"Confesso Leandro que, ao escrever esses versículos bíblicos dei 'Glória a Deus' por não ser adventista" – Parte 1
by leandro.quadros on 06/02/10 at 11:25 pm
Libertador San Martín, Entre Rios – Argentina
07/02/2010
Caro Pr. Natanel Rinaldi:
Depois de escrever a algumas pessoas que necessitavam de aconselhamento espiritual, separei um tempo para responder as suas colocações, postá-las no www.namiradaverdade.com.br e enviá-las para o moderador do site www.advir.com.br
Antes de tudo, é natural que eu fique descontente com sua postura e, em alguns momentos, veja desonestidade em suas argumentações. Afinal, suas palavras não são em tom agradável. Mas, isso é coisa de momento e, enquanto o senhor e eu não formos glorificados na volta gloriosa de Cristo, sempre teremos o risco de deixarmos o lado humano "falar mais alto" em alguns momentos.
O senhor repetidas vezes chama a Sra. White – uma das fundadoras do adventismo e minha irmã na fé – de FALSA. E isso, com "base" em suas opiniões pessoas e no uso indevido de citações dela. Como não quer que eu fique chateado? Sou ser humano e não tenho coração de ferro. Por isso, posso voltar a repetir: o fato de em certos momentos ver desonestidade de sua parte, não significa que eu o considere assim em todas as circunstâncias e nas demais esferas em que atua.
É uma leitura com pressupostos preconceituosos que o faz achar que o comparei a Balaão, ao citar Judas 1:10-11. Leia o contexto de minha resposta as suas acusações e veja que O PENSAMENTO QUE UTILIZEI de Judas foi para concluir o seguinte: "O Pr. Natanael difama aquilo que não conhece". Nada mais. Portanto, seu "tiro" na última resposta saiu pela culatra. Qualquer leitor atento que compare nossos textos perceberá isso.
Outra coisa que é gritante: o pastor usa de um recurso que nada tem a ver com a apologética séria: costuma SAIR PELA TANGENTE trazendo à tona outras questões que não estão em discussão. Quem não percebe que o senhor, por não poder me apresentar dados históricos que comprovem suas equivocadas interpretações de nossa história, não possui argumentação sólida? Trazer assuntos novos em um bom debate é saudável. Porém, primeiro todos os pontos levantados nos debates precedentes precisam ser abordados, para que haja conhecimento mútuo, correções e até pedidos de desculpas de ambas as partes (isso também é uma forma de respeitar ao leitor). Pense nisso com carinho. CONVIDO AO PASTOR E A CADA LEITOR a compararem nossas respostas e ver que nem 20% do que refutei recebeu na realidade uma tréplica. Apesar de o analfabetismo funcional ser ainda grande em nosso País, não pense pastor que as pessoas não verão essa sua técnica (usada de forma consciente ou não – quem sou eu para julgar) de forma escancarada.
A seguir, abordarei o restante de nossa discussão em tópicos (As declarações que estiverem entre aspas são afirmações do Pr. Rinaldi) para facilitar a vida de nossos leitores. No site do "Na Mira da Verdade" (www.namiradaverdade.com.br) a resposta será em partes, devido ao tamanho do texto.
SOBRE O LIVRO "ESTUDANDO JUNTOS"
Vamos considerar alguns pontos:
1. Não vejo lógica na sua atitude de julgar os adventistas como "proselitistas" sendo que faz a mesma coisa. Sim: diante de outras igrejas ou movimentos religiosos, se o senhor convencer alguém a ir para a sua congregação, também será considerado um "pescador no aquário dos outros". Sua crítica nesse quesito não existiria se colocasse a mão na própria consciência;
2. Realmente, nós adventistas estudamos a Bíblia com irmãos de outras igrejas e quereremos que congreguem conosco. E não vemos mal algum nisso, pois, é uma de nossas crenças FUNDAMENTAIS que os filhos de Deus estão em todas as igrejas (ou não igrejas). Leia isso na página 13 do Manual da Igreja Adventista e não em fontes secundárias.
É exatamente nosso senso de missão – de que devemos ensinar a todos sobre as três mensagens de Apocalipse 14:6-12 – que nos impulsiona a estudar a Bíblia com Batistas, Pentecostais, Católicos, Espíritas, Budistas, Ateus, Agnósticos, Muçulmanos, etc.
E, se a pessoa decidir-se por congregar conosco, maravilhoso. Caso não, o carinho e a amizade têm que permanecer. Foram muitas as vezes em que tive diálogos amistosos com irmãos de outras igrejas que, ao aceitarem doutrinas adventistas, preferiram ficar em suas congregações. Se um dia Deus colocar um deles em seu caminho, pergunte se em algum momento o chamei de "filho de babilônia". Creio que o Senhor Deus congregará todo o povo dEle num só rebanho (João 10:16; Apocalipse 18:4), mas, não no momento que eu ou qualquer adventista ache que deva ser. O trabalho de reunir os filhos de Deus é obra do Divino Espírito Santo.
3. Há um abismo entre nós e as Testemunhas de Jeová também nesse sentido (um colega seu desafortunadamente comparou nossas doutrinas com as deles… Sobre isso ele terá a devida resposta). Eles têm manuais para debaterem com as pessoas, de forma agressiva muitas vezes (hoje, vários deles têm mudado um pouco tal atitude) e, nós adventistas, tivemos a felicidade de termos em nossas mãos o "Estudando Juntos" não para debater, mas, para nos aproximarmos das pessoas para o estudo da Palavra de Deus. Nosso desejo é não é vivermos em inimizade com irmãos de outras confissões religiosas, pois, isso seria até diabólico. Temos a contribuir com o cristianismo ao ensinarmos algumas verdades esquecidas. Que mal há em querermos reparti-las com as pessoas? Se TODOS os movimentos religiosos (e até filosóficos) fazem isso, por que apenas os adventistas merecem ser adjetivados como "proselitistas"?
"Por que polemizar sobre o sábado se as duas maiores doutrinas adventistas são: 1) O juízo Investigativo e 2) O Santuário celestial que é centro da fé adventista?"
É SUA a interpretação de que as doutrinas em comum a serem utilizadas num estudo bíblico são pontos "secundários". Se um adventista julgar a salvação pela graça como "secundária", não pode ser um adventista. Estudar doutrinas em comum é uma forma de juntos vermos que há pontos em que concordamos. Se o senhor conversar com grandes evangelistas cristãos como um dos presidentes da Sociedade Trinitariana no Brasil (o conheci há alguns anos e hoje não sei se ele exerce a mesma função), aprenderá com eles que, em qualquer diálogo, as doutrinas discordantes ficam para depois. Essa é a forma que ele adota para estudar a Bíblia com os judeus. Se o senhor, pastor Rinaldi, chega de cara para um judeu dizendo que ela não será salvo por que não acredita em Jesus e nem no Novo Testamento (não me refiro aos judeus messiânicos), tenho que lhe dizer que ainda não sabe como proceder corretamente com tal pessoa por quem Jesus morreu.
Também é incrível que o senhor se utilize de O GRANDE CONFLITO para encontrar uma "contradição" nas estratégicas adventistas e para afirmar que "o centro da fé adventista" são apenas duas doutrinas. É de pasmar tal atitude por pelo menos três motivos:
1. O CENTRO de nossa fé é o Senhor Jesus. Sendo que o pastor citou um texto de Ellen White fora do contexto (como é de seu costume), transcreverei um dela para que fique evidente a prova:
"Precisamos muito menos controvérsia e muito mais apresentação de Cristo. Nosso Redentor é o centro de toda a nossa fé e esperança" – O Colportor Evangelista, 42.
As doutrinas do juízo investigativo e do santuário celestial só são importantes SE apontarem para CRISTO! Assim como todas as demais 26 doutrinas fundamentais adventistas (ler o livro "Nisto Cremos" – Casa Publicadora Brasileira), as duas que o pastor citou GIRAM EM TORNO DO SALVADOR.
Com este tipo de argumentação, não está o pastor Natanael demonstrando falta de conhecimento a respeito de nossas crenças fundamentais e, assim, levando outras pessoas a se enganarem a respeito de nós? Cuidado, pastor Rinaldi: Deus está nos Céus e julgará todas as nossas obras e intenções (Eclesiastes 12:12; Romanos 14:12).
"Já imaginou um crente batista ouvir falar que a obra da redenção não foi concluída na cruz e que cada cristão deve saber que essa obra do Juizo Investigativo vai terminar um pouco antes da vinda de Jesus e que os livros serão abertos para saber se tais pessoas serão ou não salvas? E que só se salvarão quando seus pecados forem lançados sobre Satanás e, que, só quando Satanás for aniquilado, os pecados dos adventistas serão cancelados?"
Sim: vários crentes batistas e de outras denominações religiosas ouviram a respeito de nossa doutrina e, QUANDO A ENTENDERAM, nada viram de aberrante na mesma. O Dr. Walter Martin, referência no meio apologético (tanto que o Instituto Cristão de Pesquisas – ICP – tem o nome dele) ESTUDOU PESSOALMENTE com líderes adventistas por volta da década de 50 e concluiu que não somos sectários por causa de nossa doutrina sobre o juízo. Se o senhor realmente seguisse o exemplo do Dr. Martin, o ICP apresentaria os adventistas de outra maneira. Claro que não é obrigado a concordar com todas as nossas crenças. Mas, no mínimo, não listaria a igreja Adventista entre as grandes seitas.
Quanto à apresentação de nossa doutrina, NUNCA tivemos medo de ensiná-la, pois, a mesma é bíblica. Lembro-me que há anos lhe enviei um estudo sobre o juízo investigativo. E, em TV e rádio já expliquei o assunto de forma cristocêntrica para milhares de evangélicos esclarecidos.
Trabalho em veículos de comunicação de massa pastor Rinaldi. E, por meses seguidos, abordei tal doutrina. Sua afirmação de que não ensinamos isso de forma aberta é, portanto, inverídica.
O teólogo Luterano J. A. Seiss também acredita em um juízo investigativo. Irá acusá-lo de sectário por isso? (Desculpe-me a repetição do pensamento dele, mas, se faz necessária):
"A ressurreição e as mudanças que acontecem num abrir e fechar de olhos sobre os vivos são os frutos e a corporificação do juízo antecedente. São as conseqüências do juízo realizado em relação a eles. Estritamente falando, os homens não são ressuscitados para que venha o juízo. A ressurreição e a trasladação são produtos do juízo previamente efetuado. Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro porque eles já foram julgados aptos para estar com Cristo, e os santos vivos serão reunidos com eles nas nuvens, porque já foram julgados santos e vencedores sobre o mundo" - The Apocalypse, 136 (Grifos acrescentados).
Basta QUERER entender a doutrina da forma correta e qualquer preconceito desaparecerá.
"Meu Deus, que assombro! E eu que li na Bíblia que meus pecados foram lançados sobre Jesus!!! (2 Co 5.19; 1 Pe 2.24) Será que me enganei na leitura da Bíblia? Imagine pensam que meus pecados foram lançados sobre Jesus e os adventistas me esclarecem que serão meus pecados lançados sobre Satanás…"
Creio em todos os textos que apresentou e amo Isaías 53, o capítulo mais evangélico do NT (na opinião de alguns). Mas, tenho que discordar da maneira como o senhor tenta "convencer" as pessoas de que nossa crença a respeito do bode azazel em Levítico 16 torna satanás "co-participante" do plano de salvação. Vamos esclarecer as coisas como elas realmente são. Para isso, disponibilizarei no www.namiradaverdade.com.br uma exegese sobre Levítico 16:10 aos amados leitores – e ao pastor – para verem se realmente azazel pode ser um símbolo de Cristo.
Resumidamente, eis nossa crença a respeito do bode azazel:
1. Os pecados da humanidade são lançados sobre Cristo para PERDÃO dos pecados (1 Pedro 2:24);
2. Os pecados são lançados sobre azazel para RESPONSABILIZÁ-LO pelos pecados que levou os outros a cometerem. (Por isso, satanás será ESMAGADO, como afirma Romanos 16:20). Sendo que em um juízo ALGUÉM tem que ser o responsável por um delito, é incoerente tirar satanás de cena do Dia da Expiação (que é um Dia de Juízo). Isso seria tentar "livrar a barra dele".
3. O termo "expiar" nesse contexto, portanto, só pode ser corretamente entendido se levarmos em conta que:
(1) O nome "azazel" se refere a um "demônio do deserto". Eis algumas fontes não-adventistas: (as demais, no artigo que disponibilizo)
a. Dictionary of the Old Testament: Pentateuch;
b. Neophyti 1, III. Levitico. Targum Palestinense – (MS de La Biblioteca Vaticana. Barcelona, 1971), 110, 498. Autoria de, Alejandro Diez Macho.
c. Targum (mesmo não sendo nossa regra de fé, nos auxilia a compreendermos o termo no contexto judaico referente ao Dia da Expiação)
d. The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge:
"Partindo do fato de que há um contraste entre expressões 'para Jeová' e 'para Azazel', supõem muitos que Azazel seja um nome oposto a Jeová, um monstro do deserto, um demônio, ou diretamente Satanás… O contraste entre 'para Jeová' e 'para Azazel' favorece a interpretação de Azazel como substantivo próprio, sugerindo em si mesmo, uma referência a Satanás."
Aqui estão alguns dos melhores comentários do mundo. Quem conhece algo sobre teologia sabe disso.
(2) Se entendermos que o termo expiação, aplicado a azazel, é no sentido PUNITIVO. Azazel (satanás) levará nossos pecados no sentido de ser o responsável pela origem dos mesmos. Não "expiará" os pecados das pessoas no mesmo sentido que Cristo por que tal bode NÃO É SACRIFICADO. Só com derramamento de sangue inocente há perdão (Hebreus 9:22).
Mais detalhes sobre o assunto poderão ser vistos no link onde disponibilizarei o estudo sobre azazel.
E, desse modo, seu motivo para tanto "assombro" é exagero, pastor Rinaldi. Acalme-se…