Vinte e um dias de luta
Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia. Daniel 10:13
Daniel havia estado orando e jejuando durante três semanas, pedindo luz sobre visões anteriores que ele não havia entendido. Ao mesmo tempo, porém, ele intercedia por seu povo, para que o decreto de Ciro permitindo a reconstrução do Templo em Jerusalém, fosse mantido. Os samaritanos haviam enviado falsos relatórios a Ciro, tentando impedir a reconstrução e o monarca agora estava indeciso quanto ao que fazer.
É nesse contexto que devemos entender essa resistência do "príncipe da Pérsia" ao anjo Gabriel. Quem era esse "príncipe", que ousou resistir a um anjo de Deus durante três semanas? Certamente não era Ciro, mas um anjo caído designado por Satanás para influenciar o governo da Pérsia.
Aqui nós temos um incidente bíblico e histórico que afasta a cortina dos acontecimentos visíveis e nos dá um vislumbre do que ocorre por trás dos bastidores, nessa luta entre as forças do bem e as do mal. "Durante três semanas Gabriel se empenhou em luta com os poderes das trevas, procurando conter as influências em operação na mente de Ciro; e antes que a contenda terminasse, o próprio Cristo veio em auxílio de Gabriel" (Profetas e Reis, p. 572).
A luta referida nesse relato bíblico foi no sentido de que cada anjo procurava convencer o rei a tomar uma decisão. Podemos imaginar o "príncipe da Pérsia" cochichando aos ouvidos de Ciro: "Esses judeus não são dignos de confiança. Eles vão acabar se rebelando como já fizeram antes e trazendo instabilidade ao seu reino. Impeça já a construção do seu Templo." Por outro lado, o anjo de Deus procurava contrabalançar essa influência maléfica, dizendo: "Ciro, você é o Ungido de Deus, escolhido para libertar o Seu povo. Parabéns por sua decisão. Deixe que eles continuem a construção e Deus o abençoará." Com a ajuda de Cristo, Ciro finalmente tomou uma decisão favorável ao povo de Deus.
Esse episódio mostra que há forças antagônicas agindo constantemente sobre nós e procurando nos induzir ao mal ou ao bem. Procuremos ouvir a voz de Deus nos falando ao coração.
Tristeza do coração
Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração. Neemias 2:2
Não é agradável conviver com alguém que está a maior parte do tempo com a testa franzida e a expressão carregada, denotando tristeza, preocupação ou mau humor. As pessoas percebem, é claro, que algo não vai bem e ficam se perguntando: "Será que é comigo? Fiz alguma coisa errada?" Em alguns casos é melhor perguntar à pessoa, para tirar a dúvida.
Foi o que fez o rei Artaxerxes, ao observar o rosto de Neemias. Ele lhe perguntou: "Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração." Bom observador, esse rei. Num relance, ele percebeu que Neemias não estava bem e que seu problema não era físico, mas emocional.
Neemias ficou com medo, pois como copeiro real ele não podia se dar ao luxo de se apresentar diante do rei com a expressão facial abatida ou mal-humorada. "Um servo que mostrasse mau humor perante o rei poderia ser considerado um conspirador, ou um mau empregado. Uma fisionomia triste nunca era tolerada na presença real" (Champlin).
Por um momento Neemias pensou que perderia a cabeça, pois cabeças de servos não tinham muito valor na corte real, naquele tempo. Por isso, apressou-se a responder: "Viva o rei para sempre!" Ele queria que o rei soubesse que por trás de seu semblante triste não havia nenhum plano para envenená-lo. "Como não me estaria triste o rosto se a cidade, onde estão os sepulcros de meus pais, está assolada e tem as portas consumidas pelo fogo?" (Ne 2:3)
Poucos monarcas se incomodariam com os problemas pessoais de seus servidores, e menos ainda em solucioná-los. Mas Artaxerxes era um homem sensível e bondoso, e perguntou a Neemias: "Que me pedes agora?" (v. 4).
Neemias então fez uma breve oração, pois temia a reação do rei à solicitação que iria fazer, o que implicaria uma mudança na política do império persa para com os judeus de Jerusalém. Ele pediu permissão para ir a Jerusalém, a fim de restaurar as muralhas da cidade. O rei concordou.
Foi a tristeza do rosto de Neemias que deu início a todo esse processo. Mas certamente foi a interferência divina na disposição do rei, como resposta à oração de Neemias, que resultou no sucesso da missão do servo do rei, pois tristeza e mau humor geralmente não resolvem dificuldades.
Seja qual for o problema que você está enfrentando, peça ajuda a Deus para colocar-lhe no rosto um sorriso. O resultado é que a vida também irá sorrir para você.
O sábado e a liberdade
Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado. Deuteronômio 5:15
Segundo a história oficial, D. Pedro I, em viagem de Santos para São Paulo, ao chegar às margens do riacho Ipiranga, recebeu uma carta com ordens de seu pai para voltar a Portugal. Vieram também outras duas cartas, uma de José Bonifácio, que aconselhava o imperador a romper com Portugal, e outra, da esposa, Maria Leopoldina de Áustria, apoiando a decisão do ministro.
Impelido pelas circunstâncias, D. Pedro desembainhou a espada e pronunciou a famosa frase "Independência ou Morte", rompendo os laços de união política com Portugal.
É interessante notar que o dia de nossa libertação política – 7 de setembro de 1822 – foi um sábado. Digo que é interessante porque o sábado é um dos maiores símbolos de liberdade que existe. Muitos adventistas hoje talvez se sintam inclinados a pensar o contrário – que ele restringe nossa liberdade, já que o maior problema que os adventistas enfrentam é o da guarda do sábado.
Mas a Bíblia nos diz que o sábado esteve por trás do primeiro grande movimento de libertação que a história registra – o Êxodo. Quando Israel esteve cativo no Egito, os capatazes egípcios tornaram impossível a guarda do sábado para eles. Faraó os chamou de preguiçosos. Acusou Moisés e Arão de interromper o povo no seu trabalho (Êx 5:4).
Então Deus instruiu Moisés a dizer a Faraó: "O Senhor, o Deus dos hebreus, me enviou a ti para te dizer: Deixa ir o Meu povo, para que Me sirva no deserto" (Êx 7:16). Parece claro, portanto, que o impedimento para se guardar o sábado contribuiu para deflagrar o Êxodo. Tanto é que após o Êxodo Deus estabeleceu o sábado entre o Seu povo como um sinal de sua libertação (ver Dt 5:15).
E para os que pensam que esse sinal foi dado só para os israelitas, basta ler Isaías 56:1-7 para ver que esta não é a realidade. Esse foi o manifesto de Deus a todos os povos, que não pertencem ao Israel segundo a carne. Esse sinal divino de liberdade não se restringe a nenhuma época específica e a nenhum povo. Os estrangeiros e os eunucos também estavam incluídos.
Nenhuma pessoa na face da Terra deve ser excluída desse concerto e dessa bênção. Todos podem se tornar participantes da história e da herança de Israel.
Milagre no metrô – 1
Rendam graças ao Senhor por Sua bondade e por Suas maravilhas para com os filhos dos homens! Salmo 107:15
Na manhã do dia 10 de janeiro de 1948 o húngaro Marcel Sternberger entrou no trem habitual das 9h09, em Long Island, Nova York. De repente, decidiu visitar Laszlo Victor, um amigo húngaro que morava no Brooklyn e estava doente. Assim, no Parque Ozone, Sternberger trocou de metrô para ir ao Brooklyn, foi à casa de seu amigo e ficou lá até o meio da tarde. Depois tomou o metrô para seu escritório na Quinta Avenida, em Manhattan. A seguir, a incrível história de Marcel.
"O vagão estava lotado e não parecia haver a menor chance de eu me sentar. Mas quando entrei, um senhor sentado perto da porta levantou-se subitamente para sair e eu tomei seu assento.
Os traços do homem à minha esquerda me chamaram a atenção. Ele provavelmente beirava os 40 anos, e quando levantou o olhar, parecia haver em seus olhos uma expressão de dor. Ele lia um jornal húngaro e algo me compeliu a dizer-lhe em húngaro: "Espero que não se importe se eu der uma olhada no seu jornal."
O homem pareceu surpreso por alguém falar com ele em sua língua nativa. Mas apenas respondeu educadamente: "Pode lê-lo agora. Terei tempo mais tarde."
Durante a meia hora que durou a viagem à cidade, conversamos muito. Ele se chamava Bela Paskin. Era estudante de direito quando começou a II Guerra Mundial, e então os alemães o enviaram à Ucrânia. Foi capturado pelos russos, que o forçaram a trabalhar enterrando alemães mortos. Depois da guerra, ele andou centenas de quilômetros a pé até chegar a sua casa em Debrecen, uma grande cidade no leste da Hungria.
Quando foi ao apartamento onde antes moravam seus pais e irmãos, só encontrou estranhos morando lá. Foi então ao segundo andar, ao apartamento que antes era seu e de sua esposa. Também estava ocupado por estranhos. Ninguém ouvira falar de sua família. Ao sair, cheio de tristeza, um garoto correu até ele chamando: "Tio Paskin, tio Paskin!" A criança era filho de seus antigos vizinhos.
Ele foi à casa do garoto e conversou com seus pais, os quais lhe contaram que os nazistas haviam levado sua esposa e toda a família dele para Auschwitz, onde morreram. Paskin perdeu as esperanças.
Poucos dias mais tarde, triste demais para permanecer na Hungria, saiu novamente a pé, cruzando fronteira após fronteira até chegar a Paris. Conseguiu imigrar para os Estados Unidos apenas três meses antes de eu conhecê-lo."
Leia o restante da história amanhã.
Milagre no metrô – 2
Muitas graças darei ao Senhor com os meus lábios; louvá-Lo-ei no meio da multidão. Salmo 109:30
"Durante toda a conversa, parecia haver algo de familiar nesta história. Uma jovem senhora que eu conhecera recentemente na casa de amigos também era de Debrecen. Ela estivera em Auschwitz e de lá havia sido transferida para trabalhar em uma fábrica de munição.
Seus parentes morreram todos nas câmaras de gás. Mais tarde, foi liberta pelos americanos e veio aos Estados Unidos no primeiro navio de imigrantes, em 1946.
A história dela me comoveu tanto que resolvi anotar seu endereço e telefone, com o intuito de convidá-la para conhecer minha família, e assim ajudar a aliviar o terrível vazio de sua vida.
Parecia impossível haver qualquer conexão entre essas duas pessoas, mas, ao me aproximar de minha estação, folheei ansioso minha agenda de endereços. Então lhe perguntei se o nome de sua esposa era Marya.
Ele empalideceu. "Era! Como sabe?"
Agarrei-o pelo braço, descemos na estação seguinte e procuramos um telefone. Disquei o número dela, o telefone chamou várias vezes e, por fim, Marya Paskin atendeu.
Apresentei-me e lhe pedi para descrever seu marido. Ela o descreveu e quando lhe perguntei se já havia morado em Debrecen, ela me deu o endereço. Pedi-lhe que aguardasse na linha, me virei para Paskin e perguntei: "Você e sua esposa moravam em tal e tal rua?"
Ele tremia todo e disse que sim. "Tente se manter calmo, pois um milagre está para acontecer com você. Pegue o telefone e fale com sua esposa!"
Seus olhos brilhavam em lágrimas. Pegou o telefone, ouviu por um momento a voz da esposa, e então disse: "Aqui é o Bela! Aqui é o Bela!" e começou a balbuciar histérico.
Peguei o telefone de suas mãos e disse a Marya: "Fique onde está. Estou enviando seu marido a você."
Bela chorava como um bebê e não parava de repetir: "É minha esposa. Vou ver minha esposa!" Pensei em acompanhá-lo, mas depois achei que não seria um momento próprio para a presença de um desconhecido. Coloquei-o num táxi, dei o endereço de Marya ao motorista, paguei a corrida e me despedi.
O encontro de Bela Paskin com a esposa foi um momento tão comovente que eles não conseguiam se lembrar do que aconteceu. Mais tarde, Marya me disse que quando desliguei o telefone, ela foi se olhar no espelho para ver se os seus cabelos já estavam grisalhos. E então um táxi parou à porta de sua casa e seu marido veio em sua direção.
Teria sido tudo isso uma incrível sucessão de acasos e coincidências, ou Deus interferiu para que esse casal se reencontrasse? (Paul Deutschman)
O propósito da disciplina
Que o autor de tal infâmia seja [...] entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor. 1 Coríntios 5:3, 5
Paulo estava em Éfeso quando soube que na igreja de Corinto havia uma relação ilícita entre um jovem e a "mulher de seu pai". Não se tratava de uma relação entre mãe e filho, mas provavelmente de madrasta e enteado. E não se sabe se o pai ainda era vivo ou não. De qualquer maneira, era uma relação ilícita, que nos tempos do Antigo Testamento era punida com a morte de ambos (Lv 20:11). A lei romana também proibia tal relação.
O mais assombroso nesse episódio é o fato de a igreja cristã fazer "vista grossa" a esse escândalo! Os crentes coríntios deviam ter tomado providências para remover o transgressor de seu meio. Com amor, com piedade, mas com a devida firmeza, pois Deus não pode abençoar uma igreja que tolera abertamente a imoralidade.
E então Paulo escreve à igreja de Corinto dizendo que esse homem devia ser "entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor". O que significa isso?
A explicação é que "há apenas dois reinos espirituais neste mundo: o reino de Deus e o reino de Satanás. Se uma pessoa deixa o reino de Deus, ela automaticamente entra no reino de Satanás. Esse pecador dissoluto havia, por sua conduta pecaminosa, se afastado do reino de Deus, e isto devia ser reconhecido através de sua expulsão oficial da igreja" (SDA Bible Commentary, v. 6, p. 690).
"Ser entregue a Satanás", portanto, significa "ser entregue ao mundo", que é dominado pelo "príncipe deste mundo". "Para a destruição da carne". "As Escrituras qualificam as práticas imorais como 'obras da carne' (Gl 5:19)." Colossenses 3:5 diz: "Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva..."
"A 'destruição da carne', portanto, pode ser entendida como uma mortificação dos desejos carnais. E pode incluir também a ideia de sofrimento físico infligido por Satanás. Paulo chamava a sua própria aflição de 'mensageiro de Satanás' (2Co 12:7) (ibid.).
E finalmente, a expressão "a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor", deixa claro que o objetivo da disciplina eclesiástica é recuperar o transgressor. Era esse o objetivo de Paulo, quando entregou Himeneu e Alexandre a Satanás, a fim de que aprendessem a não mais blasfemar (1Tm 1:20).
O dia em que o mundo parou
Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. Mateus 24:2
Em 11 de setembro de 2001, num ataque terrorista sem precedentes na história dos Estados Unidos, dois aviões sequestrados atingiram as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. O mundo parou para assistir ao vivo, diante das câmeras de televisão, os imponentes prédios desabarem ainda em chamas. Mais de três mil pessoas morreram.
Tal e qual a destruição do templo de Jerusalém, no ano 70, não ficou pedra sobre pedra. Essas ocorrências trágicas nos remetem à descrição dos flagelos que se abaterão sobre a Terra pouco antes da vinda de Cristo, quando cairão "as cidades das nações" (Ap 16:19), juntamente com as instituições políticas.
"Ora, ao começarem estas coisas a suceder", advertiu Cristo, "exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima" (Lc 21:28). Em outras palavras, nessa ocasião o cristão experimentará sentimentos contraditórios: tristeza e perplexidade pela devastação física e perda de vidas humanas, e ao mesmo tempo exultação porque sua redenção se aproxima.
É interessante observar que as grandes tragédias provocam um efeito imediato nas pessoas, levando-as à reflexão espiritual. O Dr. Samuele Bacchiocchi escreveu que "as imagens chocantes das torres do WTC queimando-se e desmoronando como caixas de papelão, desafiaram muitos americanos complacentes, egocêntricos e autossuficientes a reconhecer sua finitude e desamparo, levando muitos a buscar a Deus após aquela malfadada data. Parece que os ateus desapareceram após o 11 de setembro. O comparecimento às igrejas e sinagogas quase dobrou do dia para a noite.
"Na semana seguinte a 11 de setembro, 400 casais na área de Boston retiraram seus papéis de divórcio e decidiram continuar juntos. Estes acontecimentos positivos sugerem que a tragédia de 11 de setembro desafiou as pessoas a reexaminarem sua vida, humilharem seu coração, e arrepender-se de seus pecados."
Infelizmente, porém, à medida que a tragédia vai ficando distante, as pessoas vão voltando à velha vida. Há necessidade de um reavivamento permanente, não provocado por tragédias ou pelo medo, mas pelo desejo de viver uma nova vida em Cristo, tanto aqui como na Nova Terra.