um dos atributos da verdade estaria sob ameaça, já que a natureza humana não é confiável. A verdade é sempre confiável e serve como um verdadeiro sustentáculo dos fiéis que a ela se apegam. Alguns falsos profetas da época de Jeremias procuravam acondicionar a mensagem à expectativa dos dirigentes e do povo e, por isso, eram aceitos. Porém, o seu resultado era sempre devastador. Conduzia o povo cada vez mais para longe de Deus. Assim foi com a mensagem de Hananias e de outros falsos profetas.

Pense: "Todos os que negligenciam a Palavra de Deus a fim de estudarem conveniências e expedientes para que se não achem em desacordo com o mundo, serão deixados a acolher condenável heresia em lugar de verdade religiosa. Toda forma imaginável de erro será aceita pelos que voluntariamente rejeitam a verdade. Quem olha com horror para um engano, receberá facilmente outro. O apóstolo Paulo, falando de uma classe de pessoas que "não receberam o amor da verdade para se salvarem", declara: "Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade". II Tess. 2:10-12. Com tal advertência diante de nós, cumpre-nos estar de sobreaviso a respeito de quais doutrinas recebemos."Ellen White em A Ciência do Bom Viver, pág. 523-524.

Desafio: Para recebermos a verdade na sua forma e propósito originais, é necessário que estejamos abertos à repreensão e à abnegação. Se não estivermos dispostos às mudanças, certamente, em vez de ocorrerem ajustes em nossa conduta, estes ocorrerão na mensagem, para adequá-la à nossa conduta.

Terça-Feira, 21/12/2010 - › Ambições contrariadas

Baruque entregou-se ao trabalho difícil de copiar uma mensagem bastante extensa em papiro. Além de ser um recurso de difícil acesso para aquele tempo, o papiro era o veiculo de uma mensagem sagrada, vinda diretamente de Deus, revelando a Sua vontade e expectativa para um povo especial, a quem Deus tinha confiado a nobre tarefa de ser seu representante.

A princípio, houve, da parte do povo ouvinte, eco à mensagem apresentada. Porém, o rei, chamado para ouvir a mensagem, não se deu à humildade necessária para reconhecer a sua participação nos erros da nação e pôs por terra toda a esperança que havia sido despertada pelo acolhimento dos ouvintes à mensagem. Isso demonstra a responsabilidade que repousa sobre a liderança. O texto deixa uma grande abertura para o pensamento de que, caso o rei tivesse se humilhado à mensagem, haveria resposta do povo e os fatos teriam tomado outro rumo. Deus estava disposto a perdoar a conduta do povo e a alterar a sequência dos fatos (Jeremias 36:3). Mas não foi o que aconteceu, infelizmente. Todo o trabalho de Baruque foi perdido (Jeremias 36:23).

Embora haja alguma evidência das aspirações de Baruque, dada a sua cultura e juventude, ao decidir colocar-se ao lado de Jeremias e servir-lhe como escrivão, certamente ele sabia das consequências dessa decisão. Prova disso é que ele não foi aconselhado a esconder-se, juntamente com Jeremias, enquanto a mensagem estava sendo lida para o rei (Jeremias 36:19). Antes de o rei ouvir a mensagem, esta já havia sido lida duas vezes por Baruque. A primeira leitura foi para o povo (verso 10), a segunda foi a pedido dos príncipes (versos 15-16). Depois disso, providenciaram que Baruque se escondesse, e o rei pediu a Jeúde para fazer a leitura (verso 21).

Baruque continuou fiel escriba de Jeremias e, após dele receber outro rolo, reescreveu tudo o que havia naquele e "ainda se lhes acrescentaram muitas palavras semelhantes" (verso 32). A situação era bastante adversa para Baruque, mas isso não foi suficiente para fazê-lo mudar de lado. Muito embora ele tenha lamentado que as oportunidades que ele aspirara para o seu futuro profissional tenham se desfeito diante dele, ele não poderia jamais mudar de lado, pois assim fazendo estaria associando-se aos derrotados e condenados à destruição (Jeremias 36:30-31).

Pense: "Sede como Daniel, aquele fiel estadista, homem que nenhuma tentação podia corromper. Não desaponteis Aquele que tanto vos ama, que deu Sua vida para cancelar vossos pecados. Ele diz: "Sem Mim nada podeis fazer." João 15:5. Lembrai-vos disso. Se tiverdes cometido erros, certamente alcançareis a vitória, ao reconhecerdes estes erros e os considerardes farol de advertência. Assim transformareis a derrota em vitória, desapontando o inimigo e honrando vosso Redentor." Mensagem aos Jovens, pág. 100.

Desafio: "Quando houver obediência à voz de nosso Líder, Cristo conduzirá Suas batalhas de tal modo que surpreenderá os maiores poderes da Terra."Conselhos sobre Educação, pág. 126.

Quarta-Feira, 22/12/2010 - › Ai de mim!

Essa expressão de Baruque não é de toda estranha. Ela é mencionada em diversas situações na Bíblia. Mesmo no livro de Jeremias, há quatro delas – Jeremias 4:31; 10:19; 15:10 e 45:3. Esta é uma expressão que, frequentemente, representa o reconhecimento de um estado de necessidade. No caso de Baruque, ele via desmoronado o "castelo" onde construíra o seu projeto de vida. Como membro de uma família importante, ele tinha se dedicado à sua formação, e agora se via excluído da concorrência para alcançar os seus objetivos.

Esse seu pensamento não era de todo reprovável, porém, ele estava caindo em uma armadilha frequentemente utilizada pelo inimigo: a auto-piedade. Esta postura tem a capacidade de alterar o alcance da visão e distorcer a percepção das bênçãos desfrutadas. Este é um comportamento derivado do egocentrismo, e, portanto, um perigo que pode subverter a compreensão de que fazemos parte de um contexto maior e de que nele existem outros cenários e atores.

Embora a decisão de colocar-se ao lado das coisas de Deus e dedicar a sua vida a Ele não signifique, necessariamente, sucesso garantido aqui neste mundo, Deus não abandona os Seus filhos à deriva e à vontade inimiga. A mensagem que Deus enviou, através de Jeremias, diretamente para Baruque, teve o objetivo de chamar a sua atenção para um contexto maior do que aquele que ele buscava. Deus lhe fez lembrar que muitas coisas estavam ocorrendo além daquilo que estava lhe preocupando. Deus estava garantindo a sua sobrevivência, e isto já seria um grande motivo para agradecimento. Deus disse a Baruque que os planos que Ele traçara para o Seu povo também tinham sido jogados por terra, e que Ele estava readequando tudo novamente. Quantas pessoas e quanta coisa estavam envolvidas nisso, e Baruque preocupando-se apenas com a sua posição em um momento como esse!

Pense: Da mesma forma que a auto-suficiência leva à presunção, à soberba, ao excesso de confiança e destrói as virtudes do Espírito, a auto-piedade está na outra extremidade e é igualmente prejudicial, pois coloca o ego como o centro da preocupação, obscurecendo a percepção da necessidade dos outros.

Desafio: "Não pode haver limite à utilidade de uma pessoa que, pondo de parte o eu, oferece margem à operação do Espírito Santo em seu coração, e vive uma vida inteiramente consagrada a Deus. Todos quantos consagram corpo, alma e espírito a Seu serviço estarão constantemente recebendo nova provisão de poder físico, mental e espiritual. Os inesgotáveis abastecimentos celestes se acham a sua disposição. Cristo lhes dá o alento de Seu próprio espírito, a vida de Sua vida. O Espírito Santo desenvolve suas mais altas energias para operar na mente e no coração. Mediante a graça a nós dada podemos conseguir vitórias que, devido a nossas opiniões errôneas e preconcebidas, nossos defeitos de caráter, nossa pouca fé, têm-se-nos afigurado impossíveis."A Ciência do Bom Viver, pág. 159.

Quinta-Feira, 23/12/2010 - › O que há para mim?

O que é mais importante do que a vida? A visão que Baruque tinha do seu futuro era bastante pessimista. "Em tudo dai graças", escreveu o apóstolo Paulo para os Tessalonicenses (1 Tessalonicenses 5:18). Como dar graças em situações de derrota? Isso não seria conformismo?

A mensagem que Deus enviou a Baruque teve a finalidade de despertar nele o valor que existe naquilo que é essencial, a vida. Não importa a condição em que nos encontramos, haverá sempre alguém em condições de maior necessidade e desvantagem. O que fazia com que Paulo e Silas cantassem na prisão (Atos 16:25)? O que os motivava a cantar naquelas condições? Era a paz que eles tinham no coração. Podemos ter confiança incondicional em Deus, e predominará sempre a alegria no coração, pois, se "O SENHOR está comigo; não temerei. Que me poderá fazer o homem?" (Salmo 118:6). Assim que foi escrito aos hebreus, "Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei." (Hebreus 13:5).

Pense: "Se Deus, o divino Artista, dá às singelas flores que num dia perecem, suas suaves e variegadas cores, quão maior não será o cuidado por Ele dedicado aos que foram criados à Sua própria imagem? Esta lição de Cristo é uma repreensão à ansiedade, às perplexidades e à dúvida do coração falto de fé.
"O Senhor deseja ver felizes todos os Seus filhos, em paz e obediência. Diz Jesus: 'Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.' João 14:27. 'Tenho-vos dito isso para que a Minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa.' João 15:11
." Caminho a Cristo, pág. 124.

Desafio: " A felicidade que se busca por motivos egoístas, fora do caminho do dever, é volúvel, caprichosa e transitória; dissipa-se, deixando na alma uma sensação de isolamento e pesar; no serviço de Deus, porém, há satisfação e alegria. O cristão não tem de andar por veredas incertas; não é abandonado a vãos desgostos e decepções. Ainda que não nos sejam dados os prazeres desta vida, podemos, não obstante, sentir-nos felizes por esperar a vida por vir."Caminho a Cristo, pág. 124-125.

Sexta-Feira, 24/12/2010 - › Estudo Adicional

Entre os assuntos colocados para reflexão nesta semana está a capacidade de resposta adequada para a advertência enviada por Deus com o fim de restaurar a conduta. Este também foi um ponto fundamental no estudo da lição ao longo de todo o trimestre. Com isso, pudemos ver exemplos e contra-exemplos. Considerando que é próprio da natureza humana ressentir e não aceitar a reprovação, há um maior número de contra-exemplos, como foi o caso de Saul, Acabe, um grande número dos reis de Israel e de Judá. Como bom exemplo tem o rei Davi, um ícone bíblico que, como herói, teve também os seus desvios de conduta, mas demonstrou-se totalmente maleável nas mãos de Deus e preferiu receber de Deus a punição, reconhecendo o amor de Deus na repreensão que sofrera, e aceitou as consequências como resultado do seu próprio erro. Ele colocou-se nas mãos de Deus e foi lapidado como uma pedra preciosa, ou como um simples vaso nas mãos do Oleiro.

Na bíblia também há outros exemplos de advertências enviadas por Deus que redundaram em conversão. Veja o exemplo de Nínive, que foi uma surpresa até para o profeta Jonas. Nesse caso, Jonas não recebeu a pressão que eventualmente poderia esperar. Foi prontamente atendido e ficou murmurando em favor da sua própria reputação e deu trabalho para Deus,

Como pessoa, que no seu conjunto forma a Igreja de Deus, o que consiste em obstáculo para que eu aceite a vontade de Deus para minha vida? Qual o peso do orgulho, do egocentrismo e da reputação pessoal em minhas reações às advertências divinas? Que impacto isso causa na minha comunidade em relação à visão que ela tem da Igreja e do povo de Deus?

Desafio: "Repetidas vezes tem-me sido mostrado que o povo de Deus, nestes últimos dias, não podia estar seguro confiando em homens e fazendo da carne o seu braço. A poderosa talhadeira da verdade tem-nos arrancado do mundo como pedras rústicas que devem ser desbastadas, esquadrejadas e polidas para o edifício celestial. Devem ser lavradas pelos profetas com reprovações, advertências, admoestações e conselhos, para que possam ser ajustadas segundo o Modelo divino. Esta é a obra específica do Confortador - transformar o coração e o caráter para que os homem possam andar no caminho do Senhor." Home Missionary, 1º de novembro de 1893.

Conheça o autor

Wanderley Gazeta
É professor no UNASP desde 1982. Casado com Sônia M. M. Gazeta, tem dois filhos, Jean Marcel e Marcus Fernando.

www.escolanoar.org.br

FONTE: http://www.escolanoar.org.br/Novo/impressao.asp?nivel=adultos_pt&data=24/12/2010