Estudo nº 08 – O apóstolo Pedro - I - Comentário Sikberto Marks - 1a Parte

Estudos da Bíblia: Terceiro trimestre de 2008

Tema geral:  Mensageiros da esperança

Estudo nº 08 –  O apóstolo Pedro - I

Semana de    16 a 23/08/2008

Comentário auxiliar elaborado pelo prof. Sikberto Renaldo Marks

marks@unijui.edu.br - Fone/fax: (0xx55) 3332.4868

Ijuí – Rio Grande do Sul, Brasil

 

Comentário complementar ao estudo da lição da Escola Sabatina

Você pode encontrar esse comentário com 4 semanas de antecedência em: www.cristovoltara.com.br

Verso para memorizar: "Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna" (João 6:68).

1. Introdução – santo sábado, dia do Senhor, da vida e da felicidade

Qual o perfil de Pedro no início de sua transformação. Um homem de forte impulso, mas de pouca reflexão. Agia antes de pensar, e geralmente se enganava ou errava feio. Estava sempre pronto a tudo, mas nem sempre, ou quase nunca, pensava nas conseqüências. Se achava melhor que os outros, superior, mas parecia ser o menor e menos capaz. Era temperamental, fortemente dominado pelas emoções, gostava de agradar e se achava muito corajoso, mas na verdade, era mesmo um covarde, medroso e que facilmente mudava de idéia. Não possuía firmeza de propósito, num momento dizia uma coisa, noutro momento, fazia exatamente o contrário.

Uma boa pergunta se pode fazer agora. Um homem assim serviria para ser o fundamento da igreja de CRISTO? Poderia ter sido alguém com esse perfil, a quem JESUS chamou "tu és um fragmento de pedra" diante da Rocha que Ele. Seria mesmo sobre alguém assim que JESUS confiaria o comando da igreja, o primeiro bispo, primaz de todos os demais bispos? Até poderia, se fosse uma igreja falsa, mas não a Igreja de CRISTO, do qual, Ele mesmo, a Rocha, é o fundamento, guia e Salvador, o seu Rei, o Cordeiro que dirige, o Leão que defende.

Aproveitamos a ocasião para a questão de ter sido ou não ter sido Pedro o primeiro papa. É curioso que nem a Bíblia nem a história façam menção de que Pedro tivesse estado algum dia em Roma. E os ossos de Pedro, que supostamente estariam depositados na Basílica de São Pedro, nem se sabe se são mesmo dele. Após a Segunda Guerra Mundial, o papa Pio 12 mandou fazer umas escavações na Basílica. Encontraram um recipiente com restos de ossos. Era um relicário. Em 1965, o papa Paulo 6º declarou serem os ossos de Pedro. É uma declaração, mais nada. E sem prova alguma. Na verdade, não há como se saber de quem são aqueles ossos. São ossos apenas. E podem até ser de algum criminoso, que eram enterrados em valas comuns, dentro de recipientes, como esses ali foram encontrados. Ninguém sabe onde Pedro foi enterrado. Bom livro para se ler a esse respeito é o escrito por Hans Küng, "A Igreja Católica" da Editora Objetiva.  Esse homem é um Dr. em Teologia, católico, participou do Concílio Vaticano II, e conta a história da ICAR como se fosse o antigo Lutero. Quem adquirir esse livro não se arrependerá.

Pedro foi um pescador de peixes que se tornou um pescador de homens. Foi alguém capaz de cometer muitos erros. Mesmo assim, JESUS o transformou num dos doze apóstolos. Ele é mais um exemplo a nós todos, de como o poder de DEUS pode transformar o caráter.

2. Primeiro dia: O pescador

A algumas pessoas JESUS pediu para deixarem tudo. Ele queria essas pessoas para uma atividade que lhes requeria tempo integral, viajar para longe e fazer isso até quase o final de sua vida. E a maioria deles seria morta de forma violenta.

Pedro deixou tudo, redes, barco, negócio, e dedicou-se ao que O Mestre lhe ordenara fazer. Agora aí vai uma pergunta: devemos também nós deixar tudo? Assim como naquele tempo todos deixaram alguma coisa, conforme lhes fora pedido, e outros deixaram tudo, conforme lhes fora pedido, em nossos dias é o mesmo. Nem todos foram chamados para serem missionários nos dias de JESUS. Mas todos, de alguma forma, participaram da ação missionária. Hoje estamos outra vez chegando aos dias em que devemos deixar algumas coisas. De minha parte deixei metade do tempo de trabalho na Universidade, para poder melhor me dedicar à pregação. Deixei de realizar cursos de aperfeiçoamento, para não me comprometer demais com a instituição. Outros fazem coisas parecidas. O que mais DEUS nos pede hoje é o nosso tempo. Ele quer que Lhe demos cada vez mais tempo. Em segundo lugar, Ele nos pede que mantenhamos a obra com nossos recursos. Mas para a maioria não pede que deixem tudo, que vendam tudo para se dedicarem exclusivamente a obra. Até porque, assim a obra duraria pouco tempo, por falta de apoio de retaguarda.

Desse modo, devemos ser inteligentes para saber o que DEUS nos pede, ou o que podemos dedicar a Ele. O importante é que sintamos, como Pedro, que Ele nos ama, e nos sintamos atraídos por Ele.

3. Segunda-feira: A insensatez de Pedro

Em Pedro ocorreu um tipo de aprendizado que é por demais comum. É o que costumo chamar de aprendizado cego. Ou seja, há a aquisição de novo conhecimento, mas não ocorre a mudança por força desse conhecimento. E outra coisa, também o conhecimento inadequado anterior não é substituído, ele permanece dominante. Por isso a mudança de vida não pode ocorrer.

O que quer dizer isso? O que acontece? Esse é um fenômeno perigoso. Leva a pessoa a acostumarem-se com a verdade, mas sem deixar que a verdade a transforme. A pessoa domina novo conhecimento, até pode ensinar a outros, mas não permite que esse novo conhecimento entre em seu caráter. Isso aconteceu com todos aqueles inimigos de JESUS, em seu tempo entre os homens. Eles estudavam as profecias, sabiam da vinda do Messias, e como esperavam um Messias do tipo idealizado por eles, quando o anunciado veio, não O reconheceram. Aliás, pelo contrário, em vez de aceitá-lo, até O combateram, e se empenharam em matá-Lo. Esse é o aprendizado cego, a pessoa absorve o conhecimento novo mas não o reconhece como importante para a sua vida. Ela continua apegada a seu conhecimento anterior, que não deixa de comandar a sua vida. Com o tempo, acostuma-se a ter contato com a verdade, mas ao mesmo tempo, a não permite que a verdade substitua o seu conhecimento anterior. Em nossos dias isso é muito mais comum do que se imagina. É na verdade uma fortíssima arma controlada por satanás. Sempre leva a dar mau testemunho.

Pedro, ao contrário de Paulo que mudou de rumo assim que foi derrubado do cavalo, levou anos para sentir a necessidade de mudança em sua vida. Ainda assim a sua atenção teve que ser chamada por DEUS pois era preconceituoso com os gentios (Atos 10:9 a 16) e teve até recaídas, como o caso de seu comportamento entre judeus e gentios, quando foi repreendido por Paulo. Pedro, ao contrário de João, foi um daqueles homens que dificilmente são transformados, mesmo assim, demorando, ele foi. Pedro errou repetidamente. Dá para se dizer, ele foi um homem que errava sistematicamente. Prometia uma coisa, e logo depois fazia bem o contrário. Não cumpria o que prometia. Cheio de coragem pisou na água do mar e foi caminhando em direção a JESUS. Em meio a experiência de fé, vacilou e afundou. Junto com JESUS, no momento em que O Mestre mais necessitava, Pedro dormiu. Influenciado por suas idéias que o deixavam cego, em vez de manter-se calmo como JESUS, ele atacou com a espada, e cortou a orelha de um ser humano. Atacou outra pessoa desarmada, não enfrentou um soldado treinado e com espada. Pedro estava ali lutando pelo Reino de JESUS segundo ele imaginava, não segundo JESUS havia ensinado. Ele ouviu de JESUS que Seu Reino era Espiritual, mas continuava entendendo que deveria ser um reino em lugar do Império Romano. Era o que ele queria, e essa era a cultura da época entre os judeus. Eles queriam um Messias para liderar uma revolta vitoriosa contra os romanos, e Pedro deixou-se dominar por essa idéia, que o tornou cego ao que JESUS ensinava. Isso ainda hoje acontece, o mundanismo, por exemplo, nos pode deixar cegos para as verdades que devemos permitir que mudem nossa vida. Pedro, em vez de se manter fiel a JESUS conforme ele mesmo havia prometido, dizendo até que os outros poderiam deixá-Lo, mas ele não O deixaria, no momento da crise só não fez pior que Judas, pois até chegou a negar que conhecia a JESUS.

Esses fatos, e mais outros, Pedro fazia porque seguia as idéias dele, não as de JESUS. Embora houvesse aprendido sobre o reino dos Céus, houvesse aprendido sobre a necessidade da morte de JESUS, (que levou a Pedro repreender JESUS), embora tivesse tido esse conhecimento, continuou cego com antes, e continuava no comportamento como sempre. Viu os milagres de JESUS, ouviu Seus ensinamentos, fez perguntas e teve respostas, no entanto, continuava pensando, decidindo e agindo como de costume. E isso que ele era um dos três mais achegados a JESUS, um dos que JESUS convidava para estar perto d'Ele em momentos especiais, como no Monte da Transfiguração, ou na vigília antes de ser preso.

Pedro pode ter sido um caso difícil, mas não foi como Judas. Chegou bem perto, em vez de trair, só O negou. Faltou pouco para ser outro Judas. Mas ao contrário de Judas, em vez de se enforcar, arrependido, chorou amargamente, e depois, envergonhado, disse por três vezes a JESUS que O amava. Demorou e foi penosa a mudança, mas Pedro foi, enfim, transformado pelo amor que vinha de JESUS, e manteve-se entre os que lutavam para outros serem salvos para a vida eterna.

4. Terça-feira: Aprendendo de JESUS

Pedro também fez um excelente trabalho. Pode-se dizer, Pedro é um caso que saiu de um extremo, e foi para outro extremo. De um homem desequilibrado para um homem controlado pelo ESPÍRITO de DEUS, um grande pastor, guia do povo, orientador, exemplo de cristão. Um homem em quem se podia confiar, um homem cheio do poder do ESPÍRITO, por meio do qual DEUS operava maravilhas sobre-naturais.

Foram de Pedro as palavras: "Tu és o CRISTO, o Filho de DEUS". Essas palavras ele falou no tempo em que ainda não se havia convertido inteiramente, falou pelo poder de DEUS, não foram de sua natureza. Aquele Pedro que queria evitar a morte de JESUS, que censurou JESUS por falar que seria morto, que queria defender JESUS a espada, foi também o mesmo homem que em Atos 2 e 3, e em muitas ocasiões, falou cm coragem sobre a morte de JESUS, sobre a obra de JESUS, como Salvador de todos. Aquele mesmo Pedro que era medroso e covarde quando o identificaram como seguidor do Messias, em Atos 4 defendeu JESUS até mesmo perante o Sinédrio, que fazia pouco havia patrocinado a morte do Messias.

Fora uma vez um Pedro que ouvia as palavras de JESUS, mas que as entendia segundo ele pensava ser o certo, uma aprendizagem cega. Era um novo Pedro, um homem transformado, que ensinava todas as coisas que JESUS lhe havia dito conforme esse ensinamento.

Por quê Pedro, e nem os demais, de início entenderam a mensagem de JESUS, sobre o reino de DEUS? Porque era da cultura da época se pensar que JESUS viria em glória e pompa, entre os grandes da sociedade, e ajudá-los a ainda terem mais poder. Criam os líderes religiosos daqueles tempos que um Messias viria sim, e O esperavam, mas viria Um que os tornasse ainda mais poderosos. E o povo cria num Messias que os libertasse do poder romano, e instituísse um império terrestre em lugar do Império Romano. Os líderes queriam uma coisa, poder, o povo queria outra coisa, libertação. Desejos conflitantes. E JESUS não atendeu nem um nem outro desejo. O reino d'Ele nem era para esta Terra.

Veio um Messias filho de operários pobres e sem status social, que não tinha sequer uma casa própria, nascido numa manjedoura, oriundo de uma cidade de má fama, a pequena Nazaré. Quem aceitaria um Messias assim? Mas Ele demonstra supremo poder, seja nas palavras, sena nos sinais. O povo aprecia isso, mas os líderes detestam, pois sentem-se humilhados pela perda do poder sobre o povo, perda para um homem, segundo eles, desprezível. Essa era a cultura dominante na época. Cuidado com a cultura... hoje não é diferente, ela nos faz pensar conforme satanás deseja que pensemos.

Então, podemos desconsiderar que a tal cultura não tenha afetado o modo de pensar de Pedro, e dos demais discípulos? É óbvio que sim. Eles pensavam segundo o modo comum de se pensar, pensamento controlado pelos líderes do Sinédrio, que condenou JESUS a morte. Até que Pedro percebesse que esse modo de pesar era totalmente errado, foi muito tempo, e teve que passar por vexames e constrangimentos. Judas não conseguiu entender como JESUS pensava, mas Pedro, felizmente, bastante tarde, conseguiu. Então esse homem todo afetado pelo pensamento do mundo, finalmente foi transformado. E se tornou um poderoso testemunho de CRISTO O Salvador, um vencedor com o Mestre.

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