Estudos da Bíblia: Quarto Trimestre de 2009
Tema geral: O povo a caminho: o livro de Números
Estudo nº 05 – Das murmurações à apostasia
Semana de 24 a 31/10/2009
Comentário auxiliar elaborado pelo prof. Sikberto Renaldo Marks
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Ijuí – Rio Grande do Sul, Brasil
"Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia" (I Cor. 10:12)
Verso para memorizar: "Façam todo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irreprensíveis, filhos de DEUS inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no Universo" (Filip. 2:14, 15, NVI).
- Introdução – santo sábado, dia da aliança entre criaturas e o Criador
As poderosas palavras de Moisés ao a multidão, sob o comando de DEUS por meio da nuvem que se levantava e das trombetas que tocavam, eram: "Levanta-Te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de Ti os que te odeiam" (Num. 10:35).
Precisamos imaginar o que ocorria entre as nações das proximidades. Os cidadãos da cidade de Jericó tremiam de medo, e estavam apavorados pelos poderosos feitos que DEUS fez contra o respeitado Faraó no Egito, a ele e seu exército no Mar Vermelho. Naqueles tempos as cidades e nações faziam guerra em nome de seus deuses. Eles estavam vendo um DEUS em extremo superior aos seus, e por isso se derretiam de medo. Um povo humilde, zeloso, que confia em DEUS e obedece os seus ensinamentos tem poder, e é motivo de temor por parte dos agentes de satanás. Uma só pessoa, pouco letrada, mas que sabe manejar a Bíblia com destreza, e obedece a Palavra de DEUS, é capaz de derrotar argumentos vindos da parte dos mais estudados defensores de doutrinas falsas. Essa pessoa não precisa fazer mais senão ler os versículos certos. O poder de uma pessoa assim não vem dela, mas do Infinito que está ao lado dela.
Assim foi com os israelitas quando atravessavam o deserto. Ao aquele povo todo se colocar em marcha, com aquela protetora nuvem acima deles, a apavorante nuvem para os inimigos, estes tremiam. Sim, os inimigos, por meio daquela nuvem sabiam que lá estava Um DEUS que os seus deuses não podiam superar. Essa nuvem era testemunha do DEUS verdadeiro tanto para os israelitas quanto para os povos que os observavam à distância, um fenômeno de arrepiar.
Que pavor não devia invadir os povos pagãos quando os israelitas marchavam! Para onde iriam? Para onde a nuvem, ou seja, DEUS os levaria? Sabiam que estavam indo em busca de uma pátria, e isso metia medo. Os de Jericó acompanhavam de alguma forma a movimentação de Israel, e assim outros povos evidentemente faziam o mesmo.
O fenômeno da travessia do Mar Vermelho serviu de alerta aos povos da redondeza. Uma multidão de pessoas e animais passarem a seco por meio de um mar, que tragou o exército do Egito e seu rei, deve ter dado um impacto espantoso entre aqueles povos. Mas ao contrário do que deveriam ter feito, de se entregarem ao DEUS de Israel, tentaram fortalecer-se com seus deuses e seus exércitos, e assim preparavam-se para seu desaparecimento completo. Esse é também o cenário de nossos dias. O DEUS verdadeiro guiando um povo rumo a Nova Terra, e que mete medo em Babilônia. O medo vem da possibilidade desse povo pregar a verdade bíblica ao mundo, como é a ordem de JESUS (Mat. 24:14), e desmascarar todas as inverdades que Babilônia ensina ao mundo. Mesmo assim, em vez de as igrejas de Babilônia buscarem o DEUS verdadeiro, se fortalecem em suas falsas doutrinas e se preparam para a extinção eterna.
Até que Israel se pusesse em movimento a partir do Egito, o DEUS verdadeiro era desconhecido entre os pagãos, mas quando DEUS Se levantou para socorrer Seu povo, em pouco tempo as notícias correram o mundo, e o DEUS de Israel ficou conhecido, e temido, mas não aceito por parte de muitos. Em Jericó, por exemplo, pelo menos Raabe, uma prostituta, e sua família creram nesse DEUS, e foram salvos para a vida eterna. Mas os demais decidiram resistir e enfrentar o DEUS impossível de ser derrotado. Se faraó foi humilhado ao pó e na água, deveriam ter raciocinado que melhor seria proceder como Raabe. Essa mulher da vida foi sábia, e tornou-se uma das ancestrais de Davi e de JESUS CRISTO.
Sabe por que resolvi escrever esses parágrafos dessa maneira? Não só porque deve ter sido assim, mas para fazer umas perguntas intrigantes: se os povos que ouviam falar do DEUS de Israel desmaiavam, se O DEUS desse povo era temido pelo mundo, se nem o faraó conseguiu manter Israel escravo em seu país, então, diante disso tudo, por que Israel pegou em pedras e tentou matar Josué e Caleb quando estes disseram que deveriam ir em frente e conquistar aquelas nações do outro lado do rio Jordão? Por quê deram ouvidos aos outros dez espias que disseram que não podiam conquistar aquelas nações? Se os povos temiam a DEUS, porque os que eram Seu povo deixaram de confiar n'Ele?
Aliás, essas perguntas não são muito relevantes. Elas pertencem ao passado. Essa gente toda já morreu, e não se pode mais mudar a história. A pergunta realmente relevante é esta: Repetiremos nós, nesses dias finais, o erro dos israelitas, e em lugar de confiarmos em nosso DEUS permanecendo ao Seu lado em Sua igreja, vamos debandar para outras fileiras quando a sacudidura se tornar realmente forte? Ou seja: confiaremos em nosso Salvador ou não confiaremos? Estamos nos preparando para confiar?
- Primeiro dia: O pecado da ingratidão
Os israelitas, atiçados por alguns rebeldes (esses sempre existem), resolveram reclamar, (murmurar) da alimentação. Todos os dias o maná caía de graça (e tudo o que é de graça não se valoriza, e não valorizar o que é de graça também é errado, por exemplo, a salvação é de graça, e é uma espécie de suicídio não valorizá-la). Ele era um alimento completo, que se podia preparar em diversas maneiras: assado, cozido, moído (cru) ou refogado. Como diz a lição, eles tinham o leite dos animais, e a carne de muitos dos sacrifícios.
Mas vamos aqui ponderar um pouco. Vamos admitir que comer maná todos os dias, mesmo em formas diferentes de preparo, com o tempo se tornasse enjoativo ou algo assim. Ora, como DEUS lhes enviou o maná, de graça (se bem que eles deveriam colher e processar o alimento) isso lá era motivo de ter saudades do Egito, dos alimentos dali, onde foram escravos, e não tinham direitos de cidadania? O bom senso ensina que nesse caso uma comissão representativa das tribos fosse educadamente até Moisés e pedisse que ele intercedesse junto a DEUS pedindo uma variação de alimento e de gosto. Será que DEUS não atenderia? É evidente que sim, pois atendeu a murmuração revoltosa de reclamações querendo carne do Egito.
Vamos a uma lição. Estamos hoje, como povo de DEUS, em situação semelhante. Nos supermercados existem alimentos que não teremos na Nova Terra. Todos são suficientemente sábios para saber quais são esses alimentos, razão pela qual não os citarei outra vez. Se pessoas do povo de DEUS que não se libertarem do gosto desses alimentos (que são prejudiciais) fossem salvas, e viessem a se encontrar na Nova Terra, do mesmo modo como aqueles do passado, reclamariam, lá no Céu, diante do trono de DEUS, pedindo os alimentos dos supermercados da Terra, dos tempos de escravidão espiritual. E o que DEUS faria nesse caso? Teria que enchê-los desse alimento até enjoarem, dando-lhes uma tremenda lição. Mas na Nova Terra jamais se poderia admitir tal procedimento da parte de DEUS. Portanto, para que isto não aconteça, aqueles que dentre nós, hoje estão com o povo de DEUS, na Nova Terra não mais farão parte desse povo. Eles ficarão aqui para serem mortos eternamente. Por isso, (mais uma vez é de se alertar) é hoje o tempo de fazer a reforma da saúde, pois hoje, diferente dos israelitas em marcha no deserto, temos as instruções da Bíblia (eles não tinha Bíblia) e do Espírito de Profecia (eles também não tinham) para saber como nos preparar para sermos salvos. A reforma da saúde não é algo que você deve fazer para ser salvo, mas é algo que deve fazer para permanecer salvo depois que se entregou a CRISTO, e que Ele perdoou os seus pecados (o salvou). Daí em diante, para se manter salvo, deve afastar-se das coisas do mundo, e uma dessas coisas é a forma como o mundo se alimenta, que não serve para pessoas que desejam ser cidadãs do Reino de DEUS.
Moisés chegou a pedir a DEUS que o matasse. Ele nesse dia estava estressado por causa da ingratidão do povo. Tantas coisas boas DEUS lhes tinha feito, e por causa do gosto do alimento, sentiram saudades do Egito. DEUS então separou 70 pessoas, experientes, zelosas e equilibradas, humildes e sábias, para serem auxiliares de Moisés. Mas Moisés não poderia ter pedido auxiliares antes dessa quase tragédia? Sim, deveria ter pedido, e seria tendido, e seu peso seria aliviado. Mas como não pediu, só foi atendido quando a situação chegou ao limite, quando passaria logo a ser insuportável. É freqüente também nós só sermos atendidos quando já não dá mais para suportar, por falta de fé ou por falta de pedir a DEUS. Seres humanos geralmente só reagem quando ocorre uma crise, e DEUS sabe disso. Nem Moisés foi exceção, ele também falhou em tentar realizar tamanha tarefa sozinho.
E quanto ao povo? Por quê DEUS os entupiu de codornizes como fez? Vejam bem, no dia seguinte vieram voando essas aves em tal quantidade, e caíram sobre o arraial todo e além das fronteiras dele, mais aves se estenderam a uma distância a caminho de um dia. Ou seja, se estenderam por uns 40 quilômetros além das últimas barracas (entendendo-se uma caminhada de um dia umas dez horas, a 4Km por hora). Tantas aves caíram sobre a terra que ela ficou forrada em cerca de dois côvados. Um côvado é a medida que vai do cotovelo até a ponta do dedo médio, cerca de 0,5m. Portanto, tantas aves foram que havia no chão, que por certo nos montes mais altos, cerca de um metro delas. Quem menos colheu levou dez ômeres, ou seja, um ômer equivalia a 360 litros, portanto, quem menos colheu armazenou um volume equivalente a 3.600 litros de carne, ou um tanto assim em quilos. Eles, como estavam no deserto, levaram a carne para ser seca ao sol, e assim se conservava por muito tempo. Por trinta dias comeram só carne, e ainda deve ter sobrado a maior parte.
E por quê DEUS agiu assim? É bem simples entender. Se Ele mandou tanta carne, e veja bem, muita carne mesmo! Ele bem poderia tê-los atendido se pedissem um maná alternativo, ou frutas, seja lá o que for, mas que não se referissem ao Egito. O que você acha? Por causa de coisas mínimas, que seriam facílimas para DEUS resolver, tinham eles que ter saudades do Egito? Isso é razoável? Um povo assim, com aconteceu naqueles dias, só se podia tentar ensinar algo proveitoso por meio de severos castigos (Gên. 11:33).
Nós, hoje, somos muito mais instruídos que eles. Temos muita luz. Temos toda a história como testemunha sobre DEUS, temos a Bíblia, temos o Espírito de Profecia, temos as profecias que se cumprem com fidelidade milimétrica, será que DEUS tem que agir conosco com paciência se nós não tivermos vontade de nos desligar dos rudimentos (modas, atitudes, atrações, estilos de vida, cultura, etc.) desse mundo? Eu não pediria tanto a esse paciente DEUS, ou seja, paciência tem limites, e o limite está onde o ser humano não mais quer colaborar com DEUS.
O Salmo 78 descreve o comportamento do povo de Israel durante o deserto. Vale a pena ler.
- Segunda-feira: Pressões na liderança
Moisés, o mais manso da Terra, perdeu a paciência. No meio de um deserto sem vida, milhares de pessoas pedem carne, e clamam pelo alimento das panelas do Egito. Vejam só, queriam carne do Egito. E choravam e se lamentavam pela falta de carne.
Sou vegetariano há uns 10 anos, e já não entendo como as pessoas ainda comem carne. É algo nogento, gosto ruim (para quem já se desacostumou), faz mal a saúde (principalmente as carnes de agora) e é indigesto. No entanto, o povo de DEUS não fica sem.
Moisés chegou a conclusão que não teria como satisfazer tamanha população com carne. E se desesperou. Reclamou com DEUS. Disse que DEUS havia posto sobre ele uma carga muito pesada, afinal não foi ele quem concebeu esse povo. Ele se referia a DEUS, pois foi Ele quem escolheu Abraão e dele fez esse povo todo, e não Moisés. Aqui devemos entender que Moisés parecia pensar algo assim: DEUS formou esse povo, agora ele é um grande povo, o trouxe para o deserto, e me encarregou de conduzir essa turma de rebeldes e mal educados a Canaã. Nesse ponto Moisés como que estava dizendo a DEUS: cuida Tu desse povo, afinal, é Teu povo, não é meu povo. Portanto, prefiro que me mates, e cuida deles Você mesmo!
Não é assim que muitas vezes nós também reagimos? Certa vez decidimos fazer um evangelismo numa cidade próxima, onde não há nenhum adventista. Foram distribuídos convites e outras formas de promoção, mas no dia da programação só veio a pessoa que tinha a chave do salão. Mais ninguém. Passou nos pensamentos algo assim: fizemos a nossa parte, eles que se danem. Mas não pode ser dessa forma. Temos sempre que argumentar com DEUS, mas nunca culpá-Lo de algo que não dá certo.
Moisés ainda reclamava: onde iremos obter tanta carne. Só de homens são 600 mil.
DEUS calmente respondeu a Moisés: Ter-se ia ancurtado o Meu braço? Ou seja, será que agora perdi Minha capacidade de realizar milagres. Então DEUS lhes deu tanta carne que tiveram um tremendo trabalho para secar tudo, se é que conseguiram.
Em outras palavras, como já destacamos, tivessem eles pleiteado a DEUS por meio de Moisés, teriam ganho carne, ou qualqeur outro alimento que viessem a pedir. É bem curioso que não periram frutos, coisa que ali náo existia, e portanto, náo comiam há meses. Em vez de algo saudável, queriam carne, e tinha que ser do Egito. Tanto o povo como o próprio Moisés, foram pelo caminho mais estúpido, duvidando da capacidade de DEUS e reclamando apesar de estarem no caminho para a liberdade, guiados por mão infinitamente poderosa e protetora. Será que nós aprendemos a lição com os erros deles? Iremos nós, durante a perseguição, reclamar do pão e da água que DEUS nos enviará (Isa. 33:16), pedindo Chips com Coca-Cola? Certamente não, pois nestes dias de perseguição, os afeitos às coisas deste mundo já se terão retirado da igreja. Estes comentários das lições são escritos em uma linguagem bem realista para que ninguém se perca. Não uso linguagem do tipo "políticamente correta", ou seja, que não ofende nem aos gregos, nem aos troianos, que não ofende a ninguém, pois tal linguagem também não serve para acordar as pessoas quanto as necessidades reais de preparação para a vida eterna.
Aliás, falando nisso, quero aproveitar aqui para agradecer abrangência de nosso trabalho, no qual tenho sempre o apoio de minha esposa. Esses comentários estão sendo acessados em média de 29 países desse mundo. São eles, pela ordem de quantidade de acessos: Brasil, Estados Unidos, Portugal, Japão, China, Angola, Cabo Verde, Reino Unido, Argentina, Moçambique, África do Sul, Alemanha, França, Peru, Nova Zelândia, Holanda, Canadá, Austrália, Suécia, Togo, Venezuela, São Tomé e Príncipe, Singapura, Equador, Colômbia, Bolívia, Namíbia, México, Itália. Talvez haja mais que esses, pois no controle de acessos sempre aparece um grande número sem identificação de onde são.
E Moisés, estava com a razão ao reclamar de DEUS de seu pesado encargo? Não estava. Na verdade era ele quem exagerava na dedicação pelo povo. Da forma como Moisés conduzia o povo, ele os tornou mimados demais. A tudo acorriam a Moisés, e dele exigiam de tudo. Ora, nós, povo de DEUS, seja daquele tempo, seja dos dias de hoje, devemos sempre saber que nos podemos dirigir diretamente a DEUS, sem sobrecarregar nossos líderes. Só nos casos mais necessitados os líderes devem ser acionados. Muitas vezes um pastor se envolve em tantas minúcias e detalhes de pequena ou nenhuma importância que não lhe sobra tempo para o que é realmente relevante. Nós devemos nos tornar capazes de, com nosso DEUS, dirigir nossa vida sem sobrecarregar aqueles que devem estar mais dedicados aos mais fracos e aos que realmente necessitam, e também a condução estratégica da igreja.
Por outro lado, os líderes não devem pensar que só existe a igreja, e não podem esquecer da família, da esposa e dos filhos, nem do pai e da mãe, e nem dele mesmo. Não é sábio desgastar a saúde exagerando nas atividades relacionadas com a igreja. Isso tem dado motivos a tremendos problemas, sejam de saúde, seja na educação dos filhos, seja no relacionamento com o cônjuge. Tudo tem que ter equilíbrio, que rende muito mais que qualquer tipo de exagero.
- Terça-feira: Conflito familiar
Vejam só o que aconteceu. Parece que Miriã, irmã de Moisés, não se agradou dele ter casado com Zípora, que era uma mulher de cor escura. Quando o pai de Zípora a trouxe de volta para Moisés (que havia ido ao Egito sem ela e seus dois filhos), ela percebeu que Moises estava bem cansado e falou isso a seu pai. Este, um homem sábio, observou e considerou a necessidade de uma solução. Nos textos da Administração de Empresas a solução de Jetro, pai de Zípora, portanto sogro de Moisés, veio a ser a primeira hierarquia organizacional registrada da história da humanidade. Ele sugeriu o que se tornou o princípio dos níveis de comando, ou da gestão de organizações complexas: um líder superior (Moisés), alguns lideres abaixo dele (maiorais de mil), mais outros abaixo destes (maiorais de cem), e ainda muitos outros (maiorais de 50) até que muitos líderes, na base, liderassem umas poucas pessoas (maiorais de 10). Até hoje esse é o princípio da hierarquia, muito embora existam formas bem diferentes de se estruturar uma organização. Interessante que Jetro sugeriu que Moisés só recebesse os casos bem complicados, e que os apresentasse a DEUS. Isto está e Êxodo 18:13 a 26). Mais tarde, ainda Moisés sentindo muito grande a sua incumbência, DEUS aperfeiçoou a hierarquia sugerida por Jetro, e concedeu a Moisés ter mais 70 auxiliares diretos, que hoje se chamaria de staf ou assessoria administrativa, que se entende como a extensão do líder maior. Isto está em Num. 11:10 a 15.
"Estando Jetro no acampamento, logo viu quão pesados eram os encargos que repousavam sobre Moisés. Manter a ordem e a disciplina naquela multidão vasta, ignorante e indisciplinada, era na verdade uma tremenda tarefa. Moisés era o seu reconhecido chefe e magistrado, e não somente lhe eram referidos os interesses e deveres gerais do povo, mas também as controvérsias que surgiam entre eles. Permitira isto, pois que lhe dava oportunidade de instruí-los, conforme disse: "e lhes declare os estatutos de Deus, e as Suas leis". Mas Jetro protestou a isto, dizendo: "Este negócio é mui difícil para ti; tu só não o podes fazer." "Totalmente desfalecerás"; e aconselhou a Moisés indicar pessoas idôneas como maiorais de milhares, e outras como maiorais de cem, e outras de dez. Deviam ser "homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza". Êxo. 18:13-26. Estes deviam julgar em todas as questões de menor importância, enquanto os casos mais difíceis e relevantes ainda seriam levados perante Moisés, o qual, disse Jetro, devia ser "pelo povo diante de Deus", e levar causas a Deus; e declarar-lhes os estatutos e as leis, e fazer-lhes saber o caminho em que deviam andar, e a obra que deviam fazer. Este conselho foi aceito, e não somente trouxe alívio a Moisés, mas teve como resultado estabelecer uma ordem mais perfeita entre o povo" (Patriarcas e Profetas, 300 e 301).
Mas quem dera essa sugestão? Alguém da família da esposa de Moisés, não pertencente a alguma das tribos de Israel. Miriã, ao que parece sentia alguma inveja para com Zípora, não gostou de ter Moisés recebido a adotado sugestão de Jetro. Afinal, ela era irmã de Moisés, e decerto entendia ser bem mais íntima que Zípora, uma estrangeira. Moisés pode ter cometido aqui um pequeno erro. Desde a saída do Egito, e principalmente durante a dez pragas, ele tivera a assessoria de Arão. Na verdade era Arão quem falava a faraó, não Moisés, de pouca capacidade de oratória. E agora o que aconteceu? Vem um estrangeiro e dá uma sugestão e Moisés, e este, sem consultar Arão, nem Miriã, aceita a sugestão, implanta e fica feliz com a solução. Por certo Moisés, isso diz a boa ética, deveria ter-se comunicado com Arão, seu auxiliar direto, mas, talvez ingenuamente, sem malícia nem intenções obscuras, nada disso fez, e tal atitude fez Miriã explodir, e se queixar a Arão, que se posicionou ao lado dela.
Miriã se pôs a criticar Moisés, e foi por causa da mulher etíope, de cujo pai veio a grande solução da qual nem ela nem Arão tiveram oportunidade de participar. Ela perguntou assim: "Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? Não tem falado também por nós [ela e Arão]?" Essas palavras dão nítida compreensão que ela se sentiu depreciada naquela decisão, e Arão também. Afinal, ela reclamou de que dessa vez só Moisés tomou a decisão, e ouviu pessoas que nem eram israelitas.
Mas o que Miriã e Arão fizeram não foi prudente. Pode-se fazer as pessoas entenderem seus erros, isso é necessário, mas fazer crítica destrutiva para depreciar um líder, como foi Moisés, isso está errado.
DEUS de pronto interferiu. Mandou chamar Miriã e Arão e lhes disse algo assim: falo aos profetas por meio de visões e sonhos, porém, como Moisés falo boca a boca, com toda a clareza. Ele é o Meu servo mais fiel em toda a casa de Israel. Como foi que vocês intentaram criticar um homem assim?
Como foi Miriã a dar início a polêmica, ela ficou tomada de lepra. Arão pediu a Moisés que intercedesse por ela, o que Moisés fez sem perda de tempo. Ela ficou curada, mas teve que ficar de castigo, presa fora do arraial durante sete dias, tempo esse que todo o povo de Israel ficou aguardando, parado, sem marchar.
Qual a grande lição que não devemos deixar de aprender desse estudo de hoje? Vejamos em partes:
ð Líderes humanos podem cometer erros (por mais consagrados que sejam);
ð Pode também acontecer de nós entendermos que um líder errou, mas o nosso entendimento é que foi errado;
ð Ou então o líder cometeu apenas um deslize, o que chamamos de falhas irrelevantes;
ð Ou, o líder pode estar agindo com intenções maldosas, partidaristas, interesseiras.
ð Em todos esses casos, cria-se um novo erro se o líder for criticado e seu nome for difamado.
ð O que se deve fazer é falar com o líder. Não havendo resultado, levar mais umas pessoas sábias para falar com ele, a ainda assim, se não der resultado, tratar o assunto numa comissão de pessoas equilibradas e sábias, para ver o que deve ser feito, se o líder for culpado de erro significativo e repetitivo. O bom é que o líder tenha um grupo de pessoas idôneas para sempre se aconselhar, e jamais trabalhar só, pois nesse caso ele assumirá, querendo ou não, uma atitude de ditador, mesmo que seja bem intencionado. O ditador bem intencionado é algo mais comum do que muitas vezes imagonamos.
É muito difícil ser líder. Para sê-lo, a primeira característica, a mais importante, é ser humilde, assim como foi Moisés. Ele, como JESUS, foi um homem manso e humilde. É o que devemos procurar imitar: mansidão, humildade, mas firmeza de propósito.
- Quarta-feira: Na fronteira
Imagine-se, depois de um ano de trabalho muito duro e desgastante, saindo de férias, indo a um lugar lindo para descansar. Saem de carro, dois dias de viagem, e afinal, chegam ao lugar. Supondo que sejam uma família de 5 pessoas, diante do portão do maravilhoso lugar, quatro dizem assim: 'não queremos ficar aqui.' Argumentam que ali tem gente estranha, e por isso não querem nem entrar.
Mas você sabe que essas pessoas que vão a esse lugar sáo de família, de bom caráter, que só buscam amizade, nunca encrenca. No entanto, os outros 4 não saem do carro, querem voltar. Pois lá vão todos de volta, mais dois dias de viagem, murmurando e lamentando.
Algo parecido aconteceu com os israelitas. Depois de dois anos acampados no deserto, de muitas impressionantes experiências com DEUS, de verem o Seu poder, finalmente chegam à fronteira da tão desejada Terra Prometida. Que ansiedade, que sonhos, quase se realizando. Então DEUS dá uma ordem, que escolham um homem de cada tribo, e os enviem para espiar a terra. Eles foram, e viram duas coisas positivas. Viram os frutos da terra, e disseram que ela verdadeiramente mana leite e mel. E viram as pessoas que ali viviam, pessoas saudáveis, fortes, saradas, e inclusive alguns eram gigantes.
Ora, essas duas descobertas só deveriam causar impressão positiva, nos espias e no povo todo. Afinal, aquelas pessoas eram assim tão poderosas porque a terra produzia bom alimento, e suas cidades eram fortificadas porque a terra permitia gerar riqueza. Imagine se viessem e dissessem assim, a terra produz pouco, os seus habitantes são todos raquíticos, eia, vamos e nos apossemos dela, pois seus moradores são fracos e sem recursos, suas cidades são pobres e sem proteção. Nesse caso, iriam com entusiasmo conquistar a terra?
Mas do que resolveram reclamar a gora? DEUS vinha cumprindo fielmente Sua promessa, e quando viram que era tudo verdadeiro, com provas reais de que a terra era realmente boa, instigados por 10 dos 12 espias, resolvem ter uma recaída de rebeldia, e outra vez reclamar contra Moisés e contra DEUS. Esqueciam-se sempre de uma coisa importante: de como DEUS os conduzira com poder até aqui. Assim, loucamente declararam perante DEUS que preferiam ter permanecido no Egito e morrer lá, ou ter morrido no deserto em lugar de serem mortos pelos poderosos homens moradores da terra. Pois, teria DEUS levado aquele grande povo pelo deserto para entregá-los aos moradores de Canaã? Certamente que não.
Nós hoje estamos na fronteira. Seis mil anos vagando pelo deserto do pecado desse mundo, com todo tipo de ameaças, mas aqui está o povo de DEUS. Sobreviveu ao longo desse tempo todo. Estamos na fronteira, é iminente a volta de JESUS. No entanto, muitos no nós hoje dizem assim: não largaremos dos lazeres desse mundo, não abriremos mão das coisas que nos atraem aqui, não queremos a Canaã celestial. Na prática, hoje, muitos de nós pensam bem assim.
- Quinta-feira: De volta para o Egito
Diante do bom relato da terra, de informações absolutamente promissoras, dez dos doze espias resolveram dizer que era impossível conquistarem a terra. O mais curioso é que isso era verdade. Ou seja, sem DEUS, jamais conseguiriam conquistar aquelas cidades fortificadas e aquele povo poderoso. Imagine a conquista de Jericó, 38 anos mais tarde, sem o poder de DEUS. Nunca teriam conseguido, mas com o poder de DEUS, conseguiram só no grito.
Inflamados pelos maus espias, homens que viram as maravilhas da terra, mas que se entregaram a espíritos de demônios, o povo se rebelou de tal maneira que perdeu a razão. Aliás, é bom saber que é bem mais fácil enganar e seduzir uma multidão do que umas poucas pessoas. Multidões não são racionais, agem mais por emoção. Logo, satanás gosta de multidões, nunca de pequenos grupos. Ele prefere grandes ajuntamentos para agir, mesmo que seja do povo de DEUS, do que pequenos e humildes grupos que estudam a Sua Palavra. Pequenos grupos são mais poderosos que multidões. Assim também pequenas igrejas, com boa liderança são mais poderosas que grandes igrejas onde vale mais a aparência que a atitude e a essência.
Pegaram em pedras contra os dois espias. Uma multidão contra dois homens. Mas havia mais um ali, invisível. Assim como os milhares que dobraram seus joelhos perante a estátua de ouro de Nabucodonosor, enquanto só três permaneceram em pé (isso aconteceu bem mais tarde), e um quarto Ser estava com eles, assim DEUS estava com Josué e Calebe, não com a multidão. No momento exato, quando iam ser apedrejados, a glória de DEUS se interpôs. E as pedras caíram sobre a arreia, os homens emudeceram, e os dois, perante mais de 600 mil homens, ficaram em pé, vencedores.
Essa foi a cena em que eles não haviam crido. Eram 600 mil furiosos contra só dois, porém, vencedores foram os dois, algo contra a natureza e a lógica humana, mas não contra o poder de DEUS. Ali estava a prova na qual não creram, mas que já se havia demonstrado muitas vezes antes. Se dois não puderam ser derrotados por milhares, também eles, se confiassem em DEUS, não seriam derrotados pelos cananeus. Assim como a enorme multidão não conseguiu apedrejar apenas dois homens indefesos, assim os cananeus não conseguiria derrotar aquele povo de DEUS. Da murmuração deles mesmos saiu a prova de que estavam errados em duvidar do poder de DEUS.
Como haviam murmurado contra DEUS dizendo que seus filhos morreriam a espada, e que preferiam morrer no Egito ou no deserto, DEUS lhes concedeu que se satisfizessem com sua rebeldia, e os mandou de retorno para bem perto do Egito, para ficarem ali por mais 38 anos, tempo para que morresse toda a geração que vira a ação do poder de DEUS desde o Egito até onde estavam, mas que, embora as provas, relutantemente não queriam crer em DEUS.
Diante da ordem de retorno lhes caiu a ficha, e então viram o que fizeram. Mas ainda assim, não se arrependeram de coração, antes sentiram remorso. Então decidiram atacar os cananeus já no dia seguinte, pelo que foram fragorosamente derrotados. Aí sim, coração amargurado, deram meia volta, rumo ao deserto. Por aquele lugar só voltariam seus filhos, 38 anos mais tarde, para tomar a terra que eles, os pais, rejeitaram duvidando do poder de DEUS.
Em nossos dias vai acontecer o mesmo com o povo de DEUS. Isto está ainda pela frente, mas não falta muito. Quando os ventos da oposição a DEUS soprarem com crescente fúria, muitos hoje superficiais crentes, que levam uma vida de indiferença em relação ao fortalecimento da fé e purificação do coração, se levantarão e se tornarão nos piores inimigos do povo de DEUS. Muitos desses, hoje pregam e dirigem esse povo, mas não se preparam para a vida eterna, estão mais ligados ao mundo e sua cultura que a Nova Terra e a cultura dela. Mas uma pequena parte do povo de DEUS, os modernos Josués e Calebes, permanecerão fiéis até o final, e vencerão, seja diante de seus maus irmãos, seja diante dos modernos cananeus.
- Aplicação do estudo – Sexta-feira, dia da preparação para o santo sábado:
"É terra que consome seus moradores" (Num. 13:32) disseram dez dos doze espias. Incoerentemente, também disseram que a terra era muito produtiva, que verdadeiramente manava leite e mel. Estavam afirmando duas coisas contraditórias, e só uma delas poderia ser verdadeira.
A essa altura dos acontecimentos, o povo já deveria saber que havia outro inimigo além dos cananeus. Já deveriam ter aprendido que eram eles e Seu DEUS contra os cananeus e o maioral dos deuses deles, isto é, satanás. Cada um desses estava absolutamente disposto a defender os seus adoradores. E satanás, sabendo que jamais conseguiria se antepor ao poder divino, como não conseguiu no Egito, encontrou uma saída que muitas vezes funciona bem: levar, por meio de influência, ao desanimo generalizado.
Podemos imaginar a evolução dos fatos. Durante os 40 dias de espionagem, os espias falavam entre si. Dez deles desenvolvendo a idéia de que seria impossível conquistar a terra, isto faziam pela influência de satanás, ao qual se entregaram. No entanto, incoerentemente, ajudavam a trazer dos frutos da terra, a prova cabal de que a promessa de DEUS, da conquista da terra, era firme e confiável. Mas os outros dois espias defendiam a idéia da conquista, pelo poder de DEUS. Essa era uma guerra de DEUS contra deus, mais uma vez, e entre os espias se refletia tal realidade. Quando dependemos inteiramente de DEUS para a solução de nossos problemas, quando somos pequenos demais para vencer os obstáculos, ou confiamos inteiramente, ou já estamos derrotados.
Retornando os espias, dez deles transferiram seus sentimentos de incapacidade ao povo todo, e dois deles tentaram transferir seus sentimentos de confiança em DEUS. O povo, sempre disposto a acreditar em coisas de natureza rebelde, deu ouvidos à maioria dos espias, e assim foram atendidos por DEUS: morreram no deserto.
Isso não diz nada a nós hoje? Diz muito. Nos diz que, sempre que duvidamos de DEUS, satanás está por trás disso, e cria dúvidas por meio de irmãos que sempre estão dispostos a dar mais crédito em pensamentos e atitudes rebeldes que a quem fala a verdade. É alto tempo de, muito de nós do povo de DEUS, não sermos mais apenas crentes de ouvido, mas crentes porque estudam a Palavra de DEUS, e tem os fundamentos do que crêem.
escrito entre: 19/09/2009 a 24/09/2009 - revisado em 24/09/2009
Declaração do professor Sikberto R. Marks
O Prof. Sikberto Renaldo Marks orienta-se pelos princípios denominacionais da Igreja Adventista do Sétimo Dia e suas instituições oficiais, crê na condução por parte de CRISTO como o comandante superior da igreja e de Seus servos aqui na Terra. Discorda de todas as publicações, pela internet ou por outros meios, que denigrem a imagem da igreja da Bíblia e em nada contribuem para que pessoas sejam estimuladas ao caminho da salvação. O professor ratifica a sua fé na integralidade da Bíblia como a Palavra de DEUS, e no Espírito de Profecia como um conjunto de orientações seguras à compreensão da vontade de DEUS apresentada por elas. E aceita também a superioridade da Bíblia como a verdade de DEUS e texto acima de todos os demais escritos sobre assuntos religiosos.