Lição 13 | 18 a 25 de dezembro |
Baruque: Legado em
um mundo em pedaços
Sábado à tarde | Ano Bíblico: 1 Pedro |
VERSO PARA MEMORIZAR: "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva" (Isaías 8:20).
Leituras da semana: Is 53:1-5; Jr 7:1-11; 28; 45; Mt 6:25-34
Como Baruque sabia, o mundo estava chegando ao fim. Jerusalém e Judá estavam em seus últimos momentos. A Assíria, que dominara o antigo Oriente Próximo por mais de duzentos anos, estava dividida interiormente, envolvida em guerra civil e perdendo seu domínio sobre os estados vassalos. Enquanto isso, uma nova superpotência estava no horizonte: Babilônia. Por um pouco de tempo, Judá teve algum repouso e, sob o bom rei Josias (640-609 a.C.), a nação conseguiu expandir seu território e renovar seu compromisso de adoração ao Deus verdadeiro. Porém, com a mudança da maré no fim do sétimo século a.C., o tempo estava se esgotando para Jerusalém. O rei Josias morreu em batalha contra os egípcios (2Rs 23:29). Seus filhos, que reinaram depois dele, não tiveram o mesmo status que o pai e se rebelaram repetidamente contra Babilônia, um erro fatal. Finalmente, em 586 a.C., Jerusalém foi tomada, o templo, destruído, e muitos judeus foram levados cativos.
Baruque viveu nesse tempo de dramática mudança e perda. Embora seu mundo estivesse desmoronando, ele deixou um legado que nenhum rei nem a guerra poderiam destruir.
Que podemos aprender de Baruque, nosso último personagem dos bastidores da Bíblia?
Domingo | Ano Bíblico: 2 Pedro |
O mundo de Baruque
O mundo de Baruque era construído ao redor de certas realidades políticas, econômicas e religiosas que dominavam sua nação naquele tempo. Falando politicamente, o país de Judá estava se desgastando sob o jugo da dominação babilônica. Fortes subcorrentes nacionalistas afetavam todas as áreas da sociedade. O povo queria ser livre de Babilônia. Economicamente, as coisas estavam indo bastante bem, pelo menos para um setor da população que enriquecia mediante a exploração dos pobres. E, claro, havia o sistema religioso do antigo Judá, que devia formar o fundamento de toda a sociedade.
1. Que problemas cruciais no campo moral e espiritual o povo estava enfrentando? Jr 7:1-11. Que paralelos podemos encontrar em nosso tempo?
O nome Baruque significa "aquele que é abençoado", e Baruque parecia ser mesmo abençoado. Ele era escriba, o que significava que ele era altamente educado. Ele parece ter vindo de uma família de escribas, e tinha as conexões familiares corretas.
Exatamente como Baruque foi atraído para o serviço do sacerdote e profeta Jeremias, não sabemos. Talvez fosse a solidez da relação de Jeremias com Deus que haja atraído Baruque a ele. Realmente, o ideal social, político e econômico que Jeremias pregava está firmemente arraigado na revelação de Deus. Jeremias não tinha medo de se erguer em defesa da Palavra de Deus, mesmo quando fazer isso era considerado politicamente incorreto. Em suas visões, Jeremias alcançou uma compreensão sem igual sobre a falibilidade das estruturas em que sua sociedade confiava, e foi chamado pelo Senhor para advertir o povo mostrando-lhe aonde suas ações os levariam se não mudasse seus caminhos. Talvez fosse o desejo de fazer parte disso que tenha levado Baruque a seu papel especial.
Leia novamente Jeremias 7:1-11. Como essas palavras podem se aplicar a você, em sua experiência com o Senhor? Que coisas em sua vida precisam ser emendadas? Em que "palavras falsas" você pode também estar confiando? Com que outros "deuses" você pode estar caminhando? Quão aberto e honesto consigo mesmo você está disposto a ser ao confrontar essas perguntas?
Segunda | Ano Bíblico: 1 João |
Escriba de Jeremias
O livro de Jeremias nos fornece alguns vislumbres únicos sobre o processo de escrita da Bíblia. Baruque, escriba de Jeremias, participou diretamente da transmissão e preservação da Palavra de Deus. Em Jeremias 36:4, Jeremias chamou Baruque e – conforme ditava uma mensagem ao povo – Baruque copiava tudo em um rolo de pergaminho. Essa é uma excelente ilustração de como funciona a inspiração. Primeiro, Deus não assumia fisicamente o controle do profeta Jeremias nem movia sua mão à medida que ele escrevia. Ao contrário, Deus dava a Jeremias visões e mensagens. Normalmente, o profeta, então, formulava a mensagem e a escrevia. Neste caso particular, não era o próprio Jeremias que fazia a escrita, mas ditava a Baruque, que então a anotava. Baruque também comunicava a mensagem em público. Visto que Jeremias estava em desgraça diante da corte e lhe fora negado acesso ao templo, Baruque leu a mensagem profética no templo em um dia sagrado. Baruque nunca afirmou estar falando por si mesmo e nem mesmo em nome de Jeremias; a mensagem vinha de Deus.
2. Leia a história de Hananias em Jeremias 28. Como essa narrativa apresenta o princípio revelado em Isaías 8:20?
A mensagem de Deus não lisonjeia nem se curva à opinião pública. Não é sempre, nem mesmo com frequência, "politicamente correta". Nem as mensagem de Deus se contradizem; as interpretações humanas da mensagem podem ser contraditórias, mas nunca a mensagem em si.
Em Jeremias 28:7-9, o profeta se refere à unidade das Escrituras construída sobre o firme fundamento das profecias cumpridas. Nesse capítulo, a morte intempestiva do falso profeta reforça vividamente esse princípio importante.
A lição é que Deus nos deu não só Sua Palavra mas também motivos muito bons para confiarmos nessa Palavra, mesmo quando chegamos a partes que não entendemos ou que ofendem nossas sensibilidades. A Bíblia não nos salva, é Jesus que salva; mas Ele Se revelou a nós mais completamente nas Escrituras que em qualquer outro lugar.
Existem muitas forças em ação para enfraquecer nossa confiança na Palavra de Deus. Identifique algumas dessas forças e pergunte como você pode se proteger delas. Afinal, se deixarmos de confiar nas mensagens da Bíblia, o que resta para confiarmos?
Terça | Ano Bíblico: 2Jo,3Jo, Jd |
Ambições contrariadas (Jeremias 36)
A seriedade da situação finalmente parece ter sido percebida pelo povo de Judá. Em Jeremias 36:9, o povo se reuniu no templo para um dia de jejum diante do Senhor. Por sua ligação profissional com outros escribas, Baruque conseguiu um bom lugar público, na janela de Gemarias na entrada do templo. Ali, Baruque fez a leitura do rolo que havia escrito pelo ditado de Jeremias. Depois que Baruque leu a mensagem, as autoridades lhe pediram que fizesse uma leitura reservada. Depois de investigar de onde vinha a mensagem, os oficiais decidiram levá-la à atenção do rei. Por um breve momento, parecia que poderia haver mudanças em Judá. Para Baruque, esse foi um momento de esperança. Caso as coisas mudassem, seu apoio a Jeremias teria sido compensador. Na possível reforma, ele seria um homem de importância, talvez elevado a uma alta posição no governo.
3. Que significou a resposta do rei para as esperanças de Baruque, pelo menos em nível profissional? Veja Jeremias 36.
Os rolos eram feitos de papiro e eram caros. Precisavam ser copiados à mão. Isso fazia de cada rolo um recurso escasso e precioso. Esse rolo em particular era a mensagem de Deus ao rei Jeoaquim. O rei e seus servos praticaram um insulto deliberado a Deus ao picar o rolo e queimá-lo. O rolo em chamas significava a perda de muitas horas de trabalho pesado para Baruque.
Baruque tivera esperança de chegar a ocupar uma posição honrada na corte, mas, a partir daí, percebeu que havia apoiado o jogador "errado" e sabotado seu futuro como escriba na corte real de Jerusalém. Ele também havia provocado a ira do homem mais poderoso do reino. Este é um caso claro em que o apoio de alguém ao Senhor custou alguma coisa.
Como Jeremias, Baruque era agora um homem marcado. Os oficiais do rei estavam vasculhando a cidade, em busca desses derrotistas. Seguir a Deus não é algo para covardes nem para os que pretendem querer usar Deus a fim de conquistar para si mesmos uma carreira agradável. Ser mensageiro de Deus não representa uma vida dirigida por ambição pessoal, mas inclui permitir que a vontade de Deus se cumpra em nossa vida, qualquer que seja o custo. Às vezes, esse custo pode ser muito grande.
Quanto custou para você a decisão de seguir o Senhor? Quando pela última vez você teve que perder ou sacrificar algo importante por apoiar um princípio bíblico ou um mandamento de Deus? Pense nas implicações de sua resposta, qualquer que seja.
Quarta | Ano Bíblico: Ap 1–3 |
Ai de mim!
O Senhor enviou uma mensagem especial só para Baruque (Jeremias 45). E não causa admiração, considerando as circunstâncias. Primeiramente, a referência histórica ao quarto ano de Jeoaquim em Jeremias 45:1 põe o capítulo 45 depois do capítulo 36. Mais provavelmente, Jeremias estivesse na prisão, e a perspectiva de um reavivamento em meio aos líderes de Judá não mais parecia possível. Em segundo lugar, o futuro de Baruque, pelo menos da perspectiva terrena, no mínimo, parecia desolador. Assim, como afirma Jeremias 45:3, Baruque estava passando pelo que poderia ser chamado "um dia ruim".
Evidentemente, sentir-se abatido, triste ou deprimido é parte natural de nossa existência humana neste mundo pecaminoso. Existem muitas razões para sentir-se assim, e nunca se deve pensar que é errado ou pecaminoso ter esses sentimentos. Dependendo das circunstâncias, quase pareceria desumano não as ter.
Certamente, muitos personagens bíblicos tiveram seus momentos de desespero (veja 1Rs 19:4; Jó 6:2, 3; Sl 55:4). Enganamos a nós mesmos se pensarmos que, de alguma forma, vamos escapar deles.
4. Que disposição e sentimentos são descritos a respeito do ministério deJesus? O que significa isso para nós? Is 53:1-5
Nos tempos de angústia e tristeza emocional, o mais importante é nos lembrar de que isso não significa que Deus nos abandonou. Significa só isto: como acontece com toda a humanidade caída, vamos sofrer nesta vida. Se o sofrimento é por nossa culpa ou não, em certo sentido, não importa. O que importa é que, em meio ao sofrimento, não deixemos que o mal use nosso pesar para nos afastar do Senhor ou nos tornar amargurados e ressentidos contra Ele. O que importa é que reivindiquemos as promessas divinas de perdão, cura, um futuro melhor e uma vida nova em um novo céu e uma nova Terra.
Todos ansiamos que as coisas vão bem; todos desejamos uma existência melhor, aqui e agora. Mas, frequentemente, considerando a natureza de nosso mundo, isso não acontece ou, pelo menos, não acontece como imaginamos que seria. Consequentemente, em meio a tudo pelo que estivermos passando, é importante que sejamos aprovados, não nos esqueçamos da grande esperança que nos aguarda quando houver terminado para sempre a experiência horrível de pecado, sofrimento e morte.
Quais são algumas de suas promessas bíblicas favoritas sobre o novo céu e a nova Terra? Leia-as, ore por elas e peça ao Senhor que lhe dê fé para que se apegue a elas até o tempo em que você, você mesmo, estiver vivendo por elas.
Quinta | Ano Bíblico: Ap 4–6 |
O que há para mim?
5. Leia Jeremias 45. O que essa passagem nos diz sobre Deus? O que nos diz sobre Baruque?
Baruque estava triste, em angústia, inquieto e esgotado. Ele via todo o trabalho de sua vida sendo desarraigado, todos os seus sonhos desaparecendo como a névoa.
O coração de Deus também estava aflito. Ele havia ternamente plantado e vigiado Israel. Como um pai torturado por um filho teimoso e rebelde, por mais de mil anos, o Senhor havia advertido e apelado a Seu povo. A dor e tristeza de Baruque não são mais que um débil reflexo da tristeza de Deus. Talvez seja por isso que o coração de Deus sempre é tocado por nossas tristezas. Nunca vamos chorar sozinhos. O Deus que conhece o "número de cabelos" em nossa cabeça tirou tempo para cuidar de um escriba desesperado e lhe deu esperança e encorajamento. No juízo que logo deveria cair sobre Israel, Baruque seria salvo. Deus preservaria sua vida. A expressão doverso 5 ("Eu te darei a tua vida como despojo") também está refletida em outras partes do livro de Jeremias (Jr 21:9; 38:2; 39:18). Ela faz lembrar a figura de um soldado que escapa com vida depois de uma derrota em batalha.
Paradoxalmente, a salvação só vem através da "derrota". Foi na humilhação e aparente derrota na cruz que Jesus obteve a vitória. Somente quando estamos dispostos a deixar de lutar e submeter a Deus a vida, os planos e o futuro, então podemos encontrar segurança. É quando estamos totalmente dispostos a render tudo ao Senhor que ficamos seguros nEle.
6. Que relação você nota entre Jeremias 45:1-5 e Mateus 6:25-34?
Em Jeremias 45, Deus lembra a Baruque o que é realmente importante. Em Mateus 6, Jesus nos lembra de que a vida é mais importante que nossas posses terrenas. Frente a todos os seus sonhos de grandeza, na hora do desastre, tudo que realmente importava era a vida de Baruque. Ironicamente, embora, por sua lealdade a Jeremias, Baruque perdesse um grande futuro na cena política de Jerusalém, essa conexão realmente salvou sua vida e lhe deu um legado muito maior do que qualquer coisa com que ele pudesse sonhar.
Foi esse legado que procuramos encontrar nas figuras dos bastidores do Antigo Testamento que estudamos nas últimas 13 semanas. A maioria das pessoas que chegamos a conhecer um pouco melhor não foram os agentes do poder mais importantes de seu tempo específico, mas seus nomes ou títulos foram registrados nas Escrituras para que aprendêssemos delas, tanto de seus sucessos como de seus fracassos.
Sexta | Ano Bíblico: Ap 7–9 |
Estudo adicional
Tomando outro rolo, Jeremias o deu a Baruque, 'o qual escreveu nele, da boca de Jeremias, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, tinha queimado no fogo; e ainda se acrescentaram a elas muitas palavras semelhantes' (Jr 36:28, 32). A ira do homem tinha tentado impedir a ação do profeta de Deus; mas o próprio meio pelo qual Jeoaquim tinha procurado limitar a influência do servo de Jeová proveu posterior oportunidade para tornar claros os divinos reclamos."
"O espírito de oposição à reprovação, que levou à perseguição e ao aprisionamento de Jeremias, existe hoje. Muitos se recusam a atender a repetidas advertências, preferindo dar ouvidos a falsos mestres que lisonjeiam sua vaidade e revelam suas más obras. No dia da tribulação, tais pessoas não terão refúgio certo, nem auxílio do Céu. Os servos escolhidos de Deus devem enfrentar com coragem e paciência as provas e sofrimentos que sobre eles recaem na forma de acusações, desprezo, deturpações. Devem continuar a desempenhar fielmente a obra que Deus lhes deu a fazer, sempre lembrando que os profetas do passado e o Salvador da humanidade e Seus apóstolos também suportaram abusos e perseguições por amor da Palavra" (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 437).
Perguntas para consideração
1. Qual é nossa compreensão de como age a inspiração? Como a vida e ministério de Ellen G. White nos ajudam a entender esse assunto importante?
2. Que personagens bíblicos tiveram suas ambições pessoais contrariadas porque permaneceram fiéis ao Senhor?
3. Comente em classe as coisas que os membros tiveram que abandonar a fim de ficar ao lado do Senhor. O que vocês podem aprender dessas histórias? Pergunte se alguém havia pensado quanto custaria servir ao Senhor e se compensou pelo que a pessoa recebeu em retribuição.
4. Como você responde quando é reprovado por ações erradas? Você tende a se arrepender e pedir perdão ou, figurativamente falando, jogar a reprovação no fogo e procurar encarcerar o mensageiro? O que sua resposta lhe diz sobre si mesmo e sobre o que você precisa mudar?
Respostas sugestivas:
Pergunta 1: Havia excessiva confiança no templo, como se isso os protegesse dos inimigos, apesar de sua incredulidade e idolatria.
Pergunta 2: O profeta tem a obrigação de só falar em nome do Senhor quando Deus o envia.
Pergunta 3: Ele jamais cairia nas graças do rei para servir na corte real.
Pergunta 4: Em Seus últimos dias, Jesus foi afligido por intensa tristeza e agonia.
Pergunta 5: Diante do que ainda estava por vir, Deus lhe permitiria sobreviver.
Pergunta 6: Confiar em Deus para nos dar o sustento e vestuário.
FONTE: http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2010/li1342010.html