... E Deus a restituiu!
Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, Eu te mando, levanta-te! Marcos 5:41
Logo pela manhã, no dia seguinte, o noivo da moça dirigiu-se à casa do pastor Sadio, relatou-lhe os acontecimentos da noite anterior e solicitou-lhe que dirigisse a cerimônia fúnebre.
"Não posso compreender!", disse o Pastor Sadio. "Justamente no momento em que a vitória parecia ser de Cristo, Satanás parece ter ganho a batalha." Tomando sua Bíblia, o pastor Sadio acompanhou Orlando até a casa onde o corpo estava sendo velado.
Ali chegando, pediu que todos se retirassem da sala, e, fechando a porta, colocou-se de joelhos ao lado do esquife. Orou fervorosamente pedindo que se operasse um milagre. Ele sentiu, ao orar, que Deus poderia fazer com que Kinta voltasse a viver.
Após a oração, o pastor Sadio levantou-se, resoluto, e repetiu três vezes: "Kinta, em nome de Jesus, levanta-te!" Ao pronunciar a frase pela terceira vez, a moça abriu os olhos e levantou a cabeça. O pastor a ajudou a levantar-se e a reanimou. Vendo que ela já estava em condições normais de vida, embora um pouco fraca, abriu a porta e apresentou-a à pequena multidão do lado de fora.
O povo recuou, assustado. Este era um fato novo para eles. Já haviam presenciado muitas mortes causadas pela feitiçaria, mas era a primeira vez que testemunhavam uma ressurreição. A notícia espalhou-se rapidamente.
O pastor permaneceu ainda algum tempo em companhia daquelas pessoas, regozijando-se com o milagre que Deus operara. Ao sair, pediu ao noivo da moça que o avisasse tão logo soubesse do paradeiro do bruxo, pois desejava encontrar-se com ele. Naquele mesmo dia o feiticeiro foi localizado, e Orlando foi buscar o pastor. Sabendo do duelo espiritual que estava para ser travado, muitos habitantes da cidade acorreram ao local do encontro.
Ao chegar perante o feiticeiro, o pastor Sadio tomou-lhe a mão, fê-lo levantar-se e lhe disse com firmeza: "Conheces o poder de Cristo? Se tens mais poder que Cristo, poderás matar-me, como fizeste àquela moça."
E assim dizendo, ambos fixaram os olhos um no outro por diversos minutos. O pastor Sadio viu como que faíscas nos olhos do feiticeiro, mas este por fim soltou-se da mão do pastor e caiu ao solo sem forças, enquanto confessava: "Contra esse Poder eu não tenho poder!"
Após o milagre, muitos se mostraram interessados em conhecer melhor o cristianismo. Hoje as portas estão abertas à pregação do evangelho naquela cidade, e os recém-conversos foram confirmados na fé.
Devemos dar esmolas?
Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. Mateus 5:42
Um dia, ao esgueirar-me por entre os mendigos que infestavam o centro de São Paulo, lembrei-me das palavras de Cristo: "Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes." Então pensei: "Se eu seguir esse conselho à risca irei à falência, e logo estarei entre eles, mendigando também!"
Antes de analisarmos o sentido das palavras de Cristo, examinemos a condição de alguns mendigos. Um deles "trabalhava" regularmente das 6 às 10 horas e das 17 às 19 horas. No intervalo perambulava pela ruas e ia ao cinema.
Outro pedinte costumava expor à compaixão dos passantes a perna, com um curativo horrível. A atadura estava suja de sangue e moscas pousavam e voejavam em volta da ferida. Um dia a polícia prendeu o homem, pois descobriu tratar-se de um falso mendigo. Não havia ferida alguma na perna. Ele apenas havia feito um emplastro com um pedaço de carne de terceira, a fim de iludir as pessoas sensíveis.
Como estes, há centenas que adotaram a "profissão" de mendigo, a fim de se aproveitar da boa fé das pessoas para viver na ociosidade. Se Cristo viesse a uma das nossas grandes cidades hoje, e a cada mendigo que encontrasse fizesse a mesma pergunta que fez ao paralítico de Betesda: "Queres ficar são?", provavelmente receberia um "não" como resposta. Para que sarar se as chagas dão lucro?
Ellen White nos adverte: "Não é sábio dar indiscriminadamente a todo aquele que solicite nosso auxílio, porque podemos assim encorajar a ociosidade, a intemperança e a extravagância. Mas se alguém chegar à vossa porta dizendo que está com fome, não o despeçais vazio. Dai-lhe algo a comer, do que tendes" (Conselhos Sobre Mordomia, p. 163).
O dever do cristão para com os menos afortunados envolve um relacionamento pessoal, através de um trabalho contínuo em favor deles. Quem dá uma esmola parece estar querendo ver-se livre do pedinte, como a dizer: "Tome aí. E agora deixe-me em paz." Em vez de atirar-lhe uma moeda, se pudermos ensiná-lo a ganhar o sustento, estaremos ajudando-o de modo muito mais eficaz. Em vez de dar-lhe peixe, devemos ensiná-lo a pescar.
Medalha de ouro para todos
Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. Lucas 10:33
Durante as paraolimpíadas de Seattle, EUA, em que os participantes eram todos deficientes, ocorreu um lindíssimo quadro esculpido por nove atletas com deficiência mental.
Na corrida dos cem metros rasos, um dos garotos tropeçou, caiu e começou a chorar. Os outros, ao ouvirem o choro, pararam. Uma menina com síndrome de Down beijou o colega e disse-lhe: "Pronto, agora vai sarar!"
Em seguida, os nove competidores se deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada, sob a admiração e comoção de todo o estádio, que aplaudia de pé. Em vez de um, todos foram condecorados com uma medalha de ouro.
As competições sempre enaltecem o vencedor, que supera todos os concorrentes. Mas os deficientes dessa paraolimpíada lembraram à humanidade que podemos e devemos ajudar a vencer aqueles que tropeçaram em algum obstáculo na vida, mesmo que isso signifique parar, retroceder, e então avançar juntos, de mãos dadas, para que todos sejam vencedores.
A solidariedade, a compaixão, são virtudes possuídas pelos seguidores de Cristo, O qual, vendo "as multidões, compadeceu-Se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor" (Mt 9:36). Ovelhas sem pastor vagueiam em volta do curral confusas, esbarrando umas nas outras porque não sabem para onde ir. Como muitos de nós.
Jesus sentiu compaixão pelas pessoas porque elas estavam sedentas de Deus, mas os líderes espirituais da época, os fariseus, escribas, sacerdotes e saduceus nada tinham para lhes oferecer. Os doutores da lei não ofereciam orientação nem conforto espiritual. Em vez de darem ao povo coragem e esperança para viver, colocavam sobre ele o peso de mil imposições legais. Estavam dando aos homens uma religião que era um fardo.
Diz William Barclay: "Precisamos sempre lembrar-nos de que a religião cristã existe, não para desanimar, mas para dar coragem, não para vergar os homens com encargos, mas para erguê-los nas asas."
O bom samaritano inclinou-se e ajudou o judeu caído a levantar-se e a prosseguir a carreira até à linha de chegada, onde Cristo espera a todos com a medalha de ouro.
Ervas daninhas
E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Mateus 13:26
"No Oriente, os homens vingavam-se muitas vezes do inimigo, espalhando sementes de qualquer erva daninha, muito semelhante ao trigo, em crescimento, em seu campo recém-semeado. Crescendo com o trigo prejudicava a colheita, e causava fadigas e prejuízos ao proprietário do campo. Assim Satanás, induzido por sua inimizade a Cristo, espalha a má semente entre o bom trigo do reino" (Parábolas de Jesus, p. 71).
Via de regra, a erva daninha semeada em meio aos trigais dos inimigos, era uma planta nativa da Palestina, chamada cizânia, que atinge 60 centímetros de altura, e não pode ser distinguida do trigo, durante a fase de crescimento. Somente quando a planta amadurece e seus grãos se tornam pretos, pode-se perceber a diferença. Estas sementes são venenosas e, se forem comidas, produzirão violentas náuseas, convulsões e, às vezes, chegam a causar a morte.
Normalmente, porém, ninguém planta ervas daninhas em seu próprio quintal, pois elas nascem e crescem sem qualquer esforço de nossa parte. Não é preciso afofar a terra, adubá-la, regá-la, ou mesmo proteger tais ervas do Sol ou das formigas. Tudo que é necessário para que as tiriricas se desenvolvam é ficar de braços cruzados. Esta é uma lição que a natureza nos ensina: o terreno não cultivado não fica vazio, mas o que nasce sem ter sido semeado geralmente não tem serventia.
Assim é também na vida. Desconfie de tudo aquilo que não requer esforço, pois certamente se trata de erva daninha. Todas as formas de ganhar dinheiro fácil, seja através de jogos de azar, loterias, correntes, pirâmides, bingo, ofertas de produtos muito abaixo do preço de mercado, etc., não passam de ilusão de que você poderá enriquecer sem fazer força.
O mesmo se aplica às drogas. O consumo delas se baseia no conceito de que em vez de se aborrecer tentando enfrentar os seus problemas, você pode fugir deles tomando uma pílula e viajando euforicamente para um mundo de sonhos. Mas quando o sonho acaba, o retorno à realidade é terrível e pede outra pílula e outra viagem ilusória.
Descubra as tiriricas de sua vida e arranque-as, pois elas podem estragar para sempre seu belo jardim. Isso dá trabalho, mas vale a pena.
Peça a Deus que o ajude nessa árdua tarefa.
Homens de cinco talentos
O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. Mateus 25:16
Somos todos iguais aos olhos de Deus. Todos temos os mesmos direitos segundo a Constituição. Numa eleição todos os votos valem o mesmo. Mas quando se trata de dons e habilidades, somos todos diferentes. Deus não nos fez iguais nesse aspecto. Há pessoas que podem administrar cinco talentos, enquanto outras só conseguem dar conta de um. Uns conseguem organizar suas ideias, colocá-las no papel e produzir algo, enquanto outros não têm essa capacidade. Uns têm vigor físico e intelectual, outros não.
Os talentos são dados por Deus para serem desenvolvidos. O pintor que não pinta, o músico que não toca, o atleta que não se exercita, vai aos poucos perdendo a capacidade. E isto nos faz lembrar da parábola dos talentos, referida por Jesus em Mateus 25:14-30.
Nós conhecemos a história. O homem que recebeu cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco. E o seu senhor ficou muito satisfeito com ele, ao voltar de viagem. O servo que recebeu dois talentos procedeu da mesma maneira.
Originalmente o talento era uma unidade de peso; depois passou a ser uma unidade monetária que valia seis mil denários. E um denário era o pagamento por um dia de trabalho. Um talento, portanto, valia o trabalho de um homem por seis mil dias, ou mais de dezesseis anos. Quem pensa, portanto, que um talento era pouca coisa, está enganado. Um talento era uma verdadeira fortuna. Assim, o servo que recebeu cinco talentos, recebeu uma quantia que lhe exigiria cerca de 80 anos para adquirir.
Essas cifras nos dão um quadro impressionante aqui, ou seja: Deus está dando aos Seus servos grandes responsabilidades. Mesmo àqueles que só receberam um talento.
Uma das lições espirituais que podemos extrair desta parábola é que cada um recebeu de acordo com sua capacidade. E agora vem também a contrapartida: quem recebeu mais, maior responsabilidade tem. A proporção de dinheiro diferiu, mas cada um tinha o dever de ser igualmente fiel e sábio na administração do que recebeu.
Embora a mensagem desta parábola não esteja especialmente vinculada à segunda vinda de Cristo, ela indica que, no regresso do Senhor, Seus servos deverão Lhe prestar contas do uso que tiverem feito de suas oportunidades.
Você talvez não seja uma pessoa de cinco talentos. A maioria tem só um ou dois. Mas cada um de nós recebeu pelo menos um, e Deus espera que ele seja desenvolvido.
O homem de um talento
Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. Mateus 25:18
Não há dúvida de que o enfoque principal da parábola dos talentos está no servo que recebeu um talento. Esse indivíduo aparece bem no centro do palco, e dele é que devemos extrair a lição mais importante, pois certamente existem mais pessoas de um só talento neste mundo, e também dentro da igreja, do que aquelas de dois e de cinco talentos.
O homem de um talento enterrou seu capital. A intenção dele era conservá-lo. Mas a parábola nos mostra que ele acabou perdendo-o. Num plano imediato, esse servo representa os escribas e fariseus, que queriam conservar a Lei intacta e só para si mesmos. Restringiam-se à letra do que estava escrito e não aceitariam ampliações de sua compreensão, como Cristo procurou mostrar-lhes ao completar o que foi dito aos antigos (ver Mt 5:21-48).
Num plano mais distante, o homem de um talento simboliza o indivíduo que se contenta com a rotina na igreja. Não comete crimes, mas também não se interessa muito em qualquer expressão do bem. Mostra-se egoísta e, pior, contenta com o seu egoísmo. Não serve aos semelhantes, porquanto se envolve demasiadamente em seus negócios particulares, e só serve a si mesmo.
Por causa de seus temores, tem um mau conceito de seu senhor, e isso ilustra o fato que se pode observar facilmente no mundo e na igreja – que as pessoas podem conceber a Deus como um tirano, que espalha destruição e miséria por toda parte. O mau servo disse: "Senhor, eu Te conhecia, que és um homem duro." Este homem, portanto, julgava Deus como arbitrário, vingativo, sem misericórdia, como os reis da terra.
Uma lição dura que esta parábola nos ensina é que aquilo que você não usa lhe será tirado.
Um indivíduo agnóstico achou que Jesus havia sido muito cruel com o servo de um talento, ao puni-lo com a apreensão de seu único talento. Jesus de fato disse: "Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez. Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado" (Mt 25:28, 29). Mas Jesus não estava sendo cruel. Ele estava simplesmente demonstrando uma lei da vida. Se você usa o que tem, terá mais, pois as pessoas dinâmicas progridem sempre. Se não usa, perderá até mesmo o pouco que tem. Neste sentido, os seres humanos são parecidos com as pilhas de uma lanterna: não sendo usadas, elas enferrujam.
Se usarmos nossos talentos para a glória de Deus, Ele os multiplicará e fará com eles o que consideramos impossível.
O poder do amor
Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros. João 15:17
Elias Howe foi um homem pobre e doente. Ele pensou em desistir de tudo. Afinal de contas, por que continuar tentando, após a vida lhe ter dado tantas rasteiras? Dia após dia, porém, ele observava a esposa persistentemente costurando a fim de conseguir-lhes um pouco de dinheiro para a refeição seguinte. Howe amava extremamente a esposa, e lhe doía vê-la trabalhando tanto.
Por causa de seu amor por ela, ele deixou de se concentrar em suas próprias enfermidades e começou a pensar no que poderia fazer para ajudá-la. Trabalhando arduamente, após seis meses concluiu o primeiro modelo de uma máquina que revolucionaria o trabalho doméstico em todo o mundo. Era a primeira máquina de costura. A invenção de Howe o tornou famoso e rico e o ajudou a recuperar a saúde. Foi o amor pela esposa que o impulsionou a realizar o grande invento de sua vida.
Na Suécia uma enfermeira que trabalhava em uma instituição de saúde do governo, foi designada para cuidar de uma senhora idosa. Esta paciente não havia falado uma única palavra durante três anos. As outras enfermeiras não gostavam dela e procuravam ignorá-la. A nova enfermeira, porém, decidiu mostrar-lhe amor.
A mulher balançava-se em sua cadeira de balanço durante o dia todo. Um dia, a enfermeira puxou uma cadeira de balanço para o lado dela e apenas passou a balançar-se ao seu lado e a dar-lhe amor. No terceiro dia, a paciente abriu os olhos e disse: "Você é muito bondosa!" Duas semanas mais tarde a senhora recebeu alta.
É claro que nem sempre os resultados são tão surpreendentes. Mas a experiência tem demonstrado que o amor tem um extraordinário poder de curar, tanto o corpo como a mente.
O amor nem sempre nos torna ricos, saudáveis e famosos. Às vezes, ele cobra um preço muito alto, como no caso de Cristo. Mas Ele pagou de boa vontade o preço, deixando-nos esse exemplo: "Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei" (Jo 15:12).
À luz de um tão grande amor, não seria trágico se você e eu, que pertencemos ao corpo de Cristo, não conseguíssemos conviver em harmonia uns com os outros? Quão mesquinhos são os nossos melindres e ressentimentos à sombra do Calvário!
Amai-vos uns aos outros. Um mandamento simples, mas que tem o poder de curar o corpo, a mente, o espírito, e os relacionamentos humanos.
De onde vieram os soldados?
Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. 2 Reis 6:16
No fim da década de 50 o padre de Fátima do Sul, MS, através de um alto-falante na igreja matriz, falava contra as demais igrejas locais, inclusive contra os adventistas, que se reuniam em um pequeno templo de madeira.
Então os irmãos adventistas decidiram colocar também um alto-falante junto ao seu pequeno templo, não para revidar os ataques, mas para ler trechos da Bíblia e do Espírito de Profecia para a vizinhança.
Na mesma noite em que o alto-falante foi inaugurado, uma procissão passou ali perto, e alguns participantes, incomodados com a programação, decidiram ir até lá e "acabar com tudo". Duas mocinhas, interessadas em nossa mensagem, ouviram a ameaça e foram correndo avisar o irmão Porfírio Ferreira de Abrantes, um dos líderes adventistas, o qual pediu ao irmão Diomar que parasse de falar e desligasse o alto-falante. E ficou em frente à igreja para ver o que aconteceria.
Uma turba de uns 30 homens chegou e rodeou o irmão Porfírio, xingando-o e desferindo socos na direção do seu rosto, mas sem o atingir. Ele estava calado e conta que, nesse instante, Deus lhe colocou na mente as seguintes palavras: "Vejam bem o que vocês vão fazer!" E dizendo isto, estendeu a mão na direção da igreja. Eles olharam naquela direção, calaram-se e foram saindo, aparentemente com medo.
No dia seguinte, o delegado intimou o locutor do alto-falante, o irmão Diomar, a prestar depoimento na delegacia. Lá chegando, Diomar soube que os revoltosos haviam dado queixa, afirmando que os adventistas tinham contratado um grupo de soldados para montar guarda em frente à igreja. O delegado queria saber de onde era esse destacamento e por que não haviam recorrido a ele, em busca de proteção.
Diomar explicou que não haviam chamado nenhum soldado, e que a única explicação que tinha é que Deus certamente enviara anjos para protegê-los.
A partir desse incidente a igreja não mais enfrentou oposição no lugar. Os irmãos instalaram um alto-falante em uma casa comercial no centro da cidade, onde passaram a utilizar discos da Voz da Profecia com as palestras do pastor Roberto Rabello, ouvidas até pelo padre. Um dia, esse religioso disse ao irmão Porfírio:
– Ô, Porfírio, pode pôr esse programa aí, porque eu ouço e aprecio muito.
O episódio serviu para demonstrar, mais uma vez, a proteção divina, tanto por Seus filhos quanto pela Sua igreja, mesmo em se tratando de um pequeno templo de madeira.
Perfeitos como Deus
Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste. Mateus 5:48
Muito cristão já abanou a cabeça em perplexidade ao ler estas palavras de Cristo. À primeira vista parece que Ele está pedindo de nós, falíveis seres humanos, algo impossível, já que "não há quem faça o bem, não há nem um sequer" (Sl 14:3, Rm 3:12).
É preciso notar, porém, que neste trecho do Sermão do Monte, Jesus está falando do amor ao próximo. E o que tem a ver o amor ao próximo com a perfeição semelhante à de Deus? Vejamos:
William Barclay explica que a palavra grega para perfeito é teleios, que dá a ideia de perfeição funcional. "Uma coisa é perfeita se cumpre o propósito para o qual foi criada." Exemplo: Suponhamos que em minha casa haja um parafuso frouxo e eu queira apertá-lo. Eu apanho uma chave de fenda do tamanho certo, coloco-a na fenda do parafuso e noto que ela se ajusta perfeitamente. Então viro a chave de fenda até o parafuso ficar apertado. No sentido grego, essa chave de fenda é perfeita, porque cumpriu exatamente o propósito para o qual foi criada.
Assim também o homem será perfeito se ele cumprir o propósito para o qual foi criado. E qual é esse propósito? No relato da criação, encontramos Deus dizendo: 'Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança' (Gn 1:26). Aí está: o homem foi criado para ser semelhante a Deus. E a maior característica de Deus é amar tanto os bons como os maus, tanto os justos como os injustos (Mt 5:45).
E quando o homem reproduz em sua vida esse amor incansável e perdoador de Deus, ele se torna perfeito no sentido neotestamentário da palavra. Dizendo isto em outras palavras, o homem que mais se interessa pelo próximo é o homem mais perfeito.
Se há uma coisa que nos torna semelhantes a Deus esta é o amor que nunca deixa de se importar com os outros, sejam eles merecedores ou não.
Atingimos a perfeição cristã quando aprendemos a perdoar como Deus perdoa, e a amar como Deus ama" (The Gospel of Matthew, v. 1, p. 176, 177).
Ellen White diz: "Como Deus é perfeito em Sua elevada esfera de ação, assim o homem pode ser perfeito em sua esfera humana. O ideal do caráter cristão é a semelhança com Cristo" (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 365).
No dia em que conseguirmos amar tanto a justos como a injustos seremos perfeitos em nossa esfera como Deus o é na Sua.
Quando o primeiro amor esfria
Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Apocalipse 2:4
Éfeso era a capital da Ásia Menor e um importante centro comercial, cultural e religioso nos dias de João. Paulo trabalhou nessa cidade por três anos, sendo que durante dois anos ele pregou diariamente a Palavra em um salão alugado. Como resultado de seus esforços missionários "uma florescente igreja foi estabelecida ali, e desta cidade o evangelho se espalhou através da província da Ásia" (Atos dos Apóstolos, p. 291).
Entretanto, algum tempo depois o primeiro amor dos efésios por seu Salvador e uns pelos outros havia esfriado, talvez devido a controvérsias provocadas pelos falsos mestres. "Além disso, quando aqueles que haviam se associado pessoalmente com Jesus morreram, cessando de dar o seu testemunho, e a visão da iminência da volta de Cristo começou a desvanecer-se, a chama da fé e da devoção diminuiu cada vez mais" (SDA Bible Commentary, v. 7, p. 744).
Em sua carta aos crentes efésios (Ap 2:1-7) Jesus lhes faz alguns elogios e, então, os reprova com as seguintes palavras: "Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor."
É provável que esta expressão se refira mais à qualidade do amor do que a sua fase. Quando um marido dá prioridade aos amigos, esportes, televisão, em vez da companhia da esposa, embora a ame e lhe seja fiel, isso indica que ele perdeu seu primeiro amor por ela.
Assim também, quando nossos interesses vêm antes do amor a Deus, isso é um sintoma de que perdemos nosso primeiro amor por Ele.
Mas Deus deseja que Lhe dediquemos um amor não dividido (Mt 22:37, Lc 14:33), o nosso primeiro amor, que é o melhor.
Qual o remédio? "Arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas" (Ap 2:5).
Parece, porém, que os efésios não se arrependeram, não voltaram ao primeiro amor, e a ameaça de Jesus se cumpriu. A igreja de Éfeso desapareceu. E, no lugar em que antes brilhava a luz do evangelho de Cristo, hoje é proclamado um "outro evangelho".
Não abandonemos nosso primeiro amor por Cristo. Mas demos a Ele o lugar de honra em nossa vida.