Estudos da Bíblia: Quarto Trimestre de 2009
Tema geral: O povo a caminho: o livro de Números
Estudo nº 07 – Luta pelo poder
Semana de 07 a 14/11/2009
Comentário auxiliar elaborado pelo prof. Sikberto Renaldo Marks
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Ijuí – Rio Grande do Sul, Brasil
"Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia" (I Cor. 10:12)
Verso para memorizar: "O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda" (Prov. 16:18, NVI).
- Introdução – santo sábado, dia da aliança entre criaturas e o Criador
Retomando alguns pontos, importantes para este estudo. Quando saíram do Egito, eles não passavam de um enorme bando sob a liderança humana de dois homens: Moisés e Arão. Uns dois milhões de seres humanos dirigidos por duas pessoas, em média uma para cada milhão. A tarefa era impossível. Por isso havia lá, com Moisés e com Arão, o superior poder de DEUS, mas mesmo assim, na Terra a liderança era insuficiente.
Então aos poucos o bando foi sendo organizado em uma nação. Foram destacados 70 líderes para ajudar Moisés, e também mais líderes, os maiorais de 1000, os de 100, os de 50 e os de 10. Agora já temos uma boa hierarquia, DEUS acima de tudo, Moisés e Arão, os 70 auxiliares superiores e os líderes de grupos de pessoas.
Mas ainda era insuficiente para que tudo funcionasse sem transtornos. DEUS os organizou por tribos, seja para acamparem, seja para marcharem. No acampamento a barraca do Tabernáculo ficava bem no meio. Arão e seus filhos foram destinados para o sacerdócio. Moisés era o profeta, pelo qual DEUS falava aos sacerdotes e a todos. Os levitas cuidavam do Tabernáculo, de seus serviços (menos o que fora destinado aos sacerdotes), e do ensino do povo. Havia mais ou menos um levita adulto, com mais de 20 anos, para cada 90 pessoas, incluindo homens, mulheres e crianças, para o total de pessoas das outras tribos. Portanto, esses homens tinham condições de ensinar a multidão. Para isto, ainda devemos considerar as responsabilidades dos pais de família, que eram sacerdotes do lar, portanto, responsáveis pelo ensino dentro do âmbito do lar. Temos, agora sim, uma nação perfeitamente organizada. Imagine só o poder dessa nação: tinham leis perfeitas, dadas por DEUS, que é perfeito, eram dirigidos por DEUS, suas necessidades eram supridas por DEUS e tinham a proteção d'Ele. Também tinham uma organização sofisticada, conforme suas tribos e famílias. Quando acampavam, todos já sabiam seus lugares pré-estabelecidos, na hora de marcharem, todos já sabiam em que momento e lugar deveriam se posicionar. Portanto, era só a nuvem se levantar, e todos já sabiam perfeitamente o que fazer e como.
Compare esse povo com sua condição no Egito, escravos, desorganizados, sem liderança, sem perspectiva, sem esperança, sem honra nem dignidade. Que situação! Não tinham nada! Qual o futuro para um povo nessas condições? Sempre escravos, fadados a desaparecerem na exploração e na miséria. Agora, no entanto, tinham tudo, e com esperança de só melhorar, futuro garantido por um DEUS que demonstrara Seu poder contra seus inimigos e a favor deles. Eles eram a nação eleita por DEUS, o Criador de todas as coisas, não era qualquer um!
E aí, nessas condições, o que aconteceu? Levanta-se uma (ou mais uma) forte rebelião contra Moises e Arão, uma verdadeira conspiração para derrubar a liderança deles, instituída por DEUS. E todos sabiam que esses dois irmãos foram escolhidos por DEUS. E também sabiam que DEUS dirigia o povo por meios desses dois, dos 70 e dos maiorais de 1000, de 100, de 50 e de 10. Todos viram os grandes sinais feitos por meio desses dois homens diante de Faraó, sinais que levaram à libertação do povo. E viram como foi possível passar pelo mar vermelho, como puderam se alimentar esses milhares, durante meses e anos, no deserto onde nada se planta e nada se colhe. Comeram do maná, ganharam água, e quando pediram, receberam até carne (leiam o Salmo 106).
Ainda assim, dessa vez um grupo de homens não só murmurou contra os escolhidos de DEUS, e também contra DEUS, mas organizaram uma bem estruturada revolução para derrubar a liderança de Moises e Arão, e por tabela, a liderança de DEUS.
Quem fez isso? Coré (ou Corá, depende da tradução), Datã e Abirão, além de Om, que insuflaram mais 250 líderes do povo contra a liderança dos escolhidos de DEUS. Levantou-se uma oposição conspiradora organizada contra os líderes terrestres e o celeste, provindo do meio dos próprios escolhidos para cuidarem do Tabernáculo bem como do ensinamento do povo. Agora, reflita um pouco: quais são os inimigos mais perigosos? Os de fora, ou os que fazem parte do mesmo povo? Sempre os mais perigosos são os de dentro. Imagine então, como será nos tempos do alto clamor, quando a igreja de DEUS estiver dando o último alerta, para que saiam definitivamente os de Babilônia, que são servos de DEUS, mas que ainda permanecem em Babilônia! Será que é possível imaginar tal situação. Não precisa esforçar-se muito para imaginar, bem logo saberemos como isso vai ser.
- Primeiro dia: Rebelião (novamente)
Todos nós sabemos como satanás trabalha para conseguir seguidores. Em primeiro lugar, as pessoas geralmente não sabem que estão seguindo a ele, o diabo. Afinal, não sabem porque ele mente, dá a entender que pelas suas sugestões na verdade estão seguindo melhor a DEUS. tanto que próximo ao fechamento da porta da graça ele aparecerá personificando a JESUS CRISTO, para dizer que mudou os Dez Mandamentos. Todos aqueles que se voltam contra a verdade não tem outra opção senão mentir. Pois como pode alguém atacar a verdade, falando a verdade? Isso não é possível! Foi o que fizeram Coré, Datã e Abirão. Mentiram de forma nojenta. Disseram que "toda congregação era santa" e que cada um deles era santo" (duas mentiras que tinham por intenção dar a entender que muitos e muitos outros homens podiam ser líderes daquele povo), "O Senhor está no meio deles" (era verdade, mas não na intenção da afirmação, ou seja, eles estavam querendo insinuar que O Senhor estava com todos tanto quanto com Moises e Arão, e aí que está a mentira, pois o Senhor se relacionava com todos por meio de Moisés, e o povo devia buscar a intercessão pelo perdão por meio de Arão, e seus filhos), que "Moisés e Arão se exaltaram sobre a congregação" (essa foi a mentira mais cruel e ousada, pois os dois foram escolhidos por DEUS, aliás, Moises inicialmente nem mesmo queria fazer esse trabalho).
Para piorar, ainda acusaram a Moisés e Arão do retorno ao deserto, mas, pouco antes estavam por apedrejar Josué e Caleb, que queriam, tal como Moisés e Arão, entrar na terra Prometida. Portanto os dois irmãos estavam sendo acusados de algo que os acusadores mesmos criaram, e do que estes mesmos eram culpados. E não contentes com isso, ainda acusaram Moises de querer se fazer príncipe sobre eles.
Analise a situação. As acusações são muito fortes, mas todas falsas. Elas estavam tentando criar condições de rebelião total, de toda nação, para destituir os dois e em seu lugar colocar os três chefes da insurreição. Isso era uma revolução de luta pelo poder, coisa que satanás já havia feito no Céu. Agora, por meio desses revoltosos, satanás queria assumir o poder sobre o povo de DEUS. Como estratégia para consegui-lo, conquistou os corações de pessoas que já estavam descontentes com a realidade do retorno ao deserto. Ele levou essas pessoas a um estado de espírito de revolta contra a liderança estabelecida por DEUS. Ele, satanás, nas pessoas que lideravam a revolta, queria tomar o controle do povo escolhido por DEUS. Essa era a verdadeira batalha, o mais que se dizia ali, era apenas figuração para esconder a realidade última.
Ora, perceba isto, eles estavam próximos da Terra Prometida, certo? Alguns deles já haviam, trilhado por lá, certo? Sabiam o caminho. O povo já estava bem organizado. DEUS estava com eles. Que mais era necessário a um ambicioso por poder para derrubar Moises e Arão, e tomar a si a glória de liderar uma grande e poderosa nação a uma terra rica, que produz leite e mel? Do ponto de vista humano, era pegar ou largar; sim, do ponto de vista humano de um ambicioso, era o momento ideal para conduzir uma revolta para pegar e não largar mais. O povo ainda estava descontente do retorno ao deserto, da perspectiva de nele ficarem por décadas, os mais velhos sabiam que iriam morrer no deserto, o que tinham a perder com a revolta? Pouca coisa, mas se desse certo, estariam eles no poder dos milhares de Israel. É o drama da ambição e da ganância que torna cegas as pessoas que se deixam dominar por ela. Mas, nunca esqueça que por trás desse cenário de descontentamento e ambição havia uma figura sinistra e cruel: satanás, que queria tomar o povo escolhido das mãos de DEUS. E o povo, ingenuamente, estava criando condições muito favoráveis aos intentos de satanás.
Esse foi o caso, por exemplo, de John Harvey Kellog, nos tempos antigos da Igreja Adventista. Esse era um brilhante médico, profissionalmente bem sucedido. Mas era um homem orgulhoso de si, achava-se o mais importante de todos e era megalomaníaco. Ambicioso e ganancioso, veio a controlar o poder no sanatório da igreja. Isso que ele queria, dominar, ter poder, controlar a ponto que as coisas fossem feitas conforme a sua vontade. Devido a seus defeitos de caráter, mais tarde tornou-se panteísta, como aqueles que acham que DEUS está em todas as coisas. Revoltou-se contra a igreja, e apostatou porque não foi atendido em seu desejo de mudança da estrutura da igreja conforme a sua vontade. Foi um homem brilhante, que tinha tudo para realizar um excelente trabalho para DEUS, e assim salvar a vida espiritual (além da física que ele fazia como médico), mas nem ele mesmo se salvou. Ele queria o poder, pois teve poder para jogar a sua vida na morte eterna. E isso foi o que fez.
Que isso sirva de reflexão para nós nesses dias finais, pois seremos atiçados por satanás para repetir os erros do passado, justamente quando estamos às portas da vida eterna. Nunca foi, e agora muito menos é hora de disputar poder. Na igreja (como em todos os lugares) a luta pelo poder é algo bem comum, facilmente perceptível. Esse tipo de luta é impossível de esconder. Sempre é bom lembrar, estamos nós últimos anos (senão meses) de liberdade para fazermos escolhas sensatas, isto é, de sermos humildes e mansos como foi JESUS, nosso sacerdote e exemplo. Quando o fogo do desfecho se aquecer (pois já está aceso) então ficará difícil àqueles que já estão na igreja fazerem uma reforma moral.
- Segunda-feira: Se o Senhor fizer... algo totalmente novo
A revolução de Coré, Datã e Abirão focava um alvo: eles queriam o sacerdócio. Viam nele o poder máximo, cargo respeitado pela multidão, cargo importante de vestimentas diferentes e destacadas. Mas não tinham essa ambição para realizar um trabalho superior ao que já vinha sendo realizado, e sim, para terem poder.
Poder é algo que fascina. As pessoas o desejam, e muitas vezes, lutam por ele utilizando meios desleais e até violentos. Satanás caiu e causou tudo o que sabemos por ambição de poder.
Os três líderes revoltosos também queriam esse poder. Estavam, talvez sem o perceber direito, se aliando com satanás, inimigo de DEUS e deles mesmos (pois eram parte do povo de DEUS). Mas para quê ambicionavam o sacerdócio? Queriam para se tornar importantes, dominar sobre o povo, serem os mais elevados na hierarquia de um grande povo. Imaginavam seu poder após a conquista de Canaã, estabelecidos como dominadores da nação, com um DEUS com eles que derrotava todas as nações. Imaginavam seus filhos, netos, etc., sucedendo-os, para sempre, no controle do poder. Ao menos essa era a prática entre os dominadores pagãos de todos os povos naqueles tempos.
Assim como não é fácil imaginar como seria a situação se Lúcifer tivesse destronado JESUS, e viesse a ocupar o lugar d'Ele, como seria esse governo formado por DEUS o Pai, pelo ESPÍRITO SANTO e por Lúcifer, também é impensável como queriam esses revoltosos ser sacerdotes depois de terem derrubado Arão do cargo a ele dado por DEUS. como falavam que esse era um povo santo, como por bom tempo se imaginavam no poder, insensatamente talvez imaginassem também, depois de tomar o sacerdócio pela força, exercê-lo contanto com o poder de DEUS. É muito comum pessoas racionalizarem suas imaginações e fantasias, e crerem nelas como sendo reais e factíveis, quando não passam de loucura, como era o caso em pauta. Se continuarmos com o raciocínio, veremos que eles queriam controlar até mesmo a DEUS (talvez não tivessem consciência desse ponto). Assim hoje é no mundo, Babilônia pensa que tem direitos que só JESUS possui, como o de perdoar pecados. Mas Babilônia acredita cegamente que de fato tem esse poder, e defende tê-lo com unhas e dentes, e ai de quem discorda. Isso se chama "operação do erro", quando as pessoas se tornam cegas pelas suas próprias ambições, e acreditam firmemente como verdadeiro aquilo que elas inventaram.
Então revoltaram-se contra Moisés e Arão, no entanto, estavam se revoltando contra DEUS. O DEUS do qual dependeriam se sua aventura desse certo, do qual precisariam para continuarem na liderança, insensatamente O tornaram como o alvo principal de sua revolta! Eles haviam visto a glória de DEUS no Sinai, e desde o Egito viram que Ele guiava o povo com grandes sinais de poder, por meio de Moisés e Arão. Agora, o que queriam era ocupar o lugar desses dois, além de contar com o poder que DEUS dava a eles. Louca insensatez, fruto da cegueira formada pela ambição ao poder.
Mas na verdade, o que estavam fazendo? Se revoltando contra o próprio DEUS. Esse foi o caso de Dudley M. Canright, nos tempos de Ellen G. White. Era um pastor, homem orgulhoso, e por não ter sido escolhido como presidente de um campo, abandonou a igreja e se tornou inimigo dela. Esse homem desejava o poder, a fama, o controle. Queria ser famoso, ser visto como alguém importante. O que conseguiu? Perder a vida eterna, e quem sabe, levar outros com ele, pois publicou um livro contra a igreja e contra EGW.
Muito cuidado a todos nós, pois o germe da ambição pelo poder ainda não foi derrotado. Ele, aliás, está mais ativo que nunca. É a maneira, não só de derrubar bons líderes na igreja, mas de prejudicá-la e de destruir a vida de muitas pessoas que de alguma forma forem influenciadas por tais pessoas. E todos aqueles que ambicionam o poder, mais dia menos dia se tornarão acérrimos inimigos da igreja e de DEUS, bem como de seu povo, pois seus intentos serão frustrados, como sempre foi, a história o revela.
- Terça-feira: Memoriais
DEUS é didático. Ele usa recursos interessantes para marcar conhecimentos importantes para o povo. Vários memoriais são descritos na Bíblia, tais como:
ð o arco-íris, para que fosse lembrado que DEUS nunca mais destruiria a Terra por água, pois daquela catástrofe em diante iria chover regularmente com raios e trovões, e isso certamente assustaria os pós-diluvianos;
ð a circuncisão, para lembrar de que eram um povo exclusivo de DEUS;
ð a coluna de pedra de Jacó, na fuga de seu irmão Esaú, quando por sonho entendeu que DEUS estava com ele naquele lugar;
ð O amontoado de pedras que Jacó levantou como divisa entre ele e Labão, um sinal de delimitação geográfica e de paz entre eles;
ð a festa da Páscoa, para lembrar a Saída do Egito, e depois, a lembrança da morte de CRISTO para Se tornar Salvador, e lembrar também de que iremos nos assentar com Ele na Nova Terra para a ceia da vitória;
ð As borlas azuis, para lembrar da presença de DEUS, e de serem fiéis a Ele;
ð Das pedras comemorativas tiradas do Jordão, a lembrar do poder de DEUS por passarem em seco pelo rio;
ð Dos sacrifícios de animais, para lembrarem do sacrifício de JESUS, para que tivessem seus pecados perdoados e pudessem ser salvos da morte eterna;
ð Do sábado, para se lembrarem do Criador,
ð O ouro de despojo de guerra de capitães como memorial para lembrarem de que DEUS dá as vitórias;
ð A unção de JESUS pela mulher em Betânia, ficando seu feito para ser contado às gerações futuras, em memória do que ela fez, e que significava humilhação diante do Salvador;
ð O pão e o vinho que JESUS tornou como sendo em memória d'Ele, de Sua morte por eles.
Esse memorial, das placas de ouro, foi mais um. No entanto, esse era um memorial dramático: eles deveriam lembrar de Coré, Datã, e Abirão, para não repetirem o mesmo erro, e portanto, não sofrerem as mesmas conseqüências.
Franklin Edson Belden foi um impressionante compositor nos tempos de EGW. Ele era capaz de, durante um sermão, compor uma música e sua letra, e com sua esposa cantar no final como apelo, tudo relacionado com o assunto. Em nosso hinário há hinos com suas letras compostos por ele, um deles é o 250, "Cantarei de meu JESUS".
Mas o que aconteceu a esse homem? Era emocionalmente instável, e envolvendo-se com uma desavença por problemas de corrupção em uma Associação (isso é normal entre seres humanos enquanto não houver a transformação total), não teve estrutura para suportar a pressão e abandonou a igreja. Hoje temos os memoriais dele, hinos que constam em nosso hinário, que nos lembram de JESUS, e também de que precisamos ser humildes diante do Salvador, e não cair junto com outros que não são dignos de cargo que muitas vezes ocupam na igreja ou em outras instituições.
- Quarta-feira: Entre os vivos e os mortos
As rebeliões seqüenciais depois da ordem de retorno ao deserto foram motivadas pela frustração de terem que passar mais uma geração de tempo no deserto. Estavam profundamente magoados com o que sofriam. Aqueles homens sabiam que ali morreriam. Aí, como a maioria das pessoas, estes também não suportaram assimilar a culpa de sua rebelião contra Josué e Caleb, e passaram a culpar Moisés e Arão. Sempre os outros é que são os culpados daquilo que nós provocamos, não é assim que funciona?
Foi então que ocorreu a revolta organizada de Coré e seus associados. Eles foram exemplarmente destruídos, no entanto, já no dia seguinte, outra vez o povo se revoltou contra Moisés e Arão. É quase inacreditável, digno de filme, mas é verdade. Eles murmuraram contra Moisés e Arão dizendo: "Vós matastes o povo do Senhor".
Mas como se pode admitir um povo assim tão rebelde? Só há uma explicação razoável. Tinham que transferir a culpa deles a alguém outro. Ora, haviam passado uns dois anos no deserto, com a Lei, sacrificando pelo perdão dos pecados, no entanto, o que aprenderam desse ritual todo? Parece que nada. Portanto, estavam retornando ao deserto para mais uns bons 38 anos, e aprender com mais realismo que não haviam entendido até então.
Eles queriam acreditar em sua imaginação. Em sua fúria, criam nas idéias que mais lhes favoreciam, tais como culpar os instrumentos de DEUS por seus infortúnios que eles mesmos criaram. Na verdade, talvez sem querer, em sua insensatez, estavam culpando a DEUS.
Então, para acordá-los, DEUS mandou uma praga entre o povo, e dentre eles, iam morrendo pessoas, uma após a outra, aos milhares. Moisés vendo aquela tragédia, mais uma, mandou que Arão, como sacerdote, corresse entre o povo com o incensário. Isso representava a intercessão de JESUS, e as mortes cessaram. Mas do tempo em que Moisés percebeu o que acontecia até que Arão fez a intercessão, morreram 14 mil homens.
O ato de Arão teve um significado importante, a morte de JESUS entre os homens, entre os mortos e os vivos. Arão corria entre mortos e vivos para que a praga parasse. JESUS foi crucificado entre duas pessoas más, um morto e um vivo. O morto é representado pelo ladrão que não se converteu a JESUS, pendurado numa cruz, pela sua própria decisão, estava condenado a morrer para a eternidade, mas o ladrão que se converteu, embora também sendo um criminoso, era um ser vivo, pois foi-lhe garantida a vida eterna. Ali no acampamento os mortos passaram a representar os rebeldes que não se arrependem de imprudências, e os vivos aqueles que se arrependem.
Nos dias de EGW havia um homem de nome Hazen L. Foss. Ele era bem espiritual, bom cristão. Mas, ao receber uma visão para transmitir aos demais irmãos, não o fez. Mais tarde, devia ter comunicado a visão a um grupo de pessoas, mas outra vez se esquivou de fazê-lo. DEUS lhe fez saber que se continuasse resistindo a informar a visão que recebera, o ESPÍRITO SANTO se retiraria dele. Mas ele, mesmo assim reteve o que sabia. Então o ESPÍRITO SANTO se retirou dele, pelo que, desesperado, aí sim, reuniu as pessoas para falar o que sabia. Porém, o que aconteceu? Não conseguiu falar. Ellen G. White recebeu o dom de profecia em seu lugar. Foss, que antes fora um bom cristão, perdeu todo o interesse em assuntos de fé e religião, e se perdeu para o mundo.
A que direção o estudo dessa semana nos quer levar? Cuidado com as imaginações férteis. Muitas vezes são pura fantasia, sem fundamentação alguma, no entanto, fomentadas por fortes emoções de frustração e raiva, facilmente se tornam realidade virtual, e as pessoas acreditam nelas como se fossem verdades incontestáveis. O pior é que elas passam a agir a partir dessas fantasias, e geram conseqüências por suas ações.
- Quinta-feira: O bordão de Arão que floresceu
Logo depois da nova mortandade daqueles 14.000, DEUS deu uma ordem. Tratava-se de algo como tirar a prova de quem era o escolhido de DEUS para o sacerdócio. Deviam trazer 12 varas para Moisés, uma por tribo, e que se escrevesse o nome do pai de cada tribo na respectiva vara, no entanto, na tribo de Levi, se escrevesse o nome de Arão. A vara que florescesse apontaria o escolhido de DEUS para o sacerdote.
Portanto, esse era um teste não só para indicar o sacerdote, também para mostrar quem jamais seria sacerdote, por isso DEUS determinou que escrevessem os nomes das tribos em cada vara, mas na vara da tribo de Levi, deveriam escrever o nome não de Levi, mas de Arão. Ou seja, o sacerdote era um homem da tribo de Levi e seus descendentes, e ninguém mais. Assim do mesmo modo como só JESUS poderia ser no futuro o Cordeiro e O Sacerdote.
E o que aconteceu? No outro dia a vara de Arão havia florescido, as outras não. Eram todas varas sem raízes e não foram plantadas na terra, nem foram regadas. A vara de Arão criou flores e frutos. Ou seja, isso simbolizava a escolha de DEUS, uma vara que era para conduzir espiritualmente o povo todo, os frutos simbolizando os bons resultados de quem obedecesse, pois o sacerdote era dirigido por DEUS, não agia por iniciativa pessoal.
Dessa vez DEUS agiu suavemente, e obteve bom resultado, pois eles chegaram a conclusão de que se continuassem com suas rebeldias morreriam bem logo no deserto, e não restaria mais povo de DEUS. A prova dos bordões foi eficaz.
Então, o que acha, DEUS não poderia ter evitado toda aquela mortandade fazendo essa prova antes daquelas rebeliões? Tudo indica que dessa maneira não daria resultado algum. Veja que a conclusão deles era de perecerem todos, concluíram isso após os resultados das rebeliões, portanto, só após verem os resultados dessas rebeliões que a prova das varas daria resultado positivo. Portanto, antes que a prova simples pudesse ser aceita, teve que DEUS permitir que cometessem vários erros e que sofressem as conseqüências para só então entenderem o quanto estavam errados, e que na verdade estavam se voltando contra DEUS, não contra os líderes humanos.
Esse é o grande perigo em nossos dias, termos idéias que não são fundamentadas em escritos, mas pensarmos que são. É o caso da Trindade (e outros). O ESPÍRITO SANTO é DEUS como o Pai e JESUS, isso está na Bíblia e no Espírito de Profecia. E é simples e fácil de entender. No entanto, quando alguém, por motivos diversos, resolve entender de modo diferente, e brinca com tal entendimento por algum tempo, daí em diante não consegue mais admitir que sua idéia anti-bíblica esteja errada. Errados estão aqueles que não concordam com ele e seu grupo. Para todos os demais o erro é óbvio, mas para essas pessoas não é, e não há nada nesse mundo que os faça mudar de idéia. Triste situação. Dá para mudar? Sim dá, mas requer humildade.
- Aplicação do estudo – Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:
Os estudos dessa semana devem resultar em alerta para nós, povo dos últimos dias. Nós não melhoramos em nada em relação àqueles israelitas que atravessavam o deserto. Pelo contrário, temos uma carga maior de degeneração sobre nós, são mais uns 3 mil anos de pecado acumulado até chegar aos nossos dias. Adicione-se a isto a ação mais intensa de satanás em nossos dias que naqueles. Estamos indo para o desfecho.
Vamos simular uma situação. Imagine um grupo de pessoas, uma dessas pessoas é pastor, outro um ancião, outras duas um casal de cantores e ainda dois obreiros bíblicos. Vamos supor que essas pessoas trabalhem normalmente para a igreja, no entanto, nesses dias finais, não são assim tão cuidadosas para com as coisas de DEUS. E não há nada de surpreendente nisso, pois tal hipótese é uma realidade bem freqüente.
Então acontece algo na igreja que as envolve emocionalmente. Houve uma decisão da parte de superiores que prejudicou esse grupo de pessoas. Elas, um tanto descontentes pela injustiça, reúnem-se com alguma freqüência para trocarem idéias sobre a injustiça, e em vez de tratarem sobre como superar, ficam lamentando, e alimentando rancor. E veja que injustiças são freqüentes entre o povo de DEUS, pois aqui ainda somos humanos, e erramos com freqüência, muitas vezes erros deliberados, como aqueles que visam acumular poder.
Então o que mais acontece? Enquanto estavam assim se enfraquecendo no poder da fé, sai o decreto dominical. Com ele vem uma crise econômica sem precedentes, que leva o país todo a dificuldades extremas, fome e pestes aparecem por todos os lados, além de saques e crimes. Nesses dias, quem não estiver firme na fé, facilmente sucumbe. O que possivelmente acontece às pessoas desse grupo? Como estavam fragilizadas em sua fé, desgostosas pelo ocorrido, talvez até um tanto revoltadas, sentem grande dificuldade para suportar a última provação sobre o povo de DEUS, que se chama sacudidura. A sua revolta aumenta, em razão dos problemas a mais que com esse decreto fez aparecer, por isso se afastam da igreja e se tornam inimigos de seus antigos irmãos. Essa, em casos assim, é a maior possibilidade.
Por isso que JESUS disse que devemos vigiar e orar todos os dias. Devemos estar sempre preparados a suportar pequenos problemas para quando vierem os grandes problemas, fiquemos firmes e em pé. Na verdade esses grandes problemas, leis opressoras e decreto dominical estão bem mais próximos de nós do que talvez estejamos imaginando.
escrito entre: 02/10/2009 a 03/10/009 - revisado em 06/10/2009
Declaração do professor Sikberto R. Marks
O Prof. Sikberto Renaldo Marks orienta-se pelos princípios denominacionais da Igreja Adventista do Sétimo Dia e suas instituições oficiais, crê na condução por parte de CRISTO como o comandante superior da igreja e de Seus servos aqui na Terra. Discorda de todas as publicações, pela internet ou por outros meios, que denigrem a imagem da igreja da Bíblia e em nada contribuem para que pessoas sejam estimuladas ao caminho da salvação. O professor ratifica a sua fé na integralidade da Bíblia como a Palavra de DEUS, e no Espírito de Profecia como um conjunto de orientações seguras à compreensão da vontade de DEUS apresentada por elas. E aceita também a superioridade da Bíblia como a verdade de DEUS e texto acima de todos os demais escritos sobre assuntos religiosos.