quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O coração de uma viúva - Código Aberto

O coração de uma viúva

Deus ordenou a Elias que saísse de Israel e fosse para a terra estrangeira de Sarepta. A cidade se localizava na Fenícia, de onde viera a terrível rainha Jezabel. Uma das importantes divindades fenícias era Baal. Bem no próprio centro da adoração de Baal, Deus fez conhecidos Sua presença e Seu poder. Usou a necessidade do profeta para alcançar uma mulher na distante Sarepta.

Crer em meio à descrença (2Rs 17:32). Ela era de Sarepta, uma cidade mencionada pelo profeta Obadias como uma cidade cananeia (Ob 1:20). A maioria do povo de Sarepta adorava vários deuses e deusas em templos ou "lugares altos" (2Rs 17:32, ARA), onde os ritos religiosos incluíam atos de vulgar imoralidade "centralizados em torno de uma adoração da fertilidade do homem".1 Quão surpreendente, pois, que, de alguma forma, ela tivesse ouvido do Deus de Israel e houvesse se tornado uma crente nEle.

A "lei mosaica oferecia proteção a viúvas que eram frequentemente exploradas (Sl 94:6; Is 1:23; Ez 22:7; Ml 3:5)".2 Mas em Sarepta, esta viúva muito provavelmente era olhada com uma superstição que deve ter afligido sua vida com dificuldades, solidão, pobreza, labuta e dor. Ela havia sofrido a perda do marido e criava o filho sozinha. Apesar disso, era conhecida por estar disposta a partilhar o que tinha. E, ao fazê-lo, ela própria era abençoada.

"Nenhuma prova de fé maior" (Is 58:10, 11). A viúva tinha o hábito de ministrar altruisticamente às necessidades dos outros, mesmo quando isso significava um sacrifício pessoal para ela e o filho. Contudo, no dia em que ela encontrou Elias, havia chegado ao fim de suas provisões. Depois de ela e o filho terem comido aquilo, não lhes restaria nada a fazer, senão morrer.

Imagine o que lhe deve ter passado pela mente, quando, fora do portão da cidade, ajuntando gravetos com os quais faria um fogo para poder preparar sua última refeição, Elias se aproximou e lhe pediu um copo de água, bem como algo para comer. Quando ela lhe contou sua situação, ele pediu que fizesse a refeição dele primeiro, e depois fizesse algo para ela e seu filho. Ele então lhe prometeu que se ela seguisse suas instruções, teria farinha e óleo até o dia que o Senhor enviasse chuva sobre a terra. "Nenhuma prova de fé maior que essa poderia ter sido requerida" (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 130). Um pouco mais de cem anos depois, o profeta Isaías escreveu: "Se com renúncia própria você beneficiar os famintos e satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz despontará nas trevas, e a sua noite será como o meio-dia. O Senhor o guiará constantemente; satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos. Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam" (Is 58:10, 11).

Cristo e a viúva de Sarepta (Mt 10:40-42; Lc 4:16-30). Cristo disse: "Quem recebe vocês, recebe a Mim; e quem Me recebe, recebe aquele que Me enviou. Quem recebe um profeta, porque ele é profeta, receberá a recompensa de profeta, e quem recebe um justo, porque ele é justo, receberá a recompensa de justo. E se alguém der mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, porque ele é meu discípulo, eu lhes asseguro que não perderá a sua recompensa" (Mt 10:40-42).

A viúva de Sarepta faz parte dessa promessa. Jesus até fez uma referência a ela quando pregou numa sinagoga em Sua terra natal. Leia sobre este evento em Lucas 4:16-30.

Jesus desejava que a congregação reconhecesse sua grande necessidade de cura e sua necessidade de ser libertos do cativeiro do pecado. Mas, quando eles se deram conta de que esse era "apenas" o filho de José que estava lhes falando, seu coração, cheio de orgulho e justiça própria, resistiu à operação do Espírito Santo. Porque tinham receio de que Ele descobrisse seus pecados secretos, diziam para si mesmos que eram o povo escolhido de Deus. Jesus, contudo, desejava desesperadamente que eles compreendessem que o que é aceitável a Deus não era a quantidade de luz que eles haviam recebido, mas como respondiam a essa luz.

Como as pessoas na sinagoga naquele dia, podemos ter todas as oportunidades e privilégios concedidos a nós como cristãos adventistas do sétimo dia, mas se não vivermos de acordo com a luz que temos, na verdade estamos numa condição espiritual mais precária do que aqueles que não partilham de nossas crenças, mas que, no entanto, estão vivendo à altura da luz que têm. Isso ocorre porque o coração deles está em condição de receber maior luz quando lhes for apresentada. E esse era o coração da viúva de Sarepta.

1. "Widow", The SDA Bible Dictionary, p. 1171.
2. "Canaan", Ibid., p. 178.

FONTE: http://novotempo.com/codigoaberto/2010/12/07/o-coracao-de-uma-viuva/