Jesus
Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita, penso que nem mesmo no mundo inteiro haveria espaço suficiente para os livros que seriam escritos. João 21:25
De todos os nomes dados aos homens desde o alvorecer dos tempos, um permanece isolado, solitário, inalterável. Apesar de hoje muitos seres humanos tomarem esse nome em vão, um dia todo joelho no Céu e na Terra se dobrará perante Aquele que carrega esse nome e toda boca declarará que Ele é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Esse nome é a palavra mais doce que pode ser proferida pelos lábios de uma criança; ele nos sustenta e nos conforta ao longo da vida; ele será a nossa segurança ao embarcarmos na jornada final desta vida.
Jesus! Todas as nossas esperanças para este mundo e para o próximo centralizam-se nEle. As maiores alegrias, as aspirações mais elevadas, as motivações mais puras proveem dEle. Todos os outros nomes passarão; o dEle, jamais.
Como ministro do evangelho, levei muito tempo para entender que a única pregação que realmente importa é aquela em que Jesus ocupa o primeiro lugar, o último e o centro. Como autor de literatura cristã, levei muito tempo para entender que o único assunto que realmente importa é Jesus, cheio de graça.
Assim, há algum tempo tenho tentado escrever e pregar a respeito da graça. Na verdade, pregar sobre Jesus, pois Ele é a personificação da graça. Meus esforços são defeituosos e profundamente inadequados se comparados à grandiosidade desse tema. Cada vez mais descubro que, apesar de minhas falhas, uma bênção sempre acompanha a mensagem. Sempre.
Por isso, tenho plena certeza de que você encontrará uma bênção na leitura destas mensagens. Não por causa de minhas habilidades como autor, mas por causa do tema. A menos que eu atrapalhe, a graça de Jesus fluirá por estas páginas animando e transformando corações e vidas.
Temos um ano inteiro pela frente para ler sobre o tema, e estou empolgado; mal posso esperar para começar. Porém, ao fim dos 366 dias teremos apenas iniciado esse maravilhoso estudo. É como se com uma colher de chá tivéssemos tentado retirar as bênçãos do vasto oceano da graça. Nem todos os livros do mundo seriam suficientes para esgotar esse assunto.
Jesus é maravilhoso. Ele é o Homem de encantos inigualáveis. Ele é nosso Amigo, nosso Salvador, nosso Senhor. Ele é a fonte da graça.
Compreendendo
E Eliseu orou: “Senhor, abre os olhos dele para que veja”. Então o Senhor abriu os olhos do rapaz, que olhou e viu as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu. 2 Reis 6:17
Ela era uma senhora idosa – com mais de 80 anos, segundo informou durante nossa conversa após o culto. Havia algum tempo eu pregava sobre a graça e ela me surpreendeu ao afirmar:
– Finalmente entendi. Cresci na igreja, mas apenas nos últimos meses é que consegui entender!
– Entender o quê? – perguntei.
– Que não tenho que fazer nada para que Deus me ame. Que Ele me aceita do jeito que eu sou porque Jesus morreu por mim. Que diferença isso faz!
Essa senhora era como o jovem servo de Eliseu. O rei da Síria enviou cavalos, carros de guerra e soldados para capturar Eliseu, que por diversas vezes alertou o rei de Israel a respeito dos planos de ataque dos arameus. O exército arameu cercou a cidade de Dotã, local em que Eliseu se encontrava.
Bem cedo na manhã seguinte, o servo de Eliseu levantou e viu o exército inimigo por toda parte. “Ah, meu senhor! O que faremos?” (2Rs 6:15).
O profeta respondeu: “Não tenha medo. Aqueles que estão conosco são mais numerosos do que eles” (v. 16). Em seguida, após a oração de Eliseu, o Senhor abriu os olhos daquele jovem e ele pôde ver as hostes celestiais enviadas para protegê-los. Ele compreendeu.
Será que corremos o risco de sermos como o servo de Eliseu? Será que é possível crescer na igreja, concluir o ensino fundamental, médio ou até o ensino superior e nunca entender? Será que é possível ocuparmos o banco da igreja, devolvermos o dízimo, sermos membros ativos e não percebermos a graça que nos envolve como uma nuvem?
Sim. A experiência dessa senhora idosa revela-nos que isso é possível.
Permita-me ir um pouco além. Será que é possível ser um funcionário da igreja, até mesmo um pastor, e nunca entender?
A resposta me faz tremer: sim!
A graça não pertence a este mundo. A menos que o Senhor abra os nossos olhos, jamais a entenderemos.
Senhor, abre meus olhos para que eu possa entender!
A Atmosfera da Graça
Como se fossem uma nuvem, varri para longe suas ofensas; como se fossem a neblina da manhã, os seus pecados. Volte para Mim, pois Eu o resgatei. Isaías 44:22.
Sou uma pessoa da manhã. Geralmente você me encontrará acordado antes do amanhecer, passando momentos preciosos no silêncio da madrugada com a Palavra e com o Senhor da Palavra, e em seguida me dirigindo para caminhar num parque próximo à minha casa. Muitas vezes, Noelene me acompanha. Caminhamos juntos e conversamos com o Senhor.
Nos meses frios de inverno percorro o circuito de quase cinco quilômetros antes do alvorecer. Mesmo nas madrugadas desprovidas de luar, as estrelas proveem luz suficiente. Elas brilham no céu limpo.
Essa é uma maneira maravilhosa de começar o dia. Amo o silêncio, a paz. Amo a sensação dos músculos descansados sendo alongados. Amo o encontro ocasional com um animalzinho ou um pássaro azul. Acima de tudo, amo o ar fresco e puro da manhã.
Durante essas caminhadas, as palavras de Ellen White sobre a graça veem à minha mente: “No dom incomparável de Seu Filho, Deus envolveu o mundo todo numa atmosfera de graça, tão real como o ar que circula ao redor do globo. Todos os que respirarem esta atmosfera vivificante hão de viver e crescer até à estatura completa de homens e mulheres em Cristo Jesus” (Caminho a Cristo, p. 68).
Que pensamento maravilhoso – a atmosfera da graça! O amor de Deus nos envolve da cabeça aos pés, de um lado ao outro, por cima e por baixo. Não temos que tentar encontrar a graça – estamos na graça.
A graça sustenta o mundo. Até mesmo aqueles que não sabem de sua existência, que talvez neguem a Deus ou amaldiçoem o Seu nome, são beneficiados por ela. A atmosfera da graça continua purificando a Terra da imundície e do mau cheiro do pecado, trazendo esperança, vida e um novo começo.
Deus nos convida a respirar essa atmosfera de vida. Ele nos convida a inspirar profundamente e a relaxar nEle a fim de continuarmos respirando em graça, vivendo e crescendo à estatura de homens e mulheres em Cristo Jesus.
Assim, prezado amigo, inspire! Respire profundamente e saiba que Deus o ama, que Ele deseja conceder-lhe plenitude de vida aqui e agora e uma existência eterna em Sua presença. Saiba que, assim como o ar que sempre o envolve, você nunca será capaz de exceder as fronteiras da atmosfera da graça. Não há limites, nem divisas. Deus sempre está lá para você.
A Palavra Predileta de Paulo
A todos os que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. Romanos 1:7
O apóstolo Paulo amava a palavra “graça”. Suas cartas geralmente começavam da mesma maneira que a Epístola aos Romanos: “A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo” (Rm 1:7). Para concluir as cartas, quase sempre escolhia palavras semelhantes, como as usadas para encerrar a epístola aos Coríntios: “A graça do Senhor Jesus seja com vocês” (1Co 16:23; ver 2Co 13:14; Gl 6:18; Ef 6:24; Fp 4:23; Cl 4:18; 1Ts 5:28; etc.).
Na verdade, Paulo se referiu à graça aproximadamente 100 vezes, muito mais do que qualquer outro escritor do Novo Testamento.
Por quê? Certamente porque Paulo mantinha sempre em mente o poder salvador de Deus em sua vida. Todo pecado é horrível, mas o de Paulo tinha uma característica que o separou da experiência dos primeiros cristãos. Paulo, antes conhecido como Saulo, perseguiu terrivelmente a igreja primitiva. Tomado pelo profundo desejo de zelar por aquilo que cria ser a verdade, canalizou todas as suas energias para aniquilar os odiados seguidores do Caminho. Invadiu a casa dos cristãos e arrastou homens e mulheres para a prisão.
Não satisfeito em combater o movimento em Jerusalém e nas áreas circunvizinhas, Paulo solicitou cartas de autorização ao sumo sacerdote para que pudesse atuar também em Damasco. As palavras de Lucas no livro de Atos nos ajudam a ter uma ideia do que se passava em seu coração: “Enquanto isso, Saulo ainda respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor” (At 9:1).
A reputação de Saulo se espalhou rapidamente. Mesmo Ananias, discípulo fiel a quem Deus ordenou que fosse se encontrar com Saulo, relutou em encontrar-se com ele e atendê-lo em sua cegueira (v. 13).
Paulo nunca se esqueceu de onde foi resgatado. Chamou a si mesmo de o pior dos pecadores (1Tm 1:15) e “o menor dos apóstolos”, alguém indigno de ser chamado apóstolo por ter perseguido a igreja de Deus (1Co 15:9).
Mas Paulo também pôde escrever: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e Sua graça para comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo” (v. 10).
A graça fez a diferença para Paulo – em sua vida e em seu trabalho. Não é de admirar que essa tenha sido a sua palavra predileta.
O Dia em que Fiz a Coisa Certa
Dificilmente haverá alguém que morra por um justo, embora pelo homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer. Mas Deus demonstra Seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores. Romanos 5:7, 8
Deus não esperou que corrigíssemos nossas atitudes para depois enviar Jesus para morrer em nosso lugar. Deus veio para nos libertar quando ainda éramos pecadores.
Agora Cristo nos chama, como Seus seguidores, para levar avante a Sua obra. Amar aqueles que não são amáveis, dar sem esperar nada em troca – esses são bons temas para um sermão, mas muito difíceis de ser praticados cada dia.
Minha vida e ministério, em seus melhores momentos, se misturam. Às vezes manifestam graça; na maior parte do tempo demonstram o egoísmo. Certa vez, no entanto, fiz a coisa certa. (Lembre-se de que fiz isso mesmo tendo razões suficientes para agir de modo diferente.)
Aconteceu há muito tempo, na ocasião em que Noelene e eu tínhamos acabado de casar e estávamos apenas iniciando nosso ministério. Nosso primeiro campo foi a Escola Vicent Hill, uma instituição educacional em regime de internato localizada na Índia, a aproximadamente 2.100 metros nas montanhas do Himalaia. Essa escola de ensino fundamental e médio atendia principalmente os filhos dos missionários. Atuei como preceptor dos meninos e professor de Bíblia e de outras matérias.
Recordo-me bem de dois irmãos que moravam no dormitório masculino. O mais velho, David, era alto, trabalhador e nunca se envolvia em encrencas. Leslie, o irmão mais novo, era baixo e sempre se metia em confusão.
Num sábado, Leslie estava fazendo torradas em seu quarto. O uso de torradeiras era proibido no dormitório. Meu apartamento ficava no andar térreo e não demorou muito para eu sentir o cheiro de pão torrado. Sem perder tempo, subi as escadas e bati à porta do quarto de Leslie.
Leslie tentou esconder as evidências, mas o quarto cheirava a torradas, não havia como negar. Ele ficou tenso. Muitos anos mais tarde, Leslie me contou que simplesmente olhei ao redor e disse: “Les, você pode me emprestar uma gravata para ir hoje à igreja?” Ele me deu uma e fui embora.
Mal consigo me lembrar desse incidente; mas Leslie se recorda de tudo. Sua vida mudou completamente naquele sábado pela manhã ao não receber a punição que merecia. Naquele dia fiz a coisa certa. Leslie se tornou um pastor e missionário adventista do sétimo dia. Tudo começou com uma pequena demonstração da graça.
O Homem que Não Sai de Cena
Ele começou a se amaldiçoar e a jurar: “Não conheço o homem de quem vocês estão falando!” Marcos 14:71
Jesus, que mudou o curso da história mais do que qualquer outra pessoa, ainda hoje causa impacto em vastas multidões – mesmo naqueles que não confessam Seu nome.
Seu nome é pronunciado milhares de vezes todos os dias. Muitos o usam como uma interjeição, geralmente para expressar medo ou repulsa.
Alguma vez você já se perguntou por que as pessoas dizem “Jesus!” quando estão zangadas ou infelizes? Não ouvimos “Buda!” ou “Maomé!” ou “Krishna!” Por que será que sempre falam o nome do Homem da Galileia?
Será possível que Jesus, Aquele a quem procuram rejeitar, nunca está longe de seus pensamentos? Será que lá no fundo se perguntam quem Ele realmente foi, se talvez tenha sido aquilo que alegou ser, o Filho de Deus?
Jesus é o Homem que não sai de cena. Foi assim desde o princípio na Galileia. Tentaram escarnecer dEle dizendo que era ilegítimo. Mas a multidão se aglomerava para ouvi-Lo, tocá-Lo, ser transformada.
Disseram que Ele expulsava espíritos imundos em nome de Belzebu, o príncipe dos demônios. Mas os demônios saiam gritando: “Sei quem Tu és: o Santo de Deus!” (Mc 1:24).
Espalharam que Ele estava ficando louco. Sua própria família disse isso e tentou afastá-Lo das multidões e levá-Lo de volta para casa (Mc 3:21). Ele, porém, Se manteve firme em Sua missão.
Contaram-Lhe que o rei Herodes planejava prendê-Lo, que o melhor a fazer seria fugir e esconder-Se. Mas Ele não hesitou, não temeu.
Foram à noite no jardim e O prenderam, depois que um traidor os levou até Ele. Eles O amarraram, bateram nEle e O submeteram a um tribunal ilegal. Mas Ele não tentou escapar.
Pregaram-nO na cruz e O vigiaram até o momento de Sua morte. Pensaram que assim O haviam silenciado e que Seu movimento chegara ao fim. Mas Ele ressuscitou dentre os mortos, deixando o sepulcro vazio.
Não saiu de cena e não sairá – mesmo que, como Pedro, O neguemos e O amaldiçoemos. O fato de Ele não nos deixar permanece como o centro da nossa esperança.
Um Herói Improvável
Pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios são arrastados pela calamidade. Provérbios 24:16
Em 1938, a maioria dos noticiários norte-americanos não trazia reportagens sobre o presidente Franklin Delano Roosevelt. Tampouco se referiam ao chanceler alemão Adolf Hitler, já empenhado em suas conquistas para construir o império nazista. E certamente não mencionavam Winston Churchill, que ainda permanecia no anonimato político.
Na verdade, foi um cavalo chamado Seabiscuit que dominou os noticiários em 1938.
A América do Norte ainda estava imersa na Grande Depressão. Embora algumas soluções tivessem aliviado um pouco a situação, milhares de pessoas continuavam sem emprego (apenas o início da Segunda Guerra Mundial levaria o país a se reerguer plenamente). Naquela ocasião, a nuvem densa da terrível condição da nação foi dispersa por um campeão extraordinário, um herói improvável.
Seabiscuit era filho de um excelente garanhão, mas sua estrutura era pequena demais. Por ter um trote desajeitado, foi rapidamente descartado. Passou três anos apanhando, sendo maltratado e trabalhando em excesso. Tornou-se agressivo, hostil, indomável e perigoso.
Esse foi o cavalo que, contra todas as expectativas, se tornou o campeão em 1938. Venceu corrida após corrida, estabeleceu novos recordes, e, numa competição emocionante em 1º de novembro, correu lado a lado com um campeão renomado e o venceu.
Aproximadamente 40 milhões de americanos, um terço da população, se aglomeraram ao redor de rádios para acompanhar a corrida. O presidente foi um deles.
A história de Seabiscuit repercutiu numa nação prostrada pela Depressão, numa nação que ansiava uma segunda chance.
A história não para aqui. O jóquei de Seabiscuit era considerado um “perdedor” também. Era grande demais para montar. O treinador de Seabiscuit era idoso e sem muito tato. O proprietário do animal era um vendedor de automóveis cuja vida havia sido profundamente abalada pela morte do único filho.
Essa é a história de um cavalo pequeno demais, de um jóquei grande demais, de um treinador velho demais e de um proprietário que não sabia o que estava fazendo, mas que venceram.
Isso, meus amigos, é o que Deus quer fazer por nós. Isso é graça.
A História de Duas Palavras
A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês. 2 Coríntios 13:14
Graça não é o mesmo que amor. Ao concluir a Segunda Epístola aos Coríntios, Paulo fez distinção entre o amor de Deus e a graça do Senhor Jesus Cristo.
A graça possui um enfoque mais específico do que o amor. O amor é geral; a graça é o mesmo que demonstrar amor àqueles que não merecem, oferecer livremente, perdoar e conceder vida nova.
A graça sempre nos conecta a Jesus. Ele é “cheio de graça”, a personificação da graça. Ele é a demonstração divina, a revelação do caráter de Deus – o Todo-Poderoso que tomou a forma de servo, o Mantenedor do Universo que Se submeteu à cruz para nos libertar da culpa e do poder do pecado e nos conceder vida eterna.
Amor e graça. Essas duas palavras tiveram trajetórias totalmente diferentes na história. Uma se tornou sinônimo de uma vasta gama de emoções e experiências; a outra permanece pura, imaculada. Uma foi falsificada, ganhou conotações negativas; a outra ainda é positiva, uma linda palavra.
Pense no modo como usamos a palavra “amor” hoje. Amo comer mangas. Amo meu cachorro. Amo futebol. Amo meu amigo. Amo meu cônjuge. Amo a Deus.
Apenas uma palavra! Mas a maneira como nos relacionamos com as mangas (ou torta de maçã ou macarronada) é totalmente diferente da maneira como nos relacionamos com o nosso cônjuge, sem falar de como nos relacionamos com Deus.
Nossa geração se tornou aficionada por sexo. Explora-se o corpo humano, especialmente o corpo feminino, devido ao insensível interesse comercial, à manipulação e ao estímulo à sensualidade. Para muitas pessoas, usadas e abusadas ou rejeitadas pela exploração da sexualidade, “amor” é apenas uma palavra de quatro letras.
Enquanto isso, a graça permanece. Não se desgastou, por mais que o hino “Graça Excelsa” tenha sido entoado. Não imergiu no cinismo. Por incrível que pareça, numa época em que a linguagem é distorcida, colocada de cabeça para baixo e invertida, a graça permanece.
Será que é porque a graça sempre nos conecta a Jesus? Ele é sempre novo, sempre puro, sempre amável.
Milagre no Everest
Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou‑o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. Lucas 10:34
O Monte Everest, a montanha mais alta do planeta Terra, a 8.850 metros de altitude, revela a natureza humana de maneira contrastante. Ali são expostos o melhor e o pior, a coragem e a covardia entre aqueles que se aventuram a alcançar o pico. Todo ano muitos tentam e todo ano muitos morrem. Devido às condições extremas, aqueles que sucumbem próximo ao topo são simplesmente deixados ali. Os alpinistas passam por cadáveres ao longo do percurso que leva ao cume.
Em 25 de maio de 2006, Lincoln Hall, um montanhista de 50 anos de idade, chegou ao topo do Everest. No caminho de volta, entretanto, algo terrível aconteceu: o corpo de Hall recusou-se a prosseguir. Os dois sherpas que o acompanhavam tentaram por nove horas fazer com que ele descesse a montanha, mas Hall simplesmente não se movia.
A vida dos sherpas agora corria perigo. Convencidos de que o homem deitado na neve estava morto, cutucaram-lhe os olhos, mas não obtiveram resposta. Pegaram a mochila de Hall, o oxigênio, a comida e a água e o deixaram caído a 8.534 metros de altitude. Densas trevas e amargura acompanhadas por 29 ºC negativos cobriram o Monte Everest. Na Austrália, a esposa de Hall e os dois filhos adolescentes receberam a notícia de que o esposo e pai havia falecido poucos metros abaixo do pico.
Na manhã seguinte, o guia Dan Mazur se aproximou do local. Seus clientes e ele estavam apenas a duas horas do topo. Foi nesse momento que se depararam com uma cena anormal: um homem sentando na neve – cabeça, mãos e peito descobertos! O estranho disse: “Imagino que esteja surpreso em me ver.”
Era Lincoln Hall. Ele havia sido dado como morto, mas, contrariando todas as expectativas, sobreviveu. Estava sofrendo alucinações, retirava as luvas e movia‑se para frente e para trás entre dois abismos.
Outros dois alpinistas se aproximaram. Dan os chamou, mas eles desviaram o olhar e murmuraram: “Não falamos inglês.” E continuaram andando. Naquele instante o sonho de três homens de atingir o topo do Monte Everest se desvaneceu para que Lincoln Hall pudesse viver. Dan e seus clientes ficaram ao lado de Lincoln por quatro horas até que a equipe de resgate chegasse.
Esta história tem dimensões bíblicas. Trata-se da história do bom samaritano num cenário moderno. Acima de tudo, é um estudo de caso da graça inacreditável, inesperada e salvadora de Deus.
Condutos da Graça
Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um. 1 Coríntios 3:5
A igreja de Corinto estava dividida. Alguns membros diziam: “Sigo Paulo”; outros afirmavam: “Sigo Apolo”; e outros ainda declaravam: “Sigo Pedro”. Alguns até mesmo diziam: “Sigo Cristo”. Juraram lealdade aos líderes e lhes atribuíram a posição de mestres espirituais.
Essa ainda é a tendência humana. A grande tendência hoje é seguir as celebridades. Na igreja, corremos o risco de cair no mesmo modo mundano de pensar ao exaltarmos pregadores, professores, doutores ou qualquer outro indivíduo que atraia a admiração que unicamente Jesus merece.
“Não”, disse Paulo, “Apolo, eu e todos os outros líderes somos apenas servos, instrumentos usados pelo Senhor para transmitir a Sua mensagem.” Tanto os líderes quanto os membros jamais devem se esquecer disso.
Ellen White utilizou uma palavra muito interessante para descrever nossa função: devemos ser “esmoleres de Sua graça”, distribuindo o dom da salvação aos necessitados que não podem salvar-se (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 168). Isso é necessário especialmente nas grandes cidades, locais em que a maioria vive hoje e onde muitos se sentem solitários, cansados, frustrados e buscando uma razão para viver. Mas também devemos repartir a graça com todos os habitantes de qualquer parte do planeta, pois o mundo inteiro precisa desesperadamente de esperança e nova vida que apenas Deus pode conceder.
Quer seja no púlpito diante da congregação, perante as crianças numa sala de aula, ao lado de um paciente na mesa de cirurgia, entre os amigos ou colegas de trabalho, Deus deseja que sejamos condutos da graça.
Os condutos, porém, podem ser bloqueados. Sofrem corrosão, ficam entupidos de tal forma que praticamente nada consegue passar por eles. Ou, na linguagem eletrônica, a estática atrapalha o sinal ou o sinal é interrompido continuamente.
Quero ser um conduto eficiente da graça de Deus. Não quero me perder num comportamento centrado em satisfazer a mim mesmo. Quero que a Sua graça flua através da minha vida de maneira livre e desimpedida. Desejo que o sinal divino seja transmitido em alto e bom som.
Perdido, me Encontrou!
Esta afirmação é fiel e [...] Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior. 1 Timóteo 1:15
Oh, graça excelsa de Jesus!
Perdido, me encontrou!
Estando cego, me fez ver;
Da morte me livrou!
Entoado por congregações e corais, tocado na gaita de foles ou executado por um solista a cappella, “Graça Excelsa” (HASD, nº 208) é um dos hinos mais queridos de todos os tempos. Tanto a letra quanto a melodia atingem o íntimo de nosso ser com poder sem medida.
John Newton compôs “Graça Excelsa” provavelmente entre 1760 e 1770 em Olney, Inglaterra. A origem do hino na vida de Newton, no entanto, é bem mais antiga.
Nascido em Londres em 24 de julho de 1725, Newton era filho do capitão de um navio mercantil que viajava pelas águas do Mediterrâneo. Aos 11 anos, John se uniu ao pai e fez cinco viagens ao seu lado.
Aos 19 anos, John se alistou no H.M.S. Harwich, um navio de guerra. Desertou, mas logo foi recapturado, açoitado publicamente e rebaixado de posto, passando a servir como marinheiro comum. A seu próprio pedido, começou a trabalhar num navio negreiro que realizava viagens para Serra Leoa. Finalmente, Newton se tornou o capitão de seu próprio navio, também um navio negreiro. Irreligioso e libertino, logo abandonou as convicções religiosas incutidas por sua mãe.
Foi então que, em 10 de maio de 1748, experimentou a salvação de Deus – duas vezes. Seu navio foi apanhado por uma tempestade violenta. Temendo que a vida da tripulação e o navio se perdessem, clamou: “Senhor, tenha misericórdia de nós!” Deus livrou da destruição John e o navio. Mais tarde em sua cabine, refletiu no que havia dito e passou a crer que Deus usou a tempestade para revelar-lhe Sua graça.
Pelo resto da vida, John Newton celebrou a data de 10 de maio de 1748 como o dia de sua conversão. A graça o libertou e seu temor levou.
A graça libertou-me assim,
E meu temor levou.
O Restante da História
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e Sua graça para comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios 15:10
A história que descreve a conversão de John Newton – homem irreligioso, libertino e negociante de escravos – após ter clamado a Deus ao ver seu navio quase afundar já foi muitas vezes contada. Porém, há muito mais detalhes nessa história extraordinária.
Aos 25 anos, John se casou com Mary Catlett, por quem fora apaixonado durante muitos anos. Quatro anos mais tarde, desistiu da vida de capitão marítimo e se tornou medidor de marés em Liverpool, Inglaterra. Ali entrou em contato com George Whitefield, um grande pregador, e também com John Wesley, fundador do metodismo.
John Newton decidiu se tornar pastor. Enfrentou momentos difíceis no início, mas finalmente foi ordenado ministro da Igreja da Inglaterra e recebeu o chamado para pastorear a paróquia de Olney, em Buckinghamshire. Multidões se juntavam para ouvi-lo pregar; a igreja precisou ser ampliada. Logo Newton estava pregando em outras partes do país.
Vários anos depois, o poeta William Cowper se estabeleceu em Olney. Sua chegada e a amizade que travou com Newton resultaram num novo e mais amplo ministério. Cowper auxiliava Newton nos cultos realizados em Olney e em outros lugares também. Juntos deram início a uma série de reuniões de oração semanais com o objetivo de compor novos hinos em cada um dos encontros. Como resultado, foram publicadas várias edições do Olney Hymns [Hinos de Olney]. A primeira delas foi lançada em 1779 com 68 hinos compostos por Cowper e 280 por Newton.
“Graça Excelsa” (HASD, nº 208), sem dúvida, é o hino mais conhecido de John Newton, mas ele também compôs vários outros hinos dos quais gostamos e cantamos até hoje. “A Semana Já Passou” (HASD, nº 529) e “Grandes Coisas, Mui Gloriosas” (HASD, nº 557) são dois exemplos.
Em 1780, Newton se mudou de Olney para Londres. Ali atraiu a atenção de grandes multidões e influenciou muitas pessoas, inclusive William Wilberforce, que se tornou líder da campanha abolicionista. Newton continuou pregando até o último ano de sua vida, quando estava com 82 anos e cego.
Que linda história sobre a graça divina! A graça liberta. A graça transforma. Graça excelsa, sem dúvida!
Recebendo Sem Merecer
Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: “Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever”. Lucas 17:10
Eu sempre o observava transitando vagarosamente pelo campus em sua cadeira de rodas. Um chapéu protegia a cabeça e as orelhas. Os pés ficavam bem agasalhados e as mãos bem aquecidas com luvas. Ele mesmo se empurrava no inverno rigoroso de Michigan, Estados Unidos, em direção à sala de aula.
Há vários anos, a esclerose múltipla acometeu Dave. A princípio, ele sentiu os efeitos da doença nos pés, depois nos tornozelos e mais tarde nas pernas. Na ocasião em que frequentou minhas aulas, suas mãos estavam começando a endurecer. Escrevia tentando controlar os fortes espasmos nas mãos e realizava as provas datilografando com dificuldade numa máquina de escrever sobre a cadeira de rodas.
– Como vai, Dave? – eu costumava perguntar àquela figura muito bem agasalhada que se esforçava para se movimentar pelo corredor.
– O Senhor é bom! – ele sempre respondia com um sorriso.
Certo dia, ele me entregou uma citação de uma de suas autoras prediletas, Ellen White: “Àquele que se contenta em receber sem merecer, que sente que nunca poderá recompensar tal amor, que põe de lado toda dúvida e descrença e achega-se como uma criancinha aos pés de Jesus, todos os tesouros do amor infinito são um presente eterno e gratuito” (Signs of the Times, 28 de fevereiro de 1906).
– Sou eu – Dave acrescentou. – Não tenho nada para oferecer a Deus. Olhe para mim! Não mereço nada. Mas me contento em receber sem merecer. Não é maravilhoso?
Durante os dois anos em que Dave frequentou o campus, nunca o ouvi reclamar. A esclerose múltipla arruinou seu corpo e destruiu seu casamento, mas ele jamais lamentou: “Por que eu?” Sempre repetia: “O Senhor é bom!”
O Senhor é bom. Se pudéssemos enxergar-nos como realmente somos, perceberíamos que não temos nada para oferecer a Jesus. Isso vale tanto para aqueles que já se tornaram cristãos quanto para aqueles que ainda não se converteram. Todos os nossos atos de justiça são como trapos de imundícia diante da Sua santidade (Is 64:6); nossas obras e o desempenho de nosso dever não são grande coisa e, certamente, não são suficientes para recebermos a aprovação de Deus.
Mas a graça permite que recebamos aquilo que não merecemos – e não aquilo que deveríamos receber. Àquele que se contenta com a graça, àquele que não busca a exaltação própria, o céu abre as comportas do reservatório de bênçãos divinas.
Contento-me em receber sem merecer?
Um Cântico Novo
Eles cantavam um cântico novo diante do trono, dos quatro seres viventes e dos anciãos. Ninguém podia aprender o cântico, a não ser os cento e quarenta e quatro mil que haviam sido comprados da Terra. Apocalipse 14:3
Estou sentado na quarta fileira de bancos da grande sala de concertos, totalmente paralisado pelos sons que emanam do solista.
Ele é nada para ser admirado; ele é tudo para ser admirado. Baixo e barrigudo, tem os cabelos grisalhos. O rosto traz as marcas do tempo. As pernas envoltas em braçadeiras metálicas arrastam-se sem vida enquanto ele se movimenta com dificuldade em direção ao palco. O maestro o acompanha carregando seu violino e o arco. Com grande esforço (enquanto o auditório prende a respiração), o solista sobe à plataforma acima do palco e se acomoda na cadeira que lhe foi designada.
Seu rosto, no entanto, é maravilhoso e ilumina-se ao menear a cabeça agradecendo os aplausos e os cumprimentos de todos por sua participação. Esse é um homem compassivo, bondoso, terno – e muito corajoso. Seu rosto revela o poder da graça para superar imensas adversidades.
O maestro Leonard Slatkin ergue a batuta e a Orquestra Sinfônica Nacional começa a tocar as primeiras notas musicais do concerto para violino de Beethoven. Essa obra magnífica, composta em 1805, é longa e difícil e estabeleceu um novo padrão de avaliação. Afinal, é o concerto para violino de Beethoven. Após essa obra-prima, o compositor não intentou outra.
Todos os olhares estão pregados no homenzinho sentado à cadeira dobradiça de onde emanam sons celestiais – Itzhak Perlman. Ninguém se lembra mais das pernas paralisadas ou das muletas. Um dom maravilhoso está sendo partilhado. Ele toca com os olhos fechados e suas expressões faciais mudam constantemente à medida que vive a música.
O concerto continua. Por quatro minutos ele é uma voz única e isolada, a orquestra em silêncio, o som do violino elevando-se ao céu. Então, tudo acaba. O auditório coloca-se em pé, gritando: “Bravo!” Ele olha ao redor, quase surpreso em ver o público. Seu rosto transparece o cansaço. Pega as muletas e esforça-se para descer da plataforma e depois do palco. O auditório, em pé, pede repetidamente que volte.
Todo cristão possui um cântico que apenas ele pode cantar. Você possui o seu, eu o meu. Num contexto mais amplo, cada pessoa na Terra toca uma música que apenas ela pode tocar. Haveremos de cantar naquele dia maravilhoso e contar a história: “Salvos pela graça!”
O Acampante Celestial
A Palavra tornou-Se carne e sangue e mudou-Se para a vizinhança. Vimos a glória com nossos próprios olhos, a glória única, como Pai, como Filho, generoso por dentro e por fora, verdadeiro do começo ao fim. João1:14, The Message
O texto bíblico de hoje literalmente diz: “E a Palavra tornou-Se carne e armou Sua tenda entre nós.”
Jesus foi o acampante celestial que veio do Céu para ficar conosco por um tempo. Ele já existia muito antes de nascer como o bebê de Maria e, após Sua morte no Calvário, reassumiu a função que exercia desde a eternidade. “Ninguém jamais subiu ao Céu, a não ser Aquele que veio do Céu: o Filho do homem” (Jo 3:13). À medida que Sua morte se aproximava, Jesus disse aos Seus amigos: “Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai” (Jo 16:28).
Ele deixou a glória celestial, onde miríades de anjos atendiam às Suas ordens, para sofrer entre nós. Tornou-se o mais humilde dos humildes – nasceu numa manjedoura, viajou em um barco emprestado, montou um jumento que não era Seu, foi sepultado num sepulcro doado.
Mas sabia que seria por pouco tempo. Ele não veio para ficar; estava apenas acampando aqui. Quanto realizou em tão pouco tempo!
“Deus ordenou a Moisés acerca de Israel: ‘E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles’ (Êx 25:8), e habitou no santuário, no meio de Seu povo. Durante toda a fatigante peregrinação deles no deserto, o símbolo de Sua presença os acompanhou. Assim Cristo estabeleceu Seu tabernáculo no meio de nosso acampamento humano. Estendeu Sua tenda ao lado dos homens, para que pudesse viver entre nós, e tornar-nos familiarizados com Seu caráter e vida divinos. ‘O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade’ (Jo 1:14). Desde que Cristo veio habitar entre nós, sabemos que Deus conhece nossas provações, e Se compadece de nossas dores. Todo filho e filha de Adão pode compreender que nosso Criador é o amigo dos pecadores. Pois em toda doutrina de graça, toda promessa de alegria, todo ato de amor, toda atração divina apresentada na vida do Salvador na Terra, vemos ‘Deus conosco’ (Mt 1:23)” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 23, 24).
Celebridade
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os Seus ombros. E Ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Isaías 9:6
Nossa era se tornou aficionada por celebridades. Pegamos um homem e uma mulher comuns que possuem certa habilidade (ou nem tanto) em cantar e tocar e os posicionamos no centro das atenções. Selecionamos atletas talentosos e passamos a considerá-los semideuses. Multidões buscam banhar-se no reflexo de sua glória. Enfrentam horas de fila para vê-los de relance (oh, que alegria e emoção!) ou para conseguir uma assinatura rabiscada num pedaço de papel. Uma indústria enorme se beneficia com o fanatismo pelas celebridades: fã-clubes, adornos, vestuário, brinquedos e inúmeros outros produtos e serviços.
Senhoras e senhores, apresento-lhes uma celebridade verdadeira, um Homem que nunca será considerado traidor ou enganador, cujo segredo de vida não corresponde às aclamações da mídia. Apresento-lhes Jesus de Nazaré.
Boris Pasternak em sua obra clássica, Doutor Jivago, retratou um pouco do profundo impacto desse Homem que ofusca todas as outras “celebridades”. “Roma era um mercado de deuses emprestados e povos conquistados, uma loja de venda de saldos de dois andares, a terra e o céu, uma massa de imundície torcida num nó triplo como uma obstrução intestinal. Dácios, hérulos, citas, samaritanos, hiperboreanos, rodas pesadas sem travas, olhos afundados no excesso de gordura, sodomia, imperadores iletrados, peixes alimentados pela carne de escravos instruídos. Havia mais pessoas no mundo do que nunca, todas aglomeradas nos corredores do Coliseu, e todas desgraçadas.
“Então, nessa pilha sem sentido de ouro e mármore, Ele veio, iluminado e revestido de uma aura, enfaticamente humana, deliberadamente provincial, galileu, e naquele momento os deuses e as nações cessaram de ser e o homem passou a ser – o homem-carpinteiro, o homem-arador, o homem-pastor com seu rebanho de ovelhas ao pôr do sol, o homem que não soa em nada orgulhoso, o homem que com gratidão é celebrado em todas as canções de ninar das mães e em todas as galerias de arte ao redor do mundo.”
Jesus, Senhor do Céu e da Terra, Criador e Salvador, eu Te aceito como Senhor de minha vida. Caminha ao meu lado neste dia e coloca-me sob o Teu cuidado.
Resgatada por Causa da Covinha
Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa esquecê-lo, Eu não Me esquecerei de você! Isaías 49:15
A mãe conhece. Mesmo depois de muitos anos, a mãe ainda conhece o filho.
Em 24 de janeiro de 2004, Luz Cuevas participou de uma festa de aniversário na Filadélfia, Estados Unidos. Com um único olhar para a menina de 6 anos de idade e de cabelos negros, viu a covinha em seu rosto e soube.
“Quando a vi, soube que era minha filha”, afirmou Cuevas, que não é muito fluente no inglês. “Senti vontade de abraçá-la. Queria fugir com ela.”
Luz Cuevas nunca aceitou o que todo mundo já havia aceitado: que Delimar Vera, de apenas dez dias de vida, sua única filha, havia falecido em 15 de dezembro de 1997 durante um incêndio na casa da família. O corpo do bebê nunca havia sido encontrado. Apesar de o incêndio ter sido controlado em dez minutos, o quarto de Delimar fora destruído e os investigadores concluíram que o calor e as chamas intensas haviam consumido o corpo.
Mas a mãe duvidou. Primeiro, ao entrar no quarto, viu o berço vazio. Segundo, a janela do quarto da criança estava aberta, mesmo sendo uma tarde fria de inverno.
Além disso, não podia se esquecer do estranho comportamento de uma conhecida da família. Essa mulher apareceu várias vezes após o nascimento do bebê dizendo estar grávida. Após o incêndio, no entanto, as visitas pararam de repente.
Agora, seis anos mais tarde, Luz Cuevas olha – e sabe. “Disse para a minha irmã: ‘Olhe; ela é a minha filha’”, relatou a um repórter.
Mas era preciso provar. Durante a festa, ela disse à menina que havia chiclete grudado em seu cabelo e puxou cinco fios. Embrulhou-os num guardanapo, depois numa sacola plástica e trancou-os num lugar seguro em casa. Em seguida, entrou em contato com as autoridades.
“Por causa da televisão, sabia que era preciso fios de cabelo para fazer o teste de DNA”, Cuevas declarou.
O teste de DNA confirmou que a menina de 6 anos de idade com a covinha no rosto, chamada Aliyah, era de fato Delimar Vera.
Exatamente como Deus. Porque Ele nunca Se esquece. Ele conhece.
Em Meio ao Silêncio
No princípio era Aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. João 1:1, 2
A base do hinduísmo e do budismo é: “No princípio eram as obras.” Uma estrutura religiosa e filosófica inteira se originou a partir dessa premissa.
A palavra carma significa obras ou feitos. De acordo com essa crença, o Universo é regido por uma justiça intransigente – recebemos aquilo que merecemos. Você nasceu numa família pobre? Isso ocorreu por causa do peso acumulado do carma, a soma das suas ações ao longo de inúmeras encarnações. Assim, é compreensível que, sob esse sistema, o objetivo da vida espiritual seja romper o ciclo da morte e da reencarnação e acumular uma quantidade suficiente de boas ações para ser finalmente liberto.
De maneira totalmente contrastante, a Bíblia afirma: “No princípio era Aquele que é a Palavra.” Antes de o mundo nascer, a Palavra estava lá. Antes de o Universo ser criado, a Palavra já existia. A Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.
A declaração de João, constituída de expressões tão simples, me deixa maravilhado. Ela revela que desde o princípio dos princípios Deus não permanece em silêncio. A Palavra era Deus. A Palavra é Deus. Deus quebra o silêncio; Deus fala.
Que diferença uma palavra faz! Uma palavra dita a uma pessoa presa em escombros após um terremoto: “Há alguém aí?” Uma palavra vinda do consultório médico: “Os resultados dos exames estão bons. Você vai ficar bem.” Uma palavra de uma agência de empregos: “Você foi admitido.” E especialmente palavras como estas: “Eu te amo.” “Eu te perdoo.”
Em meio ao silêncio da eternidade, em meio à imensidão do espaço, Deus fala. Ele diz: “Com amor eterno Eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” (Jr 31:3, ARA). “Não tema, pois Eu o resgatei; Eu o chamei pelo nome; você é Meu” (Is 43:1).
Ouça! A Palavra ainda fala ao nosso coração. Em meio ao silêncio que nos envolve quando enfrentamos momentos de tristeza, quando vemos nossos sonhos se desvanecerem como um castelo de areia, quando clamamos a Deus e nossas palavras parecem voltar como se tivessem batido num céu feito de bronze e sentimos que não podemos prosseguir, Jesus fala.
Ele ainda fala. Sempre foi assim. E sempre será.
Ele é a Palavra que Se fez carne, cheio de graça e de verdade.
Não desanime, caro amigo. Confie nEle a despeito do que os seus sentimentos lhe disserem. Creia, apenas creia. Apegue-se à Palavra.
Deus Cuida
Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vocês. 1 Pedro 5:7
No século 13, Frederick II, imperador do Sacro Império Romano, realizou uma experiência para descobrir que espécie de linguagem as crianças desenvolveriam se fadadas ao silêncio desde os primeiros anos de vida. Ele selecionou alguns bebês recém-nascidos e ordenou que ninguém falasse com eles. Apesar de ter escolhido responsáveis para amamentar e banhar os bebês, proibiu-os estritamente de cantar ou falar com as crianças. Mas a experiência fracassou – todos os bebês morreram!
Uma “criança selvagem” encontrada na Califórnia, Estados Unidos, respondeu à pergunta levantada por Frederick II. Genie, apelido que recebeu dos assistentes sociais a fim de zelar por sua privacidade, era uma menina de 13 anos de idade que foi mantida isolada num pequeno quarto e desde a infância nunca ouvira uma palavra sequer por parte dos pais.
O pai de Genie aparentemente odiava crianças. Desde os 20 meses de idade até 12 anos mais tarde, ocasião em que foi descoberta, Genie viveu praticamente em total isolamento. Nua, presa por uma armadura confeccionada pelo pai, era obrigada a ficar sentada num vaso sanitário dia após dia. À noite, o pai a colocava numa espécie de camisa de força e a enjaulava num berço com laterais de malha metálica. Se fizesse qualquer barulho, era espancada. Ele nunca falou com ela.
Genie foi descoberta em novembro de 1970, ocasião em que a mãe a levou para a assistência social. Era uma adolescente em estado deplorável, deformada, descontrolada, antissocial, subnutrida. Não era capaz de se manter em pé. Não conseguia ficar ereta. Não sabia mastigar. Pesava somente 27 quilos. E não sabia falar, apenas choramingar.
O fato de Genie ter sobrevivido é inacreditável. Ao longo dos anos de reabilitação, ela aprendeu a se comunicar de forma confusa. Embora aparentemente tenha nascido uma criança normal, o resultado do teste de QI foi de apenas 38 em 1971, e de 74 em 1977. Por ter-lhe sido negada a oportunidade de desenvolver-se, certas partes do seu cérebro nunca funcionarão como deveriam.
Todos nós fomos criados para receber carinho. Não importa a idade, fomos feitos para amar e ser amados. Se não tivermos alguém que se importe conosco, a vida se torna um grande sofrimento sem fim. A boa notícia é que Jesus colocou-nos sob o cuidado de Deus! Ele Se importa imensamente conosco. Tudo o que sabemos sobre compaixão, bondade e amor é tão somente uma pálida sombra do cuidado infinito de Deus. Foi isso que Jesus ensinou e viveu.
Meu Nome Está Escrito Lá?
Nela jamais entrará algo impuro, nem ninguém que pratique o que é vergonhoso ou enganoso, mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro. Apocalipse 21:27
Abri rapidamente o pacote pesado que havia acabado de chegar pelo correio. Dele saiu um livro grande de capa prateada e pensei: “O que será isso?”
Ao folheá-lo, lembrei-me. Havia alguns meses tinha recebido um telefonema de um representante do departamento de graduação da universidade em que me formei. O jovem explicou que estavam no processo de completar uma lista de todas as pessoas que se graduaram naquela universidade com informações adicionais sobre cada um dos graduados. Ele fez questão de detalhar várias razões que me fariam desejar um exemplar e com isso fazer com que suas vendas aumentassem. O preço me pareceu um pouco exagerado, mas poderia ser pago com o cartão de crédito. Então, pensei, por que não?
Ali estava. A primeira coisa que fiz foi abrir na letra “J”. Estava lá. Meu nome estava escrito lá. Havia quatro linhas em letras pequenas.
Folheei o livro à procura de nomes de pessoas conhecidas, de amigos e de ex-colegas de classe. O livro fora muito benfeito e continha muitas informações sobre a universidade e sua história. Mas comecei a refletir. Paguei 70 dólares por isso? Por quatro linhas em letras pequenas?
Você já percebeu o quanto gostamos de ver nosso nome na lista? A lista telefônica chega e qual é a primeira coisa que fazemos? Queremos ter certeza de que nosso nome está ali.
Também queremos ter certeza se escreveram corretamente. Algumas pessoas possuem um nome que, assim como o meu, sempre é escrito de forma errada. Há inúmeros Johnsons por aí, mas não muitos com “ss”. É preciso ir a Chicago ou a Minneapolis para encontrar um bom número de nomes iguais ao meu na lista telefônica. Algumas pessoas ficam confusas. Lembram-se de que meu nome possui alguma coisa diferente, mas não recordam o quê. Assim, muitas vezes escrevem Jonsson ou Johansson.
Mas de todas as listas em que gostaríamos de ver nosso nome, apenas uma realmente importa: o livro da vida do Cordeiro. Ter o nome escrito nesse livro vale tudo o que possuímos, mas custou mais do que jamais poderemos pagar. Custou o Céu inteiro.
E nosso nome será escrito corretamente.
Por que Creio
O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam – isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. 1 João 1:1
Em 1927, o famoso filósofo ateu Bertrand Russell escreveu um livro intitulado Por que Não Sou Cristão. Na ocasião, esse livro era apenas o mais recente de uma longa série de ataques a Jesus Cristo e Seus seguidores. O empenho em trazer descrédito ao cristianismo começou logo no primeiro século.
Ao longo dos anos, vários pensadores cristãos tentaram contra-argumentar esses ataques. Desenvolveram estudos baseados no design da natureza, na causa e efeito (para todo efeito há uma causa suficiente para produzi-lo), na relevância dos valores morais em todas as sociedades e assim por diante.
Esses estudos têm seu lugar; não os desconsidero. Para mim, no entanto, a maior razão para a fé se encontra numa esfera muito diferente, pois todo argumento filosófico que o cristão apresenta, o ateu contesta com outro argumento. No fim, os dois se sentem satisfeitos com a posição defendida, mas nenhum deles conseguiu “provar” seu caso, seja contra ou a favor.
Na verdade, Deus é grande demais para que possa ser “provado” por argumentos humanos. Aquele que é o autor da razão está além da razão. Aquele que criou o Universo é infinitamente maior do que o Universo.
É por isso que, para mim, a base da fé é muito diferente do jogo de palavras filosóficas. Mais do que qualquer outra razão, creio por causa do Homem da Galileia, Jesus Cristo. Em vez de palavras, Ele é a Palavra que Se fez carne.
Em Atos 14 lemos a respeito da visita de Paulo e Barnabé a Listra, Ásia Menor, durante sua primeira viagem missionária. Naquela cidade, eles encontraram um homem paralítico, aleijado desde o nascimento, que nunca tinha andado. O homem ouviu atentamente Paulo, que se sentiu impressionado a ordenar: “Levante-se! Fique em pé!” (v. 10). O homem deu um salto e começou a andar.
Assim que a multidão viu o que tinha acontecido, gritou: “Os deuses desceram até nós em forma humana” (v. 11), e chamaram Paulo de Hermes e Barnabé de Zeus.
O único Deus, o verdadeiro Deus, veio a nós em forma humana. Se forçarmos a mente e tentarmos imaginar Deus em forma humana, poderemos pensar apenas em uma única Pessoa – Jesus. Ele é a essência de nossa esperança, a personificação de nossos desejos.
Jesus. Ele é a razão por que creio.
Ressurreição a Cada 17 Anos
Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em Mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em Mim, não morrerá eternamente. Você crê nisso? João 11:25, 26
A região leste dos Estados Unidos testemunha uma invasão incrível a cada 17 anos. Bilhões de insetos negro-azulados, de olhos vermelhos e asas marrom-amareladas emergem do chão e tomam conta das calçadas, árvores, varandas e ruas. Enchem o ar com um zunido mais alto do que o barulho de qualquer máquina de cortar grama.
Eles apareceram em 2004, em 1987, em 1970. Aliás, em 1715, o pastor Andreas Sandel escreveu a respeito desses insetos na Filadélfia: “Neste mês [maio] alguns insetos singulares saíram da terra; os ingleses os chamam de gafanhotos.” Mas gafanhotos é que não são. Eles são, isto sim, cigarras. Há aproximadamente 3.000 espécies de cigarras ao redor do globo e a maioria leva vida normal, mas essas são “cigarras periódicas”. Elas passam 17 anos debaixo da superfície e, no fim desse período, emergem para uma vida adulta desvairada e barulhenta. Essa espécie de cigarra cava o solo de 45 a 70 centímetros e se alimenta da seiva extraída das raízes das árvores.
Durante os meses que antecedem seu surgimento, as ninfas maduras cavam túneis em direção à superfície. Nesse período, às vezes se forma um pequeno monte de terra, chamado de cabana da cigarra. Essas cabanas, ou buracos de aproximadamente um centímetro de largura ao pé das árvores, se tornam visíveis no mês de abril.
Assim que o solo atinge a temperatura de 18 ºC, as ninfas emergem em massa e tomam conta da vegetação mais próxima. Livram-se da casca de ninfa e... surpresa! Surge uma criatura brilhante de asas cor creme. Após algumas horas, o corpo escurece e se torna negro-azulado. Em quatro ou cinco dias de maturidade, os machos começam a tocar o timbale interno na tentativa de atrair a atenção das fêmeas. Eles acasalam. As fêmeas abrem cortes em galhos de árvores finos e colocam os ovos. Em agosto, jovens ninfas de cigarra eclodem, cada uma menor do que um grão de arroz. Elas caem ao chão e cavam o solo.
Aprenda a lição da cigarra periódica. Se o Criador cuida dessas pequenas criaturas que ficam enterradas por 17 anos e emergem apenas para viver seu último mês de vida, será que Ele não trará à vida Seus queridos filhos que dormem no pó da terra? Quer seja daqui a 17, 170 ou 1.700 anos, Jesus, que é a ressurreição e a vida, acordará Seu povo para a vida eterna.
Quando a Graça se Manifestou
Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Tito 2:11
O apóstolo Paulo, em sua carta para o jovem pastor Tito, escreveu a respeito da “manifestação” da graça na Terra, evento que colocou um marco na história humana. As palavras de Paulo se assemelham às de João na famosa introdução ao seu evangelho: “Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” (Jo 1:17). Assim, ao lermos que “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”, podemos substituir a palavra “graça” por “Jesus” e permanecer fiéis ao que Paulo quis dizer. Pois Jesus, como João mesmo afirmou, era “cheio de graça” (Jo 1:14).
Será que isso significa que o Antigo Testamento é destituído de graça? De forma alguma. A graça se manifesta como um fio dourado desde Gênesis até Malaquias, apesar de a palavra em si não aparecer.
Embora o Antigo Testamento esteja repleto de palavras que expressam a justiça de Deus e a Sua misericórdia, a palavra mais bonita que aparece é chesed, que denota a compaixão e a misericórdia de Jeová. Chesed é geralmente traduzida como “bondade” na versão Almeida Revista e Atualizada, ou como “amor” na Nova Versão Internacional. Alguns exemplos são: “Mostra as maravilhas da Tua bondade, ó Salvador dos que à Tua destra buscam refúgio dos que se levantam contra eles” (Sl 17:7, ARA) e “Não me negues a Tua misericórdia, Senhor; que o Teu amor e a Tua verdade sempre me protejam” (Sl 40:11).
Essa palavra maravilhosa está especialmente relacionada à ideia de aliança, conceito dominante no Antigo Testamento. Jeová guarda a Sua aliança. Isso significa que as Suas promessas são absolutamente verdadeiras. Ele é fiel. Podemos confiar em Sua chesed – Sua bondade ou Seu amor – porque é tão confiável quanto o próprio Deus.
Oh, que revelação preciosa antes da chegada de Jesus! E, quando Ele veio, a graça “manifestou-se”. Edificou sobre tudo o que já havia acontecido antes, resumiu e encheu a taça até transbordar. Assim é Jesus, a Palavra que Se fez carne. Não mais por meio de palavras, mas por meio de Sua vida e de Sua morte!
“Vimos a Sua glória”, escreveu João, esforçando-se para encontrar palavras para expressar Aquele “cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14).
Vejo a Sua glória ainda hoje?
Pelo Vale do Kwai
A Lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde aumentou o pecado, transbordou a graça. Romanos 5:20
Há muitos anos, um filme famoso narrou a história de um excêntrico coronel britânico que comandou as suas tropas, todos prisioneiros dos japoneses, na construção de uma ponte ferroviária na Tailândia. O filme recebeu o título de A Ponte do Rio Kwai.
Tanto o filme quanto o livro que o inspirou foram baseados em fatos reais, mas se desviaram um pouco da realidade. O que de fato aconteceu em Chungkai, o campo de concentração localizado na fronteira da Tailândia, é mais emocionante e mais maravilhoso do que qualquer coisa retratada no filme. Ernest Gordon, oficial escocês que esteve lá e sobreviveu contrariando todas as expectativas, escreveu o verdadeiro relato dessa história em Through the Valley of the Kwai [Pelo Vale do Kwai].
Com a queda de Cingapura na Segunda Guerra Mundial, o exército japonês assumia o controle do sudeste da Ásia com muita rapidez. Estavam tomando conta da Nova Guiné e prestes a controlar a Austrália. Um prêmio ainda maior chamava a atenção na Índia, mas a marinha britânica patrulhava os mares. Uma estrada de ferro ligava o norte de Cingapura à fronteira tailandesa. Outra ligava a Birmânia à Índia. Se pudessem ligar Chungkai à Birmânia, seriam capazes de atacar a Índia por terra.
Os prisioneiros de guerra foram forçados a trabalhar a fim de traçar uma rota pela selva asiática. Descalços e vestindo apenas tangas, os prisioneiros trabalhavam das cinco e meia da manhã até tarde da noite num calor de 48 ºC. Os guardas gritavam a todo instante: “Mais rápido! Mais rápido!” Com os pés cortados e machucados, insetos subindo-lhes pelo corpo suado, os prisioneiros trabalhavam arduamente para concluir a tarefa. A porção de comida era insuficiente. Os homens caíam ao chão e morriam como se fossem mosquitos devido à sede, exaustão, doenças e fome.
A estrada de ferro levou um ano para ser terminada. Seus 402 quilômetros de extensão ceifaram mais de 100.000 vidas. À medida que os prisioneiros adoeciam, eram enviados de volta para Chungkai. O campo de concentração, que passou a abrigar aproximadamente 8.000 homens famintos e doentes, se tornou um inferno na Terra, local em que o egoísmo, o ódio e o medo imperavam.
Se alguma vez o pecado aumentou, ele aumentou em Chungkai. Mas a graça de Deus começou a penetrar aquele buraco do inferno devagar e de forma imperceptível, até que, onde aumentou o pecado, passou a transbordar a graça.
Deus Estava Lá no Inferno
Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura também lá estás. Salmo 139:8
Ernest Gordon, que narrou a história do milagre às margens do rio Kwai, fez sua cama no inferno. Já sofrendo de disenteria, malária, infecção sanguínea e beribéri, contraiu também difteria, o que significava que não podia mais trabalhar na estrada de ferro. Gordon foi enviado para a Casa da Morte, apelido que o terrível hospital do campo de concentração recebeu. Localizado num oceano de lama no ponto mais baixo do campo, o “hospital” estava repleto de centenas de homens à beira da morte, cobertos da cabeça aos pés de moscas, percevejos e piolhos. Parecia mais um cemitério fétido de seres humanos desesperados em estado de putrefação.
Alguns amigos o procuraram, o encontraram entre os corpos em deterioração e o carregaram numa maca para uma pequena cabana que haviam construído. Banharam-no, limparam as feridas de suas pernas e fizeram-lhe curativos. Prepararam comida para ele e lhe aplicaram massagens. Pouco a pouco, a sensibilidade dos membros de Gordon começou a voltar. Contrariando todas as expectativas, ele sobreviveu.
Essa demonstração de compaixão fez parte de um fenômeno muito mais amplo que ocorreu no campo de concentração. O que estava acontecendo em Chungkai? Algumas histórias começaram a circular sobre soldados tementes a Jesus Cristo que haviam sacrificado a vida em atos de abnegação, heroísmo, fé e amor. Ouviu-se, por exemplo, a respeito de um homem grande e forte que de repente desmaiou e morreu de fome porque havia dado suas porções de comida para um amigo doente, que se recuperou. Outro soldado assumiu a culpa do sumiço de uma pá e foi espancado até a morte. (Naquela noite, ao serem contadas as ferramentas, não faltava nenhuma.) E muitos outros relatos assim.
Essas demonstrações da graça contagiaram o campo. Os prisioneiros trocaram a lei da selva pela lei de Cristo. Começaram a ajudar uns aos outros. Começaram a confeccionar braços e pernas artificiais, a preparar remédios com as plantas medicinais da selva. Passaram a realizar funerais em vez de queimar os mortos empilhados uns sobre os outros. Construíram uma capela, faziam cultos e realizavam batismos. Deram início a uma universidade na selva e frequentavam às aulas. Formaram uma orquestra. Voltaram a sorrir, a dar risada e a cantar.
Ernest Gordon se tornou cristão. Ao fim da guerra, estudou teologia e, mais tarde, se tornou o capelão da Universidade de Princeton. Grande é o poder do pecado, mas a graça é ainda mais poderosa.
A Obediência da Graça
“Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias”, declara o Senhor: “Porei a Minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o Meu povo.” Jeremias 31:33
Certa vez comecei a escrever um livro sobre a graça (que mais tarde foi publicado sob o título Glimpses of Grace [Vislumbres da Graça]). Ao comentar a respeito de meu projeto com um colega, ele respondeu:
– Bill, não precisamos de outro livro sobre a graça. Você deveria escrever um livro sobre a obediência!
Sim, a obediência é importante. Ao longo das páginas da Bíblia, Deus nos conclama a obedecer. Mas que tipo de obediência Ele requer? Essa é a questão.
A única obediência que conta é a obediência da graça. Ao sermos conquistados por Deus através de Seu amor, ao vislumbrarmos a glória da Palavra que Se fez carne, que armou a Sua tenda entre nós a fim de revelar o caráter de Deus e que voluntariamente Se dispôs a ir ao Calvário em nosso lugar, ao cairmos aos Seus pés e como Tomé exclamarmos: “Senhor meu e Deus meu (Jo 20:28), passamos a desejar servi-Lo e obedecer-Lhe.
A obediência da graça significa que Deus escreve Sua lei em nosso coração e em nossa mente. Não trabalhamos mais como funcionários assalariados em busca de recompensa, mas vivemos como filhos e filhas da família divina. Ao lançarmos nossas ansiedades e preocupações sobre Jesus, tomaremos Seu jugo e perceberemos que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve (Mt 11:30).
Um poema antigo atribuído a São João da Cruz expressa a essência da obediência da graça, do coração que se apaixonou por Jesus e deseja nada mais do que Ele.
Não me move, Senhor, para Te amar
O Céu que me prometeste.
Nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de Te ofender...
Move-me enfim o Teu amor,
E de tal maneira
Que ainda que não houvesse Céu eu Te amaria;
E ainda que não houvesse inferno Te temeria.
Abençoada Inimizade
Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar. Gênesis 3:15
A jornada da vida está repleta de surpresas. Um jovem, com o mundo aos seus pés, joga tudo fora e destrói a vida. Após 20 anos de amor e companheirismo ao buscar construir um lar e estabelecer uma família, um cônjuge abandona tudo e foge com outra pessoa.
Mas há também o outro lado. Existem crianças que aparentemente têm tudo contra si, crianças que nasceram em lares destruídos e defeituosos, crianças cujos pais são alcoólatras, crianças sem alguém próximo que tenha ao menos completado o ensino médio, crianças condenadas à morte prematura por causa das drogas, do conflito entre gangues ou do abuso, mas que de alguma forma sobrevivem, quebram o ciclo, prosseguem quem sabe nos estudos e contribuem para o bem da sociedade, que fica impressionada ao saber de suas origens.
Não estamos sozinhos na batalha desta vida. Se estivéssemos sozinhos, todos nós, a despeito das condições em que fomos criados, seríamos marionetes do diabo. Seríamos movidos para lá e para cá, presos aos cordéis em suas mãos. A queda no Jardim do Éden inclinou de forma irresistível a nossa natureza ao pecado. É muito mais fácil mentir do que falar a verdade, odiar do que amar, trair do que ser fiel.
Mas não estamos sozinhos. Deus não nos deixou no poço que nós mesmos cavamos. Ele pôs inimizade entre a serpente e nós. Não temos que obedecer à ordem de Satanás. Podemos buscar a Deus.
O que é essa inimizade, essa oposição contra o mal, que corre contra a nossa natureza? É a graça.
“É a graça que Cristo implanta na alma que cria no homem a inimizade contra Satanás. Sem esta graça que converte, e este poder renovador, o homem continuaria cativo de Satanás, como servo sempre pronto a executar-lhe as ordens. Mas o novo princípio na alma cria o conflito onde até então houvera paz. O poder que Cristo comunica habilita o homem a resistir ao tirano e usurpador. Quem quer que se ache a aborrecer o pecado em lugar de o amar, que resista a essas paixões que têm dominado interiormente e as vença, evidencia a operação de um princípio inteiramente de cima” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 506).
Obrigado, querido Deus, por essa abençoada inimizade!
Milagre na Autoestrada
Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. Lucas 10:31
Não acredito no acaso. Nem acredito em sorte. Acredito na graça. Graça significa que coisas boas acontecem mesmo num mundo cheio de maldade. Graça significa que Deus está trabalhando para fazer com que coisas boas aconteçam. Para o observador desavisado, parece obra do acaso ou da sorte; mas a pessoa que conhece Jesus, cheio de graça, sabe que é obra da graça.
Ed Theisen, 46 anos, estava estirado na estrada Gulf, próximo a Houston, Texas, Estados Unidos. Ele dirigia quando outro motorista bateu na traseira de seu carro. Theisen saiu do carro para trocar informações sobre o seguro com o motorista. De repente, sentiu-se fraco. Agarrou-se à barreira de proteção e caiu, sumindo de vista.
O motorista do guincho que rebocou o carro de Theisen não o viu. O policial que registrou o acidente não o viu. Concluíram que ele tinha simplesmente saído de cena.
Mas Ed Theisen ainda estava lá, no chão, paralisado devido à fratura no pescoço e um ferimento grave na medula espinhal. Ficou caído de lado, encarando o muro de concreto.
Theisen passou a noite inteira sozinho estirado no chão. O tempo foi transcorrendo até somar 36 horas. Ninguém viu, ninguém ouviu.
Foi então que, “por acaso”, alguém que pegava carona na caçamba de uma caminhonete o viu e chamou a polícia. O oficial cutucou Ed Theisen com o cassetete pensando que ele estava morto. Mas ele estava vivo, coberto pela poluição de Houston.
A esposa, Débora, os parentes e os amigos distribuíam panfletos pelo bairro quando receberam a notícia. Débora ligou para o hospital, que lhe informou:
– Ele está aqui. Está vivo e mandou dizer que a ama.
Graça, não acaso. Graça significa que pessoas condenadas à morte sobrevivem. Graça significa que um bom samaritano cruzará o nosso caminho. Graça significa que coisas boas acontecem em meio à poluição. Ainda que seja numa autoestrada de Houston.
O Nascimento que Mudou o Mundo
Mas o anjo lhes disse: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas-novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo o Senhor.” Lucas 2:10, 11
A partir de qual grande evento se calcula o período de toda a história? Há muitos anos, W. H. Fitchett registrou a clássica resposta: “O nascimento de um judeu, que era um camponês numa província obscura numa época distante; que não escreveu nenhum livro, não fez nenhuma descoberta, não inventou nenhuma filosofia, nem construiu nenhum templo; um camponês que morreu quando, pelo modo que homens enumeram vidas, Ele havia mal alcançado sua idade produtiva, e morreu a morte de um criminoso. [...] O tempo civilizado, no entanto, é marcado pelo nascimento deste judeu! Os séculos carregam Sua assinatura, e os anos modernos são marcados por consentimento universal como o ‘Ano do Senhor’. [...]
“A cada manhã todos os jornais do mundo civilizado [...] reajustam a data de acordo com o Seu nascimento. Cada ano que chega é batizado com o Seu nome. Os calendários e as atas do Parlamento, os negócios, a política e a literatura – a própria data que escrevemos no cheque e nas cartas – tudo é ajustado inconscientemente à cronologia da vida de Cristo. Deixar uma assinatura humana no tempo, colocar um nome humano à frente dos séculos apressados, é uma grande façanha. César não conseguiu, nem Shakespeare ou Newton. A genialidade é inútil para realizar tal tarefa; a espada é inútil; a riqueza é inútil. Mas esse judeu conseguiu. [...]
“A espada de nenhum imperador jamais cortou o tempo de forma tão profunda que o deixasse marcado para sempre. [...] Apenas um nome sobrevive; apenas uma imagem é visível através do amplo espaço do tempo.
“O Filho encarnado de Deus, o Verbo que Se fez carne e que entrou na história deste mundo a fim de remodelá-la – é justo que a Ele todos os anos prestem a homenagem inconsciente de carregar o Seu nome. O calendário cristão representa o selo da realeza de Cristo no próprio tempo. Crer que um impostor remoto, numa província esquecida de um império arruinado, colocasse a Sua assinatura de forma tão profunda no tempo a ponto de influenciar todos os séculos a carregar Seu nome é o mesmo que crer que uma criança, com sua caixa de lápis de cor, pudesse mudar a coloração de todos os oceanos!” (The Unrealized Logic of Religion, p. 16-26).
Jesus, entra em minha vida e me transforma hoje.
Além das Palavras
Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo. João 1:17
Sou autor e editor; portanto, as palavras me fascinam. As palavras mudam de significado de uma cultura para outra ou dentro da mesma cultura.
Analise, por exemplo, a palavra wrinkly [“enrugado”, “franzido”]. Em minha infância na Austrália, essa palavra era um adjetivo que se referia às dobras formadas na pele devido à preocupação, idade ou fadiga. Hoje em dia, entretanto, os australianos a utilizam como um substantivo para designar uma pessoa dotada cronologicamente. Ou seja, para eles, wrinkly é alguém idoso.
Isso me leva a refletir sobre os primeiros cristãos e o desafio que enfrentaram ao tentar escrever a respeito de Alguém que está além das palavras. Apesar de em muitos aspectos Jesus de Nazaré ter sido igual a qualquer outro ser humano, em outros foi totalmente diferente. Na beleza e pureza de Sua vida, em Sua compaixão e misericórdia, na perfeição de Seu caráter, Jesus foi sui generis – único, singular.
Como falar ou escrever sobre um Homem que excede a habilidade da linguagem para expressá-Lo? Inventando novas palavras, um novo vocabulário? Não seria uma má ideia, mas não ajudaria em nada. Ninguém entenderia coisa alguma do que fosse escrito. A outra maneira (que na verdade é a única maneira) é pegar palavras que já existem e dar-lhes um novo significado.
Foi exatamente isso o que os primeiros cristãos fizeram. Eles encontraram, por exemplo, uma palavra grega muito, muito antiga, charis, e atribuíram-lhe um novo significado. Essa palavra, que originou palavras como “carisma” ou “carismático”, inicialmente era empregada no sentido de “favor”. Era usada especialmente de duas maneiras: a primeira, para descrever alguém fisicamente favorecido; a segunda, para expressar apreciação.
O Novo Testamento contém vários exemplos de tais usos, como no texto em que lemos que Jesus crescia no favor de Deus e dos homens (Lc 2:52), ou quando Paulo exclamou: “Agradeçamos a Deus” (1Co 15:57, NTLH). Em ambos os casos a palavra é charis.
Entretanto, a palavra charis foi utilizada de forma predominante no Novo Testamento com um sentido novo: “graça”. Não mais apenas favor, mas o favor de Deus, demonstrado a nós através de Seu Filho amado. Favor sem mérito algum, favor totalmente imerecido. Jesus, cheio de graça (charis) e de verdade, ultrapassa as fronteiras da linguagem. Ele é maravilhoso, além das palavras.
Encontro em Xangai
Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? Contudo, nenhum deles é esquecido por Deus. Lucas 12:6
De todas as experiências interessantes que tive ao visitar a China, nenhuma foi mais fascinante do que o encontro num centro comercial em Xangai.
– Bom-dia, senhor!
Olhei ao redor me perguntando de onde aquele inglês perfeito estava vindo. Fazia uma hora que eu estava perambulando por lojas grandes e pequenas e até mesmo numa loja de departamento enfrentei problemas de comunicação com os atendentes. Surpreso, percebi que aquela voz pertencia a uma criança, uma princesinha vestida de vermelho tão pequenina que sua cabeça mal alcançava a altura da minha cintura.
– O senhor poderia me dar um momento de sua atenção? – continuou. – Sou estudante de artes plásticas. Estamos realizando uma exposição de nossos trabalhos. O senhor gostaria de vê-los?
Estudante de artes plásticas? Para mim, parecia que ela estava cursando a quarta série.
– Posso perguntar a sua idade? – eu disse. – Você aparenta ter apenas 10 anos.
– Oh, não; tenho 16 – ela respondeu com um sorriso.
– Tudo bem – respondi.
Juntos atravessamos o centro comercial. Ela me conduziu a uma rua estreita e em seguida subimos um lance de escadas. Ali, num amplo salão, observei as pinturas em exposição. Outra jovem, obviamente mais velha do que a princesinha, estava lá. Havia também um homem sentado à mesa. Saudaram-me com extrema cordialidade.
Andei pelo salão. As obras variavam em qualidade; algumas eram muito boas. Uma série de quatro quadros verticais retratando as estações do ano atraiu minha atenção. Fiquei pensando como poderia levar aquilo para casa. Minhas malas já estavam abarrotadas.
Enquanto isso, eles falavam a respeito da escola de artes. Funcionava no campo, me informaram. Todos aprendiam inglês como também artes. A exposição estava aberta ao público e todas as vendas beneficiariam a escola.
Foi um encontro sem igual. Desejava ficar, mas o tempo acabou. Infelizmente, tive que partir.
Há mais de 1,3 bilhão de pessoas na China. Deus conhece cada uma delas por nome: a princesinha, a amiga dela, o homem à mesa. Cada uma delas é preciosa, preciosa o bastante para Jesus entregar a Sua vida por elas.