Sábado, 18/7/2009 - › Introdução Novamente o título da lição é duplo, e aponta para uma única experiência. Andar na luz coincide com a obediência aos Seus mandamentos, isto é, quem anda na luz guarda os mandamentos de Deus. Todavia, nesse caso não posso dizer "e vice-versa", como o fiz na introdução do comentário à lição anterior. Andar na luz e guardar os mandamentos de Deus se equivalem; não é possível uma coisa sem a outra. Mas guardar os mandamentos nem sempre equivale a andar na luz, quando, por exemplo, alguém os guarda por motivo incorreto. Antes de se converter, Paulo era irrepreensível "quanto à justiça que há na lei" (Fl 3:6), mas estava em trevas. De fato, o legalismo não reconhece o plano salvífico de Deus, pois o legalista estabeleceu o seu próprio plano (ver Rm 10:3). Devemos ser obedientes não para andarmos na luz (o que cheira a legalismo), mas porque andamos na luz; obediência não é causa, é efeito. Andar na luz de Deus é conhecê-lO; conhecê-lO é amá-lO, e amar a Deus implica a guarda de Seus mandamentos (Jo 14:15, 21; 15:10; 1Jo 5:2, 3; 2Jo 6). Além do legalismo, há ainda outra forma de se guardar os mandamentos inutilmente: quando o fazemos não por amor mas por mera obrigação. Diz Ellen G. White a esse respeito: "O homem que tenta observar os mandamentos de Deus por um senso de obrigação apenas ― porque é requerido que assim faça ― jamais entrará no gozo da obediência. Não obedece. Quando, por contrariarem a inclinação humana, os reclamos de Deus são considerados um fardo, podemos saber que a vida não é uma vida cristã. A verdadeira obediência é a expressão de um princípio interior. Origina-se do amor à justiça, o amor à lei de Deus." (Parábolas de Jesus, pág. 97; grifos supridos). Assim, a guarda dos mandamentos de Deus é a evidência de que se anda em Sua luz, que se conhece a Ele e que O ama, pois é o que esta tríplice experiência gera na vida do crente. É verdade que nem todos os que guardam os mandamentos andam na luz, mas é verdade também que todos os que andam na luz guardam os mandamentos. Não importa quão elevada a profissão de fé, se não for consolidada pela obediência, não será mais que mero pietismo inócuo e inconseqüente, o que significa desconhecimento de Deus; trevas e não luz. Domingo, 19/7/2009 - › O que conhecemos? (1Jo 2:3-5) Esta é uma questão crucial, porque dependendo do que conhecemos, de que forma conhecemos, e de como respondemos ao que conhecemos, poderemos nos salvar ou nos perder. O grande equívoco dos dissidentes era a crença de que o conhecimento (gnōsis) salvava, isto é, o simples conhecimento especulativo de Deus, o conhecimento ao modo deles. Como diz a lição, "a ênfase estava na experiência mística e mitos fantasiosos sobre ¬¬Deus e a natureza da humanidade. A salvação era obtida, [assim era crido] através desse conhecimento secreto, e não através de um relacionamento de fé com o Senhor." Quanto a isso, remetemos o leitor ao comentário de 13 de julho para um esclarecimento adicional. Não é o conhecimento que salva, pois ele pode se limitar à teoria, e, então, não passar, eventualmente, de "letra morta". Já dizia George Herbert, "o conhecimento não passa de tolice, se não for guiado pela graça." Todavia, a falta de conhecimento é, admitidamente, um fator de destruição (ver Os 4:6). Conhecimento da verdade é luz, e quem a rejeita andará nas trevas ― por conseguinte, estará perdido. Considerando que a verdade é, antes de tudo, uma identificação de Deus (ver Jo 14:6; 1Jo 5:6), e que a vida eterna reside em conhecê-lO (Jo 17:3), parece-me bastante próprio que o conhecimento que resulta em salvação é aquele que a Bíblia normatiza como conhecimento empírico, prático; não meramente conceitual ou teórico. Chego a dizer que, exceto se secundado pelo temor de Deus e amor a Ele, mesmo o conhecimento teológico é muito pouco para ser o conhecimento de que João aqui fala. Não é por mero acaso que muitos teólogos (não ASDs, por certo) estão mais nas trevas que na luz. De fato, o mero conhecimento da Bíblia será de pouco valor. Os judeus contemporâneos de Jesus nos legaram uma trágica evidência desse fato. Eram o povo da Bíblia na época, alegavam fazer dela o centro de suas atenções, e acabaram crucificando Aquele para Quem as Escrituras apontavam. Esta é uma séria advertência para nós. A Bíblia nos será de genuíno proveito na medida em que, estudando-a, venhamos a intensificar nosso relacionamento com Jesus. E assim descobrimos que o conhecimento que salva é aquele que conduz o seu possuidor a um verdadeiro relacionamento com Deus; é sentir o Seu amor e responder-Lhe também com amor. É, cativado por Seu amor, render-Lhe a vida num veemente anseio de que Ele opere nela, e transforme o seu possuidor numa nova criatura, gerada pelo Espírito Santo para uma vida de justiça e santidade, que se desenvolve com uma aprofundada comunhão com Deus. Então, membro do corpo de Cristo que é a Igreja, ele desfruta um sadio companheirismo com seus "irmãos" (1Jo 2:10), o que não ocorria com os dissidentes gnósticos (vv. 9, 11), com toda a pretensão de conhecimento que tinham. Com um novo senso de valor e missão, ele se torna uma bênção para a família, os vizinhos, sua comunidade, a Igreja e o próprio mundo; e a vida do reino divino se torna sua vida, seu estilo de vida sob a soberania do amor. Em outros termos, seu amor a Deus levá-lo-á a expandir esse amor em direção aos seus semelhantes. Que experiência! Através dela, o pecador tem mudados suas predileções, seus gostos, suas prioridades, seus anseios, seu foco de atenção, o próprio centro motor da existência; enfim, como diz Champlin, "que os crentes se apropriem da posição que possuem em Cristo, mediante ações espirituais certas, que se refletem na conduta diária..." (R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 3, pág. 672). Os projetos e alvos da nova vida estarão voltados para os interesses divinos, e ele aplicará todo o seu empenho em se conformar cada vez mais com os princípios da justiça; estará determinado a avançar nessa direção, sempre se dispondo a se submeter à vontade de Deus. Tudo isso é fruto do verdadeiro conhecimento. Segunda-Feira, 20/7/2009 - › Guardando os mandamentos (1Jo 2:3-5) Enquanto 1Jo 2:3 reafirma que a guarda dos mandamentos de Deus é uma inequívoca evidência de se conhecer a Ele, temos no v. 4 uma das mais duras denúncias da Palavra de Deus: quem diz que conhece a Deus "e não guarda os Seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade." Professar conhecer a Deus ao tempo em que se desrespeita a Sua lei não passa de crassa hipocrisia, contra a qual Jesus foi enérgico em seu pronunciamento; Ele proferiu vários ais sobre os hipócritas (ver Mt 23). Impressiona o fato de que ele não disse "ai dos homicidas, ou ai das meretrizes e dos homossexuais; mas disse mais de uma vez "ai dos hipócritas". Não que Ele fosse favorável ao homicídio, etc.; muito ao contrário. Mas, sem dúvida, porque considerava a piedade apenas de fachada o maior insulto a Deus. "A apostasia declarada não seria mais ofensiva a Deus do que a hipocrisia..." (Patriarcas e Profetas, pág. 555). Realmente o hipócrita é o pecador para quem menos esperança existe. "Há mais esperança para o pecador aberto, do que para essa classe." (Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 144). "Quando conhecermos a Deus, como nos é dado o privilégio de conhecer, nossa vida será de contínua obediência." (O Desejado de Todas as Nações, pág. 668). Isso porque o verdadeiro conhecimento de Deus é aquele que, segundo a lição, "forma a base de uma relação de amor"; quando se fala em "relação de amor", é o amor recíproco que se tem em vista. Conhecer a Deus é reconhecer o Seu amor, o quanto nos ama demonstrado pelo quanto tem feito por nós; e aí não há como responder a tudo isso senão dedicando a Ele o nosso amor, que, semelhante ao dEle, será evidenciado por atos. Por isso se diz que quem, de fato, conhece a Deus, ama-O; e que quem O ama, como já notado, guarda os Seus mandamentos. João toca esse ponto quando diz: "Aquele, entretanto, que guarda a Sua palavra, nele verdadeiramente tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nEle" (1Jo 2:5). Terça-Feira, 21/7/2009 - › Que Faria Jesus? (1Jo 2:6-8) Embora a lição de hoje envolva os versos 6 a 8 de 1Jo 2, ela se restringe ao verso 6, ficando 7 e 8 para amanhã. A pergunta que serve de título implica o fato de que Jesus é nosso modelo em todos os aspectos e afazeres da vida. Não se conhece a Deus senão conhecendo a Jesus, e se conhece a Jesus senão conhecendo como Ele viveu e agiu, e, então, vivendo e agindo como Ele o fez. O escritor acabara de realçar a necessidade de se guardar os mandamentos de Deus (2:3-5); agora, no verso 6, ele apresenta o padrão de obediência. Não se obedece aos mandamentos de Deus meramente cumprindo a letra da lei. Mais é esperado daquele que conhece a Deus; é cumpri-la como Jesus a cumpriu. "Aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou." Por exemplo, tomando em conta Sua obediência ao quarto mandamento, pergunto: como foi que Jesus guardou o sábado? Congregando nesse dia, diríamos nos lembrando de Lucas 4:16. Mas será que Seus atos de bondade e benevolência no sábado, principalmente aliviando a dor e o sofrimento humanos, também não contam? Não estaria Ele, pelos milagres efetuados nesse dia, alertando-nos de que a simpatia pelos seres humanos em suas necessidades é parte preponderante da santificação sabática? Não estaria Ele, nesse aspecto, sendo também um exemplo para nós? "Aquele que diz que permanece nEle, esse deve andar como Ele andou." E andar como Ele andou alcança o ponto culminante em amar como Ele amou. Essa é a essência do "novo mandamento", do que trata a lição de amanhã. Faz-nos lembrar as palavras de Paulo em Romanos 13:8: "...quem ama ao próximo tem cumprido a lei." Mas temos que amar como Jesus amou. Quarta-Feira, 22/7/2009 - › O Novo Mandamento (1Jo 2:7, 8) Aqui João faz referência ao novo mandamento de Jesus exarado em Jo 13:34: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros." Em que sentido esse mandamento é novo? Bem, lembramos que há dois termos gregos principais vertidos "novo" em nossas Bíblias: néos e kainós. Os termos se distinguem um do outro em sua principal acepção, o primeiro significando novo com respeito ao tempo, isto é, recente, que não existia antes, ou novo em contraste com o velho que o novo substitui; e o segundo termo se prendendo mais à qualidade, ou forma, ou sentido daquilo que se diz novo. Em outras palavras, algo que é dito ser kainós não significa absolutamente que não existia antes, mas que agora se projeta numa nova feição, ou dimensão. Em Jo 13:34 é empregado o termo kainós, pois o imperativo do amor antecede ao que Jesus falou; ele nos vem das páginas do Velho Testamento (ver Lv 19:18). Mas o mandamento é novo no sentido de tomar a forma como Jesus amou como padrão do amor a ser cultivado entre os Seus discípulos. Jesus confere a um mandamento já existente um novo significado que tem por base o exemplo supremo de amor visto nEle mesmo. Com efeito, Ele é a mais clara e altissonante demonstração de amor dada a todo universo. Ele agora estabeleceu que essa forma de amor, ou melhor, essa forma de amar, deveria continuar entre Seus seguidores; não que Ele não mais amasse daquele modo e naquela medida, mas porque Seu amor, ou forma de amar, deveria se manifestar em seus seguidores, para conhecimento do mundo. É por isso que, logo após expressar o "novo mandamento", Jesus disse: "Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13:35). Esta é a característica número 1 da igreja verdadeira. Certamente o conteúdo do quarto Evangelho (incluindo, é claro, as palavras de 13:34) era familiar aos destinatários das epístolas joaninas; assim, quando o escritor lembrou-os da necessidade de se amarem uns aos outros, e lhes disse que isso era ao mesmo tempo um mandamento "antigo" (isto é, não do desconhecimento deles) e "novo (kainós)" (isto é, para ser entendido na extensão do amor de Cristo), Ele estava lhes avivando a memória e a consciência para o fato de que Jesus, dezenas de anos antes, já havia expresso esse mandamento, de maneira que amarem-se uns aos outros era o dever, e mais que dever, era o privilégio deles, e que agora não deveriam se deixar levar pelas falsas idéias que estavam sendo veiculadas, as quais, uma vez aceitas, afastá-los-iam desta comunhão de amor. João lhes disse que este mandamento não lhes era novo precisamente porque o haviam recebido desde o princípio; esta palavra tem dois sentidos possíveis aqui: faz referência ou ao momento em que Jesus Se manifestou ao mundo, ou ao momento em que os destinatários ouviram e aceitaram a mensagem do evangelho. Talvez a segunda hipótese seja mais provável face ao que o escritor diz encerrando o verso 7: "Esse mandamento antigo [pois procede da instituição da santa-ceia, quando Jesus o proferiu] é a palavra que ouvistes." Se assim é, podemos estar certos de que a pregação apostólica de João, principalmente em seus últimos anos, foi feita com ênfase no amor de Jesus. Afirma-se que, estando o apóstolo para morrer, perguntaram-lhe se tinha uma última mensagem a dar. "Amai-vos uns aos outros", disse, e expirou. Quinta-Feira, 23/7/2009 › Amando os outros (1Jo 2:9-11) O título da lição de hoje aparentemente toca o amor do cristão a todas as pessoas. Afinal, Cristo morreu pelo "mundo inteiro" (2:2), e é nosso dever amar a todos. Todavia, João continua, nos versos 9 a 11, a exortar os seus leitores quanto ao amor fraternal, o amor mútuo a ser exercitado entre os domésticos da fé. Como a lição afirma, "em sua epístola, João está interessado principalmente na comunidade cristã. Isso não significa que ele nega o fato de que os cristãos são chamados a amar seus vizinhos e até aos inimigos; mas não é essa sua preocupação aqui. Ele tem outros problemas para resolver." Estes problemas, certamente, tinham a ver com conflitos existentes entre membros da igreja, para o quê concorriam os elementos dissidentes citados. João expõe de maneira severa sua reprovação a esse estado de coisas, sendo bastante incisivo em suas colocações, novamente empregando o dualismo luz X trevas, do qual se valeu no início da epístola. Por exemplo: em 1:6 ele declarara ser falsa a reivindicação de estar em comunhão com Deus feita por aquele que anda nas trevas; agora ele declara que aquele que não ama a seu irmão continua nas trevas, mesmo professando estar na luz. Aqui se nota um estreito relacionamento entre estar em comunhão com Deus e amar o companheiro de fé. Outro exemplo: ele dissera que, "se andarmos na luz", manteremos "comunhão uns com os outros"(1:7); então, ele praticamente repete essa asserção com as palavras de 2:10: "Aquele que ama a seu irmão permanece na luz...". Combinando os dois textos, vê-se que "andar na luz" corresponde a "permanecer na luz", e "manter comunhão uns com os outros" a "amar seu irmão". Não há dúvida que o amor fraternal envolve, como ingrediente básico, a comunhão de uns com os outros na igreja. Bem, João realmente disse "aquele que odeia a seu irmão", em lugar de "aquele que não ama a seu irmão". Meu intuito não foi alterar o que está na Bíblia (Deus me livre de tal sacrilégio!), substituindo "odiar" por "não amar". Quis apenas ressaltar que, segundo o Evangelho, não amar equivale a odiar. Normalmente não pensamos assim, pois se A não ama B não significa necessariamente que A odeie B; pode ser que simplesmente não o aprecie, não se simpatize com ele, etc. Há alguns que até afirmam que o contrário de amar não é odiar; é ser indiferente. Não para João em suas ponderações; para ele, falta de amor é presença de ódio e vice-versa. Para que alguém odeie, não é necessário que se manifestem os sentimentos próprios do ódio (execração, malquerença, rancor, aversão, etc.); basta que não ame. João continua no contexto do "novo mandamento", e numa comunidade onde a ordem "amai-vos uns aos outros" é soberana, não haverá indiferença em relação a quem quer que seja, nem esse negócio de dizer: "não vou com a cara de fulano", ou coisa parecida. Até certo ponto, é natural que existam pessoas de nossa predileção, aqueles de quem nos aproximamos mais, que se tornam mais íntimos nossos; isso é próprio no processo da amizade, pois até Jesus teve discípulos mais chegados. Isso, todavia, jamais pode ser feito em detrimento de quem quer que seja; segundo a lição, ódio, na Bíblia, se aplica também "a dar preferência a uma pessoa e não a outra ou a negligência de alguém." Nosso convívio jamais deve chegar às raias do favoritismo indevido, ou da segregação degradante. Quando recebido plenamente no coração, o amor de Jesus derriba as barreiras sociais de qualquer natureza, de maneira que não haverá limites ou fronteiras para o amor fraternal; ele se estenderá incondicionalmente em todas as direções, e envolverá indistintamente a todos. E não pode ser diferente, pois aquele que promulgou o novo mandamento, também ordenou que amássemos até mesmo os inimigos (Mt 5:44). Então, se alguém não age desta forma, é porque não permitiu ainda que o amor de Jesus se apoderasse totalmente dele; e se isso não ocorreu, ele ainda está em trevas, com duas inevitáveis conseqüências: estar sujeito a tropeços e andar sem saber para onde ir, tudo devido à cegueira espiritual. Em outras palavras, estar perdido sem ter consciência desse triste fato. Sexta-Feira, 24/7/2009 - › Estudo Adicional O crescimento espiritual tem como consequência a maturidade cristã. Essa maturidade não é algo que se aprende da exeriência alheia. As lições que podemos aprender da experiência dos outros é limitada, porque ela apenas apnta para as consequências, mas a essência da percepção da prática, com suas motivações, limites, intenções, e metas só podem ser percebidos pela vivência. A escalada espiritual é uma via ascendente que leva para a frente e para o alto. Ela não permite estagnação. Nela ninguém fica estático, parado. Nela, nós somos como um veículo sem freios. Se ele não estiver em movimento para a frente, ele volta, anda para trás e, consequentemente, desce a ladeira. Na vida espiritual nós estamos em processo constante de mudança, para pior ou para melhor. Isso ocorre porque tudo é dinâmico na vida. Estamos em contato com o mundo e em contato com Deus. Aquele que ocupar melhor os espaços do nosso coração é quem vai prevalecer e dirigir a nossa vida. Foi isso que Jesus ensinou quando disse: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas." Mateus 6:24. Imagine um ringue onde lutam dois boxeadores. Os dois com a mesma constituição física e técnica. Nessa condição, há uma forte tendência de a luta acabar somente no último assalto empatada. Porém, se você alimentar mais um deles e exigir dele um treinamento mais forte, com uma agenda cheia de exercílios de musculação, etc..., e para o outro der somente canja de galinha e dispensá-lo de qualquer treinamento, após um mês nessas condições, colocar os dois para lutarem, qual será o resultado da luta? Não há dúvidas de que aquele que estiver melhor nutrido, com mais força e melhor treinado vencerá essa luta. Assim é conosco. Em nosso coração é travado diariamente o Grande Conflito. Nele lutam a carne e o espírito. Temos que estar alertas para essa batalha sabendo que "o pendor da carne dá para a morte, mas o do espírito, para a vida e paz" Romanos 8:6. "Porque a carne milita contra o espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer." Gálatas 5:17. "Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o espírito do Espírito colherá vida eterna." Gálatas 6:8. Os nossos sentidos, a visão, o tato, o paladar, a audição, o olfato são as janelas da nossa alma. Se através delas permitirmos entrar alimento espiritual, cada vez mais o nosso interesse espiritual cresce. Se, porém, alimentarmos a nossa alma com "canja de galinha" estaremos fortalecendo o "homem carnal" com toda espécie de oferta que o mundo provê, e o nosso interesse espiritual cada vez mais diminuirá. Pense: "A religião pura e imaculada não é um sentimento, mas a prática de obras de misericórdia e amor. Essa religião é necessária à saúde e à felicidade. Ela penetra no poluído templo da alma e, com um aguilhão, expulsa o pecado intruso. Apossando-se do trono, consagra-o por completo por sua presença, iluminando o coração com os brilhantes raios do Sol da Justiça. Ela abre as janelas da alma para o Céu, deixando aí penetrar o brilho do sol do amor de Deus. Com ela vêm a serenidade e o domínio próprio. Aumenta a força física, mental e moral, porque a atmosfera do Céu, como um instrumento vivo e ativo enche a alma. Cristo é formado em vós, a esperança da glória." Ellen White, Review and Herald, 15 de outubro de 1901 Desafio: "Cerrem-se as janelas da alma contra o venenoso miasma da Terra, abrindo-as em direção ao Céu, para receber os benéficos raios do Sol da justiça de Cristo." Ellen White, Conselhos Sobre Educação, pág. 188. |