via Prof. GILSON MEDEIROS de Prof. Gilson Medeiros em 06/10/08

O meu objetivo aqui é apenas refletir sobre a maneira como nós, cidadãos integrantes de uma sociedade regida por leis e políticas públicas, e que professamos a fé em uma mensagem de salvação em Cristo, estamos participando nos processos de escolha de nosssos representantes.
"Nossos", sim, porque creio que não há instituição ou pessoa que possa se definir como "100% apolítica" (como não creio que existam pessoas com 100% de ateísmo), uma vez que não vivemos isolados do mundo social. Para comprovar isso, basta ver como muitas vezes a própria Igreja (como instituição geral ou como congregação local) recorre a políticos para conseguir algum "favor" especial: atestado de filantropia, legalização de emissoras de Rádio e TV, doação de terrenos, diploma de reconhecimento de utilidade pública, apoio para campanhas de arrecadação de alimentos (Mutirão de Natal, por exemplo), doação de uniformes para Desbravadores, de ônibus para camporis, de fanfarras, etc.
Em nosso País a política está muito corrompida, e as pessoas de um modo geral não têm consciência suficiente para votarem nas pessoas que trarão melhor benefício social para a coletividade. E não me venha com a ladainha de que "todo político é ladrão", porque nós sabemos que a generalização é uma injustiça para com aqueles que são, no mínimo, uma exceção a esta regra. O mesmo argumento muitos católicos, por exemplo, usam contra os evangélicos dizendo que "todo crente é hipócrita", ou que "todo pastor é ladrão". Isso é verdade? Eu e você sabemos muito bem que não! Tem muito "crente" sincero em sua fé, assim como há muitos pastores que dão a vida por amor às suas ovelhas, como há, também, políticos sérios e honestos.
Mas tenho percebido que o mal principal da política é exatamente esta falta de discernimento que o cidadão comum tem na escolha de seus representantes, seja no poder executivo, seja no legislativo. Fiquei, por exemplo, impressionado com o que aconteceu ontem em duas importantes capitais do nosso País, onde dois candidatos foram escolhidos por milhões de eleitores para concorrerem ao segundo turno: um candidato foi extremamente deboxado com as pessoas que sofriam durante a crise aérea dos aeroportos brasileiros (você deve lembrar!), além de apoiar movimentos homossexuais; e o outro é também um defensor ardoroso das "alternativas sexuais" e do consumo de drogas ilícitas, como a maconha. O que esperar de pessoas como essas no poder?
Creio que é por isso que Ellen White escreveu tão ferozmente contra a participação de Adventistas com a política, não no sentido de ficarmos ausentes do processo eleitoral, mas com relação à escolha consciente que devemos fazer de nossos representantes:
"O Senhor quer que Seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloqüência. Cristo convida Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos que são positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos, com segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano político. Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado. O primeiro dia da semana não é um dia para ser reverenciado. É um falso sábado, e os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando Seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais; pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos" - Fund. da Educação Cristã, pág. 475 (grifos meus).
Um Adventista que, por troca de algum favor mesquinho (presenciei certa vez uma "irmã" dizer que estava votando em determinado candidato porque este lhe dera uma camiseta e R$ 10,00 para que ela fizesse propaganda para ele no dia da eleição), vota em pessoas com passado tenebroso, e que não representam os anseios cristãos, familiares e humanitários defendidos pela Igreja Adventista, certamente é o alvo da orientação acima destacada do Espírito de Profecia.
Travesti x Adventista
Aqui na cidade onde moro, João Pessoa, aconteceu um fato que me deixou profundamente triste com a maneira como nossos "irmãos" encaram a política. Tivemos aqui um jovem de uma de nossas igrejas que candidatou-se a uma vaga na Câmara de Vereadores. Este rapaz tem uma longa história de dedicação à mensagem Adventista, sendo Ancião de Igreja, Líder ativo do Clube de Desbravadores, e uma pessoa que demonstra sinceridade e zelo pelas coisas sagradas. Alguns poderiam dizer: "mas ele não deveria se envolver com política, porque é um meio corrupto, e 'uma andorinha só não faz verão'". Não é isso o que diz o Espírito de Profecia:
"Querida juventude, qual é o alvo e propósito de vossa vida? Tendes a ambição de educar-vos para poderdes ter nome e posição no mundo? Tendes pensamentos que não ousais exprimir, de poderdes um dia alcançar as alturas da grandeza intelectual; de poderdes assentar-vos em conselhos deliberativos e legislativos, cooperando na elaboração de leis para a nação? Nada há de errado nessas aspirações. Podeis, cada um de vós, estabelecer um alvo. Não vos deveis contentar com realizações mesquinhas. Aspirai à altura, e não vos poupeis trabalhos para alcançá-la" – Fund. da Educação Cristã, pág. 82 (grifos meus).
"O propósito de Deus para com os filhos que crescem em nossos lares, é mais amplo, mais profundo, mais elevado, do que o tem compreendido a nossa visão restrita. Aqueles em quem Ele viu fidelidade, têm sido, no passado, chamados dentre as mais humildes posições na vida, a fim de testificarem dEle nos mais elevados lugares do mundo. E muitos jovens de hoje, que crescem como Daniel no seu lar judaico, estudando a Palavra e as obras de Deus, e aprendendo as lições do serviço fiel, ainda se levantarão nas assembléias legislativas, nas cortes de justiça, ou nos palácios reais, como testemunhas do Rei dos reis. Multidões serão chamadas para um ministério mais amplo" – Educação, pág. 262 (grifos meus).
Pelo que vejo nestes e em outros textos, Deus deseja, sim, ter Seus representantes nos locais de concentração do poder político, para poderem testemunhar do Seu amor e da Sua justiça entre os povos.
Porém, aquele irmão que mencionei acima teve apenas 389 votos, em um universo de cerca de 400.000 eleitores, muitos dos quais, Adventistas. Somente 389 pessoas, certamente nem todas "irmãs" na fé (?), acreditaram que o nosso jovem Ancião seria um "trigo" em meio ao joio.
Mas o que me deixou mais "incomodado" não foi nem o fato de que o meu irmão tenha recebido apenas estes votos (porque sei muito bem como é mesquinha e fechada a mente de muitos "irmãos" Adventistas com relação à política). O que me chamou a atenção foi o fato de um outro "candidato/a" ter recebido quase 4 vezes mais votos (ao todo foram 1.478). Este candidato é um assumido homossexual aqui de João Pessoa, que usou sua candidatura para defender os interesses dos grupos GLBTS (Gays, Lésbicas, Bisssexuais, Transsexuais e "Simpatizantes"). Por pouco não foi eleito/a.
Ou seja, os 1.478 eleitores que quiseram ter seu representante homossexual na Câmara Municipal, estavam bem mais "motivados" do que os 389 que preferiram um candidato sério, honesto e temente a Deus.
É por isso, e apenas por isso, que a política é um meio tão corrupto, imoral e indecente. Exatamente porque nós, sim "nós", não escolhemos pessoas sérias, e depois reclamamos que a política seja tão degradante.
Você pode até não concordar comigo (e sou consciente politicamente o suficiente para respeitar isso), e achar que um Adventista não deve se envolver de forma alguma na Política, seja votando ou sendo votado. Respeito, mas discordo!
Só espero que sejamos coerentes o suficiente para não irmos atrás destes mesmos corruptos na hora de pedir um "terreninho" para a construção de um templo, ou a doação de cestas básicas para o Mutirão de Natal, ou de um atestado de utilidade pública para a ADRA (para poder receber verbas públicas), etc.
Se queremos ser "apolíticos", devemos sê-lo de forma coerente!