O fim do verão
Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos. Jeremias 8:20
Na Palestina, a colheita de cereais começa em abril e termina em junho. A colheita de frutos é feita em agosto ou setembro. Quando a safra de cereais fracassa, ainda resta a esperança de colher uvas, figos, azeitonas, etc., dois ou três meses depois.
Em 15 de janeiro do ano 588 a.C. as forças de Nabucodonosor cercaram Jerusalém, e trinta meses depois a invadiram, provavelmente em 19 de julho de 586 a.C. (SDA Bible Commentary, v. 2, p. 178). Em 2 Reis 25:3, 4 lemos que "aos nove dias do quarto mês, quando a cidade se via apertada da fome, e não havia pão para o povo da terra, então, a cidade foi arrombada, e todos os homens de guerra fugiram de noite". A fome se tornara tão atroz, que "as mãos das mulheres outrora compassivas cozeram seus próprios filhos; estes lhes serviram de alimento na destruição da filha do Meu povo" (Lm 4:10).
Nesse contexto foi que o povo de Judá exclamou: "Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos." Eles lamentavam o fato de que a colheita de cereais havia passado e eles não tinham podido ceifar os campos, pois as tropas inimigas cercavam a cidade e ninguém podia sair.
Até o último instante, o povo preferiu acreditar nos falsos profetas, que prometiam a intervenção divina e o livramento, em vez de acreditarem em Jeremias, que havia profetizado destruição, caso não se submetessem ao rei da Babilônia. Mas a libertação não veio. Veio a fome, o desespero e a morte. Os sobreviventes foram para o cativeiro babilônico.
E o que esses fatos históricos têm a ver conosco? Nossa cidade não está cercada por nenhum exército, e a maioria de nós não está preocupada com o que vai comer amanhã.
Mas a lição que a história nos ensina é que a paciência divina tem limites, e um dia Ele porá fim à impiedade reinante e fará a colheita dos justos.
O verão representa o tempo ideal para a salvação. Se não aproveitarmos essa oportunidade áurea, o que poderemos esperar para o futuro, quando tivermos chegado ao outono ou inverno de nossa vida? Felizmente a porta da graça ainda está aberta. "Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação" (2Co 6:2).
Que tragédia alguém chegar ao fim de sua existência e exclamar: "Passou o verão e não estou salvo." O verão termina hoje. Estamos nós salvos? Amanhã talvez seja tarde.
A voz do povo
Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente. Deuteronômio 4:6
Certa vez, um político muito esperto estava realizando um comício, durante sua campanha eleitoral. Em seu discurso, ele contou a história do julgamento de Cristo, e de como o povo teve oportunidade de dar seu voto, escolhendo um dos candidatos a ser libertado.
"Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?" (Mt 27:17). O povo, democraticamente, deu seu voto: Barrabás. E assim foi libertado um criminoso e crucificado um inocente.
O político, astutamente se referindo ao seu oponente, concluiu dizendo: "Eu temo que o povo, mais uma vez, escolha Barrabás!"
Não sei se ele foi eleito ou não, mas não há dúvida de que ele usou um argumento forte, mostrando que o povo, muitas vezes, não sabe escolher.
Costuma-se dizer que "a voz do povo é a voz de Deus", mas na condenação de Jesus, a voz do povo foi a voz de Satanás, pois havia demônios infiltrados em meio ao povo: "Os próprios demônios, em forma humana, achavam-se na turba, e que se poderia esperar, senão a resposta: `Seja crucificado' ? (Mt 27:22)" (O Desejado de Todas as Nações, p. 733).
Houve uma ocasião, entretanto, em que o povo salvou um inocente de ser condenado. Jônatas, filho do rei Saul, acompanhado do seu escudeiro, subiu à guarnição dos filisteus e ambos mataram perto de vinte homens. Houve grande alvoroço no arraial dos filisteus, e então Saul e todo o povo se uniram à batalha e puseram os filisteus em fuga.
Saul havia ordenado que ninguém comesse algo antes do anoitecer. Mas Jônatas não sabia da ordem do pai e comeu um favo de mel. Quando Saul soube disso, quis matar o próprio filho. Foi nesse instante que o povo interferiu, dizendo a Saul: "Morrerá Jônatas, que efetuou tamanha salvação em Israel? Tal não suceda. Tão certo como vive o Senhor, não lhe há de cair no chão um só cabelo da cabeça! Pois foi com Deus que fez isso, hoje. Assim, o povo salvou a Jônatas, para que não morresse" (1Sm 14:45).
Nesse caso, o povo evitou que uma injustiça fosse cometida pelo rei. Ora, o povo é constituído por indivíduos. Como povo escolhido e como indivíduos precisamos deixar que Deus nos dirija. Só então a voz do povo será a voz de Deus.
Prova de anatomia
Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. João 14:26
Gláucio Pinheiro, que estudou medicina no México, conta que no fim do primeiro ano, a classe toda estava muito cansada dos estudos. No último dia de aula haveria o exame oral de anatomia, cujo professor era muito exigente. Nesse dia ele disse aos 64 alunos da classe:
– Eu sei que vocês estão muito cansados.
E daí mostrou um recipiente, dizendo que ali dentro estavam 64 papeizinhos, sendo que 62 continham a letra V, de vacaciones (férias), e apenas 2 com a letra E, de exame. Os alunos que tirassem a letra V receberiam 10 e poderiam sair de férias. Os dois que tirassem E teriam de prestar imediatamente o exame oral, que abrangia a matéria do ano inteiro.
Gláucio orou, dizendo a Deus que havia feito a sua parte, estudando bastante, mas que seria impossível lembrar da matéria toda, caso fosse sorteado para prestar o exame. E pediu que Deus o ajudasse.
Ele foi justamente um dos dois que tirou a letra E. O professor, então, lhe fez uma única pergunta:
– Qual a enervação dos dois terços anteriores da língua?
Gláucio sabia que havia estudado esse item, mas não tinha a mínima lembrança da resposta. Ele não conseguia raciocinar, mas não podia ficar em silêncio. Então abriu a boca, começou a falar, e a resposta saiu automaticamente, sem ele pensar, como se fosse um ato reflexo.
O professor deu nota 10 e lhe desejou boas férias.
É preciso fazer de Deus nosso sócio em tudo: no trabalho, nos negócios, no lazer, e também nos estudos. Se fizermos a nossa parte, ele fará a Sua, fazendo-nos recordar aquilo que se acha escondido nos recônditos da memória. Ele não trará ao consciente o que não tiver sido colocado na mente. Por isso, vadiar durante o ano e depois pedir a ajuda divina, para lembrar o que nunca foi estudado, com certeza será uma oração não atendida.
Assim também acontece com o estudo da Palavra de Deus. Devemos estar sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há em nós (1Pe 3:15).
"Os cristãos que tiverem estudado diligentemente as Escrituras poderão ter a certeza de que o Espírito Santo lhes trará à mente os textos adequados à ocasião" (SDA Bible Commentary, v. 5, p. 1039).
Ser amigo é melhor
O olhar de amigo alegra o coração. Provérbios 15:30
Embora seja muito importante pertencer a uma família, ser amigo é melhor do que ser membro de uma família. Porque um amigo se pode escolher. Mas não se pode escolher irmãos, pais, primos, tios e outros parentes. Além disso, irmãos e irmãs, pais e filhos, às vezes discutem, brigam e até se agridem. E não há nada pior do que briga em família.
Vejam o que aconteceu com Caim e Abel. As relações entre os dois se deterioraram a tal ponto que Caim matou o próprio irmão. E o matou por motivo fútil, o que hoje seria considerado homicídio qualificado. O noticiário moderno tem veiculado inúmeros casos de filhos que planejaram a morte dos próprios pais.
Ser amigo também é melhor do que ser namorado. Porque namorados que não são amigos logo se separam. A verdadeira amizade se confunde com o amor verdadeiro. E há um texto bíblico que revela até que ponto pode chegar esse sentimento: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos" (Jo 15:13).
Ter amizade cristã é interessar-se o suficiente pelos outros a ponto de tirar tempo para eles. Tirar tempo para ajudar o vizinho. Para visitar um doente. Para socorrer alguém com o carro quebrado à beira da estrada.
A amizade cristã nunca admite que haja na congregação uma única pessoa prestando seu culto a Deus em solidão. E há entre nós rostos solitários, no meio da multidão, que vieram a nós não tanto em busca da doutrina correta, da igreja assinalada pela profecia, mas em busca de uma palavra de carinho, de afeto, de solidariedade, de compreensão, de amizade, de amor. E quando as pessoas não encontram em nosso meio o carinho de que precisam, elas, muitas vezes, vão embora para outra igreja, que poderá oferecer menos doutrina, porém mais amor. Daí muitos irmãos se admiram dizendo: "Como é que pode? Trocou a verdade pelo erro!" O fato é que elas não trocaram a verdade pelo erro. Trocaram a frieza pelo amor.
Quando Deus perguntou a Caim: "Onde está Abel, teu irmão?", Caim procurou fugir à sua responsabilidade, dizendo: "Sou eu guardador do meu irmão?" (Gn 4:9, ARC). Mas a resposta de Deus a Caim, e a cada um de nós, não deixa dúvida: "Sim, você é guardador do seu irmão!"
O mundo acredita no evangelho do egoísmo, em que cada um deve cuidar de si mesmo. Mas Deus diz: "Levai as cargas uns dos outros" (Gl 6:2). Ele diz que você deve se importar com seu irmão, porque este é o verdadeiro evangelho: o evangelho do amor.
Combatendo o desperdício
Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca. João 6:12
Deus não precisou de matéria preexistente para criar os mundos. Mas no caso da multiplicação dos pães e peixes, Jesus usou o material existente – cinco pães e dois peixinhos – para operar esse milagre. Disso se pode concluir que o poder de Deus opera de maneiras variadas, tanto criando algo a partir do nada, como transformando e multiplicando a matéria já existente.
No início de Seu ministério Jesus Se recusou a operar um milagre semelhante – transformar pedras em pães (Mt 4:3). É que, nesse caso, o milagre seria em Seu próprio benefício, e aí está a diferença: Ele não Se valia do poder divino para Seu próprio proveito.
Na multiplicação dos pães e peixes Ele poderia ter alimentado a multidão fazendo surgir o alimento a partir do nada, mas preferiu usar o que havia. E nesse fato há uma lição para nós: Jesus não despreza o que temos para oferecer, por pouco que seja. Ele não só aceita nossa pequena doação, como a transforma e amplia, tornando a dádiva proveitosa para muitas pessoas.
Se depusermos sobre o altar o que temos e somos, será impossível prever o que Cristo poderá fazer por nosso intermédio. Ainda que nossa dádiva seja insignificante, não deixemos de depô-la aos pés de Cristo, pois o pouco se transforma em muito em Suas mãos.
Outra lição desse milagre, é que Cristo combateu o desperdício, ordenando aos discípulos que recolhessem os pedaços que sobraram: "E dos pedaços que sobejaram recolheram ainda doze cestos cheios" (Mt 14:20). Se essa ordem de Cristo fosse seguida no Brasil, cerca de 19 milhões de pessoas poderiam ser alimentadas com três refeições diárias, pois o que se joga fora em restaurantes, mercados, feiras, fábricas, quitandas, açougues, e mesmo dentro de nossa própria casa, chega a 39 mil toneladas diárias. E vai tudo para o lixo.
Deus distribui generosamente Suas dádivas aos homens, para que todos fiquem saciados. Mas não é correto desperdiçar as bênçãos, sejam elas materiais ou espirituais. Ao mandar recolher os pedaços "para que nada se perca", Jesus estava dando uma lição de economia, tanto para os que viviam em Seus dias como para nós hoje. "Embora tivesse todo o recurso do Céu à Sua disposição, não suportava que nem mesmo uma migalha de pão fosse desperdiçada" (Orientação da Criança, p. 135).
É por não terem aprendido a economizar nas coisas pequenas, que muitas famílias não têm o necessário à vida.
Raios, relâmpagos e trovões
Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do homem. Mateus 24:27
Em setembro de 1983, durante um treino de futebol, chovia muito e, de repente, um raio caiu no meio de um grupo de jogadores. Um deles desmaiou, outros três foram derrubados no chão e o técnico da equipe foi atirado a alguns metros de distância. Felizmente, todos se recuperaram.
Caso mais triste aconteceu em janeiro de 1997, com dois adolescentes que rezavam no alto do Morro de Gericinó (Realengo, Rio de Janeiro), durante uma tempestade. O lugar, descampado, é conhecido como Pedra do Avião. Um raio atingiu os rapazes; um deles foi jogado para cima e rolou pedra abaixo, escapando vivo. O outro, no entanto, teve suas roupas e a Bíblia reduzidos a frangalhos e morreu, provavelmente de parada cardíaca.
Cerca de 200 pessoas morrem anualmente no Brasil, atingidas por raios, já que o nosso país é campeão mundial desse fenômeno, onde caem, todo ano, mais de 50 milhões de raios. Quando há chuvas com trovões deve-se adotar algumas medidas preventivas, como evitar locais descampados ou ficar dentro dágua (mar, rios, piscinas, etc.), e não andar descalço. Porém, o mais seguro é ficar dentro de casa ou em veículo fechado.
Trovões e relâmpagos acompanharam a manifestação de Deus no Sinai (Êx 19:16; 20:18), e João viu saírem do trono de Deus relâmpagos, vozes e trovões (Ap 4:5). O salmista, ao descrever a majestade e o domínio de Deus, diz: "O ribombar do Teu trovão ecoou na redondeza; os relâmpagos alumiaram o mundo; a Terra se abalou e tremeu" (Sl 77:18).
Essa mesma linguagem é utilizada para descrever o resplendor dos anjos (Ez 1:14, Dn 10:6, Mt 28:3), e especialmente para nos dar um vislumbre da grandiosidade da segunda vinda de Jesus (Mt 24:27). Não haverá arrebatamento secreto, vinda mística ou invisível, segundo as muitas falsas teorias e interpretações existentes por aí.
Ninguém precisará ser avisado que o Mestre chegou, pois "todo olho O verá" (Ap 1:7). E poderíamos acrescentar também que "todo ouvido O ouvirá", pois além de visível esse evento será audível, "porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus" (1Ts 4:16).
Que ninguém seja enganado ou tomado de surpresa. Prepare-se hoje para o maior evento de todos os tempos.
Palavra de rei não volta atrás
Entristeceu- se profundamente o rei; mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não lha quis negar. Marcos 6:26
Quando Dario, o medo, ocupou o trono de Babilônia e constituiu a Daniel como um de seus três presidentes, alguns homens, movidos por ciúme, prepararam uma cilada para Daniel, o fiel servo de Deus.
Sabendo que Daniel costumava orar abertamente a Deus, três vezes por dia, apresentaram- se diante do rei e o persuadiram, através de lisonjas, a baixar um decreto que proibisse a todos fazer alguma "petição a qualquer deus ou a qualquer homem" (v. 7), fora o rei, pelo espaço de trinta dias. Quem desobedecesse, seria lançado na cova dos leões.
Quando Daniel soube do decreto, logo percebeu o que seus inimigos queriam. Mas não mudou seus hábitos devocionais. Não que fosse teimoso ou quisesse desafiar o governo, e sim porque sua dedicação a Deus estava acima de qualquer proibição ou ameaça. E continuou orando publicamente, como costumava fazer.
Os conspiradores foram correndo contar ao rei que Daniel não dera a mínima importância ao decreto. Só então o rei entendeu que tudo não passara de uma cilada para afastar do governo um homem fiel, no qual não se achava "nenhum erro nem culpa" (v. 4). Penalizado, procurou salvar seu fiel servidor, mas foi avisado pelos conspiradores que "é lei dos medos e dos persas que nenhum interdito ou decreto que o rei sancione se pode mudar" (v. 15).
Isso tinha um lado bom: o povo sabia que podia confiar na palavra dos seus governantes. Sabia que o rei não anunciaria num dia o congelamento dos preços, para no dia seguinte pedir o apoio de todos para o aumento no preço da gasolina. O povo aprendera, por experiência própria, que "palavra de rei não volta atrás".
Por outro lado, uma lei mal formulada, que trouxesse consequências danosas para a população, também teria de ser cumprida. E esse fato deveria ser suficiente para que os reis da época pensassem muito bem antes de emitir um decreto. Mas isso nem sempre acontecia. Dario, envaidecido com a perspectiva de ser adorado como um deus, não desconfiou da proposta de seus assessores. E lavrou o decreto.
Agora, aí estava o resultado: Daniel, um homem a quem o rei admirava e respeitava, teria de ser lançado aos leões por causa de um decreto tolo que não podia ser revogado. Daniel só escapou com vida porque Deus "enviou o Seu anjo e fechou a boca aos leões" (v. 22).
Assuero e Herodes cometeram erros semelhantes (Et 3:13; Mc 6:26). Mas se você não é rei, volte atrás se perceber que está errado.
Somatória de erros
Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa. Daniel 6:4
Em 17 de julho de 2007 ocorreu o mais grave acidente da aviação brasileira. O dia estava chuvoso, em São Paulo, e a pista do aeroporto de Congonhas, molhada e escorregadia. Um Air Bus 320, lotado de passageiros, pousou na pista, mas não conseguiu frear. Atravessou a movimentada avenida no extremo oposto, chocou-se contra um prédio e explodiu. Quase 200 pessoas morreram.
Um especialista em aviação, ao ser entrevistado disse: "Um acidente é a somatória de pequenos erros que, isolados, não fariam nada."
A somatória de pequenos erros pode causar grandes tragédias. Em nossa vida, esses erros podem não ser simultâneos. Talvez ocorram em sequência, ao longo de muito tempo. Um pequeno hábito, por exemplo, pode se transformar em vício, minando aos poucos nossa vida física, mental e espiritual. Nosso grande desafio é não iniciá-lo, ainda que pequeno a princípio, pois sua repetição terá efeito cumulativo com o tempo, e provocará grandes danos no final.
Vejamos um exemplo bíblico de uma sucessão de erros que resultou em tragédia (2Sm 11): (1) Bate-Seba, mulher de Urias, foi se banhar ao ar livre, sabendo que poderia ser vista por alguém do palácio real, que ficava em lugar mais alto; (2) Davi a viu e cobiçou-a; (3); procurou saber quem era ela e mandou trazê-la ao palácio; (5) teve relações sexuais com ela, engravidando- a; (6) mandou Urias para casa, para que ele se deitasse com Bate-Seba e pensasse que o filho era dele; (7) como isso não deu certo, armou um esquema para que Urias fosse morto em combate.
Assim, um erro levou a outro, resultando em adultério, homicídio e remorso. Mas Davi se arrependeu, Deus o perdoou e transformou seu erro em bênção, fazendo com que da sua união com Bate-Seba nascesse Salomão, o homem mais sábio que já existiu.
Seríamos presunçosos, evidentemente, se concluíssemos que se Deus compensa nossos erros, podemos errar à vontade. Não. Nosso dever é procurar saber qual é a vontade de Deus, e somente quando a seguirmos da melhor forma possível, é que temos o direito de invocá-Lo para compensar nossos erros.
Se o nosso relacionamento com Deus for tão íntimo como era o de Daniel, talvez não se ache em nós "nenhum erro nem culpa".
E é isso que Deus quer.
Amor doentio
O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, [...] não procura os seus interesses. 1 Coríntios 13:4, 5
Um rapaz se apaixonou por uma linda moça. E se enamorou dela a ponto de adoecer. Não conseguia mais dormir, emagrecia a olhos vistos, e ficou com a aparência de um doente.
Esse rapaz tinha um primo muito astuto. E este, ao visitá-lo, lhe perguntou: "O que está acontecendo com você, que fica cada dia mais magro? Por que você não me conta?" E o moço lhe contou que estava apaixonado por uma irmã sua, por parte de pai, e não sabia como se aproximar dela, pois ela não saía da casa da mãe.
Então o primo lhe deu uma ideia: "Vá para a cama e finja que está doente. Quando seu pai for visitá-lo, peça-lhe que mande sua irmã preparar-lhe comida. Daí você sabe o que fazer."
Ele assim fez. Quando a irmã chegou, mandou que todos saíssem e pendurou na porta uma placa: "Não perturbe." Ela, sem desconfiar de nada, entrou no quarto dele para dar-lhe a comida. Então foi estuprada.
O nome do rapaz era Amnom, filho do rei Davi, e sua irmã se chamava Tamar. A narrativa completa não está nos jornais de notícias populares, mas em 2 Samuel 13, e foi incluída nas Sagradas Escrituras para mostrar as trágicas consequências que os defeitos dos pais trazem sobre os filhos.
Quando Davi soube o que havia acontecido, ficou furioso, mas não teve autoridade moral para punir o crime sexual do filho, pois ele próprio havia dado mau exemplo, sendo culpado de adultério e homicídio. Segundo a legislação, Amnom devia ser morto, mas como filho do rei, possuía "imunidade diplomática", e o seu crime só não terminou em "pizza" porque Absalão, irmão de Tamar, fez justiça com as próprias mãos, matando Amnom dois anos depois. Posteriormente, Absalão também foi assassinado. E essa sequência de crimes cumpriu a profecia de Natã, de que a espada não se apartaria da casa de Davi (2Sm 12:10).
A história também mostra que o "amor" de Amnom por Tamar não passava de uma paixão doentia, de caráter passageiro, que buscava apenas a gratificação sexual. Tanto é que, logo após conseguir o que queria, Amnom sentiu por ela uma aversão maior do que o amor que lhe votara. E a expulsou à força, cometendo o segundo ato de violência.
A paixão é irracional e dura pouco. O amor é racional e duradouro. Ele restaura, exalta e age com bondade.
Curada de leucemia
Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. Tiago 5:14
Andressa estava com apenas nove meses de idade quando teve uma inflamação na garganta, surgindo duas bolhas de pus. A mãe, dona Ana, levou-a ao Posto de Saúde, em Tatuí, SP, e o médico prescreveu-lhe um antibiótico. Apesar do remédio, porém, as bolhas de pus estouraram. Começaram a surgir hematomas no corpo.
Dona Ana levou a filha a um pediatra, o qual declarou que ela apresentava sintomas de leucemia. O exame de sangue que se seguiu revelou que suas plaquetas, que deviam ser de 250.000, estavam reduzidas a apenas 5.000. O médico a encaminhou ao Hospital do Câncer, em Botucatu. O cancerologista passou então a cuidar do caso dela.
Andressa ia três vezes por semana ao hospital e precisou tomar remédios muito caros. Aos cinco anos de idade teve de retirar líquido da espinha, com o qual foi confeccionada uma vacina, que ela tomava todos os dias. O tratamento se prolongou até os nove anos de idade, sem surtir efeito. Suas plaquetas continuavam baixas.
Um dia, ao verificar um exame de sangue rotineiro de sua pequena paciente, o médico notou que suas plaquetas estavam normais. Desconfiado, mandou repetir o exame. Novamente o resultado foi normal. E o mesmo ocorreu no terceiro exame.
Impressionado, o médico perguntou à dona Ana se ela acreditava em Deus. E então ficou sabendo que ela havia pedido orações em várias igrejas, em favor de Andressa, entregando-a inteiramente nas mãos de Deus, já que ele não lhe dera qualquer esperança.
Hoje Andressa tem 25 anos, é casada, e tem vida normal, com muita saúde. Ela acredita que Deus preservou-lhe a vida porque tem um propósito especial para ela.
Deus não mudou. Ele continua operando milagres hoje, da mesma maneira como o fez no passado. O mesmo poder que curou paralíticos, cegos, leprosos e enfermos de toda espécie, pode curar portadores de câncer, Aids ou qualquer outra doença. Mas Ele nem sempre o faz, pois pode usar uma doença como instrumento de correção para esta vida, para produzir fruto, ou tendo em vista o bem eterno do doente (Jo 15:2; 2Co 4:17). O caso do apóstolo Paulo é um exemplo disso. Deus não o curou, mas lhe assegurou: "A Minha graça te basta" (2Co 12:9).
Deus pode nos responder quando oramos pedindo cura. Mas, às vezes, Sua resposta é "não". Aceitaremos Sua vontade, considerando que Ele sabe o que é melhor para nós?
Ocultando uma parte da verdade
Então, disse Zedequias a Jeremias: Ninguém saiba estas palavras, e não morrerás. Jeremias 38:24
Uma senhora foi ao ginecologista queixando-se de que não conseguia ter filhos. Ela queria saber se havia algo de errado com ela. O médico a examinou cuidadosamente e lhe pediu que fizesse ultrassonografia, tomografia computadorizada do abdome e exame genético (cariótipo).
Os exames revelaram que ela possuía gônadas masculinas intra-abdominais (hermafroditismo) , ou seja, geneticamente ela era do sexo masculino. O médico, entretanto, sabia que nesses casos jamais deveria dizer a verdade total à paciente, sob pena de arruinar a vida e o casamento dela.
Ele, então, lhe disse que ela apresentava alterações genéticas e morfológicas e, associado a isso, possuía duas massas com potencial de malignidade que a inabilitavam para ter filhos. A resposta estava correta, embora ocultasse aquilo que ela não devia saber para o seu próprio bem.
O profeta Jeremias, certa vez, se deparou com situação semelhante. Acusaram-no de traição, e ele foi açoitado e preso na casa de Jônatas. Depois foi transferido para uma cela no palácio real, jogado dentro de um poço com lama, e daí levado de volta à cela. Então o rei Zedequias mandou trazê-lo, para ter uma conversa secreta com ele. Nessa conversa, Jeremias repetiu o que já lhe havia dito, isto é, que se ele se entregasse ao rei de Babilônia, tanto ele como Jerusalém seriam poupados. Caso contrário, a cidade seria queimada e ele seria preso.
Quando terminou a conversa, Zedequias disse a Jeremias que se algum oficial lhe perguntasse sobre o que haviam conversado, respondesse apenas que lhe havia pedido para não ser levado de volta à prisão da casa de Jônatas. E Jeremias fez exatamente como o rei lhe havia mandado (Jr 38:24-27).
O profeta não tinha obrigação de dizer nada àqueles oficiais. Se contasse tudo, seria morto. Sua obrigação era transmitir ao rei o alerta divino.
Todos nós temos direito ao silêncio, nos casos em que a revelação completa da verdade for danosa a uma das partes: a si próprio ou a outrem. Cristo muitas vezes dizia à pessoa curada: "Olha, não o digas a ninguém"; "acautelai-vos de que ninguém o saiba" (Mt 8:4; 9:30).
Às vezes, a lei do amor é melhor praticada pelo silêncio ou pela revelação parcial de um fato, cuja intenção é aliviar o sofrimento ou salvar, do que pela revelação franca de um fato chocante e brutal.
Peça a Deus sabedoria para escolher a melhor opção.