Sábado, 11/7/2009 - › Introdução O título da lição desta semana é duplo, mas aponta para uma única experiência. Andar na luz é simultâneo com abandonar o pecado e vice-versa. É uma grande incoerência alguém pretender uma coisa descartando a outra, pois não é possível andar na luz e viver no pecado ao mesmo tempo. Esse era o caso dos dissidentes gnósticos que perturbavam a igreja nos dias do ministério pastoral do apóstolo João na Ásia Menor; alegavam uma coisa e viviam outra. Ele chamou a atenção para o fato de que os mesmos não sustentavam a verdade; não a demonstravam por seus atos. Sobre isso, Jesus já havia dito: "Pelos seus frutos os conhecereis" (Mt 7:16). O pecado tem que ser banido. Assim, a partir do verso 5 do primeiro capítulo da epístola (com possível antecipação para o 4), o apóstolo entrou prá valer no combate à heresia. Como já afirmado, ele o fez indiretamente, enfatizando a verdade e contrastando-a com o erro e suas consequências. E com isso, as exortações dirigidas à sua comunidade se tornam preciosas admoestações para nós hoje. Uma das peculiaridades que caracterizam o quarto Evangelho, também se faz presente na primeira Epístola. Expressões positivas são confirmadas ou complementadas com negativas do mesmo teor, para enfatizar determinados pontos, salientando seu caráter crucial e conclusivo e deixando o leitor numa verdadeira "crise de decisão". Nota-se esse detalhe nos versos selecionados para estudo nesta semana, especialmente entre 5 e 10 do primeiro capítulo. Vamos conferir: Texto | Expressão Positiva | Expressão Negativa | 1:5 | Deus é luz... | ...e nEle não há trevas | 1:6 | Se dissermos que mantemos comunhão com Ele, e andarmos nas trevas, mentimos... | ...e não praticamos a verdade | 1:8 | Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos,... | ...e a verdade não está em nós | 1:10 | Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lO mentiroso... | ...e a Sua palavra não está em nós | Este meio de expressão continua nos versos seguintes. É o recurso de que João se vale para admoestar os leitores a não se deixarem demover do caminho em que foram instruídos a palmilhar, e no qual deviam permanecer firmes até o fim. Domingo, 12/7/2009 - › A Luz (1Jo 1:5) Afirmando que Deus é luz, João não estava simplesmente enunciando uma abstração filosófica sobre Ele, embora o termo se prestasse para isso (os filósofos apreciavam divagar sobre a luz, seus efeitos e implicações). Suas considerações são de ordem prática; tem a ver com a ética cristã ― o estilo de vida esperado dos seguidores de Jesus. É verdade que, para os filósofos, o tema da luz também envolvia aspectos morais; por exemplo, os gnósticos em geral presumiam que luz e trevas refletiam o conflito entre o bem e o mal numa paridade de forças. Para o cristianismo, todavia, a luz raiou em Jesus para superar as trevas (ver Jo 1:5), implicando que o seguidor de Cristo não nutrirá qualquer comprometimento com elas (ver I Co 6:14-7:1). De fato, Jesus, a luz do mundo (Jo 8:12), foi claro em afirmar que ser luz do mundo é igualmente a missão de Sua igreja (Mt 5:14). Os cristãos não são "homens da carverna"; seguem a "luz" e por isso não andam "em trevas" (Jo 8:12). Paulo, a respeito, lembra-os com estas palavras: "... outrora ereis trevas, porém agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz... e não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as" (Ef 5:8, 10). Algumas virtudes da luz: pureza, transparência, calor, clareza (ou iluminação), penetração, revelação (ou visão), e fator de vida e crescimento; Deus é tudo isso! Ele não se compromete um milímetro sequer com as trevas. Assim, João, ao dizer que Ele é luz, faz uma significativa alusão ao Seu caráter ― Sua santidade é colocada em evidência. A lição destaca esse ponto afirmando que " Deus é pura santidade, pura bondade, pura justiça. Ele é, de certo modo, tão oposto ao pecado quanto as trevas são à luz." Segunda-Feira, 13/7/2009 - › O Problema do Pecado (1Jo 1:6, 8, 10) Isso, naturalmente, deveria refletir na conduta geral dos que se dizem cristãos. Daí as colocações juaninas registradas nos versos seguintes da epístola. Não se pode manter comunhão com Deus e ao mesmo tempo andar nas trevas (v. 6); uma vivência na luz, porém, se espelhará na comunhão recíproca dos crentes, e na repulsa a uma vida de pecado (vv. 7-10; 2:1-4). O apóstolo chega ao clímax de sua argumentação com as palavras de 2:6: "Aquele que diz que permanece nEle, esse deve andar assim como Ele andou." A conclusão é que aqueles cristãos dissidentes, gnósticos como eram, não viviam em consonância com a fé genuína. A própria atitude deles em conspirar contra a unidade da igreja comprovava esse fato; eles contribuiam para dividir a igreja e assim interromper a comunhão dos membros entre si (v. 7), e isso era pecado. Não é esse o fruto de qualquer dissidência que se levanta contra a verdade? E o que era pior: o gnosticismo iludia seus adeptos com a idéia de que não eram pecadores. É triste, mas é verdade! Quanto mais nas trevas, menos se dintingue o caráter infiltrante e impregnante do pecado, e menos o pecador se reconhece como tal. Havia o conceito de que a posse da gnōsis, o conhecimento das coisas relacionadas com a Divindade, conferia ao possuidor um tipo de imunização contra o mal, mesmo que ele o praticasse; os iniciados, aqueles que se submetiam ao processo de admissão ao sistema, julgavam-se, não importando como viviam, acima de qualquer coisa relacionada com o mundo da matéria, e o pecado era uma destas coisas. Pretendiam que nada poderia atingi-los, contaminá-los; sentiam-se illuminati (os iluminados). O apóstolo se opôs a tudo isso em suas considerações quanto à luz e as trevas, à verdade e o engano, à santidade e o pecado. Como poderiam ser os iluminados se viviam em trevas?! Ele foi claro em afirmar que os que assim se imaginavam estavam enganando a terceiros e a si próprios, e fazendo Deus passar por mentiroso (vv. 6, 8 e 10), pois já as páginas do Antigo Testamento haviam declarado que não há um só dentre os seres humanos que não peque (Ec 7:20; Sl 14:2, 3 [53:2, 3]; 142:2); e no Novo Testamento o assunto se tornara ainda mais definido, principalmente com as colocações de Paulo em Rm 3:20-23. De maneira que é parte preponderante da mensagem cristã a universalidade do pecado; como a lição afirma, a não pecabilidade é "ensino contrário à mais básica doutrina cristã." Ai de perfeccionistas que imaginam poderem alcançar uma condição sem pecado antes daquele ditoso momento em que Cristo "transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo de Sua glória, segundo a eficácia do poder que Ele tem de até subordinar a Si todas as coisas" (Fl 3:21; ver também 1Jo 3:2). Antes desse momento, dizer alguém que está sem pecado será sempre uma mentira insolente, um pretencioso desdém àquilo que Deus, em Cristo, fez pelo pecador; como alguém escreveu a um amigo: "hoje completam 45 dias que não peco." Triste ilusão! Ellen G. White vai ao ponto quando diz: "O que me foi mostrado é que quem afirma triunfalmente que não peca mais, pela sua própria ostentação demonstra quão longe está desse estado" (Life Sketches, pág. 84). A lição observa também que há, aqui, uma progressão, um crescendo de seriedade no que respeita à presunção de alguém se declarar um não pecador. "No verso 6, as pessoas estão mentindo. No verso 8, elas se enganam a si mesmas. No verso 10, elas tornam ¬Deus um mentiroso." Assim, João foi demolindo, uma a uma, as pilastras do perfeccionismo gnóstico (e pernóstico). Aliás, qualquer forma de perfeccionismo inevitavelmente conduz às conclusões condenadas pelo apóstolo. E para deixar bem claro que tudo aquilo era, de fato, condenável, ele falou, sem rodeios, da condição humana sob o poder do pecado. Praticamos o pecado porque somos pecadores, e somos pecadores porque, antes de tudo, o pecado reside em nós; e reside em nós desde nove meses antes do nosso nascimento. Essa verdade provém igualmente das páginas do Antigo Testamento. Davi declarou em profunda consternação pelos terríveis pecados que cometera: "Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe" (Sl 51:5). Assim, somos pecadores antes mesmo de praticarmos o pecado. João não ignora essa triste realidade; antes que ele afirmasse categoricamente que "se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lO mentiroso e Sua palavra não está em nós" (1Jo 1:10), ele já declarara: "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós" (v. 8). Isso é ainda mais significativo; não se refere, como no v. 10, a atos específicos de pecado, mas ao sentido essencial do mesmo, como algo inerente a nós. Em seu princípio básico, o pecado reside em nós, tenhamo-lo já cometido ou não. A terminologia juanina equivale a: "Se dissermos que não possuímos pecado nenhum...". Antes de cometermos atos pecaminosos, temos uma natureza pecaminosa, e isso distingue pecaminosidade ativa depecaminosidade passiva. A lição toca esse ponto ao declarar: "Como seres caídos, afundados no pecado, os seres humanos pertencem por natureza à esfera das trevas, e não ao reino da luz... Embora João fale contra a prática do pecado, ele é muito claro sobre a realidade desse mal em nossa vida." Negar isso é tola altivez. Terça-Feira, 14/7/2009 - › Respostas para o Problema do Pecado (1Jo 1:7, 9, 2:2) Alguém disse que "pecado é a vontade de fazer o que Deus não quer, de conhecer o que Deus não reconhece, de amar o que Ele não ama." Em outras palavras, é tudo o que não se harmoniza com o caráter e a vontade de Deus. Pecado é também rebelião contra Ele. "É", como Plínio Salgado definiu, "a subversão da ordem estabelecida por Deus." Isso é subentendido na definição juanina de pecado exarada em 3:4: "...pecado é a transgressão da lei." O termo original, vertido "transgressão" em nossas Bíblias, anomía, aponta para além de um simples ato contrário ao que a lei de Deus determina; envolve a idéia de condição. A prática do pecado evidencia uma condição de rebelião, de ilegalidade (o sentido de anomía). É por isso que não pode haver algo pior que viver no pecado, pois este gera a morte (Rm 6:23; Tg 1:15); a lição se refere a este fato quando diz: "...uma coisa é certa: O pecado é real e, a menos que seja tratado, nos destruirá." Graças a Deus, há solução para o mais terrível problema do universo, e tratamento para o pior dos males. O grande pregador Charles Haldon Spurgeon costumava dizer: "O pecado é soberano até que a graça o destrone." João, que realçou devidamente a seriedade do pecado (como observado no comentário de ontem), foi suficientemente claro a esse respeito; ele nos oferece a única receita eficaz para curar esse terrível mal. Para começar, e não poderia ser diferente, ele lembra a seus leitores que Jesus "é a propiciação para os nossos pecados" (2:2 ― "expiação", em lugar de "propiciação", seria mais próprio nesse texto). Como a lição afirma, "o perdão dos pecados se tornou possível graças à morte de Cristo na cruz, ao derramamento de Seu sangue como sacrifício. Porque transgredimos a lei e, portanto, merecemos a morte, Ele morreu em nosso lugar e nos libertou da condenação eterna que, de outra forma, nossa transgressão traria." Isso define fundamentalmente a solução para o pecado. João toca também em outras implicações da morte de Jesus; ela não somente nos provê perdão, mas igualmente a necessária purificação (1:7), já que o pecado infecta, conspurca, corrompe, degrada, avilta. Ele ainda acrescenta o que é esperado que o ser humano faça ― reagir favoravelmente ao que Deus proveu para ele na pessoa de Jesus; essa reação favorável efetivará nele a solução para o pecado que a cruz proveu. Costumamos dizer que o arrependimento é o primeiro passo em direção ao perdão, e, de certa forma, isso é verdade. Mas um gesto preliminar, sem o qual o arrependimento se torna impossível, tem sua razão de ser: o reconhecimento de que sou pecador. Por que iria ao médico se não estou convencido de que estou doente? Como irei me arrepender do pecado, se nem pecador me sinto? É por isso que João teve de insistir na impropriedade de alguém negar sua pecaminosidade, seja passiva ou ativa, como se viu no comentário de ontem. Tal negação é fatal porque impede o arrependimento; e, faltando este, o pecador terá que assumir totalmente as conseqüências do pecado. Só se chega à convicção do pecado pela operação do Espírito Santo na consciência humana (Jo 16:8); a lei de Deus é o instrumento por Ele empregado com tal objetivo, pois é pela lei que "vem o pleno conhecimento do pecado", e que este se mostra "sobremaneira maligno" (Rm 3:20; 7:13). Vendo-se perdido e conseqüentemente necessitado de salvação, o pecador, através do Evangelho, descobre o quanto deve ao Deus que lhe proveu o Salvador; tocado pela bondade divina, ele é conduzido ao arrependimento (2:4). É verdade que João não fala explicitamente do arrependimento, mas este está subentendido no ato da confissão, para ele imperativo para que o perdão divino seja outorgado e para que o pecador seja purificado (1Jo 1:9). Assim, a convicção do pecado leva ao arrependimento e este à confissão que resulta no perdão e purificação; tudo isso significa rompimento com o pecado (ver Pv 28:13). É curioso que o apóstolo afirme que ¬Deus "é fiel e justo" para perdoar; esperaríamos "é fiel e misericordioso", pois o perdão se liga naturalmente à misericórdia. Mas aqui o perdão provém da fidelidade e da justiça de Deus. Como entendê-lo? Bem, Sua fidelidade evoca o fato de que Ele é o Deus do concerto, que, em Jesus, tornou-se uma nova aliança; Ele é fiel no cumprimento das provisões do concerto feito a nosso favor, e uma delas é o perdão. Perdoar é também um ato da justiça divina, pois Jesus, ao morrer por nós, pagou-nos a dívida para com a justiça. Ficamos isentos dela pelo perdão outorgado, e esse é conferido como um ato de justiça da parte de Deus, como justo seria que uma dívida já paga não fosse cobrada a segunda vez. E com isso a solução do problema do pecado se consuma. Quarta-Feira, 15/7/2009 - › O Alvo do Cristão (1Jo 2:1) A partir de 2:1, João estreita ainda mais a maneira como se dirige àqueles a quem ele escreve. O tratamento indica um relacionamento bastante íntimo do escritor com os leitores, o que seria próprio de um pastor com aqueles sob sua responsabilidade: "filhinhos" (aqui e nos versos 12, 14, 18 e 28; e em 3:7, 18; 4:4; e 5:21), e "amados" (em 2:7; 3:2, 21; 4:1, 7, 11). Indica também sua afeição por eles e interesse por seu bem-estar. Neste ponto, João demonstra preocupação com o risco de ser mal interpretado. Tudo o que ele falou condenando a atitude perfeccionista dos dissidentes, algo como o erro de se declarar isento de pecado, etc., poderia levá-los à conclusão de que, para o apóstolo, o pecado seria coisa de somenos importância, e que ele até esperava que os leitores o cometessem, desde que o confessassem para obter perdão; que viessem a considerar o pecar como uma ocorrência regular na vida cristã. Portanto, suas colocações poderiam ser tomadas como licença para pecar, o que seria uma tremenda impropriedade. Assim, o escritor se apressa em fechar a porta a qualquer idéia distorcida que o tomasse como um transigente liberal. O desejo de Deus salvar o pecador nunca pode ser interpretado como indulgência com o pecado. O perfeccionismo e o legalismo são tão repulsivos a Deus quanto oliberalismo e o relapsismo. João então esclarece que uma das razões porque lhes escreveu é que não pecassem. "Filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis..." (2:1). Ou como a lição o coloca, que eles deveriam "renunciar completamente ao pecado." Ué! Será que o apóstolo, de repente, tornou-se perfeccionista? Não! Ele não está contradizendo aquilo que ele mesmo acabara de afirmar: que não podemos dizer que não pecamos (1:10); muito menos desejando para seus leitores aquilo que tão veementemente condenara. A lição continua: "Ao fazer isso, ele não está sugerindo que é possível uma existência completamente sem pecado, mas está pedindo que os cristãos se afastem de todo ato definido de pecado... O alvo de um discípulo de Cristo é não pecar. Os cristãos devem admitir que são pecadores, mas devem pro¬curar viver sem pecado." Assim, João lhes lembra o propósito de Deus de, por meio de Jesus Cristo, resgatá-los completamente do pecado. Ele lhes fala em termos do grande ideal divino, de se tornarem semelhantes ao Filho de Deus (v. 6); uma atitude de confiança própria que leve à reinvindicação de impecabilidade é totalmente incompatível com esse ideal. Uma coisa é alguém simplesmente professar impecabilidade; outra, exatamente oposta, é ele lutar contra o pecado para, pelo poder da graça, superá-lo. É isso o que o escritor almeja para os seus leitores, conforme eles avançam na experiência da comunhão com Deus, o que podemos chamar deprocesso da santificação. Como Marshall diz, "o pecado não confessado é incompatível com a comunhão com Deus. O ideal de João, portanto, era que seus leitores tanto reconhecessem o seu pecado e o confessassem, quanto procurassem viver sem pecado" (I. Howard Marshall, The Epistles of John, pág. 116). Quanto a isso, ver sua admoestação em 3:6, 9. Que João continua se opondo ao perfeccionismo fica evidente quando ele diz que "se, todavia, alguém pecar...". Ele vê o pecado como uma eventualidade na vida cristã. Quinta-Feira, 16/7/2009 - › O Conforto dos Cristãos (1Jo 2:1, 2) João expõe seu anelo pelos os crentes para que não pequem. Mas ele está consciente do poder sedutor do pecado, e agora lhes assegura que, no caso de virem a pecar, não precisam ficar aflitos e sem esperança. Deus tem tomado providência a esse respeito também. "Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo." Esse é um dos textos mais alentadores do Novo Testamento. Assegura-nos que não estamos sozinhos na batalha da fé. Um que jamais conheceu derrota atua em nosso favor, e isto junto à Fonte de todo poder e bênção. Consideremos três preciosos ingredientes do texto: "Advogado" é versão do grego paráklētos, vertido "Consolador" em João 14:16, 26; 15:26; 16:7, em referência ao Espírito Santo, identificado como "outro Consolador" no primeiro destes textos, o que pressupõe um Consolador prévio ― o próprio Jesus. Portanto, parákletos pode ser legitimamente aplicado a Este. O termo, etimologicamente, significa chamado para estar ao lado de para apoiar, confortar, orientar, defender, etc. No contexto do que João está afirmando, a melhor versão para o termo é mesmo "Advogado" como consta em nossas Bíblias. Mas permanece o fato de que, embora junto ao Pai, Jesus é parákletos, aquele que veio para se colocar ao nosso lado, como Ele mesmo prometeu: "...estou convosco todos os dias até a consumação do século" (Mt 28:20). Isto se torna possível através do outro parákletos, que, segundo a promessa de Jesus, veio para estar conosco "para sempre" (Jo 14:16). Em verdade, Jesus está pessoalmente junto ao Pai, e essencialmente, através do Espírito, junto a nós. Por sua vez, o Espírito Santo, como parákletos, também intercede por nós (Rm 8:26, 27), mas "junto a nós", enquanto Jesus, também como parákletos, intercede por nós, mas junto ao Pai. "Junto ao Pai" significa nenhum véu, muito menos parede ou muro, separatórios entre Ele e Deus; através dEle temos direto acesso "ao Pai em um Espírito." (Ef 2:18). É por isso que Ele disse: "Ninguém vem ao Pai senão por Mim" (Jo 14:6). João confirma tudo isso no encerramento de sua epístola: "Estamos no Verdadeiro [o Pai], [estando] em Seu Filho Jesus Cristo" (5:20). Vale lembrar também que a intercessão de Jesus junto ao Pai não é para convencê-lO a nos amar. Todo o processo, do qual Ele, Seu amado Filho e o Espírito Santo participam, e pelo qual podemos nos achegar "confiadamente ao trono da graça a fim de recebermos misericórdia" (Hb 4:16) foi provido por Seu amor por nós (ver João 16:26 e 27). A esse respeito, Ellen G. White diz: "A expiação não foi realizada por Cristo para induzir o Pai a amar àqueles que, doutra maneira, Ele odiava; também não teve o objetivo de criar um amor que antes não existia; mas como uma manifestação do amor que já estava no coração do Pai." Signs of the Times, 30 de maio de 1895. Como a lição afirma: ¬"Jesus não precisa apaziguar o Pai. Ao contrário, foi o Pai que revelou, em ¬Jesus, Seu desejo de nos salvar." "Jesus Cristo, o justo" evoca-nos o meio pelo qual fomos aceitos como filhos e, como tais, herdeiros de todas as coisas: a Sua justiça. Com efeito, justificação pela fé é o único método de salvação. Junto a um Deus "justo" (1:9), só um Advogado "justo" poderia atuar eficazmente em nosso favor; em outros termos, a eficácia do ministério celestial de Jesus tem Sua justiça como razão de ser. Por Sua justiça, Ele nos endossa o perdão e todo o auxílio necessário para prosseguirmos fiéis; e finalmente a entrada em Seu reino. Pode haver algo mais confortador que tudo isso que o Céu depara para nós? Sabermos que, não importando quão falhos somos e quantas vezes caímos, Deus está aí para nos amparar, fortalecer e restaurar? que Sua mão nunca se retrai negando-nos uma calorosa acolhida? "Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo, e Deus nosso Pai que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça console os vossos corações..." (II Ts 2:17). Sexta-Feira, 17/7/2009 - › Estudo Adicional Há forte relação entre perdão, paz e saúde. O perdão se alcança através do arrependimento e confissão. Qualquer pecado cometido contra Deus ou contra alguém (propriedade de Deus) provoca uma desarmonia de espírito. Essa harmonia pode ser reconquistada quando essa falta ou pecado é anulado, o que só pode ser feito atraves do arrependimento e consequente confissão e pedido de perdão. Deus está sempre pronto a oferecer o perdão. Basta que haja verdadeiro arrependimento, e tudo ficará resolvido. Toda confissão verdadeira é feita de forma a identificar o pecado. Não existe confissão por pacote. A confissão autêntica é feita de forma consciente e específica, apontando para o pecado em questão, e reconhecendo a culpa. Esse procedimento promove uma decisão de mudança de vida ou de comportamento. Toma-se a decisão de buscar intencionalmente um alinhamento com a vontade de Deus. Esses requisitos dão lastro à confissão e são prova de arrependimento. O arrependimento que não é autêntico vem acompanhado de alguma desculpa ou justificativa, procurando diminuir o grau da culpabilidade. Foi assim que Adão e Eva se apresentaram a Deus no episódio do primeiro pecado: Eva disse: "A serpente me enganou" e Adão disse: "A mulher que me deste por companheira me deu do fruto" (Gênesis 3:12 e 13). |