Poder de recuperação
Sábado à tarde | Ano Bíblico: Nm 4–6 |
Verso para Memorizar: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam" (Salmo 46:1-3).
Leituras da semana: Jó 19:25; Tg 5:10, 11; Rt 1; Et 2; 2Co 11:23-28; Fp 4:11-13
Poder de recuperação é o processo de enfrentar adversidades, traumas, tragédias, ameaças, ou estresse extremos e retornar em bom estado sem ser muito afetado negativamente pela experiência. O conceito tem recebido crescente atenção pela importância do poder de recuperação diante das dificuldades da vida. Afinal, quem entre nós, vez por outra, não enfrenta razoáveis fatores estressantes, de uma forma ou outra? A pergunta é: Como ter o poder de recuperação para lidar com o que acontece e não ser destruído emocionalmente no processo?
Na década de 1960, Victor e Mildred Goertzel escreveram Cradles of Eminence [Berços de Eminência], que apresentava análises biográficas de mais de 700 personagens que passaram por grandes adversidades na infância (lares destruídos, limitações financeiras, físicas e/ou impedimentos psicológicos, etc.) e ainda alcançaram grande sucesso. O livro foi atualizado em 2004.
A Bíblia também fala de pessoas que tiveram que enfrentar adversidades mas que, pela graça de Deus, reagiram e venceram os problemas. Apesar das circunstâncias difíceis e até falhas de caráter, elas foram usadas por Deus porque tiveram o poder de recuperação para avançar, mesmo em meio de circunstâncias adversas.
Ano Bíblico: Nm 7, 8 |
A paciência de Jó
1. Que características de Jó o tornam digno de ser imitado? Tg 5:10, 11. Veja também Jó 1-3.
Uma senhora submetida a aconselhamento para se recuperar de uma séria crise disse aos amigos que uma ideia transmitida pelo conselheiro foi fundamental para sua recuperação. "O que mais me ajudou", ela disse, "foi que o conselheiro insistia que minhas situações dolorosas teriam fim. 'Parece escuro e interminável agora,' o conselheiro costumava dizer, 'mas não vai durar muito mais'. Esse pensamento me ajudou a obter o poder de recuperação." Em outras palavras, o conselheiro manteve viva a esperança da paciente.
Como ter a paciência aumentada? George Goodman, da Inglaterra, certa vez recebeu um jovem que precisava de oração. Ele expressou diretamente sua necessidade: "Sr. Goodman, desejo que o senhor ore para que eu tenha paciência".
O idoso homem respondeu: "Sim, vou orar para que você tenha tribulação." "Ah, não, senhor", o jovem respondeu, "é de paciência que preciso." "Entendo", disse Goodman, "e vou orar para que você tenha tribulação." Então, o professor de Bíblia abriu a Bíblia e leu Romanos 5:3 para o jovem pasmo: "E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança".
A história de Jó oferece um exemplo supremo do poder de recuperação. No início da vida, Jó entendeu que Deus é misericordioso e justo. Ele não entendia as razões de seu sofrimento; não encontrou apoio na esposa; sua propriedade e seus filhos foram destruídos, e então, ele contraiu uma doença horrível. Mas, de alguma forma, em meio a tudo isso, ele nunca perdeu a fé em Deus e persistiu até que a tragédia terminasse.
2. A que esperança se apegou Jó? Jó 19:25. Como podemos aprender melhor a nos apegar a essa esperança em nossas próprias adversidades?
Pense nas ocasiões em que você passou por algo terrível. Que esperança o sustentou? Que palavras ditas a você foram úteis? Quais palavras não foram tão úteis, ou mesmo, foram prejudiciais? O que você aprendeu para ajudar melhor alguém que esteja passando por grande adversidade agora?
Ano Bíblico: Nm 9–11 |
José no cativeiro
Leia Gênesis 37:19-28 e Gênesis 39:12-20 e tente pôr-se na pele de José. Imagine como ele deve ter ficado desanimado. Imagine o potencial de ira e amargura que ele poderia ter desenvolvido, e com razão. Embora a Bíblia não nos conte em detalhes quais foram suas emoções, não é difícil imaginar a dor que ele sofreu por tanta traição e deslealdade.
Não obstante, José se voltou para o Senhor nessas dificuldades e, no fim, boas coisas resultaram desses eventos. Depois de ter sido vendido por seus irmãos, José passou realmente pela conversão e teve um relacionamento muito mais íntimo com Deus. "Contaram-lhe a respeito das promessas do Senhor a Jacó, e de como tinham elas se cumprido – como, na hora de necessidade, os anjos de Deus tinham vindo instruí-lo, consolá-lo e protegê-lo. Ele aprendeu acerca do amor de Deus, provendo um Redentor aos homens. Todas estas lições preciosas vinham agora vividamente diante dele. José acreditava que o Deus de seus pais seria o seu Deus. Ali mesmo se entregou completamente ao Senhor" (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 213, 214).
Quando ele foi lançado injustamente na prisão, a experiência abriu o caminho para a corte de Faraó, para cumprir a missão de salvar muitos e seu próprio povo.
3. O que os textos a seguir nos dizem como as situações ruins podem ser transformadas em boas?
a) Rm 5:3-5
b) 2Co 1:3, 4
c) 2Co 1:8, 9
d) 2Tm 1:11, 12
Deus não quer que soframos desnecessariamente. De fato, o ambiente que Jesus preparou para nós no Céu é sem lágrimas e sem dores (Ap 21:4). Mas, enquanto esperamos que essa promessa se cumpra, parece certo que a dor é o caminho para aprender certas lições. Desenvolvimento de caráter, empatia, humildade, discipulado, distinção entre o bem e o mal – essas são algumas das lições que podemos aprender. Embora seja difícil pensar nos benefícios do sofrimento, especialmente em meio à provação, podemos pedir de Deus a força necessária para superar as dificuldades.
Você já teve alguma experiência terrível que ao fim trouxe algum bem, algum benefício? Como esse fato pode ajudá-lo a confiar no Senhor em alguma adversidade, mesmo quando não pareça provável existir algum bem?
Ano Bíblico: Nm 12–14 |
Noemi
4. Quais foram alguns dos infortúnios experimentados por Noemi? Rute 1
Deixar o próprio país para viver em outro lugar é sempre assustador, especialmente quando a mudança é motivada pela necessidade de sobreviver. A fome em Judá forçou Elimeleque, Noemi e seus dois filhos a emigrar para o país de Moabe, área agrícola em que eles poderiam obter alimento. Os moabitas eram um povo idólatra (Jz 10:6) cujas práticas conflitavam com as crenças judaicas. Só isso já deve ter produzido muita perturbação para os recém-chegados. Poucos dias depois de se terem estabelecido, o marido de Noemi morreu. Mãe e filhos se achavam em terra estranha, degradados à condição de viúva e órfãos, sem proteção e sujeitos a mais uma humilhação. Então, os filhos de Noemi, Malom e Quiliom, se casaram com mulheres moabitas. Esse fato pode ter provocado conflito para a família, ao menos no princípio, por causa de significativas diferenças religiosas. Embora a lei não proibisse especificamente os casamentos entre judeus e moabitas, estava estipulado que nem os moabitas nem seus descendentes poderiam entrar na assembleia do Senhor até depois de dez gerações (Dt 23:3).
Mais tarde, Malom e Quiliom, cujos nomes significavam respectivamente "doença" e "devastação", também morreram. É difícil imaginar uma situação mais trágica para a vida de Noemi – nenhum parente vivo nas proximidades, e demais familiares na distante Belém.
5. Qual foi o ponto de virada na vida do Noemi? Como Deus corrigiu as graves adversidades sofridas por Noemi? Rt 1:16-18; 4:13-17
No momento mais profundo da dificuldade de Noemi, sua nora Rute lhe serviu de apoio emocional enviado por Deus. Noemi deve ter sido notável por haver inspirado a devoção de suas duas noras, especialmente de Rute, que aceitou o Deus de Israel e tomou a firme decisão de cuidar da sogra por toda a vida em uma terra cujos habitantes eram, historicamente, seus inimigos.
Os capítulos 2 a 4 apresentam uma bela sucessão de eventos que culminaram em um feliz acordo familiar. Noemi deixou para trás os incontáveis sofrimentos e viveu para testemunhar o casamento de Rute com Boaz e o nascimento de seu neto Obede, pai de Jessé, pai de Davi.
Por mais que, em última instância, precisemos confiar no Senhor e entregar tudo a Ele, às vezes, precisamos também de ajuda humana. Quando, pela última vez, você precisou realmente da ajuda de alguém? O que você aprendeu dessa experiência?
Ano Bíblico: Nm 15, 16 |
Os dias de estresse de Ester
6. Quais foram algumas das adversidades, lutas e pressões que Ester enfrentou?
a) Et 2:6, 7
b) Et 2:10
c) Et 2:21, 22
d) Et 4:4-17
e) Et 7:3, 4; 8:3
Desde os primeiros anos, Ester viveu como órfã. Embora tivesse sido adotada por seu primo mais idoso, Mordecai, o estigma da infância sem pais foi, certamente, difícil. Apesar disso, Ester cresceu como uma jovem equilibrada, determinada e capaz.
Depois de se tornar rainha, Ester não revelou sua nacionalidade nem seu parentesco. Esse foi um desafio particularmente pesado. Cercada por comidas, luxos e práticas da vida na corte, de alguma forma, Ester teve que manter sua fé e identidade judaica. Além disso, o risco de ser identificada como membro do povo judeu era real, e as consequências de sua identidade eram incertas.
Ester também teve que levar ao rei as más notícias de que os oficiais estavam conspirando matá-lo. Essa não foi uma fácil tarefa porque, se o complô não ficasse provado, Ester e seu primo poderiam ser acusados de dar início a boatos, e quem sabia quais seriam os resultados?
Mas a maior responsabilidade colocada sobre Ester foi ser deixada como o único canal para salvar sua nação. Mordecai lhe pediu que intercedesse em nome dos judeus, o que ela não poderia fazer sem arriscar a vida. Quando ela vacilou, o primo pôs ainda mais pressão sobre ela: "Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis" (Et 4:14). Que intensidade de estresse!
Entretanto, ela compareceu diante do rei, sabendo que esse ato representava um elevado risco de morte. Finalmente, as coisas deram certo, por mais perigosa que às vezes a situação tenha sido para essa jovem mulher.
Assim como Ester, todos nós nascemos em situações que não criamos. Qual é sua origem? Que coisas você recebeu, boas e más, pelas quais não pediu? Como você pode aprender a apreciar mais as coisas boas que recebeu e vencer as más?
Ano Bíblico: Nm 17–19 |
O segredo de estar contente
Paulo nasceu e cresceu em Tarso, em uma família hebreia da tribo de Benjamin. Ele obteve sua nacionalidade romana por meio do pai, cidadão do Império Romano. Tornou-se fariseu, um grupo devoto que seguia a lei (Torah) mais a tradição oral (Mishnah). Com essa origem, ele deve ter apreciado os privilégios de seu status social e religioso.
Porém, quando Paulo respondeu ao chamado de Jesus, tudo mudou. Em vez de perseguidor, ele se tornou o objeto da perseguição radical de alguns de sua própria nação e, mais tarde, dos romanos. Sofreu tribulações por três décadas e foi executado depois de ter sido encarcerado em Roma.
7. Leia 2 Coríntios 11:23-28, que menciona algumas das adversidades que Paulo teve que enfrentar. Então, leia Filipenses 4:11-13. Depois de tanto sofrimento, que avaliação faz Paulo da própria vida?
O contentamento é um componente fundamental de felicidade e bem-estar psicológico. Essa disposição se dá aos que veem a perspectiva positiva das coisas, que olham ao passado com aceitação e ao futuro com esperança. Curiosamente, ter "tudo" não garante satisfação nem felicidade. Para alguns, não importando tudo o que tenham, nunca é suficiente. Outros, tendo tão pouco, ainda assim estão satisfeitos. O que você acha que faz a diferença?
Uma das muitas definições atuais de "inteligência" é a habilidade de se adaptar a novas situações. Isso pode significar viver em novos lugares, relacionar-se com novas pessoas, experimentar novas condições socioeconômicas. A habilidade de Paulo não é uma característica hereditária, porque ele diz especificamente: "Aprendi a viver contente" (Fp 4:11). Essa não é uma capacidade que alguns possuem e outros, não. A adaptação e a satisfação em meio a uma grande variedade de circunstâncias são processos aprendidos que sobrevêm com o passar do tempo e com a prática.
O verso 13 dá a chave mais importante para o poder de recuperação de Paulo. Ele podia não só sentir satisfação com poucos ou muitos recursos materiais, mas podia fazer qualquer coisa e tudo em nome de Jesus Cristo.
Como está seu contentamento? Você tem sido sacudido de cá para lá e vitimado pelas circunstâncias? Como você pode aprender a "viver contente em toda e qualquer situação" (v. 11)?
Ano Bíblico: Nm 20, 21 |
Estudo adicional
Os poderes das trevas se adensam em torno da mente e excluem Jesus ao nosso olhar e, por vezes, só nos é possível, em espanto e aflição, esperar até que as nuvens passem. Há ocasiões em que esses períodos são terríveis. A esperança parece falhar, e o desespero, se apoderar de nós. Nessas horas tremendas, precisamos aprender a confiar, a depender unicamente dos méritos da expiação e, em toda a nossa impotente indignidade, nos lançar sobre os méritos do Salvador crucificado e ressurgido. Enquanto assim fizermos, nunca pereceremos – nunca! Quando resplandece a luz em nossa estrada, não é grande coisa ser forte no poder da graça. Mas esperar pacientemente com esperança quando nos achamos rodeados de nuvens e tudo parece escuro, requer fé e submissão que fazem com que nossa vontade seja absorvida pela vontade de Deus. Mui facilmente, ficamos desanimados e clamamos ansiosamente para que seja removida de nós a provação, quando devemos pedir paciência para resistir e graça para vencer" (Ellen G. White, Maravilhosa Graça, p. 114).
Perguntas para reflexão
1. Pense mais na questão das provações e tragédias que não parecem ter final feliz. O que devemos fazer nesses casos? Como podemos conciliar esses fatos com nossa fé e as promessas de Deus?
2. Na terceira sentença da citação de Ellen G. White acima ("Nessas horas tremendas, precisamos..."), que mensagem ela está transmitindo? De acordo com o que ela diz, onde está nossa esperança? Por que, afinal, o evangelho, como apresentado nessas palavras, é nossa única esperança, não importando a tragédia que nos aconteça agora?
3. Como você pode aplicar à prática o conselho do apóstolo em 1 Pedro 4:12, 13? Uma coisa é manter o poder de recuperação e ser fiel em meio às provações, mas como fazer o que Pedro diz? Isso é possível?
4. Suponha que você estivesse lidando com uma pessoa em uma situação terrível, em que parecesse não haver saída, humanamente falando. Suponha, também, que você só tivesse cinco minutos com ela. Nesses poucos minutos, o que você diria para lhe dar esperança?
Respostas sugestivas:
Pergunta 1: Integridade, paciência, justiça, temor de Deus.
Pergunta 2: À ressurreição.
Pergunta 3: a) A tribulação produz perseverança. b) Nos transforma em consoladores; c e d) Desenvolve a confiança e a fé.
Pergunta 4: A fome a fez emigrar; Morreu seu marido, morreram seus filhos; A viuvez a levou à indigência.
Pergunta 5: A nora a acompanhou em todas as circunstâncias.
Pergunta 6: a) Orfandade; b) Exílio; c) Traição de dois servidores do rei; d) Sentença de morte por Amã. E) Risco de morte por comparecer diante do rei sem ter sido chamada.
Pergunta 7: Não era abalado nem por fome e escassez nem por fartura e riqueza.
FONTE: http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2011/li812011.html
Texto-chave: Filipenses 4:11-13
O ALUNO DEVERÁ...
Saber: Os resultados positivos que vêm do sofrimento suportado com paciência e confiança em Deus.
Sentir: O crescimento da paz e esperança em Deus, não importando quão terríveis as circunstâncias possam parecer.
Fazer: Perseverar na união com Deus e na confiança em Seu cuidado, seja o que for que aconteça.
Esboço do aprendizado
I. Saber: A obra perfeita do sofrimento
A. Que tipos de benefícios podem vir do sofrimento suportado com paciência?
B. Como a história de José ilustra a resiliência e perseverança sob provação?
C. Como Rute apoiou Noemi em seu sofrimento? Pelo exemplo de Rute, o que podemos aprender sobre apoiar os que estão sofrendo?
D. As perguntas que Jó fez a Deus sobre suas aflições nunca foram realmente respondidas. O que podemos aprender das respostas de Deus a Jó?
II. Sentir: Aprendendo a ser contentes
A. Como podemos aprender a estar contentes em quaisquer circunstâncias que Deus nos apresenta?
B. A paz resulta da total confiança na capacidade divina de cuidar de nós. Que versos bíblicos ajudam a relembrar a história do cuidado de Deus pelos que estão sofrendo?
III. Fazer: Confiança inabalável
A. Como as provas nos ensinam a submissão mais completa às amplas orientações divinas?
B. Quando está tudo bem, é muito mais fácil confiar em Deus. Por que a confiança em Deus nos momentos difíceis fortalece a fé?
Resumo: Resiliência (capacidade de recuperação) nas provações é o resultado de aprender a ser paciente e ter fé na providência, força e infalível bondade de Deus para conosco, independentemente do que aconteça.
Ciclo do aprendizado
Motivação
Conceito-chave para o crescimento espiritual: Mesmo os momentos mais difíceis de desespero – aqueles em que somos levados pelo "vale da sombra da morte" e que ameaçam nos destruir – são oportunidades para crescer na graça de Deus, cultivando resiliência emocional, mental e espiritual.
Só para os professores: Peça que os alunos reflitam nos seguintes exemplos de superação: 1. Vítimas de tragédias naturais que conseguem recomeçar a vida. 2. Vítimas de acidentes e violência que conseguem se readaptar e mantêm a vontade de viver. 3. Animais que precisam fazer migração. 4. Plantas que conseguem se renovar depois de um longo período de seca. Pergunta: Como podemos ajudar alguém que perdeu o interesse na vida, motivando e ao mesmo tempo evitando condenar a pessoa?
O céu se enche de aves de rapina, cujos corpos são manchas escuras no azul sem nuvens. Elas circulam muito acima da água, aparentemente ociosas e sem propósito. Finalmente, uma delas rompe, recolhendo as asas para entrar em queda livre, em um mergulho violento, de cabeça para baixo. Por um momento, uma das maiores e mais majestosas senhoras do céu torna-se uma criatura da água, completamente absorvida. Um eterno segundo depois, a superfície da água se rompe novamente, dessa vez enquanto as asas poderosas batem através das ondas e depois pelo ar, erguendo a ave pesada e molhada para o céu, com um peixe preso em suas garras.
Esse ato se desenrola em todos os continentes (exceto a Antártica) perto de corpos de água onde a águia-pescadora (Pandion haliaetus) faz sua habitação. A águia-pescadora passa o inverno nos continentes do Hemisfério Sul e faz viagens anuais cansativas e perigosas de volta para seus lares ancestrais ao norte do equador. Viajando de dois a trezentos e vinte quilômetros por dia, traçam uma rota de volta ao local de seu nascimento, a fim de acasalar, incubar, produzir e emplumar sua prole. Um relato dramático de uma solitária fêmea, em rota para o noroeste do Pacífico foi capturada em filme em março de 2009 por um estudioso de aves de Phoenix, Arizona, que viajava para o deserto para fotografar as flores e pássaros da primavera. Ele focalizou sua câmera em uma grande ave de rapina voando em sua direção e tirou uma fotografia do que mais tarde se verificou, para seu espanto, ser uma águia-pescadora sobrevoando o deserto.
Pense nisto: Uma ave que depende de peixe para viver é vista sobrevoando o deserto! Se isso não é notável o bastante, essa mesma ave, depois de muitas centenas, senão milhares de quilômetros em sua viagem, tem que ir ainda mais longe e atravessar um território ainda mais difícil. Ao longo de nossa vida, muitos de nós passaremos por desertos figurativos semelhantes, experiências angustiantes que parecem impossíveis de suportar, jornadas difíceis que põem à prova nossa fé no amor de Deus. Mas assim como Deus ordenou a migração anual da águia-pescadora, assim Ele permite que enfrentemos nossa quota de provações e tribulações. De que modo a jornada da águia-pescadora revela a fé e resistência que somos chamados a exercer em nossas próprias viagens de fé?
Compreensão
Só para os professores: Enfatizar o fato de que o sofrimento físico e as dificuldades materiais, psicológicas e espirituais, não são necessariamente sinais da maldição divina. Podem ser utilizados como meios divinos de educação. Igualmente, a prosperidade material não é prova de que a benção de Deus repousa sobre a pessoa, embora seja um teste de fé e lealdade a Deus.
I. "Jó: a causa do sofrimento"
(Recapitule com a classe Jó 1:8-10 e 2:5.)
A história de Jó é uma das poucas na Bíblia em que vemos um vislumbre da razão divina para permitir que o sofrimento aconteça. Jó 1:6-12 e 2:1-6 revelam que as calamidades que Jó enfrentou estavam relacionadas ao conflito maior entre Deus e Satanás. O diabo procurou provar que Jó, o homem mais íntegro e reto na Terra (Jó 1:8), era fiel a Deus somente por causa de sua vida agradável e confortável, especificamente porque ele tinha riquezas materiais (Jó 1:10), e era abençoado com saúde física e bem-estar (Jó 2:5). Além disso, aprendemos que Satanás colocou em dúvida a fidelidade de Jó diante do exército celestial de Deus.
Pense nisto: Que lição há em saber que as causas do sofrimento de Jó estão ligadas diretamente com o conflito universal entre o bem e o mal? A história de Jó perdura como um lembrete de que, mesmo que não entendamos, como Jó, a razão do nosso sofrimento, podemos ter certeza de que a causa básica é a mesma. Como esse conhecimento pode capacitar nossa fé e nossa mente a suportar com resiliência nossas provações mais escuras?
II. Provas de fé
(Recapitule com a classe Jó 12-14.)
Nos capítulos 3, 7, 9, 10, 12-14, 16-17, 19, 21, 23-24 e 26-31, nos deparamos com o relato pessoal da perseverança de Jó para apegar-se à fé, em meio a uma luta para conciliar sua situação com seu conceito de Deus como justo e amoroso. Aqui vemos um Jó forçado aos limites de sua capacidade - física, mental e espiritual. Ele lamenta seu próprio nascimento, afirmando a inutilidade da vida. Desejaria estar morto. Ele diz que Deus o destruiu e vacila entre desesperar-se pela maneira de Deus lidar com sua situação e proclamar o poder de Deus como Redentor em sua vida, um Salvador pelo qual ele almeja.
Pense nisto: A crise de fé de Jó é familiar a qualquer pessoa que tenha experimentado uma tragédia sem sentido e perdas pessoais profundas. Sabemos que Jó era um homem de fé tão grande que ele foi destacado por Deus como "homem íntegro e reto", sem igual na Terra (Jó 1:8). No entanto, mesmo um homem como Jó pode ser levado a desconfiar de Deus, em sua dor e sofrimento. Considere que resiliência não significa que não existem momentos de dúvida profunda. Como a história de Jó mostra que ser resiliente não se mede pelos momentos individuais de força ou fraqueza ao longo do caminho, mas sim pela condição em que terminamos?
Aplicação
Só para os professores: Muitas vezes queremos saber por que somos chamados a suportar o sofrimento. No entanto, essa questão raramente é respondida. Ao mesmo tempo, Deus Se revela para fortalecer o fraco (por exemplo, Jó) ou opera por intermédio de outros para prover apoio (por exemplo, Noemi e Rute), provendo recursos para ajudar os indivíduos a enfrentar suas circunstâncias. Considere os exemplos bíblicos colocados na lição desta semana, que mostram que pessoas envolvidas em situações difíceis podem ser parte de um plano maior (por exemplo, Jó, José, Ester) e comente as possíveis aplicações para nossa vida hoje.
Perguntas para reflexão
Em vez de perguntar as razões de nosso sofrimento, que outras questões podemos perguntar a nós mesmos, que podem nos ajudar a crescer em graça e força e nos guiar através dos momentos sombrios?
Em circunstâncias que não podemos mudar, tudo que podemos fazer é decidir qual será nossa resposta a elas. Como podemos cultivar uma atitude resiliente e um espírito de gratidão? (Leia Rm 8:28 e 1Ts 5:18).
Perguntas de aplicação
Pense na circunstância mais desafiadora em sua vida. Ao relembrar essa experiência, que bênçãos inesperadas surgiram dela que você talvez não poderia ter percebido no momento da provação?
Comente como Deus pode fazer algo belo a partir de uma tragédia, e como Ele pode transformar nossos maiores fracassos em fontes de força e crescimento pessoal.
Para os jovens e inexperientes, dar graças no sofrimento parece impossível. De que maneira o testemunho dos que foram experimentados pode fortalecer a vontade e resiliência dos indivíduos que passam por testes de fé pela primeira vez? (Leia Hb 12:1-3,Rm 5:3-5 e Ef 6:18).
Criatividade
Só para os professores: Compare o sofrimento de um atleta em preparação para uma maratona, com o sofrimento ainda maior, de quem se prepara para a vida eterna. Para o atleta, vale a pena treinar um pouco a cada dia em busca de uma medalha. Será que vale a pena vencer uma pequena dificuldade a cada dia, para ganhar a coroa da vida eterna?
Inspiração: "Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, Autor e Consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que Lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-Se à direita do trono de Deus. Pensem bem nAquele que suportou tal oposição dos pecadores contra Si mesmo, para que vocês não se cansem nem desanimem (Hb 12:1–3, NIV).
Na maior parte de nossa vida enfrentamos desafios todos os dias. Canos quebrados, circunstâncias desafiadoras no trabalho, nossos amigos ou familiares nos decepcionam. Pense nos três principais problemas que você enfrenta na vida. Com que frequência deixamos de usar esses desafios como oportunidades para crescer em graça e fé? Seguindo em frente, como você pode olhar a vida de maneira diferente, especificamente os problemas que enfrenta, e cultivar nova atitude e espírito de gratidão? Como você pode usar as circunstâncias em que se encontra para desenvolver resiliência (e todo o fruto do Espírito) para você, seu cônjuge, sua família e sua comunidade mais ampla? (Leia Gl 5:19-23).
Como a fidelidade ao enfrentar pequenos desafios leva a uma capacidade de enfrentar os grandes desafios na vida?
Que exemplo de comunidade cristã encontramos para nos ajudar a entender o que produz resiliência? Como promovemos a resiliência em nossas famílias, igrejas e comunidade em geral? Como ensinamos os filhos a lidar com os problemas e produzir recursos internos para suportar o sofrimento? Como criamos redes de apoio espiritual para ajudar e ministrar um ao outro?
FONTE: http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2011/aux812011.html
Lição 8 – PODER DE RECUPERAÇÃO
Objetivo deste estudo: Compreender que Deus transforma as situações amargas da vida em oportunidades de crescimento.
Verdade central: A resiliência emocional, mental e espiritual pode ser adquirida pelo exercício da fé em Deus e da comunhão constante com Ele.
Introdução
O estudo desta semana trata de um dom maravilhoso que Deus deu ao ser humano: a resiliência. Trata-se da capacidade de adaptação após uma experiência de adversidade, podendo crescer positivamente frente a essa situação. É o caso de Jó, José, Noemi, Ester e Paulo. Eles viveram situações de grande provação e adversidade, mas conseguiram adaptar-se e superar os problemas, confiando na graça de Deus e alimentando suas esperanças nEle. Cada um deles tem muito a nos ensinar sobre fé e superação. Vejamos as principais lições.
I. Jó – paciência no fogo das provações
A Bíblia apresenta as qualidades de Jó, que o tornaram digno de ser imitado, principalmente quando passamos por provações:
– Integridade: Jó 1:1
– Retidão: Jó 1:1
– Temor a Deus: Jó 1:1
– Desviar-se do mal: Jó 1:1
– Fervor: Jó 19:25
Tiago se refere a Jó como exemplo de paciência no sofrimento, e apresenta a recompensa da vida eterna como o resultado da sua vida, "porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo" (Tg 5:11). Jó declarou que sabia que o seu Redentor vive, e por fim seria visto com seus próprios olhos.
Para refletir:
– Você já passou por alguma situação terrível?
– Que palavras foram úteis para erguer você naquela ocasião?
– O que você aprendeu para ajudar melhor quem experimenta algo semelhante?
II. José – fidelidade, "ainda que caiam os céus"
José esteve no fundo do poço, literalmente. Ele viu a morte diante de si e sentiu desespero. Mas, depois de tudo o que passou, sendo vendido para os ismaelitas e sofrendo as provações no Egito, ele pôde contemplar os planos superiores que Deus tinha, de Se revelar àquele reino pagão através dele.
E. White afirmou que "José considerou o ser vendido para o Egito a maior calamidade que lhe poderia haver sobrevindo; viu, porém, a necessidade de confiar em Deus como nunca o fizera quando estava protegido pelo amor de seu pai. José levou Deus consigo para o Egito, e isso se tornou patente pela sua atitude animosa em meio à aflição" (Ellen G. White, E Recebereis Poder [MM 1999], p. 256).
"Deus nunca dirige Seus filhos de maneira diversa daquela por que eles próprios haveriam de preferir ser guiados, se pudessem ver o fim desde o princípio, e perscrutar a glória do desígnio que estão realizando como colaboradores Seus" (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 224).
Para refletir:
– Você já passou por algo terrível, mas que ao fim lhe trouxe algum benefício?
III. Noemi – da tristeza para a alegria
Noemi experimentou a alegria de ser esposa e mãe. Certamente, ela teve um lar feliz, mas sua vida foi marcada por desafios e adversidades:
– Fome e peregrinação (Rt 1:1-2): Devido à grande fome, ela e sua família tiveram que se mudar para Moabe, uma nação agrícola, mas idólatra. Ela teve que se adaptar diante dessa crise.
– Morte do esposo (v. 3): Ser mulher já era desvantajoso naqueles dias, mas ser viúva era duplamente desvantajoso. Restava-lhe, contudo o amparo dos filhos.
– Morte dos filhos (v. 4-5): Sua única segurança naquela sociedade machista era a proteção dos filhos homens, mas eles também morreram. Novamente, o desespero apareceu. No momento em que todas as expectativas se foram, surgiu para Noemi uma esperança. Sua nora Rute lhe deu demonstração de amor, apoio emocional e compaixão. Certamente, Noemi era daquelas sogras que chamamos carinhosamente de segunda mãe. Ela havia inspirado tantas coisas boas que sua nora decidiu-se pela adoração do Deus de Israel e, mais ainda, propôs-se a acompanhá-la e cuidar dela até o fim de sua vida. Noemi viu sua vida mudar e testemunhou o casamento de Rute e Boaz, e o nascimento de seu neto Obede, pai de Jessé, pai de Davi.
PARA DISCUTIR COM A CLASSE:
– Como a experiência de Noemi e Rute demonstra a relação entre o apoio humano e a confiança em Deus?
– Você já precisou muito da ajuda de alguém em momentos semelhantes? Compartilhe sua experiência com a classe.
IV. Ester - A restauração da esperança
Ester é um exemplo notável de caráter, fé, oração, amor e coragem. Muito cedo ela aprendeu a confiar em Deus e a praticar Seus ensinos. Mas sua vida também foi marcada por adversidades e provas, como as listadas abaixo:
– Perda dos pais (Et 2:6-7): Tornou-se órfã e foi criada pelo tio.
– Exílio (Et 2:10): Os exilados não possuíam direitos e ainda eram perseguidos e abusados.
– A conspiração contra o rei (Et 2:21-22): Quando seu tio Mordecai lhe contou sobre a conspiração para matar o rei, ela prontamente comunicou-lhe o fato, salvando a vida dele.
– A intercessão pelo povo de Israel (Et 4:4-17): Diante da trama de Hamã e o risco de extermínio de todo o povo de Israel, Ester decidiu interceder junto ao rei em favor de seu povo, arriscando a própria vida. Ela convocou um jejum e orações de todos e afirmou corajosamente: "Se perecer, pereci" (v. 17).
– A denúncia de Hamã (Et 7:3-4 e 8:3): Ester declarou ao rei o que Hamã tramara para aniquilar seu povo. Foi preciso coragem, muita determinação e fé para fazê-lo, mas, confiante em Deus, ela o fez.
Ellen White afirma que "por intermédio da rainha Ester, o Senhor efetuou um poderoso livramento em favor de Seu povo. Numa ocasião em que parecia que nenhum poder seria capaz de salvar os israelitas, Ester e as mulheres associadas a ela, por meio de jejum, oração e ação imediata, enfrentaram a questão, trazendo salvação a seu povo" (Ellen G. White, E Recebereis Poder [MM 1999], p. 270).
V. Paulo – sempre contente
Paulo era o tipo de pessoa virtuosa e admirada. Era de família nobre e possuía a cidadania romana. Fazia parte da elite religiosa judaica. Praticava com sinceridade os ensinos de sua fé, até que se encontrou com Jesus em Damasco e percebeu seus equívocos. A partir daí, sua jornada foi marcada por lutas e perseguições, mas também por muitas vitórias. Dentre as adversidades enfrentadas por ele por causa da fé em Cristo destacam-se: prisões, açoites, perigos de morte na cidade, no mar e no deserto, flagelação com vara, apedrejamento, naufrágio, perseguição, fome, nudez etc. Apesar de tudo isso, Paulo manteve uma disposição positiva pela qual compreendia a vida.
O segredo de Paulo foi a base de sua esperança e disposição: Jesus e Sua salvação. Ele afirmou: "Tudo posso, naquele que me fortalece" (Fl 4:13). Assim como Paulo, ao sermos confrontados com as adversidades, podemos contar com o mesmo poder. Podemos crer no que Deus faz por nós, em face às múltiplas demonstrações de amor manifestadas ao longo de nossa vida, e antes dela, pelo sacrifício de Jesus.
Conclusão
A recuperação após as experiências adversas só é possível na proporção em que alimentamos nossa esperança e fé em Deus e na habilitação que Ele nos confere para superá-las. Como Paulo, então seremos capazes de declarar que podemos tudo em Cristo, que nos fortalece.
Noel José Dias da Costa é psicólogo e pastor, mestre e doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Teologia pelo SALT-UNASP-EC. Atua como professor, psicólogo e auxiliar da Associação Ministerial no Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP-SP). É casado com a pedagoga Erenita M. S. da Costa, e pai de Tiago e Ana Cristina.
FONTE: http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2011/com812011.html